A arte do escultor romeno Constantin Brâncuși (1876–1957).
SONHO DE AMOR EM BUCARESTE – O que é de sonho, os encantos dela desassombrada a me levar não sei
por onde. É sonho, só o que sei, o lugar estranho que ela parecia nativa espontânea
e as garçonetes risonhas a nos saudar e eu levado por ela, aos beijos, voava
sobre os casarões até as margens do lago no Parc
Herastrau. Tudo muito lindo! Ali ela provocante de sempre, deitou minha cabeça
ao seu colo, alisando minha pele e cabelos, como se ninasse para eu nunca
acordar naquela manhã nem nunca mais, a me abraçar terna e afetuosamente para
me fazer vivo para sempre nela, embalado por sua vitalidade sedutora. Surpreso,
ela levantou-se, me tomou pela mão rumo incerto e a minha cabeça girava pelas
ruas, Lipscan, Stavropoleos, nomes que nunca ouvira nem soubera, e me dizia de
coisas dali que sequer ouvira, abriu-me os braços em plena Piata Revolutiei, beijou-me ardentemente, transpirante, seu corpo ao
toque, em minhas mãos. Vamos! E eu seguia seus passos, as belas pernas andejas,
pareciam voar na Piata Universitatii, no passeio
às margens do rio Dâmbovita, inclinada, robusta, arfante e esbelta, eu à sua garupa,
meus dedos alisando seu decote, sua pele de céu. Vamos pra Valáquia? Como eu
poderia negar-me ao seu galope. Ou para a Moldávia? Sabia lá o que falava, só
sabia que ela a minha montaria, atiçada, oferecida. Ah, vamos para a
Transilvânia! E me levou pelas mãos aos ventos, errava o caminho pela Strada Lipscani, puxou-me às pressas pela Strada Smardan, ela luminescente,
dada e minha. Parou de vez, virou-se resplandescente, olhos nos olhos
inebriados, ah, ela radiante queria tomar um café na Cărtureşti Carusel, sabia lá o que ela queria, nem do que tencionava, eu não via nada, só a saia dela ao vento, a sua escultura corporal, a
arte déco e a Bauhaus, o desejo renascia a cada gesto de sua carne nutrida
deslizando suave sobre o chão daquela paragem estrangeira e onírica. Eu nela e
ela, Romênia nua em mim. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
A arte do pintor romeno Theodor Pallady
(1871–1956)
DITOS & DESDITOS – Devemos
escrever para nós mesmos, é assim que poderemos chegar aos outros. O homem
superior é aquele que cumpre sempre o seu dever. Não é a resposta que nos
ilumina, mas sim a pergunta. Pensamento do patafísico e dramaturgo
romeno, Eugène Ionesco (1909-1994). Veja mais aqui, aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: Sou tão triste e tão feliz que minhas
lágrimas refletem o céu e o inferno com a mesma precisão. Pensamento do filósofo romeno Emil
Cioran (1911-1995). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
MIRCEA ELIADE
A obra do
filósofo, professor, cientista das religiões, mitólogo e romancista romeno Mircea
Eliade (1997-1986) aqui e aqui.
UMA VELA DE PÁSCOA – [...]
Às almas que facilmente vacilam, as
ameaças doem mais do que as pancadas. [...] Se a casa não tivesse sido pilhada, podia-se pensar numa cruel
vingança, ou num ato de loucura religiosa. Nos anais dos sectários iluminados
contam-se às vezes tão absurdas e selvagens execuções! [...] O atavismo... o álcool com suas consequências
patológicas... o vício de concepção... a deformação... o paludismo... e a
nevrose! – Tantas e tantas conquistas da ciência moderna... mas o caso de regressão!
[...] No “caso de regressão”, o
condutor abre muito os olhos, onde brulha uma profunda admiração pelas
conquistas da ciência moderna. [...] E
o homem partiu lentamente para a colina de leste, como um viajante prudente que
sabe que não se deve caminhar muito depressa para fazer uma longa jornada. Trechos
de conto do escritor e dramaturgo romeno Ion
Luca Caragiale (1852-1912).
DOIS POEMAS – DE AMOR E CIANETO!: Não
me chame para sua casa, em seu sótão, / girando – como um descuidado gira! – / os
botões do fogão, / para se livrar uma vez por todas / dos uivos de lobos velhos
do forno, / dos seus cabelos, / que o cultiva incessantemente nos braços, / a
noite, como os furúnculos, / os cigarros profundamente em sua carne. / Não me
chame para sua casa, em seu sótão, / rachado – como um descuidado rachado! – / entre
as barras da cama, / na porta, debaixo da bota, / sua tíbia e sua fíbula / –
Ouço estalo em meu laptop – / como se estalasse / o rifle velho de caça de seu
pai, / muito pesado para que você possa carregá-lo novamente, / depois que
queimara os miolos / e, tendo espasmos, arrombou sua porta / a pontapés. / Não
me chame para sua casa, em seu sótão, / que eu irei! / E arrancarei meu coração
do tórax, / rasgarei com os dentes / e polvilharei sal / extraído com uma
picareta / de minhas glândulas lacrimais / e o arremessarei / como se joga uma
pedra de moinho, / para quebrar a sua tíbia e sua fíbula, / – em pedaços
pequenos! – / de modo que os empilhem profundamente no forno / seu sopro de
amoníaco / e dividi-la para sempre / sua cabeça de besta selvagem! NOITE EM MARSUPIUM: A auto-estrada lança os seus clarividentes por aqui. / Na
escuridão, segundo o modelo do coração que dispara / contra os recrutas
adormecidos no edredão de asfalto, / viajantes, também eles. / Em sonhos,
distintas meninas os aleitam em marsupium. / A auto-estrada lança os seus
clarividentes por aqui. / Segadores que partiram dos campos. / O capuz de erva
foi-lhes colado selváticamente / na fronte, pelo canhão. / Eles escavam o sulco
de asfalto / Segam as velas do nevoeiro / Entalham os corações sob o asfalto,
fendem os marsupiums. / E em algum lado, não muito longe - como ervas / adormecidas
na neve - / suspiram fatigados os recrutas e montam guarda / dormindo ao mesmo
tempo / sobre longos pavimentos revestidos de gases. / E em algum lado, não
muito longe, a grande noite / de nariz aplainado contra o asfalto / aperta-os
na sua rede / como um colete de forças. / Os segadores partiram há muito tempo
dos campos. / O capuz de erva cai sobre os olhos dos recrutas. / Como um
marsupium. / Distintas meninas os aleitaram muito à sua vontade. / Os recrutas
já subiram a costa, / levam no dorso o edredão de asfalto, / o capuz de
alcatrão. / A noite escoa-se. Cala-se o canhão. / A auto-estrada empurra os
seus clarividentes por aqui. Poemas
da poeta, tradutora e ensaísta romena Linda Maria
Baros.
A POESIA
A poesia do poeta ucraniano-francês Paul Celan (1920-1970) aqui
&
A poesia
do poeta romeno Mihai Eminescu
(1850-1889) aqui
&
A ARTE DE LIGIA MACOVEI
A arte
da artista gráfica, pintora e colecionadora de arte romena Ligia Macovei.
A MÚSICA
Curtindo a música do compositor, violinista, pianista,
maestro e professor romeno George Enescu (1881-1955),
da compositora e pianista romena Adriana Hölszky, da cantora,
compositor, dançarina e modelo romena Andreea Banica & da cantora,
produtora, compositora e DJ romena Vika Jigulina.
A ARTE
DE GHEORGFE TATTARESCU
A arte
do pintor romeno Gheorghe Tattarescu
(1818-1894).