DIÁRIO DE QUARENTENA – PROCURA DA POESIA:
SEMPRE É MÚSICA E PALAVRA - Dou-me aos passos,
sou o impossível porque me é real. Voo pelas calçadas e o formigueiro de gente
me assusta com suas faces estranhas e exaltadas. Aqui nada é meu, foi um dia,
não mais. Só a amável Pearl Buck me
reconhece no que posso ser entendido: Até prova em contrário, todas as coisas são possíveis - e mesmo o
impossível talvez o seja apenas nesse momento. No mais, sou paisagem invisível que insiste em viver além das
possibilidades.
OUTRA: MEU NAVIO A SORTE INVENTA - Bordejo dias e noites, à deriva. Sou-me como posso:
aos ventos e correntes. No que me dou, piso em falso, singro o mar e seus
desertos. Do que fiz, nada feito. Quase um verso esquecido do Ozymandias de Shelley: Em torno
à derrocada / Da ruína colossal, areia ilimitada / Se estende ao longe, rasa,
nua, abandonada. Palavras saltam aos olhos diante do nada, o
lado inexiste, sou repleto de amor.
MAIS OUTRA: RECOMEÇO, PELO PRAZER – Sou a canção que
reverbera inconclusa, o verso que se perde ante a surpresa do esquecimento. Páginas
que se dissolvem em narrativas esgarçadas, para que eu se o vazio e nada mais
para dizer. Ouço vozes e cantos no mote de YannMartel: Se nós, cidadãos, não
apoiamos nossos artistas, sacrificamos nossa imaginação no altar da crua
realidade e acabamos não acreditando em nada e sonhando inutilmente. Não pudesse
ouvir as vozes de cantos tantas belas exposições, nem poderia existir direito,
valh0-me dessas tantas expressões para ser-me, o que sou para mim mesmo. Até segunda. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Globalização...
uma palavra que você ouve da boca de todo mundo, mas cujo significado e fatos
raramente são compreendidos de maneira abrangente. Nossa era está lutando para
pensar sobre o progresso do mundo atual; e já estamos há muito tempo atrasados
na criação de ferramentas apropriadas para entender os novos desafios da
globalização e medir o impacto das novas tecnologias da informação na nossa
existência. [...] Nosso mundo se
abriu, e não é provável que pare; ele melhorou com a abertura, e não apenas nos
aspectos comerciais. Nossa era conquistou a queda do Muro, a desintegração dos
antigos blocos (Leste – Oeste), o fluxo mais livre da informação e o acesso
quase incontrolável a ela. Se um vírus pode explorar os caminhos da nossa
liberdade, é antes de tudo porque esses caminhos existem, e são múltiplos.
[...] Pensamento multilateral de ação, na
busca de apoio mútuo e solidariedade, tornará possível salvaguardar as áreas de
liberdade que foram conquistadas, e superarão este vírus e outros. Há esperança
no pensamento livre. Trechos extraídos de Reflexões sobre uma era (Goethe Institut/Redaktion, 2020), da socióloga
ruadesa Assumpta Mugiraneza,
fundadora e diretora do Zentrums für multimediales Erbe (IRIBA), um centro de
arquivos audiovisuais para fala e diálogo sobre o processo de reapropriação do
passado, que oferece e apoia programas psicossociais, pedagógicos e artísticos
para a reconstrução de laços intergeracionais e para dar voz aos jovens.
A POESIA DE MAGGIE O’SULLIVAN
Para defender este / poema de seu próprio ataque, / direi que tanto a / margem
esquerda como a direita irregular aparecem constantemente / como eventos
significativos, interrompendo frequentemente o que / eu pensava que estava
prestes a / escrever e me fazendo escrever algo / completamente diferente.
Mesmo / voltando a reescrever, o problema ainda / reaparece a cada seis
palavras. Portanto, este / e todo poema é uma / obra marginal, em um sentido
bastante literal. / Os poemas em prosa são outra questão: mas, / como se
identificam como poemas / através do estilo e do contexto de publicação, / tornam-se
um subconjunto marginal de poesia, / em outras palavras, duplamente marginal.
II - A hera dos líquenes de lagarto levou a alavanca do ouriço a um
ataque. / Traor terrestre rabiscado, as ações das patas tainy blee / scoa, scog
azul.
III - Lave / Os seguintes animais principais: truta, cachorro, / tigre,
coruja, mariposa, lobo, gato, drake, morcego, peixe, / porco, golfinho, búfalo,
abelha, escorpião, cobra, / águia, caranguejo, cabra, salmão, tartaruga. É
IMPORTANTE / LAVAR ESTES ANIMAIS COM CANÇÕES, / um canto, um canto, um
movimento / áspero / e incontrolável.
IV - O dançarino - Jink - / articulou / uprised & Nascimento -/ Alongamento,
Amarrado / Tarambola, baixa baixa em um campo distante / AY - PR - PRO - LONGA,
LESQUING - DESLIGADA - DESLIGADA - / (caiu, caiu, suave) / Um remo quebrado - /
Eixo / expulso - (Recuar, Abordar, Recuar) / (manchado, tração, trashing).
V - Lá, ele mede e examina os / gravetos. As longas, longas varas. E
começa a construir / o Salto de Maçarico / Real de sua boca - Pálida Massitude
de Cachimbo - / Cardo / Corneliano / Pulsing & Grave he / Bois pano de
obras -/ No oeste / isso ocorre, / considere.
MAGGIE O’SULLIVAN - A arte
da poeta e artista visual britânica Maggie
O'Sullivan, autora de obras tais como An Incomplete Natural History
(1984), In the House of the Shaman (1993), Red Shifts (2000) and Palace
of Reptiles (2003), entre outras. Veja mais aqui.
A ARTE DE MARTA MINUJÍN
A arte é universal. Não é que não
seja sexuado, boa arte, grande arte não faz sexo. Grande
arte, uma sinfonia de Beethoven poderia ser escrita por uma mulher ou um homem.
E uma grande obra, e as obras de arquitetura também, não se sabe
se são mulheres ou homens. A menos que você queira e
sinta isso.
MARTA MINUJÍN - A arte da artista conceitual e performática argentina
Marta Minujín.
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A ARTE DE EMILIA ELFE
A arte da artista visual russa Emilia Elfe, que cria gráficos decadentes de mídia mista e inspiração
vintage. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A arte
da atriz e modelo Camila Sales Luna.
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A música
de Quinteto Violado aqui.
O
espetáculo O diário das frutas, da Cais Companhia de Dança sobre obra de Bruno Albertim e Tereza Costa Rêgo aqui.
Ave
sólida, de Vital Corrêa de Araújo aqui.
O documentário Bora ocupar aqui.
Os escritos de Anelise Lorena aqui.
Alma caeté aqui.
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