NEUROEDUCAÇÃO
& ENSINO CRIATIVO - Imagem: arte do
fotógrafo estadunidense Ansel Adams
(1902-1984). - A partir de 2005 comecei a participar
de debates, cursos, seminários e congressos sobre Neuroeducação, procedendo ao
andamento nos mais de 20 anos de estudos educacionais embasados nas ideias de
Paulo Freire e sua articulação com as minhas atividades artísticas, na
militância pelo teatro, música e literatura. Foi por essa ocasião que tomei
conhecimento do trabalho desenvolvido pelo neurocientista Ph.D em
Biologia Molecular, Joe Z. Tsien, que realizou uma curiosa experiência
científica envolvendo camundongos inteligentes encerrados numa caixa de
ferramentas versátil, com o objetivo de investigar as relações complexas entre
genes, circuitos neurais e comportamentos. Durante esses experimentos, um outro
surgiu na equipe neurocientífica, envolvendo camundongos emburrecidos que, ao
serem submetidos ao mesmo processo, desenvolveram atividades neurais
recuperando a memória. Foi por essa época que tomei conhecimento do Programa de
Enriquecimento Instrumental (PEI
- Feuerstein's Instrumental Enrichment
-FIE), desenvolvido pelo psicólogo
e professor Reuven Feuerstein, servindo de modelo para o apoio cognitivo
de indivíduos com dificuldades de aprendizagem, consistindo de instrumental com
variadas tarefas para ações pedagógicas. Essas pesquisas me fizeram escrever o
artigo acadêmico intitulado Neuroedução e, por conta da manutenção
desses estudos, fui diretamente para o curso de Psicologia e, por consequência,
às atividades do Grupo de Pesquisa de
Neurofilosofia & Neurocîencia Cognitiva, proporcionando a realização de
uma pesquisa de campo que embasou as palestras que apresentei como resultado do
estudo denominado de Contribuições da Neuroeducação no processode ensino-aprendizagem da escola pública de Maceió. Igualmente
esclarecedora foi a leitura à época da crônica Casas que emburrecem, do eminente educador e psicanalista Rubem
Alves, mencionando as experiências de Tsien e Feuerstein, para embasar a sua
tese de que os ambientes residenciais são emburrecedores, apesar delas serem
projetadas por arquitetos, ricas, decoradas por profissionais e cheias de
objetos de arte, tornando-se a casa da ordem perfeita, em que nada possa ser
mexido nem tirado do lugar onde se encontram. Inclusive, nessa crônica ele
sugere aos psicopedagogos que diante da ocorrência de terem que lidar com uma
criança supostamente burrinha, efetuem investigação da casa em que ela vive.
Essa mênção me levou imediatamente a imaginar as salas de aula e todo ambiente
escolar, locais sobrecarregados de disciplina e medidas corretoras. O que ficou
evidenciado com as pesquisas dos neurocientistas, a crônica do Rubem e os
resultados das minhas pesquisas nas escolas de Maceió, é que o ambiente escolar
é tão emburrecedor quanto as residências suntuosas em que nada pode estar fora
do lugar, dando a ideia de que tudo é tão certinho e, só por isso, é possível
viver e estudar. Na conclusão disso tudo, o que falta às residências e às escolas
é a criatividade e a inovação, possibilitando que cada ambiente seja
reinventado, tocado, manipulado, explorado, refeito e mudado a cada momento em
que seja possível oportunizar um momento de interação e, consequentemente, aprendizagem
nas relações interpessoais e o ambiente. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de
especial com o guitarrista e compositor italiano Christian Lavernier:
Improvvisa Azione, Thailand International Guitar Festival & Concierto
Aranjuez; a violinista, dançarina, cantora e compositora estadunidense Lindsey Stirling: Live From London, The
Secret London Show & Praha; & muito mais nos mais
de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o
som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – O
homem é um deus quando sonha e um mendigo quando pensa. Pensamento do poeta
lírico e romancista alemão Joham Hölderlin (1770-1843). Veja mais aqui.
LITERATURA, ENSINO & EDUCAÇÃO - [...] a literatura é o espaço da diversidade
cultural. O texto literário traz representada a cultura local, mas também as
culturas longínquas; a cultura contemporânea, mas também a remota, já quase
perdida no tempo. Mundo de seres muito próximos de nós e de seres completamente
diferentes, monstruosos, malvados, demonizados ou altamente benevolentes, até
mesmo santificados. A literatura trata de todo e qualquer tema: amor, guerra,
conflitos, sexo, opressão, maldade, ciúme, etc. As restrições escolares que aos
conteúdos da literatura devem, por isso, ser discutidas pelos professores, sem
colocar em rsco a liberdade que a caracteriza e a constitui. A literatura,
muitas vezes, mais do que apresentar uma situação controversa, problematiza uma
forma de conduta, ao representá-la literariamente, podendo fazer render muitas
discussões que nos levem a sermos homens e mulheres melhores do que somos.
Trecho do artigo acadêmico Literatura no
ensino fundamental: uma formação para o estético, dos professores doutores
Maria Zélia Versiani Machado e Hércules Toledo Corrêa, extraído da obra Explorando ensino: língua portuguesa –
ensino fundamental (MEC/SEB, 2010), coordenado por Egon de Oliveira Rangel
e Roxane Helena Rodrigues Rojo.
A EXILADA – [...] Creio
que Carie teria considerado a sua vida um fracasso se a tivesse julgado na
medida do que desejara que ela significasse. [...] Se, porém, ela considerava sua vida fracassada, para nós, que com ela
convivemos, que na vida foi a sua! Não creio que nenhum de nós cuidasse em chamá-la
uma santa. Ela era por demais prática, por demais viva e apaixonada, muito
cheia de amor, de variedade e de impulsos para isso. Foi a criatura mais humana
que jamais conhecemos, a mais complexa na sua instantânea compaixão, em seu
gosto por diversões, em suas súbitas impaciências. Foi a nossa melhor amiga e
companheira. [...] Para marujos exilados, para os soldados e para todos os
homens e mulheres brancos que ela acolheu em casa com o seu carinho generoso e
a sua pronta amizade, Carie representava a América num país estranho. A seus
filhos, mesmo entre as névoas do mais remoto e exótico cenário, ela sabia
proporcionar, muitas vezes com que custo, um ambiente americano, tornando-os
legítimos cidadãos em seu país, e incutindo-lhes no coração um amor que seria
imortal. Para todos nós que a conhecemos, aquela mulher era, realmente, a
própria América. Trechos extraídos da obra A exilada (Delta, 1966), da escritora e sinologista, Prêmio Nobel de
Literatura de 1938, Pearl Buck (1892-1973). Veja mais aqui.
TRÊS POEMAS - O
ESCUDO DE AQUILES: Ela olhava por sobre os ombros / à procura de vinhas e
olivais / mármores e cidades bem governadas / e navios no mar escuro, de vinho. /
Mas ali no metal brilhante, / às mãos dele ao invés colocaram / um
deserto artificial/ e um céu de chumbo. / Uma planície sem futuro, nua e escura,
/ nenhuma folha de grama, nem sinal de vizinhança, / Nada para comer nem um
lugar para sentar. / Todavia congregados nessa desolação / um milhão de olhos,
um milhão de botas, em linha, / sem expressão, à espera de um sinal. / Do ar
uma voz sem face / provava pela estatística que alguma causa era justa / em
tons são secos e rasos como aquele lugar. / Ninguém foi aclamado e nada foi
discutido. / Coluna por coluna, numa nuvem em pó, / para longe marchava,
conduzindo, para lamentar algures, / a crença que a lógica lhes trouxera. /
Ela olhava por sobre os ombros / à procura de piedades rituais, / novilhas com
grinaldas de brancas flores, / libação e sacrifícios. / Todavia ali no metal
brilhante, / onde deveria estar o altar, / viu, à luz vacilante da sua forja, /
uma cena diferente: / o arame farpado cercava um local arbitrário / onde
oficiais amolados espreguiçavam (um deles dizia uma piada). / E as sentinelas
transpiravam, porque o dia estava quente. / Uma multidão de pessoas comuns e
decentes / espiava de fora e ninguém se movia ou falava, / enquanto três postes
implantados verticalmente no solo. / A massa e a majestade deste mundo. / Tudo
o que possui peso e sempre pesa o mesmo / repousa nas mãos dos outros. / Eles
eram pequenos e não podiam esperar por socorro / e não veio qualquer socorro. /
O que os seus inimigos pretendiam fazer foi feito; / sua vergonha era tudo de
pior que podiam desejar: / perderam o orgulho próprio e morreram como homens /
antes que seus corpos morressem. / Ela olhou por sobre os ombros / à procura de
atletas nos seus jogos, / mulheres e homens a dançar, / movendo os doces
membros, / rápidos, rápidos, com a música. / As mãos dele não prepararam um
palco de dança / um garoto maltrapilho, sem destino e solitário, / vagabundeava
nesse vazio. Um pássaro voou por segurança, / com medo das suas pedradas
certeiras. / Que uma jovem fosse violada, que dois rapazes esfaqueassem um
terceiro, / para ele eram axiomas, ele que nunca ouvira falar / de nenhum
mundo onde as promessas fossem cumpridas, / ou onde um poderia chorar porque um
outro chora. / O escudeiro de lábios finos, / Hephaestos, se foi claudicando, /
Thetis, a dos seios brilhantes, / gritou assombrada / com o que Deus forjou / para
agradar a seu filho, o forte Aqules, / de coração de ferro e matador de homens
/ que não haveria de viver muito. O
CIDADÃO DESCONHECIDO: Segundo apurou o Instituto de Estatística, / Contra ele
nunca existiu qualquer queixa oficial, / E todos os relatórios sobre a sua
conduta confirmaram: / No moderno sentido de uma palavra velha, ele era um
santo, / Pois em tudo o que fez serviu a Grande Comunidade. / Com excepção da
Guerra e até ao dia da reforma, / Trabalhou numa fábrica e nunca foi
despedido;sempre satisfez os seus patrões, Máquinas Fraude, Ltda. / Mas não era
fura-greves nem tinha opiniões estranhas, / Pois o Sindicato informa que sempre
pagou as quotas / (E o seu Sindicato tem a nossa confiança), / E o nosso
pessoal de Psicologia Social descobriu / Que ele era popular entre os colegas e
gostava de um copo. / A Imprensa não duvida de que comprava um jornal por dia /
E que as reacções à publicidade eram cem por cento normais. / Apólices tiradas
em seu nome provam que tinha todos os seguros, / E o Boletim de Saúde mostra que
esteve uma vez no hospital e saiu curado. / Tanto o Gabinete de Estudos dos
Produtores como o da Qualidade de Vida declaram / Que estava plenamente
sensibilizado para as vantagens da Compra a Prestações / E tinha tudo o que é preciso
ao Homem Moderno: / Um gira-discos, um rádio, um carro e um frigorífico. / Os
nossos inquiridores da Opinião Pública alegraram-se / Por ter as opiniões certas para a época do ano; / Quando havia paz, era pela
paz, quando havia guerra, ele ia, / Era casado e aumentou com cinco filhos a
população, / O que, diz o nosso Eugenista, era o número certo para um pai da
sua geração, / E os nossos professores informam que nunca interferiu com a sua
educação. / Era livre? Era feliz? A pergunta é absurda: / Se algo estivesse
errado, com certeza teríamos sabido. FUNERAL
BLUES: Que parem os relógios, cale o telefone, /
jogue-se ao cão um osso e que não ladre mais, / que emudeça o piano e que o
tambor sancione / a vinda do caixão com seu cortejo atrás. / Que os aviões,
gemendo acima em alvoroço, / escrevam contra o céu o anúncio: ele morreu. / Que
as pombas guardem luto — um laço no pescoço — / e os guardas usem finas luvas
cor-de-breu. / Era meu norte, sul, meu leste, oeste, enquanto / v veu, meus
dias úteis, meu fim-de-semana, / meu meio-dia, meia-noite, fala e canto; / quem
julgue o amor eterno, como eu fiz, se engana. / É hora de apagar estrelas — são
molestas — / guardar a lua, desmontar o sol brilhante, / de despejar o mar,
jogar fora as florestas, / pois nada mais há de dar certo doravante. Poemas
do poeta, dramaturgo e editor britânico Wystan Hugh Auden (1907-1973).
Veja mais aqui e aqui.
DESEJO, EUGENE O’NEILL
[...] ABBIE:
Quando entrei aqui, no escuro, parece que havia alguém. EBEN (simplesmente):
Mamãe. ABBIE: Ainda sinto a sua presença. EBEN: É mamãe. ABBIE: No princípio
fiquei com medo. Tive ímpeto de gritar e sair correndo. Mas agora que você
chegou, parece que sinto uma doçura me envolver. (Dirigindo-se para o ar, estranhamente). ObrIgada.
EBEN: Mamãe sempre gostou de mim. ABBIE: Talvez ela saiba que eu também gosto
de você. Talvez por isso ela esteja sendo boa para mim. [...] ABBIE: (Depois de uma pausa, com uma terrível intensidade fria –
lentamente) Se foi isso o que a vinda dele me trouxe... a
morte do seu amor... a partida para longe... de você que é toda a minha
alegria... a única alegria que eu jamais conheci... o paraíso para mim... então
eu também o odeio, mesmo sendo mãe dele! [...]
A peça teatral Desejo. (Desire
under the elms - Bloch, 1970), do
escritor e dramaturgo estadunidense Eugene
O’Neill (1888-1053),
Prêmio Nóbel de 1936, propõe uma versão moderna da tragédia clássica que gira em torno de uma família de
fazendeiros no interior dos Estados Unidos, demonstrando que o amor invade as habitações
para levá-los à ruínam traduzindo as questões sociais por meio de personagens mais próximas
do cotidiano. Veja mais aqui.
Veja mais:
O que era mata atlântica quando asfalto que
mata, a poesia de António Salvado, a música de João Parahyba, Todo
dia é dia da mulher, a arte de Don Dixon & Nini
Theiladetheilade aqui.
O viúvo do padre aqui.
Max Weber & Norah Jones aqui.
John Keats & Bárbara Lia aqui.
Mario Quintana, Wang Tu, Tácita, Eduardo
Souto Neto, Carlito Lima, Mike Leight & Vera Drake, Suzan Kaminga &
Ansel Adams aqui.
Humanismo e a Educação Humanista aqui.
Yoram Kaniuk, Thelonious Monk, Robert E. Daniels, Eugene de Blaas, Meir Zarchi,, Luciana Vendramini, Camille Keaton, Tono Stano, Eliane Auer, Prefeituras do Brasil, Juizados Especiais
& Responsabilidade civil das instituições bancárias aqui.
Crepúsculo dos Ídolos de Nietzsche &
Projeto Tataritaritatá aqui.
Dicionário Tataritaritatá aqui.
O mal-estar na civilização de Freud &
Coisas de antonte e dantanho aqui.
Nomes-do-pai de Lacan & BBB &
Outras tacadas no toitiço do momento aqui.
A ilusão da alma de Eduardo Giannetti
& A poesia veio dos deuses aqui.
Troço bulindo nas catracas do quengo,
Fernando Fiorese & Abel Fraga aqui.
O mistério da consciência de Antonio
Damásio &Nó na Garganta de Eduardo Proffa & Jan Claudio aqui.
ARTE DE ANSEL ADAMS
A arte do
fotógrafo estadunidense Ansel Adams
(1902-1984).