DIÁRIO DE QUARENTENA – UM COCHICHO, NÃO É PARA ESPALHAR! - Quem tinha
a pá ciência, nem sabia direito: para despreparado nem o absurdo, disparates de
quem para educar deseduca, tudo desdiz, desfaz, ou o duplipensar de Orwell, será? Os caras nem sabem o
beabá, quanto mais! Nada mais que ridículos sectários que tangem uma manada
festiva pro seu cercadinho. Só estupidez, nada mais mesmo. Parece mais obra de
encomenda, não tem quem abra mão ou dê o braço a torcer, quem estiver do outro
lado da corda que se arrisque ou vá às favas, situação nada comezinha. Ainda
bem que ele enfatiza: Numa época de
mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Ver aquilo que temos diante do nariz requer
uma luta constante. Principalmente neste tempo de mentira fabricada como
verdade absoluta no varejo e no atacado, montada numa negação reiterada que serve
apenas ao fascismo oficial travestido de democrata. Eu, hem!
DOIS OU MAIS, DOS PARADOXOS: NÃO HÁ LÓGICA – Não há
só A ou B, o resto do alfabeto, outro objeto, afora o estado de superposição:
tudo flui aleatoriamente, vibra, pulsa, em todas as direções. E tem mais: o Gato
de Schrödinger, o bootstrap de Chew, o paradoxal de Agostinho e lá vai teibei! Melhor Hermeto Pascoal: A Terra é um sonho infinito. Tudo é som! A música nasce como uma flor
no jardim. Ainda bem que se disserem que endoidei, hahahahaha, na verdade,
desendoideci. Vamos nessa!
TRÊS VEZES LUTO, LUTO! – Quem perde, enluta: a negação e o
isolamento. Não há como ser diferente, parece faltar chão diante da ausência
dos que foram arrebatados pela nuvem prateada de Tânato e seguiram pros Campos Elísios de Hades. Não há quem possua
a astúcia de Sísifo ou o poder de Herácles, aos mortais não há saída, a não ser
se recolher para elaborar, entorpecido, perturbado de raiva. Tudo é muito
difícil de lidar, nenhuma justificativa plausível. A esperança é uma barganha
que segue entre a depressão e a resiliência. No estágio final de Elisabeth Kübler-Ross, a aceitação: a
paz distante e fim. Ah, não, a morte anunciada das democracias não é nada fácil, como jamais será qualquer perda. Não cruzo
os braços, nem posso me conformar: luto e luto, quero um mundo melhor! Até
amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Um corpo feminino
preto, infinito em musculatura, nem cruzado nem tocado, nem visto de outra
maneira em um papel revestido, cortado de uma revista, colocado em meu diário,
vastidão e vertigem que contemplo diariamente. O que distingue esses corpos
admirados um do outro, o que nesta unidade de sucesso dá a cada um deles sua
sedução? Ela está vestindo uma camisa vermelha. É de tamanho médio, feito de
veias salientes, cubos abdominais, um sorriso largo; a cabeça dele está no
escuro, as pernas, os braços, seu torso incomumente maciço. Não podemos dizer
ou saber nada sobre sua cavidade muscular, paisagem de pedras e fendas. Oh,
contemplação sonhadora onde eu mergulho. Abrace nossos corpos, músculo contra
músculo, em um movimento que estende todos eles, sem combate, no entanto, sem
ofensa. Numa aposta com corpos e com carne brutal de corpos. Expondo cada veia
inchada. Tendões divinos, tendões que eu transo com ela pernas, veias
salientes. Direito anterior que parece emergir da pele, que não há energia sem
restrições, livre e bonito como um espelho. Eu passo minha língua por esta
vida, oh força, nesse louvor de um corpo inteiro, até o músculo costureiro
pula, brota ao mínimo movimento com a solidez de um carvalho. Deltóide como
montanhas, que eu bato, que eu bloqueio contra as minhas, abraço simétrico,
onde todo um jogo de força exulta no silêncio dos corpos. Nossas bocas, sua
pele fresca e áspera, sua língua quente, ainda extasiada com essa reunião.
[...]. Trecho extraído do livro Èros
androgyne (L’Acanthe, 2000), da escritora e fotógrafa Nathalie
Gassel.
OS ARRANJOS CORAIS DE DAMIANO COZZELLA
A música
do compositor, arranjador e professor Damiano
Cozzella (1929-2018), signatário do Manifesto Música Nova, arranjador do
Coral da USP e fundador do Departamento de Música da Unicamp, em 1970, além de
autor de trilhas sonoras para diversos filmes brasileiros. O livro Arranjos Corais de Damiano Cozzella
(Edusp, 2017), organizado por Alberto Cunha, traz uma compilação dos cerca de
trezentos arranjos de 40 anos de música popular brasileira, traduzindo sambas,
choros, marchinhas, canções, todos a
capella para o idioma coral, apresentando parcela da produção artística que
rompe barreiras entre o erudito e o popular, compartilhando laboratório de
trabalho do compositor.
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A MÚSICA DE CLARICE ASSAD
A música
da premiada compositora, pianista, cantora e arranjadora Clarice Assad,
integrante da família musical Assad, bacharel em música pela Roosevelt University em Chicago e mestrado em composição
pela Universidade de Michigan. A sua discografia é formada pelos
indispensáveis álbuns Convite (2004), Amor tudo o que é (2008), Início (2012),
Imaginarium (2014), Relíquia (2016) e Clarice Assad & Friends: Live at the
Feer Head Inn (2016). Veja mais aqui.
A ARTE DE AL HIRSCHFELD
Tudo o
que sei é que quando a coisa funciona, eu estou ciente, mas como deu certo, não
sei. Através
dos julgamentos, você elimina os erros e chega então à linha pura, que comunica
a quem vê. O último desenho que se faz deve ser o melhor desenho.
AL HIRSCHFELD - A arte
do ilustrador estadunidense Al Hirschfeld
(1903-2003), que desenhou e inspirou estrelas de Holluwood e do mundo inteiro.
Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A música
e arte do compositor indígena Lilissakar,
que apresenta os rituais da cultura da tribo fulniô.
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A obra
do jornalista e escritor Geneton Moraes
Neto (1956-2016) aqui.
A poesia
de Valmir Jordão aqui.
O
espetáculo teatral Homens e caranguejos, da Cia Duas de Criação & Coletivo Cênico
Joanas Incendeiam (SP) aqui.
O
curta-metragem Loja de Répteis, de Pedro Severien aqui.
A música
do compositor e maestro Dery Nascimento (1968-2018) aqui.
Dominando
a acentuação gráfica de Arantes Gomes aqui.
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