DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: TRABALHO & PÃO, APENAS – Nestes
tempos de grotesca bizarrice assombrosa rondando nossa sobrevivência, dá para
perceber tanta hostilidade no ar, muito mais do que se possa imaginar. É triste
ver o ódio e a mentira predominantes diante de uma paralisia insuportável, de
não se ver providência alguma para deter tal escalada. Onde é que estão as
autoridades deste país, minha gente? Ou todos estão acoloiados, ou era uma vez
um país, quanta omissão, tanto desserviço. Isso me faz lembrar o triste fim da
legendária Catarina Eufémia, que
reivindicava, para si e os seus, apenas: trabalho e pão. A recepção foi uma
bofetada de restar estatelada no chão. Não havia outra reação para ela:
Mata-me. O tenente não vacilou, três balas, uma poça de sangue e ela, assim do
nada, agonizou com as Cantigas de Maio e o Cantar Alentejano. Da mesma forma,
intrépidos agridem profissionais de saúde, da imprensa, das farmácias e
supermercados em plena pandemia, indomáveis estúpidos que não possuem a mínima
empatia pelo outro e que se vangloriam pela destruição, desobedientes em nome
de um retrocesso aviltante. Para quem detém o poder, a triste ilusão da
eternidade. A vida passa e a história é reescrita amanhã. Levo em consideração Fichte: Os teus atos, e não os teus conhecimentos, é que determinam o teu valor.
Por remissão, fica longe entender esta barbárie, o desconhecimento total de que
a posteridade julga e nela ou se glorifica ou se envergonha do passado. Qual será
a deste momento amanhã, hem? DUAS: PERAÍ, A GENTE VAI PRA FRENTE DE ANTANHO OU
BRINCANDO DE FAZER A TERRA GIRAR AO CONTRÁRIO? - Gente, que coisa é essa? Repassando: a gente lascou a
pedra, inventou a roda, fundiu o ferro, acumulou escaramuças e apropriações, deu
pulos e revirou predatoriamente todos os habitats, poluiu o planeta, empenou a história
e desgraçou com a vida de todo mundo. O que é que é isso? Danou-se tudo! Lembrei
o Malinowski: Toda a estrutura de uma sociedade encontra-se
incorporada na mais evasiva de todas as matérias: o ser "humanos". Eita! Onde
é que a gente vai parar, hem? TRÊS: ENTRE BURLAS & MANOBRAS – Não bastam indagações! Ô Esse-menino, diz uma coisa
aqui: que papo é esse de vaivém, por fim da força com medidas provisórias casuísticas,
notícias falsas, renhenhém e tergiversações, testes escusos, trapalhadas e
enganações, sublevações descabidas e tantos desditos, interferências e
compadrio pro nepotismo, afora a claque desmiolada proliferando o ódio e o
totalitarismo, uma zona geral, o que é que é isso, hem? Já dizia Bertrand Russel: Na vida nunca se deveria cometer duas vezes o
mesmo erro. Há bastante por onde escolher. É a ambição de possuir, mais do que
qualquer outra coisa, que impede os homens de viverem de uma maneira livre e
nobre. É isso, é preciso fazer alguma coisa. Vamos aprumar a conversa, gente! Até amanhã! © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Muitos
acham que as mudanças climáticas não são relevantes e que não fazem diferença
nas nossas vidas. Ainda assim, os termômetros sobem, as emissões de CO2
aumentam cotidianamente e os eventos extremos se tornam mais frequentes. Muitos
acreditam que o mais importante é aumentar a produção agropecuária a qualquer
preço, destruindo o Cerrado e a Amazônia. Ainda assim, o desmatamento desses
biomas traz enormes prejuízos, comprometendo a disponibilidade de água, a
fertilidade dos solos, o controle de pragas e doenças e a estabilidade
climática. Podemos estar convencidos que a rica natureza brasileira é uma
maldição a qual devemos superar para chegar a ser “desenvolvidos”. Ainda assim,
é na nossa biodiversidade que reside a nossa maior possibilidade de crescer
como um país mais justo e mais inclusivo. [...]. Trecho do artigo Biodiversidade, a nossa única opção
(Instituto Socioambiental, 2019), da escritora e bióloga Nurit Bensusan, coordenadora adjunta do
Programa de Política e Direito do ISA e especialista em Biodiversidade, com mestrado
em ecologia pela Universidade de Brasília (1997) e doutorado em educação
(2012), na mesma universidade. Ela é autora das obras Meio ambiente: e eu com isso? (Peirópolis, 2020), abordando sobre a
intrigante complexidade da natureza e resgatando a dimensão humana dos
problemas ambientais enquanto revela conexões aparentemente insólitas entre os
diferentes problemas do mundo contemporâneo; Quanto dura um rinoceronte? (Peirópolis, 2018), com a exposição do risco
de extinção desses e de tantos outros animais; Labirintos: parques nacionais (Peirópolis, 2012), uma viagem aos
parques nacionais com informações essenciais; Conservação da biodiversidade em áreas protegidas (FGV, 2006), em
que apresenta a estratégia para conter a ocupação desenfreada da terra e o uso
predatório dos recursos naturais, além da implementação que tem enfrentado
inúmeros desafios; Biobrazuca. o jogo da biodiversidade brasileira (EdiPUCRS, 2011); e Seria melhor
mandar ladrilhar? Biodiversidade: como, para que e por quê (EdiUnB, 2002),
entre outros. Atualmente, divide seu tempo entre o trabalho
com políticas públicas e divulgação científica na área de conservação da
biodiversidade e a reflexão e pesquisa sobre temas relativos à conservação das
paisagens, ao acesso aos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais e aos
impactos e dilemas das novas biotecnologias. Além disso, escreve livros e
produz jogos com temas biológicos para crianças.
O CINEMA DE TERESA VILLAVERDE
Estou convencida
que, se o mundo não entrar em colapso total, daqui a uns vinte ou trinta anos
se vai voltar à película. E digo por quê. O som tem melhorado imenso nos
últimos anos, todo o processo digital veio melhorar tecnicamente o som. Mas, na
imagem, tudo o que se tem vindo a criar ultimamente, tem-na desvalorizado. Somente
em relação aos efeitos especiais é que tem evoluído de forma positiva. Adorava
e tento acreditar que se volte à película ou a uma coisa semelhante.
TERESA VILLAVERDE - Trecho da
entrevista concedida pela cineasta portuguesa Teresa Villaverde, recolhida
da Cineasta versus diretor de
fotografia – a preparação da filmagem: entrevista a Teresa Villaverde (História Oral,
2016), de Raquel Rato, iniciando sua trajetória com o premiado filme A idade maior (1989), seguindo-se do
também premiado Três irmãos (1992), Os mutantes (1998), Transe (2006),
Água e Sal (2001), A favor da claridade (2004), Visions of
Europe (2004) e Cisne (2011).
Veja mais aqui.
A ESCULTURA DE PATRICIA CRONIN
Um artista tem que organizar as ideias. Eu
não sou um exército. Eu não sou uma formuladora de
políticas. Eu não escrevo leis. Então,
qual é o papel da arte contemporânea neste mundo realmente horrível em que
vivemos? Que impacto isso poderia ter? Não posso fazer nada para trazer essas 276 meninas de volta. Eu sou impotente, então o que posso fazer? Eu
posso conscientizar e sentir.
PATRICIA CRONIN - Trecho
de entrevista concedida pela escultora, pintora e fotógrafa estadunidense, Patrícia Cronin, para o jornalista
William J. Simmons (Interview - junho, 2016), a respeito da sua obra Shrine for Girls, um santuário para
meninas apresentado na Bienal de Veneza de 2015, narrando três histórias, a
primeira sobre o sequestro de 276 mulheres jovens pelo Boko Haram na Nigéria; o
estupro e linchamento de dois primos na Índia e a violência sexual e
psicológica da Igreja Católica contra prostitutas, mulheres órfãs e doentes
mentais nas lavandarias de Madalena. Como uma artista interdisciplinar que
aborda questões contemporâneas de direitos humanos, ela realiza uma arte
conceitual que transita por diversas plataformas estéticas e sobre questões de
justiça social de gênero, sexualidade e classe, visibilidade lésbica, história
da arte feminista, igualdade de casamento e direitos internacionais das
mulheres. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
Minha intenção é mostrar a relação dessas mulheres com a ilha; com a
pesca; que é um trabalho exercido mais por homens; com a cidade e com a
família, dando ao roteiro um olhar mais feminino. Enquanto o homem dono de
viveiro mantém um relação mais hierárquica com as pessoas subordinadas a ele,
Alexandra tem uma relação de parceria. Moro no bairro desde que nasci e não
poderia fazer meu primeiro filme em qualquer canto, a ilha sempre é apontada
como uma comunidade violenta e as pessoas acabam formando uma opinião errada
sobre esse espaço. Espero, com o documentário, quebrar esse estereótipo. Aqui é
um lugar de gente trabalhadora.
Trecho
da entrevista concedida ao Jornal do Commercio (novembro de 2017), pela
diretora, roteirista e produtora Anna
Andrade, sobre o seu primeiro filme Entre
marés (2018), com relatos de três mulheres da Ilha de Deus, em Recife.
&
O
brasileiro condena o brasileiro, do
psicanalista e professor Jurandir
Freire Costa aqui.
Sísifo, do
poeta Marcus Accioly (1943-2017) aqui.
A obra do poeta,
professor, cineasta, filósofo e agitador cultural Jomar Muniz de Brito aqui.
O artista visual Maurício Silva aqui.
A arte
de Murilo Gun aqui.
&
Estibado, o ajeitado na vida aqui.