DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: SOU ENTRE OS 70 NO COMBATE DA SEGUNDA
PRAGA – Sou entre os setenta que não foge à luta pela
democracia e preservação da Amazônia com meus povos indígenas e os que estão em
todas as regiões do Oiapoque ao Chuí! Sou dos setenta que fecharam pela vida e
não arredam o menor milímetro de combater o trem louco de qualquer desgoverno
negacionista! Sou com os setenta que empunharam o estandarte da liberdade por
um país melhor para todos! Sou mais um com todos os setenta que primam pela
vida e pelo amor, para erradicar o ódio dos que apelam contra a vida e sou
porque já dizia Marquês de Sade: Não há outro inferno para o homem além da
estupidez ou da maldade dos seus semelhantes. Vamos nessa! DUAS: DA ESCOLHA ENTRE A VERDADE & A
MENTIRA - Mentira para mim sempre foi conversa de resenheiros para matar o
tempo, coisas de vigias, boateiros, pescadores, caçadores e punheteiros, coisa
que não saía da esquina e ficava só no trâmite das horas de jogar conversa
fora. Ou era gente que queria ser maior que o próprio tamanho e não enredava
ninguém, só para se sair bem na fita, coitado. Nada que não fosse aqui ou ali
descoberto para deixar a cara mais lisa mais que desmascarada. Ah, não, tinha
que estar vivo para um dia testemunhar uma fraude vencer para muitos numa
verdadeira desmoralização humana. Nunca que eu pudesse imaginar que um embuste prevalecesse
suplantando a Justiça e o senso de humanidade por tanto tempo. Não dá para
acreditar. Cagliostro que o diga: O céu esquece, ou tolera, esperando você reformar. Nunca será tarde
demais. TRÊS: ENTRE ACOCHOS &
APERREIOS – Quem não teimou pela vida para alcançar seus anseios, nem me
diga, já vi de sustentar no peito anos e décadas sem arriar o badalo nem
arredar um risco no chão, de segurar na asa do bule pegando fogo, de não abrir
nem prum trem, ora essa! Já fiz e vi, do muito, que não me diga quanta revolva
de espremer o punho, de entortar a espinhela e segurar no batente nem que
chovesse canivetes. Sim, já fiz e vi, como num verso de Ana Cristina César: Eu não sabia / que virar pelo avesso / era uma experiência mortal. Nada
como um dia atrás do outro para enfim a remissão. De um jeito ou de outro, vamos aprumar a conversa, gente! Até mais ver! © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] O
constrangimento diante do olhar de uma sociedade que, em vez ser de piedade,
era acusatório, de desprezo para com a minha mãe, como se ela fosse uma
transtornada, uma louca, por desafiar o poder e procurar o filho. A ordem
vigente era o conformismo, a aceitação, o adesismo, jamais o destemor e a
coragem de questionar. [...]. Trecho de depoimento da jornalista e
atriz de teatro, cinema e televisão, Hildegard
Angel, filha da estilista Zuzu Angel e irmã de Stuart Angel Jones,
fundadora do Instituto Zuzu Angel. Veja mais aqui e aqui.
SOLDADOS DO ARAGUAIA
A gente ficou vendo fantasma.
Eu pensei em dar um tiro na cabeça.
Eu que fui treinado para ser um herói, para defender a pátria em nome do
Exército Brasileiro, hoje em dia sou rejeitado pelo Exército, por aqueles que
foram meus amigos e hoje em dia tudo me negaram e viraram as costas pra mim.
Então, não interessa mais viver. Eu pensei em dar um tiro na cabeça porque o
mesmo revólver que eu usava na guerrilha, eu tinha ainda.
Minha cabeça estourou três vezes com bomba. Saiu sangue do nariz, saiu
sangue da boca, do ouvido, me deu mancha de sangue nos olhos.
SOLDADOS DO ARAGUAIA - Trechos dos depoimentos de soldados enviados
para a missão no sul do Pará pelo Exército Brasileiro no começo da década de
1970, recolhidos do documentário Soldados do Araguaia (2017), dirigido por Belisario Franca, que conta
a história de soldados de baixa patente enviados para o interior da selva
amazônica com a missão de exterminar a guerrilha do Araguaia, de resistência à
ditadura militar no Brasil dos anos 1970. As Forças Armadas recrutaram 60
jovens da região sem informá-los nada sobre a missão que seriam obrigados a
cumprir e, segundo os oito depoentes do documentário, o que eles viveram foi
pior do que o inferno. Quarenta anos depois do fim da guerra, eles descrevem pela
primeira vez a sua versão dos fatos em frente às câmeras. Veja mais aqui, aqui
& aqui.
A ARTE DE BERNHARD LEITNER
O vento agora desempenha um papel importante, criando
novos sons de fundo. Um dia, cheguei lá para verificar e pensei: 'O que está
acontecendo? Eu posso ouvir de longe. O volume não está definido corretamente'.
Mas não! Os pássaros vivem no bambu e podem captar sons. Eles captaram meus
sons agudos - que eu chamo de 'espaço picante' - e eles meio que os tocaram. Eu
tinha os sons de formigamento que compus, cercados pelo espaço de formigamento
criado pelos pássaros. Foi uma experiência maravilhosa que tive com um dos meus
trabalhos na natureza Eu posso ouvir com meu joelho melhor do que com minhas
panturrilhas.
BERNHARD LEITNER - A arte do escultor, arquiteto visionário e artista
austríaco contemporâneo Bernhard Leitner, pioneiro da forma de arte geralmente chamada de
"instalação sonora", introduzindo o som no espaço de instalação, com
esculturas que são objetos do espaço sonoro e resultado de processos de
desenvolvimento longos e complexos. Em esboços e pastas de trabalho precisos,
ele primeiro aborda as qualidades arquitetônicas esculturais do som na teoria. Os
seus trabalhos lidam com a experiência áudio-física de espaços e objetos que
são determinados em forma e conteúdo por movimentos do som, tendo como foco a
relação entre as estruturas construídas do som e o corpo humano, escala variando
de pequenos objetos aplicados diretamente ao corpo a espaços arquitetônicos em
grande escala. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
Esse é um trabalho braçal, muitas vezes desgastante, sobretudo pelas
matérias-primas com que trabalho. Não há hora para começar ou terminar, mas
apesar de tudo, tenho grande prazer porque estou sempre aprendendo. Até hoje, a
finalização de um trabalho é sempre muito empolgante.
A arte
do escultor, entalhador e artesão Jaime
Nicola de Oliveira, o mestre Nicola.
&
A música
do violoncelista Antônio Meneses aqui.
Assuntos pernambucanos, do jornalista, advogado, escritor,
historiador e ensaísta Barbosa Lima Sobrinho (1897-2000) aqui.
Linha
d’água, do poeta Jaci
Bezerra aqui.
A obra da escritora e professora Luzilá Gonçalves Ferreira aqui.
A arte da artista plástica e ilustradora Valéria Rey
Soto aqui.
&
Socorro
do trem de Bonito aqui.