DIÁRIO DE QUARENTENA – PROCURA DA POESIA:
CADA DIA UMA DOR - O corpo sangra
entre palavras e tons de nenhuma comemoração, versos de tristeza, carpido
melodioso de nênias órfãs. Como sorrir se o Sol é dos mortos aos montes insepultos
na terra das covas urgentes. Aos vivos minha canção solidária. Aos que se foram
meu solfejo respeitoso para sigam em paz.
DUAS SACADAS, DA CATINGA AO MELADEIRO – Mudando de tom e assunto! Vamos lá: um borborigmo fede. Dois,
catingam. Três, não tem quem aguente, meu! Dos silenciosos aos estrondosos,
todos podem deixar um rasto dos fundilhos aos gabinetes suntuosos, quanta culpa
no cartório, remorsos futuros. O que vale de mesmo é que seja quem for e onde
estiver, que topo hierárquico ou ao rés do chão, todos se rendem ao trono da
privada depois duma enchida de pança boa ou trovoada de peido. Até quem nem
precise soltar pelo bocal, bastando pensar ou agir. Não há quem escape – exceto
aqueles ruins dos bofes que se espremem numa prisão de ventre por dias. No final
das contas, todos vão lá e abrem da vela. Todos somos Fabos, ora, todos defecam mais ou menos todos os dias – não como
queria o Coiso: dia sim, dia não. Todavia,
se todos fabricam coprólitos às flatulências catingosas, nem todos fazem tanta
merda fora do caco ou pelo procto – há quem abusa e esborra o aparelho
sanitário, ah se tem! E pior: causa o maior meladeiro em si mesmo e o aperreio
de toda população! Nem Abinagildo que virou a Tocha Humana, gente! Pois
no Brasil coisonário todo dia uma cagada e a gente morrendo de vergonha!
TRÊS REVOLTAS DOS MORTOS: SOS AMAZÔNIA - Justamente pelo desplante desses Fabos parece que no Brasil abriu a sucursal da boceta de Pandora
que, por sua vez, escancarou o portal dos infernos todos, com três lapadas
desgraçadas: a covid, o Coiso e, agora, os gafanhotos! Como todas as
autoridades pegam e passam, empurram com a barriga, dá o toque pro outro,
ninguém segura, tudo escapole, vai ver: delegada não cumpre ordem judicial;
procurador defende ao invés de acusar; e juiz toma partido por bem ou por mal. Não
dá outra: como os vivos não estão nem aí para quem pintou a zebra de toda cor
porque estão fazendo fila para as compras, os defuntos dos canaviais, da
Amazônia, dos presídios, do garimpo, do pantanal, das divisas dos presuntos, dos
rios e praias, dos subúrbios e periferias todos se revoltaram de parecer que o
enterro está voltando no Brasil! Tomara! Eles que reclamam! Que coisa! Até
amanhã que depois eu invento outra. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: Indiferença é mais
difícil de combater do que hostilidade, e não há nada que mate uma agitação
como fazer com que todos admitam que isso é fundamentalmente certo. Uma grande
parte da tirania é chamada de proteção. É certo que o leão e o cordeiro se
deitem juntos, se ambos estiverem dormindo, mas se um deles começar a ficar
ativo, é perigoso. O homem comum tem uma ignorância cuidadosamente cultivada
sobre assuntos domésticos - desde o que fazer com as migalhas até o número de
telefone da mercearia - uma espécie de alegre ineficiência que o protege. Não é
tanto o fato de as mulheres terem um ponto de vista diferente na política
quanto de dar uma ênfase diferente. E isso é muito importante, pois a política
é tão amplamente uma questão de ênfase. Eu não gostaria que uma mulher fosse ao
Congresso apenas porque ela é uma mulher. Até que as mulheres aprendam a querer
independência econômica e até descobrirem uma maneira de obtê-la sem negar a si
mesmas as alegrias do amor e da maternidade, parece-me que o feminismo não tem
raízes. Se o programa feminista se desfaz na chegada do primeiro bebê, é falso
e inútil. Não estou interessada em mulheres apenas porque são mulheres. No
entanto, estou interessada em ver que elas não são mais classificadas com
crianças e menores. Pensamento da advogada e
jornalista estadunidense Crystal Eastman (1881–1928),
que foi ativista antimilitarista, feminista e socialista, assumindo a liderança
do movimento pelo sufrágio das mulheres na Women’s Internacional League for
Peace and Freedom e da União Americana pelas Liberdades Civis. Em 1919 ela
organizou o Primeiro Congresso Feminista: A
vida era uma grande batalha para a feminista completa. A partir de então
escreveu uma legislação pioneira e criou organizações políticas de longa
duração, autora de diversos livros, entre eles Employers' Liability,' a
Criticism Based on Facts (1909), Work-accidents and the Law (1910), Mexican-American
Peace Committee (Mexican-American league) (1916), Work accidents and the
Law (1969), entre outros.
AGRESTE, DE NEWTON MORENO
[...] VIÚVA
Que trouxa? VE2 Deve de tá escondido. Às vez tem que ajudar pro bichinho
florescer. VE1 Mulé, ou eu perdi a vista de vez ou a piroca dele é do tamanho
de um cabelo de sapo. VE2 Deixe eu lhe ajudar ... VE1 Menina, cadê a bilola? VE2
...a bilunga? VE1 ...a bimba? VE2 ....o ganso? VE1 ....a macaca? VE2 ....a
peia? VE1 ...o maranhão? VE1 ...a manjuba? VE2 ....a macaxeira? VE1 ....a
pomba? VE2 ....o pororó? VE1 o quiri? Olhe ali. VE2 Não, não tá. VE1 Creio em
Deus Pai todo Poderoso.. VE2 Olhe a teta. VE1 Menino, isso parece uma quirica! VE2
Creio em Deus Pai, mulher. É um tabaco. VE1 É mulher. É mulher. CONTADOR(A) Disse
e saíram correndo casa afora. AS VELHAS O marido dela é fêmea!! VIÚVA Posso me
virar? [...].
AGRESTE, DE NEWTON MORENO - O premiado drama de amor e pobreza Agreste (Malva-Rosa), de Newton Moreno é baseada em reportagem
verídica, que conta um ocorrido no interior nordestino e narrado por dois
contadores de história, tornando-se num vigoroso manifesto poético traduzido
numa fábula que trata ao mesmo tempo sobre a intolerância, o preconceito e o
amor incondicional, em três grandes blocos: o primeiro é o tempo mítico; o
segundo é o tempo focado; e o terceiro é a condição psicofísica dos
personagens. O autor defende que: O
narrador pode assumir todas as outras personagens, viúva, o padre, o delegado, ou
as vozes dos moradores. Um(a) narrador(a). Velho(a) contador(a) de estórias.
Daqueles que reúnem um grupo ao redor da fogueira ou embaixo de uma árvore com
uma viola/sanfona, pontua suas histórias com as músicas e acordes que saem de
seu instrumento. Ele(a) recebe o público, dá o clima de cada passagem do texto,
pausas, enfim, é o grande condutor da cena. Veja mais aqui.
A FOTOGRAFIA DE SHAO HUA
A arte da fotógrafa chinesa Shao
Hua (1938-2008). Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A arte da fotógrafa, historiadora e pesquisadora Ju Brainer, que é autora da obra Videodanza
en Brasil: Un abordaje teorico-educativo (EAE, 2012). Veja mais aqui.
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O documentário O rap do
Pequeno Príncipe contra as almas sebosas (2000), de Paulo Caldas e Marcelo
Luna aqui.
A obra do escritor e professor universitário Alberto
Lins Caldas aqui.
Coral da
Orquestra Criança Cidadã dos Meninos de Ipojuca aqui.
O olho do rinoceronte, de
Frederico Spencer aqui.
A arte da escritora e professora Rute Costa aqui.
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