PROMESSA
CUMPRIDA: A MINHA VIDA PELA SUA – Imagem: arte do pintor estadunidense Madison Moore. - Mãe é mãe. E naquele
dia, aquela mãe estava duplamente feliz: aniversário da sua filhinha, três
primaveras. Ela exultava: Amo você mais que tudo na vida! Também amo você,
mamãe. E se preparavam para a festa. De manhã deu-lhe presentes: brinquedos
novos dela não se conter em si mesma de tão alegre. De tarde ambas se arrumaram
com penteados e maquiagens para o evento religioso, tal mãe, tal filha. O dia
inteiro, repetidamente, abraçava a filha e dizia: Amo você mais que tudo na
vida. Também amo você, mamãe. À boquinha da noite o marido chegou com muitos
beijos e abraços, e capricharam nas vestimentas. Seguiram os três para a
efeméride religiosa. Lá oraram preces muitas e ao término das celebrações,
seguiram pro salão de festa no anexo: guaranás, bolos, brigadeiros, pastéis, doces,
salvas e vivas, muitos presentes. Confraternizaram, cantaram os parabéns com
parentes e amigos. Nessa hora a mãe teve um aperto no coração, procurou a filha
pelos quatro cantos, lá estava inocentemente a brincar com outras crianças. Coração
de mãe presente. Abrassou-a afetuosamente com muitos beijos: Minha vida pela
sua, amo você mais que tudo na vida! Também amo você, mamãe. Deixou-se
fotografar, muitos cliques, ela mesma autofotografou abraçada com a filha e
postou numa rede social, com a mensagem: Minha vida pela sua, amo você mais que
tudo na vida! Muitos acessaram entre as amigas e amigos que estavam ao seu
lado, festejavam a foto no perfil materno, a felicidade de ambas, clicaram e
curtiram, manifestavam solidários. Fim de festa. Noite alta, abraços,
felicitações e despedidas. Criança no banco traseiro do automóvel, ao lado de
dois vizinhos que pegaram carona para o lar. A mãe sentou-se no banco do
passageiro, colocou o cinto de segurança, virou-se e soltou um beijo na ponta
dos dedos pra filha. A filha retribuiu com beijos jogados às duas mãos. O
marido ao volante, apressado pra chegar em casa, alta velocidade, curvas
acentuadas, ultrapassagem pela direita e pela esquerda, costurava no trânsito,
o sinal amarelou e nem viu avermelhar, um ônibus atravessa, o choque
inevitável. A tragédia. Bombeiros e militares serraram as ferragens, entre os
destroços a criança chorava salva pelo abraço da mãe, os demais todos mortos. Promessa
cumprida. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de especial com o
compositor, professor e regente Camargo Guarnieri (1907-1993): Sinfonia
Uirapuru, Seresta para piano e orquestra & Sinfonia n5; da violinista suiça
Rachel Dolly d’Alba: Tzigane Ravel, Sonata Passion Ysaye &
Summertime Gershwin; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog
& nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só
ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] o
doente estendido ali num leito de indigente do Hospital Santa Isabel não era
uma máquina. Valladares nos ensinava uma semiologia minuciosa, na intenção que
compreendêssemos a dinâmica dos sintomas. Dava-nos a visão do doente em sua
totalidade de ser humano, e nunca de uma máquina, sobre a qual poderiam ser
derramadas, ou introduzidas quantidades enormes de sustâncias químicas
[...]. Extraído de 40 anos do Museu de
Imagens do Inconsciente (Jornal
Brasileiro de Psiquiatria, 1992), da médica psiquiatra e psicoterapeuta
alagoana Nise da Silveira (1905-1999), que no seu livro Cartas a
Spinoza (Francisco Alves, 1995) diz: [...] Todas as coisas existentes são
modos, isto é, modificações, afecções da substância, e não podem ser concebidas
sem a substância ou fora da substância, sua causa imanente. A existência dos
modos é precária. Existem ou deixam de existir, enquanto é eterna a substância [...].
Veja mais aqui, aqui e aqui.
CONHECIMENTO & CRIATIVIDADE - [...] Tão
importante quanto a capacidade de produzir novo conhecimento é a capacidade de
adaptar-se, recriar e aplicar conhecimento de acordo com as necessidades e
especificidades de cada organização, país e localidade e, mais ainda, a
capacidade de converter esse conhecimento em ação ou, mais especificamente, em
inovação. [...] a nova face da
contemporaneidade revela múltiplos desafios e a abordagem científica dessa
realidade implica recorrer a ferramentas como a reflexividade, a critica e a
criatividade [...]. Trechos de Conhecimento,
aprendizado e inovação: subsídios à pesquisa empírica, de Sarita Albagli e
Maria Lucia Maciel, extraído da obra Sociologia
e realidade: pesquisa social no século XXI (UnB, 2006).
CIÊNCIA & LITERATURA - [...] Toda
ciência gira em torno de objetos impossíveis e trabalha sobre objetos
fantasmáticos. Cada um desses objetos fantasmáticos suscita uma verdadeira
paranoia. Assim com a Biologia atual que anda paranoica de ADN. Assim com a
ciência literária [...] que paranoica
de literariedade. E o que é literariedade? É um objeto fantasmático através do
qual se metaforiza a resistência da literatura. E o que é a recepção de uma
obra literária? Outro objeto fantasmático através do qual se metaforiza a
resistência da literatura. E o que é a teoria do texto? Outro objeto
fantasmático [...] e assim por diante.
Trechos extraídos de Os universos da
crítica (Ed. 70, 1987), do professor, escritor e ensaíta português Eduardo Prado Coelho (1944-2007).
A PUTA – [...] As
dinamarquesas são mulheres bonitas, extremamente dadivisoas, mas um tanto frias
até que conseguimos deitá-las numa cama. Também é verdade que quando melhor
alimentadas, mais belas as mulheres de qualquer país. No Brasil, desde o seu
descobrimento e exploração, poucos comem bem e é difícil explicar Copacabana ao
turista desavisado, ou melhor, é difícil explicar tanta beleza feminina numa
única praia. Os dinamarqueses enlouqueceram. Voltaram para o hotel com os olhos
cheios de coxas, seios e bundas. [...] Assistiam
a um show cahamado “Prisioneiras da selva”, onde, ao som de “Cubanacán, maravilhoso
país del amor..”, índias – em verdade, mulatas, e negras em sua maioria -,
seios à mostra e tapa-sexos mínimos, eram perseguidas por gorila de mentirinha,
pois, após alguns minutos de perseguição, abriu o zíper e de dentro da fantasia
saiu uma bela loura oxigenada. A ex-gorila, em verdade uma colonizadora,
jogou-se sobre as índias afro-brasileiras e deu inicio ao maior exercício
sáfico, para gringo e orquestra, já presenciado ao sul do Equador. Dez garotas
se cunilinguavam quando o anão trepou no parapeito do reservado, abriu a
braguilha, exibindo uma peça do tamanho de um braço de criança, e saltou no
meio das mulheres. [...] Brasília dos
Santos era uma das mulheres mais bonitas do mundo. Posso garantir, pois
conheci-a pessoalmente. Mulata clara, seios pequenos, bunda que chegava a ser
mágica de tão atraente, olhos verdes, cabelos esticados, lábios carnudos,
pescoço delgado, cintura fina e coxas que enlouqueceriam qualquer dos grandes
escultores da Grécia Antiga. Tudo isso dentro de uma minissaia que a deixava
mais nua do que se nua estivesse. [...] Extraído da obra Melhores contos
(Global, 2007), do jornalista e escritor Fausto Wolff (1940-2008). Veja
mais aqui e aqui.
CONFIDÊNCIAS - A natureza é um templo augusto, singular, /
Que a gente ouve exprimir em língua misteriosa; / Um bosque simbolista onde a
árvore frondosa / Vê passar os mortais, e segue-os com o olhar. / Como
distintos sons que ao longe vão perder-se, / Formando uma só voz, de uma rara
unidade, / Tem vasta como a noite a claridade, / Sons, perfumes e cor logram
corresponder-se / Há perfumes subtis de carnes virginais, / Doces como o oboé,
verdes como o alecrim, / E outros, de corrupção, ricos e triunfais / Como o
âmbar e o musgo, o incenso e o benjoim, / Entoando o louvor dos arroubos ideais,
/ Com a larga expansão das notas d'um clarim. Poema extraído da obra As flores de mal (Nova Fronteira, 1985),
do escritor, tradutor, critico de arte e poeta
francês, Charles Baudelaire (1821 - 1867). Veja mais aqui e aqui.
HOLOCAUSTO BRASILEIRO
O documentário Holocausto brasileiro (2016), dirigido por Daniela Arbex e Armando
Mendz e baseado no livro homônimo de Daniela Arbex, mostra o genocídio que
aconteceu no Hospital Colônia em Barbacena (MG), enquanto discute questões
atinentes ao papel dos manicômios. Trata-se de emocionante relato da maior
e mais silenciosa tragédia já ocorrida no Brasil, a morte de 60 mil pessoas
dentro da maior instituição psiquiátrica do país, o Hospital Colônia de
Barbacena, fundado em 1903 na cidade de mesmo nome, em Minas Gerais. O Colônia
de Barbacena era parte de um grupo de sete instituições
psiquiátricas criadas na cidade e que teria dado ao município o apelido de
"Cidade dos Loucos". No fim, ficou conhecido por oferecer um
tratamento desumano aos pacientes.
Veja mais:
Dos revezes que não poupam a amizade e o amor, a
literatura de Lydia Cabrera, a música de Hermeto Pascoal, a arte de Rosalyn
Drexler, a escultura de Hiram Powers
& Nicola Axe aqui.
Fernando Pessoa & Albert Einstein aqui.
Isadora Duncan & Simone de Beauvoir aqui.
Bertolt
Brecht, Nise da Silveira, Egberto Gismonti, Galileu Galilei, Irena Sendler,
Michelangelo Antonioni, Charles André van Loo & Anna Paquin aqui.
A
folia do prazer na ginofagia aqui.
Fecamepa & a Independência do Brasil aqui.
Têmis, Walter Benjamim, Luís
da Câmara Cascudo, Sandie Shaw, Patrícia Melo, Marie
Dorval, José Roberto Torero, Julia Bond & Iracema Macedo aqui.
ARTE DE MADISON MOORE
A arte do pintor estadunidense Madison Moore.