terça-feira, setembro 22, 2015

ASTURIAS, FARADAY, LÖWI, HERMILO, GONZAGUINHA & PROGRAMA TATARITARITATÁ!



VAMOS APRUMAR A CONVERSA? JOÃO SEM TERRA – (Imagem: matéria do Diário de Pernambuco, coluna Teatro, do Jornalista Valdi Coutinho, Caderno Viver, 13 de outubro de 1985; foto Leonilda Silva e Valter Portela em cena, ingresso do espetáculo, panfleto e autorização do inventariante Paulo Cavalcanti, então presidente da União Brasileira de Escritores (UBE-PE). Tudo começou numa conversa entre Juareiz Correya, então presidente da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, e os membros da Revista A Região, Gilberto Melo, Paulo Caldas e Arnaldo Afonso Ferreira, me convocando para encenar a peça teatral João sem terra, de Hermilo Borba Filho. Providenciaram o texto e me sacudiram na caixa dos peitos. Li, reli, resolvi topar e comecei a fazer uma adaptação, já bolando uns temas musicais com o Fernandinho Melo Filho. Isso era 1983, mais ou menos. Gilberto falou de um grupo de jovens palmarenses que estavam interessados em encenar algo parecido; era o Grupo Terra. Acertamos que no final de semana eu iria para Palmares conhecer o pessoal. Cheguei lá tinha para mais de 40. Comecei conversando e fui fazendo uns testes, uma peneirada na verdade. Ali mesmo comecei um curso de formação de ator e fui realizando oficinas até findar em apenas 10 atores que se encontravam aptos para a empreitada. Fui severo porque eu tinha que castigar nas marcas, realizando exercícios, experimentações e laboratório para que a turma entrasse no clima da peça. Foram quase dois anos de oficina e de ensaios todo final de semana que eu virava noite de sábado pro domingo. Durante a semana, em Recife, eu ensaiava a trilha sonora que compus com Fernandinho e já organizávamos tudo pra gente entrar no estúdio com os músicos e deixar tudo prontinho. Mas faltava uma coisa: cadê a autorização da família de Hermilo? Foi quando encontrei o escritor e advogado Paulo Cavalcante e ele, na condição de inventariante, demonstrou favorável pela encenação e, no dia seguinte, me entregou a devida autorização. Tudo pronto, tudo nos conformes. Mas... nem tudo corria bem: o teatro Apolo ainda não estava pronto. Corriam com as obras da reforma até mesmo horas antes da estreia do espetáculo. Uma correria. O grupo Terra era formado por Walter Portela, Leonilda Silva, Roberto Quental, Nazaré Silva, Erivaldo Guerra, Katia Cilene, Clecio Roberto, Silvania Conceição, Celia Santos e Andrea Silva, tudo no ponto. Tudo pronto praquele sábado que marcaria o retorno do Teatro Cinema Apolo. Pra nossa felicidade o Valdi Coutinho emplacou uma matéria na sua coluna do Diário de Pernambuco e fizemos uma boa entrevista na Radio Cultura dos Palmares. Nem bem deu 19hs e o público já se esgueirava se aboletando na plateia, enquanto o pessoal técnico ainda estava findando as obras da reforma no meio da afinação das luzes e som, ajuste do cenário, tudo pronto, mesmo assim, e... vingou! Tudo conforme o combinado: o elenco estava primoroso superando tudo! Tudo deu certo na estreia! Aplausos. Valeu por tudo. E veja mais aqui, aqui e aqui

 Imagem: Odalisque, do pintor austríaco Franz Russ Jnr. (1844 – 1906)


Curtindo o álbum De volta ao começo (EMI, 1980), do cantor e compositor Luiz Gonzaga Junior – o Gonzaguinha (1945-1991), com participações de Milton Nascimento, MPB-4, Marília Medalha e As Frenéticas.

LEI DA INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA - O físico e químico inglês Michael Faraday (1791-1867) verificou que os magnetos exercem ação mecânica sobre os condutores percorridos pela corrente elétrica. Para chegar a essa constatação, ele colocara um imã verticalmente sobre um banho de mercúrio, fazendo que uma de suas extremidades ficasse imersa no liquido. Ligando um fio condutor ao mercúrio, fechando o circuito, verificou que, quando o fio era móvel em torno de seu ponto de suspensão, descrevia círculos em volta do imã. Caso contrário, fixando-se o fio e liberando o imã, este girava em torno do fio. Com experiência singela, mas de extraordinárias consequências para a tecnologia, Faraday criara o primeiro motor eletromagnético. Em 1831, após memorável experiência, descobriu a indução eletromagnética, utilizando um anel de ferro doce, no qual enrolou duas espiras, uma na metade superior e outra na inferior, uma das quais ligada a um galvanômetro. Ele verificou que, se uma corrente elétrica passava na primeira espira, a outra era igualmente percorrida pela corrente, nos exatos momentos em que se abria ou se fechava o circuito. Demonstrou, ainda, que as correntes induzidas não são criadas por influência do campo eletromagnético, mas pelas variações do campo ou pelos deslocamentos do circuito no campo. Da Lei da Indução Eletromagnética, ele estabeleceu as leis da eletrólise que são duas: a primeira enuncia-se que a massa de substância decomposta pela eletrólise é proporcional à quantidade de eletricidade que atravessa o eletrólito; a segunda, as massas de diferentes substancias liberadas pela mesma quantidade de eletricidade são proporcionais aos respectivos equivalentes-grama de qualquer substância. Além disso, descobriu que o plano de polarização de um feixe de luz polarizada, que atravessa um bloco de vidro, gira quando submetido a um forte campo magnético, denominando-se este fenômeno de Efeito Faraday. Veja mais aqui.

IDEOLOGIAS E CIÊNCIAS SOCIAIS - O livro Ideologias e ciências sociais: elementos para uma análise marxista (Cortez, 2010), de Michael Löwy, trata sobre ideologia, positivismo, historicismo e marxismo, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho do Capítulo IV – Marxismo: o que caracteriza a questão do conhecimento científico e do conhecimento verdadeiro?: O que define a ciência como tal é a tentativa de conhecimento da verdade. Nesse sentido, há uma relação entre ciência e conhecimento da verdade. Porém, a verdade absoluta jamais será conhecida, todo o processo de conhecimento é um processo de acercamento, de aproximação da verdade. Dentro do conhecimento científico há níveis maiores ou menores de aproximação da verdade. Desse modo, quando eu digo ciência, eu não estou dizendo verdade, estou simplesmente dizendo processo: a ciência é um processo de produção do conhecimento da verdade. Tambem para mim, existe uma relação entre conhecimento da verdade e luta de classe. Isto quer dizer que um elemento que aparentemente não tem nada a ver com ciência, na realidade tem um papel fundamental. Retomando a análise que foi feita, é a partir da luta de classes que se dão aos condições mais favoráveis para um conhecimento cientifico da realidade, da verdade. Veja mais aqui.


TOROTUMBO – No livro Torotumbo: la audiência de los confines (1972), do escritor, jornalista, diplomata guatemalteco Miguel Angel Asturias (1899-1974), ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1967, destaco os trechos: [...] O Torotumbo entrou na capital. Bandas de música, marimbas, sereias, sinos, foguetes e cerimonias do encontro, a saudação, a apresenta e a entrega das chaves entre os língua-de-trapo da cidade, para quem tudo9 aquilo não passava de uma alegre festa de carnaval fora de tempo, e os dançarinos que chegavam em torrentes de homens do mesmo sangue, igualados por ideias e sentimentos. Sob a proteção das cerimonias, circulou a primeira ordem de ocupar os lugares estratégicos assinaldos, de boca em boca dos dançarinos de pele queimante de urtiga, alfanjes de piteira e lanças de cana brava, esquadrões de guerreiros em formação cerrada de dançarinos de mascara de argila cozida, de casca de coco, de pedra porosa, mais leve do que a água, seus penachos de três sangues, vermelho, verde e negro, e sapatios de rio de espelho que no dançar tremulante levantavam poeira de sonho sob a chuva metálica dos chocalhos adormecidos. [...] Mas à turba que o pavor impelia a por-se a salvo, seguiu-se a passagem dos que sem dançarem acompanhavam o ritmo do Torotumbo na conquista das posições que tinham sido determinadas e a voz de Tizonello que anunciava não serem disfarçados os que tinham morrido no sinistro. A notícia quebrou a resistência. Os agentes de polícia arrancavam os uniformes ou os conservavam como disfarces. Pela 12ªAvenida avançou um tanque, disparando nas esquinas, fazendo as ruas ficarem desertas; depois aproximou-se, por entre as casas que trepidavam à sua passagem, até o lugar do atentado, enfocou um refletor sobre os escombros, apagou-o ao dar com os despojos dos que em verdade pareciam disfarçados, silenciou seu tiroteio e desapareceu. Mais tarde foi visto nas proximidades do quartel, abandonado junto com os uniformes dos homens que o tripulavam e os tinham despido e deixado atirados pelas ruas, como outros tantos disfarces. Ecos de morteiros. Algum estrondo de artilharia. A noite fulgurava. Ouviam-se os gritos de Tizonello: - Não eram mascarados, eram eles mesmos!... Não eram mascarados, eram eles mesmos!... Eu pus a bomba na cabeça do Diabo!... Eu pus a dinamite sob os pés de Tamgás!... O povo subia para a conquista das montanhas, de suas montanhas, ao compasso do Torotumbo. Na cabeça levavam as plumas que o furacão não domou. Nos pés, os calçados que o terremoto não gastou. Nos olhos, há não levavam as sombras da noite, mas a luz do novo dia. Nas costas escuras e desnudas, o manto de suor dos séculos. Seu andar de pedra, de raiz de arvore, de torrente de água, deixava para tras do lixo, todos os disfarces com que a cidade se vestia para enganá-lo. O povo subia para suas montanhas sob as bandeiras de plumas azuis do quartel, dançando o Torotumbo. Veja mais aqui.


ETERNIDADE & DEUS MILHÃO – Na antologia Poetas de Palmares (Fundarpe/FCCHBF, 1987), organizada pelo poeta Juareiz Correya, destaco os sonetos do poeta palmarense Fernando Griz, o primeiro deles Eternidade: Fantasia banal pensar a gente / na alma emigrante, erguendo-se da terra, / para infinda habitar po além que encerra / a utopia da vida transcendente. / A vida é só o eterno transformismo: / nascer, viver, morrer, voltar ao nada, / nascer de novo – a carne transmutada / em planta ou verme – e recair no abismo. / Na transição contínua da matéria / a alma – essa função do sangue ardente - / vai se perder na lama deletéria... / Nessa lama de carne apodrecida, / de onde ressurge aquilo que foi gente / disseminado em tudo que tem vida. E também Deus Milhão: Da mina infeta ao antro pavoroso / descem sombras, rudes operários, / os escravos da fome e dos salários / que o Deus Milhão explora em próprio gozo. / E sempre e sempre aos círios funerários / do pestilento abismo tenebroso, / como as visões de um sonho monstruoso, / baixam da morte aos lúgubres cenários. / E enquanto assim, no fato miserando, / nas entranhas da terra lutulenta / pragueja e chora o produtivo bando. / Ao brilho imenso dos salões doirados, / como escárnio cruel à dor violenta / o Deus Milhão sorri dos desgraçados. Veja mais aqui e aqui.

AS MULHERES E O CHIFRUDO – A trajetória da atriz Yara Cortes (1921-2002), começou ainda na escola básica representando em atividades extracurriculares e em festa, seguindo-se ao trabalho como enfermeira do Exército na base de Parnamirim, em Natal (RN), durante a II Guerra Mundial e trabalhou como aeromoça. Em 1948, quando foi aprovada num teste para trabalhar na Companhia de Teatro Dulcina e estreou no mesmo ano o espetáculo Mulheres, que lhe rendeu um prêmio. Seguiram-se, então, as peças teatrais As solteironas dos chapéus verdes (1949), Loucuras de Madame Vidal (1950), Diabinho de saias (1953), Figueira do inferno (1954), O mambembe (1959), A profissão da senhora Warren (1960), Apegue meu spotlight (1961), Antes tarde do que nunca (1964) e O chifrudo (1978). Ela também atuou no cinema com os filmes O palhaço, o que é? (1959), Viver de morrer (1971), Jerônimo, o herói do sertão (1972), Obsessão (1973) e Rainha diaba (1974). Ela já atuava na televisão em novelas da TV Tupi, a partir de 1951, passando pela TV Record (1969) e entrando na TV Globo, em 1971. Aqui a nossa homenagem para esta grande atriz. Veja mais aqui.


THE MAGUS – O filme de mistério The Magus (O Mago), dirigido pelo cineasta britânico Guy Green (1913-2005), com roteiro e baseado no livro homônimo do escritor e novelista britânico John Fowles (1926-2005) que também atua como capitão do navio, contando a história de um escritor inglês em crise existencial que aceita o posto de professor de língua inglesa numa distante ilha, aproveitando para terminar o seu relacionamento com uma aeromoça francesa. Ao chegar na ilha, ele encontra um homem misterioso a quem os habitantes não o conhecem por ser dado como morto durante a II Guerra Mundial, após ser acusado de colaboracionismo com os invasores nazistas. Ao visitar a casa de um amigo, ele descobre a presença de uma bela mulher americana, quem a princípio vira em retrato que seu anfitrião informara ser de uma pessoa que morrera durante a Primeira Guerra Mundial. Ao se certificar de que a mulher existe e não é um fantasma, ele acha que está sendo vítima de um jogo doentio, disposto a continuar por se sentir atraído pela bela mulher e quer descobrir a verdadeira relação dela com o homem misterioso. O destaque do filme fica por conta da atriz dinamarquesa Anna Karina, que começou sua carreira como modelo até conhecer Jean-Luc Godard, com se casaria posteriormente, passando a atuar em filmes, até se tornar uma das atrizes-símbolo da Nouvelle vague. Em 1967, ela foi homenageada por Serge Gainsbourg no filme musical, “Anna”. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
 A arte do desenhista inglês Thomas Rowlandson (1756-1827)


Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Tataritaritatá, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Na programação: Especial Gonzaguinha & mais Duofel, Tom Jobim, Djavan, Elis Regina, Zizi Possi & Edu Lobo, Vanessa da Matta, Toquinho, Maria Rita, Jorge Vercilo, Sonia Mello, Gilton Della Cella & Horácio Barros Reis, Danny Calixto, Wagner Ponzo & Wander Ponzo & Duethos Acústicos, Elisete Retter & Edward Brown, Julia Crystal & Mônica Brandão, Mazinho, Colette Dereal, Carlos José, Marlena Shaw, Toni Basil, Kirka, Oliver Mtukudzi, Debby Boone, Andrea Bocelli & muito mais. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui.

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HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...