DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: AUTORRETRATO,
ALTER EGO - Abri a porta do poema: eu feliz na desolação quando ninguém era. A cabeça no
tormento da ausência, nuvem dos fragmentos: tons, sons e versos nas garrafas e
a solidão que teimava me silenciar. Não, eu era o Una noitedia inaugurando a
agonia e o abandono de quem morre a cada instante. Exupéry é vento sussurrando em ré menor: Amar não é olhar um para o outro, é olhar
juntos na mesma direção. O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá
mais se tem. Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos. De mim o beijo que é paratodos, se sobrar alguma coisa. Eu
sei: igual a mim, diferente do que sou: o amor.
DUAS: MONÓLOGO DA NOITE ALTA – Alô? Sou pescador na correnteza. Alô! A chave não tem
fechadura. Alô? Minha pele expõe a dor mestiça de não ser ninguém na alta hora
da noite, nem no calor dos dias. Ninguém responde, corro perigo e cultuo o meu
vazio que não existe. Helen Keller é
o que ouço entre as margens: Evitar o
perigo não é, a longo prazo, tão seguro quanto expor-se ao perigo. A vida é uma
aventura ousada ou, então, não é nada. Sou voo solitário.
TRÊS: A DANÇA DAS ESTRELAS - O céu de Nietzche e eu sorrio na minha loucura: É preciso ter o caos dentro de si... Cadê meu par? Emma Goldman: Se não posso dançar, não é minha revolução. Rimos e nos embalamos,
rodopiamos, três poemas fiz pro nosso pas de deux: a dança revelou o amor.
Fomos surpreendidos com a intromissão de Lafcádio Hearn: O criador de sombras molda para
sempre. O tempo da ilusão, então, é o belo momento da paixão; representa a zona artística em que o poeta ou escritor de romances
deve ser livre para fazer o melhor que puder. Deu-me as costas e não
havia mais ninguém na minha solidão. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Quando eu tinha 12 anos, meus pais
tiveram duas conversas comigo. Uma foi a de onde vêm os bebês e tal […] A outra foi sobre o que fazer
se um policial me parasse. [...] Já vi acontecer um monte de vezes: uma
pessoa negra é morta só por ser negra e o mundo vira um inferno. Já usei
hashtags de luto no Twitter, repostei fotos no Tumblr e assinei todos os
abaixo-assinados que vi por aí. Eu sempre disse que, se visse acontecer com alguém
minha voz seria a mais alta e garantiria que o mundo soubesse o que aconteceu.
Agora, sou essa pessoa, e estou morrendo de medo de falar. [...] Pessoas
como nós em situações assim viram hashtags, mas raramente conseguem ter
justiça. Mas acho que todos esperamos que essa vez chegue, a vez em que tudo
vai acabar da forma certa. [...]. Esse é o problema. Nós deixamos as pessoas
dizerem coisas, e elas dizem tanto que se torna uma coisa natural para elas e
normal para nós. Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio nos
momentos que não deveria? [...]. Trechos extraídos da obra O ódio que você semeia (Record, 2017), da
escritora estadunidense Angie Thomas, que levado para o cinema em 2018, com direção de George Tillman Jr. Ela
também é autora do livro Na hora da virada (Record, 2019).
DESTAQUE: Vai
passar. Mas, antes, vai te derrubar. A escritora Leila Krüger é
autora dos livros Reencontro (2011), A Queda da Bastilha (2012/2019), Coração
em chamas (2014), Eu quero mais é ser feliz (2018) e A night the taverna (2018)
e participou de antologias no Brasil e em Portugal. Ela atua como ghost writer e jornalista, colaborando
com jornais como HoraH. Ela é graduada em Desenho Industrial - habilitação em
Programação Visual pela UFSM-RS, especialista em Expressão Gráfica pela PUCRS e
Mestre em Comunicação Social pela Famecos. Atualmente, trabalha como jornalista
nas áreas de finanças, sociedade, marketing e cultura. Colaborou em jornais
como Gazeta do Povo, Correio do Estado e Zero Hora, entre outros.
A MÚSICA DE JOAN LA BARBARA
Ao pensar na maneira como construo a música, também me
concentro mais na maneira como outros compositores constroem a música - no que
eles estão pensando, nas formas das coisas - e se alimenta entre essas duas
funções.
Quando você começa a analisar exatamente como uma peça é
montada - se você também é compositor, isso pode ser retroalimentado nessa
outra função, e você começa a analisar a maneira como está fazendo algo em
oposição à maneira como outra pessoa pode lidar com a
mesma situação.
JOAN LA
BARBARA – Curtindo a arte da cantora,
vocalista e compositora estadunidense Joan La Barbara. Veja
mais aqui e aqui.
A ARTE DE SAMELLA LEWIS
Uma maneira de ajudar a obter arte afro-americana, mesmo que impressa,
nas casas de pessoas que normalmente não a teriam. Eu não consigo parar. Tudo
isso é uma obra de arte.
SAMELLA LEWIS - A arte
da historiadora, educadora e artista afro-americana Samella Lewis, com suas belas gravuras.
&
MARI SANTTOS
A arte
da quadrinista, ilustradora e desenhista Mari Santtos, autora do livro A Máscara de Togi, das tirinhas
biográficas Toda Mari e desenvolve
pequenos contos e tirinhas publicados em diversas páginas. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A música do compositor, maestro e trombonista Abdon
Lyra (1887-1962).
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História do espetáculo, do
escritor, dramaturgo, tradutor e advogado Hermilo Borba Filho.
(1917-1976) aqui.
Somas
dos sumos, do escritor, jornalista e sociólogo Alberto da Cunha
Melo (1942-2007) aqui.
A lenda dos cem, do premiadíssimo escritor Gilvan Lemos (1928-2015)
aqui.
Alimentação
e nutrição no Brasil. Percepção do passado para transformação do presente, do
médico e professor universitário Bertoldo
Kruse Grande de Arruda aqui.
Chalé do
Inglês & a Casa Grande do
Engenho Paul, do pintor Luiz
Barreto aqui.
Arte,
folclore e subdesenvolvimento, de Souza
Barros aqui.
&