VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
JOÃO SEM TERRA – (Imagem: matéria do Diário de Pernambuco,
coluna Teatro, do Jornalista Valdi Coutinho, Caderno Viver, 13 de outubro de
1985; foto Leonilda Silva e Valter Portela em cena, ingresso do espetáculo,
panfleto e autorização do inventariante Paulo Cavalcanti, então presidente da União
Brasileira de Escritores (UBE-PE). Tudo começou numa conversa entre Juareiz
Correya, então presidente da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, e os
membros da Revista A Região, Gilberto Melo, Paulo Caldas e Arnaldo Afonso
Ferreira, me convocando para encenar a peça teatral João sem terra, de
Hermilo Borba Filho. Providenciaram o texto e me sacudiram na caixa dos peitos.
Li, reli, resolvi topar e comecei a fazer uma adaptação, já bolando uns temas
musicais com o Fernandinho Melo Filho. Isso era 1983, mais ou menos. Gilberto
falou de um grupo de jovens palmarenses que estavam interessados em encenar
algo parecido; era o Grupo Terra. Acertamos que no final de semana eu iria para
Palmares conhecer o pessoal. Cheguei lá tinha para mais de 40. Comecei
conversando e fui fazendo uns testes, uma peneirada na verdade. Ali mesmo
comecei um curso de formação de ator e fui realizando oficinas até findar em
apenas 10 atores que se encontravam aptos para a empreitada. Fui severo porque
eu tinha que castigar nas marcas, realizando exercícios, experimentações e
laboratório para que a turma entrasse no clima da peça. Foram quase dois anos
de oficina e de ensaios todo final de semana que eu virava noite de sábado pro
domingo. Durante a semana, em Recife, eu ensaiava a trilha sonora que compus
com Fernandinho e já organizávamos tudo pra gente entrar no estúdio com os
músicos e deixar tudo prontinho. Mas faltava uma coisa: cadê a autorização da
família de Hermilo? Foi quando encontrei o escritor e advogado Paulo Cavalcante
e ele, na condição de inventariante, demonstrou favorável pela encenação e, no
dia seguinte, me entregou a devida autorização. Tudo pronto, tudo nos
conformes. Mas... nem tudo corria bem: o teatro Apolo ainda não estava pronto.
Corriam com as obras da reforma até mesmo horas antes da estreia do espetáculo.
Uma correria. O grupo Terra era formado por Walter Portela, Leonilda Silva,
Roberto Quental, Nazaré Silva, Erivaldo Guerra, Katia Cilene, Clecio Roberto,
Silvania Conceição, Celia Santos e Andrea Silva, tudo no ponto. Tudo pronto
praquele sábado que marcaria o retorno do Teatro Cinema Apolo. Pra nossa
felicidade o Valdi Coutinho emplacou uma matéria na sua coluna do Diário de
Pernambuco e fizemos uma boa entrevista na Radio Cultura dos Palmares. Nem bem
deu 19hs e o público já se esgueirava se aboletando na plateia, enquanto o
pessoal técnico ainda estava findando as obras da reforma no meio da afinação
das luzes e som, ajuste do cenário, tudo pronto, mesmo assim, e... vingou! Tudo
conforme o combinado: o elenco estava primoroso superando tudo! Tudo deu certo
na estreia! Aplausos. Valeu por tudo. E veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem: Odalisque, do pintor austríaco Franz
Russ Jnr.
(1844 – 1906)
Curtindo o álbum De volta ao começo (EMI, 1980), do cantor e compositor Luiz Gonzaga Junior – o Gonzaguinha (1945-1991), com
participações de Milton Nascimento, MPB-4, Marília Medalha e As Frenéticas.
LEI DA INDUÇÃO
ELETROMAGNÉTICA - O
físico e químico inglês Michael Faraday
(1791-1867) verificou que os magnetos exercem ação mecânica sobre os condutores
percorridos pela corrente elétrica. Para chegar a essa constatação, ele
colocara um imã verticalmente sobre um banho de mercúrio, fazendo que uma de
suas extremidades ficasse imersa no liquido. Ligando um fio condutor ao
mercúrio, fechando o circuito, verificou que, quando o fio era móvel em torno
de seu ponto de suspensão, descrevia círculos em volta do imã. Caso contrário,
fixando-se o fio e liberando o imã, este girava em torno do fio. Com
experiência singela, mas de extraordinárias consequências para a tecnologia,
Faraday criara o primeiro motor eletromagnético. Em 1831, após memorável
experiência, descobriu a indução eletromagnética, utilizando um anel de ferro
doce, no qual enrolou duas espiras, uma na metade superior e outra na inferior,
uma das quais ligada a um galvanômetro. Ele verificou que, se uma corrente
elétrica passava na primeira espira, a outra era igualmente percorrida pela
corrente, nos exatos momentos em que se abria ou se fechava o circuito.
Demonstrou, ainda, que as correntes induzidas não são criadas por influência do
campo eletromagnético, mas pelas variações do campo ou pelos deslocamentos do
circuito no campo. Da Lei da Indução Eletromagnética, ele estabeleceu as leis
da eletrólise que são duas: a primeira enuncia-se que a massa de substância
decomposta pela eletrólise é proporcional à quantidade de eletricidade que
atravessa o eletrólito; a segunda, as massas de diferentes substancias
liberadas pela mesma quantidade de eletricidade são proporcionais aos
respectivos equivalentes-grama de qualquer substância. Além disso, descobriu
que o plano de polarização de um feixe de luz polarizada, que atravessa um
bloco de vidro, gira quando submetido a um forte campo magnético,
denominando-se este fenômeno de Efeito Faraday. Veja mais aqui.
IDEOLOGIAS E CIÊNCIAS
SOCIAIS - O livro Ideologias e ciências sociais: elementos
para uma análise marxista (Cortez, 2010), de Michael Löwy, trata sobre ideologia, positivismo, historicismo e
marxismo, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho do Capítulo IV –
Marxismo: o que caracteriza a questão do conhecimento científico e do
conhecimento verdadeiro?: O que define a
ciência como tal é a tentativa de conhecimento da verdade. Nesse sentido, há
uma relação entre ciência e conhecimento da verdade. Porém, a verdade absoluta
jamais será conhecida, todo o processo de conhecimento é um processo de
acercamento, de aproximação da verdade. Dentro do conhecimento científico há
níveis maiores ou menores de aproximação da verdade. Desse modo, quando eu digo
ciência, eu não estou dizendo verdade, estou simplesmente dizendo processo: a
ciência é um processo de produção do conhecimento da verdade. Tambem para mim,
existe uma relação entre conhecimento da verdade e luta de classe. Isto quer
dizer que um elemento que aparentemente não tem nada a ver com ciência, na
realidade tem um papel fundamental. Retomando a análise que foi feita, é a
partir da luta de classes que se dão aos condições mais favoráveis para um
conhecimento cientifico da realidade, da verdade. Veja mais aqui.
TOROTUMBO – No livro Torotumbo: la audiência de los confines (1972), do escritor,
jornalista, diplomata guatemalteco Miguel
Angel Asturias (1899-1974), ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1967,
destaco os trechos: [...] O Torotumbo
entrou na capital. Bandas de música, marimbas, sereias, sinos, foguetes e
cerimonias do encontro, a saudação, a apresenta e a entrega das chaves entre os
língua-de-trapo da cidade, para quem tudo9 aquilo não passava de uma alegre
festa de carnaval fora de tempo, e os dançarinos que chegavam em torrentes de
homens do mesmo sangue, igualados por ideias e sentimentos. Sob a proteção das
cerimonias, circulou a primeira ordem de ocupar os lugares estratégicos
assinaldos, de boca em boca dos dançarinos de pele queimante de urtiga,
alfanjes de piteira e lanças de cana brava, esquadrões de guerreiros em
formação cerrada de dançarinos de mascara de argila cozida, de casca de coco,
de pedra porosa, mais leve do que a água, seus penachos de três sangues,
vermelho, verde e negro, e sapatios de rio de espelho que no dançar tremulante
levantavam poeira de sonho sob a chuva metálica dos chocalhos adormecidos. [...]
Mas à turba que o pavor impelia a por-se
a salvo, seguiu-se a passagem dos que sem dançarem acompanhavam o ritmo do
Torotumbo na conquista das posições que tinham sido determinadas e a voz de
Tizonello que anunciava não serem disfarçados os que tinham morrido no sinistro.
A notícia quebrou a resistência. Os agentes de polícia arrancavam os uniformes
ou os conservavam como disfarces. Pela 12ªAvenida avançou um tanque, disparando
nas esquinas, fazendo as ruas ficarem desertas; depois aproximou-se, por entre
as casas que trepidavam à sua passagem, até o lugar do atentado, enfocou um
refletor sobre os escombros, apagou-o ao dar com os despojos dos que em verdade
pareciam disfarçados, silenciou seu tiroteio e desapareceu. Mais tarde foi
visto nas proximidades do quartel, abandonado junto com os uniformes dos homens
que o tripulavam e os tinham despido e deixado atirados pelas ruas, como outros
tantos disfarces. Ecos de morteiros. Algum estrondo de artilharia. A noite
fulgurava. Ouviam-se os gritos de Tizonello: - Não eram mascarados, eram eles
mesmos!... Não eram mascarados, eram eles mesmos!... Eu pus a bomba na cabeça
do Diabo!... Eu pus a dinamite sob os pés de Tamgás!... O povo subia para a
conquista das montanhas, de suas montanhas, ao compasso do Torotumbo. Na cabeça
levavam as plumas que o furacão não domou. Nos pés, os calçados que o terremoto
não gastou. Nos olhos, há não levavam as sombras da noite, mas a luz do novo
dia. Nas costas escuras e desnudas, o manto de suor dos séculos. Seu andar de
pedra, de raiz de arvore, de torrente de água, deixava para tras do lixo, todos
os disfarces com que a cidade se vestia para enganá-lo. O povo subia para suas
montanhas sob as bandeiras de plumas azuis do quartel, dançando o Torotumbo. Veja
mais aqui.
ETERNIDADE & DEUS
MILHÃO – Na antologia Poetas de Palmares (Fundarpe/FCCHBF,
1987), organizada pelo poeta Juareiz Correya, destaco os sonetos do poeta
palmarense Fernando Griz, o primeiro
deles Eternidade: Fantasia banal pensar a
gente / na alma emigrante, erguendo-se da terra, / para infinda habitar po além
que encerra / a utopia da vida transcendente. / A vida é só o eterno
transformismo: / nascer, viver, morrer, voltar ao nada, / nascer de novo – a
carne transmutada / em planta ou verme – e recair no abismo. / Na transição contínua
da matéria / a alma – essa função do sangue ardente - / vai se perder na lama
deletéria... / Nessa lama de carne apodrecida, / de onde ressurge aquilo que
foi gente / disseminado em tudo que tem vida. E também Deus Milhão: Da mina infeta ao antro pavoroso / descem
sombras, rudes operários, / os escravos da fome e dos salários / que o Deus
Milhão explora em próprio gozo. / E sempre e sempre aos círios funerários / do
pestilento abismo tenebroso, / como as visões de um sonho monstruoso, / baixam
da morte aos lúgubres cenários. / E enquanto assim, no fato miserando, / nas
entranhas da terra lutulenta / pragueja e chora o produtivo bando. / Ao brilho
imenso dos salões doirados, / como escárnio cruel à dor violenta / o Deus
Milhão sorri dos desgraçados. Veja mais aqui e aqui.
AS MULHERES E O CHIFRUDO – A trajetória da atriz Yara Cortes (1921-2002), começou ainda
na escola básica representando em atividades extracurriculares e em festa,
seguindo-se ao trabalho como enfermeira do Exército na base de Parnamirim, em
Natal (RN), durante a II Guerra Mundial e trabalhou como aeromoça. Em 1948, quando
foi aprovada num teste para trabalhar na Companhia de Teatro Dulcina e
estreou no mesmo ano o espetáculo Mulheres, que lhe rendeu um prêmio. Seguiram-se,
então, as peças teatrais As solteironas dos chapéus verdes (1949), Loucuras de
Madame Vidal (1950), Diabinho de saias (1953), Figueira do inferno (1954), O
mambembe (1959), A profissão da senhora Warren (1960), Apegue meu spotlight
(1961), Antes tarde do que nunca (1964) e O chifrudo (1978). Ela também atuou
no cinema com os filmes O palhaço, o que é? (1959), Viver de morrer (1971),
Jerônimo, o herói do sertão (1972), Obsessão (1973) e Rainha diaba (1974). Ela
já atuava na televisão em novelas da TV Tupi, a partir de 1951, passando pela
TV Record (1969) e entrando na TV Globo, em 1971. Aqui a nossa homenagem para
esta grande atriz. Veja mais aqui.
THE MAGUS – O filme de mistério The Magus (O Mago), dirigido pelo
cineasta britânico Guy Green (1913-2005), com roteiro e baseado no livro
homônimo do escritor e novelista britânico John Fowles (1926-2005) que também
atua como capitão do navio, contando a história de um escritor inglês em crise
existencial que aceita o posto de professor de língua inglesa numa distante
ilha, aproveitando para terminar o seu relacionamento com uma aeromoça
francesa. Ao chegar na ilha, ele encontra um homem misterioso a quem os
habitantes não o conhecem por ser dado como morto durante a II Guerra Mundial, após
ser acusado de colaboracionismo com os invasores nazistas. Ao visitar a casa de
um amigo, ele descobre a presença de uma bela mulher americana, quem a
princípio vira em retrato que seu anfitrião informara ser de uma pessoa que
morrera durante a Primeira Guerra Mundial. Ao se certificar de que a mulher
existe e não é um fantasma, ele acha que está sendo vítima de um jogo doentio, disposto
a continuar por se sentir atraído pela bela mulher e quer descobrir a verdadeira
relação dela com o homem misterioso. O destaque do filme fica por conta da
atriz dinamarquesa Anna Karina,
que começou sua carreira como modelo até conhecer Jean-Luc Godard, com se
casaria posteriormente, passando a atuar em filmes, até se tornar uma
das atrizes-símbolo da Nouvelle vague. Em 1967, ela foi homenageada por Serge
Gainsbourg no filme musical, “Anna”. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do desenhista inglês Thomas Rowlandson (1756-1827)
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Tataritaritatá, a partir
das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e
apaixonante de Meimei Corrêa. Na
programação: Especial Gonzaguinha &
mais Duofel, Tom Jobim, Djavan, Elis Regina, Zizi Possi & Edu Lobo, Vanessa
da Matta, Toquinho, Maria Rita, Jorge Vercilo, Sonia Mello, Gilton Della Cella &
Horácio Barros Reis, Danny Calixto, Wagner Ponzo & Wander Ponzo & Duethos
Acústicos, Elisete Retter & Edward Brown, Julia Crystal & Mônica
Brandão, Mazinho, Colette Dereal, Carlos José, Marlena Shaw, Toni Basil, Kirka,
Oliver Mtukudzi, Debby Boone, Andrea Bocelli & muito mais. Em
seguida, o programa Mix MCLAM, com
Verney Filho e na madrugada Hot Night,
uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online
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