segunda-feira, junho 22, 2020

NATHALIE GASSEL, DAMIANO COZZELLA, CLARICE ASSAD, AL HIRSCHFELD & LILISSAKAR



DIÁRIO DE QUARENTENA – UM COCHICHO, NÃO É PARA ESPALHAR! - Quem tinha a pá ciência, nem sabia direito: para despreparado nem o absurdo, disparates de quem para educar deseduca, tudo desdiz, desfaz, ou o duplipensar de Orwell, será? Os caras nem sabem o beabá, quanto mais! Nada mais que ridículos sectários que tangem uma manada festiva pro seu cercadinho. Só estupidez, nada mais mesmo. Parece mais obra de encomenda, não tem quem abra mão ou dê o braço a torcer, quem estiver do outro lado da corda que se arrisque ou vá às favas, situação nada comezinha. Ainda bem que ele enfatiza: Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Ver aquilo que temos diante do nariz requer uma luta constante. Principalmente neste tempo de mentira fabricada como verdade absoluta no varejo e no atacado, montada numa negação reiterada que serve apenas ao fascismo oficial travestido de democrata. Eu, hem!

DOIS OU MAIS, DOS PARADOXOS: NÃO HÁ LÓGICA – Não há só A ou B, o resto do alfabeto, outro objeto, afora o estado de superposição: tudo flui aleatoriamente, vibra, pulsa, em todas as direções. E tem mais: o Gato de Schrödinger, o bootstrap de Chew, o paradoxal de Agostinho e lá vai teibei! Melhor Hermeto Pascoal: A Terra é um sonho infinito. Tudo é som! A música nasce como uma flor no jardim. Ainda bem que se disserem que endoidei, hahahahaha, na verdade, desendoideci. Vamos nessa!

TRÊS VEZES LUTO, LUTO! – Quem perde, enluta: a negação e o isolamento. Não há como ser diferente, parece faltar chão diante da ausência dos que foram arrebatados pela nuvem prateada de Tânato e seguiram pros Campos Elísios de Hades. Não há quem possua a astúcia de Sísifo ou o poder de Herácles, aos mortais não há saída, a não ser se recolher para elaborar, entorpecido, perturbado de raiva. Tudo é muito difícil de lidar, nenhuma justificativa plausível. A esperança é uma barganha que segue entre a depressão e a resiliência. No estágio final de Elisabeth Kübler-Ross, a aceitação: a paz distante e fim. Ah, não, a morte anunciada das democracias não é nada fácil, como jamais será qualquer perda. Não cruzo os braços, nem posso me conformar: luto e luto, quero um mundo melhor! Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Um corpo feminino preto, infinito em musculatura, nem cruzado nem tocado, nem visto de outra maneira em um papel revestido, cortado de uma revista, colocado em meu diário, vastidão e vertigem que contemplo diariamente. O que distingue esses corpos admirados um do outro, o que nesta unidade de sucesso dá a cada um deles sua sedução? Ela está vestindo uma camisa vermelha. É de tamanho médio, feito de veias salientes, cubos abdominais, um sorriso largo; a cabeça dele está no escuro, as pernas, os braços, seu torso incomumente maciço. Não podemos dizer ou saber nada sobre sua cavidade muscular, paisagem de pedras e fendas. Oh, contemplação sonhadora onde eu mergulho. Abrace nossos corpos, músculo contra músculo, em um movimento que estende todos eles, sem combate, no entanto, sem ofensa. Numa aposta com corpos e com carne brutal de corpos. Expondo cada veia inchada. Tendões divinos, tendões que eu transo com ela pernas, veias salientes. Direito anterior que parece emergir da pele, que não há energia sem restrições, livre e bonito como um espelho. Eu passo minha língua por esta vida, oh força, nesse louvor de um corpo inteiro, até o músculo costureiro pula, brota ao mínimo movimento com a solidez de um carvalho. Deltóide como montanhas, que eu bato, que eu bloqueio contra as minhas, abraço simétrico, onde todo um jogo de força exulta no silêncio dos corpos. Nossas bocas, sua pele fresca e áspera, sua língua quente, ainda extasiada com essa reunião. [...]. Trecho extraído do livro Èros androgyne (L’Acanthe, 2000), da escritora e fotógrafa Nathalie Gassel.

OS ARRANJOS CORAIS DE DAMIANO COZZELLA
A música do compositor, arranjador e professor Damiano Cozzella (1929-2018), signatário do Manifesto Música Nova, arranjador do Coral da USP e fundador do Departamento de Música da Unicamp, em 1970, além de autor de trilhas sonoras para diversos filmes brasileiros. O livro Arranjos Corais de Damiano Cozzella (Edusp, 2017), organizado por Alberto Cunha, traz uma compilação dos cerca de trezentos arranjos de 40 anos de música popular brasileira, traduzindo sambas, choros, marchinhas, canções, todos a capella para o idioma coral, apresentando parcela da produção artística que rompe barreiras entre o erudito e o popular, compartilhando laboratório de trabalho do compositor.
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A MÚSICA DE CLARICE ASSAD
A música da premiada compositora, pianista, cantora e arranjadora Clarice Assad, integrante da família musical Assad, bacharel em música pela Roosevelt University em Chicago e mestrado em composição pela Universidade de Michigan. A sua discografia é formada pelos indispensáveis álbuns Convite (2004), Amor tudo o que é (2008), Início (2012), Imaginarium (2014), Relíquia (2016) e Clarice Assad & Friends: Live at the Feer Head Inn (2016). Veja mais aqui.

A ARTE DE AL HIRSCHFELD
Tudo o que sei é que quando a coisa funciona, eu estou ciente, mas como deu certo, não sei. Através dos julgamentos, você elimina os erros e chega então à linha pura, que comunica a quem vê. O último desenho que se faz deve ser o melhor desenho.
AL HIRSCHFELD - A arte do ilustrador estadunidense Al Hirschfeld (1903-2003), que desenhou e inspirou estrelas de Holluwood e do mundo inteiro. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A música e arte do compositor indígena Lilissakar, que apresenta os rituais da cultura da tribo fulniô.
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A obra do jornalista e escritor Geneton Moraes Neto (1956-2016) aqui.
A poesia de Valmir Jordão aqui.
O espetáculo teatral Homens e caranguejos, da Cia Duas de Criação & Coletivo Cênico Joanas Incendeiam (SP) aqui.
O curta-metragem Loja de Répteis, de Pedro Severien aqui.
A música do compositor e maestro Dery Nascimento (1968-2018) aqui.
Dominando a acentuação gráfica de Arantes Gomes aqui.
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Sirinhaem aqui e aqui.
 

CHRISTINA VASSILEVA, KATHERINE JOHNSON, MARTÍN-BARÓ, JOÃO CABRAL & MATA SUL INDÍGENA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Mistérios do Rio Lento (The Voice of Lyrics, 1998), Santiago de Murcia: a portrait (Frame,...