segunda-feira, abril 20, 2015

STRAVINSKI, IONESCO, NÉLIDA, MIRÓ, AUGUSTO DOS ANJOS, LANGE, PAPEL NO VARAL, CAPSI & RIBELLA.


PROMOÇÃO BRINCARTE DO NITOLINO – O projeto Brincarte do Nitolino está efetuando uma promoção com objetivo de viabilizar pauta de realizações que vão desde lançamentos de livros, de cds/dvds, como também de apresentação de espetáculos teatrais. Em uma parceria entre as Edições Nascente e o Projeto MCLAM, o projeto visa corroborar a venda dos livros já publicados para a realização dos novos projetos. Essa promoção consiste na disponibilização dos livros infantis Nitolino no Reino Encantado de Todas as Coisas, O lobisomem zonzo, Turma do Brincarte e Frevo Brincarte, além do brinde do folheto de cordel Tataritaritatá, por um preço abaixo da tabela. Participe e confira aqui.

Imagem: Standing Nude, do pintor, escultor, gravurista e artista gráfico surrealista catalão Joan Miró (1893-1983). Veja mais aqui

Curtindo La sacre du printemps, do compositor e maestro Igor Stravinski (1882-1971) com o coreógrafo alemão Uwe Scholz (1958-2004) & Leipzig Balé, Gewandhaus Orchestra Leipzig, conducting Henrik Schaefer, pianos Wolfgang Manz & Rolf Plagge.

O EU & O MARTÍRIO DO ARTISTA: VERSOS DE AMOR E O LUPANAR – O poeta, advogado e professor paraibano do movimento pré-modernista da literatura brasileira, Augusto dos Anjos (1884-1914), publicou o seu primeiro livro Eu (1912), produto, segundo Assis Brasil (Dicionário Prático de Literatura Brasileira, 1979), do seu pessimismo e da posição estética contraditória do poeta, com utilização de linguagem grandiloquente para dizer de sua desilusão do mundo e introduzindo uma terminologia paracientífica e filosofante, usando a técnica do Parnasianismo e do Simbolismo, então vigentes. De sua obra destaco primeiro o soneto O martírio do artista: Arte ingrata! E conquanto, em desalento, / a órbita elipsoidal dos olhos lhe arda, / busca exteriorizar o pensamento / que eu suas fronetais células guarda! / Tarda-lhe a ideia! A inspiração lhe tarda! / E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento, / como o soldado que rasgou a farda / no desespero do último momento! / Tenta chorar, e os olhos sente enxutos!... / É como paralitico que, à mingua / da própria voz, e, na, que ardente o lavra, / febre de, em vão, falar, com os dedos brutos / para falar, puxa e repuxa a língua, / e não lhe à boca uma palavra! Também destaco Versos de amor: Parece muito doce aquela cana. / Descasco-a, provo-a, chupo-a... ilusão treda! / O amor, poeta, é como a cana azeda, / A toda a boca que o não prova engana. / Quis saber que era o amor, por experiência, / E hoje que, enfim, conheço o seu conteúdo, / Pudera eu ter, eu que idolatro o estudo, / Todas as ciências menos esta ciência! / Certo, este o amor não é que, em ânsias, amo / Mas certo, o egoísta amor este é que acinte / Amas, oposto a mim. Por conseguinte / Chamas amor aquilo que eu não chamo. / Oposto ideal ao meu ideal conservas. / Diverso é, pois, o ponto outro de vista / Consoante o qual, observo o amor, do egoísta / Modo de ver, consoante o qual, o observas. / Porque o amor, tal como eu o estou amando, / É espírito, é éter, é substância fluida, / É assim como o ar que a gente pega e cuida, / Cuida, entretanto, não o estar pegando! / É a transubstanciação de instintos rudes, / Imponderabilíssima e impalpável, / Que anda acima da carne miserável / Como anda a garça acima dos açudes! / Para reproduzir tal sentimento / Daqui por diante, atenta a orelha cauta, / Como Marsias — o inventor da flauta — / Vou inventar também outro instrumento! / Mas de tal arte e espécie tal fazê-lo / Ambiciono, que o idioma em que te eu falo / Possam todas as línguas decliná-lo / Possam todos os homens compreendê-lo! / Para que, enfim, chegando à última calma / Meu podre coração roto não role, / Integralmente desfibrado e mole, / Como um saco vazio dentro d’alma! Por fim, destaco O lupanar: Ah! Por que monstruosíssimo motivo / Prenderam para sempre, nesta rede, / Dentro do ângulo diedro da parede, / A alma do homem polígamo e lascivo? / Este lugar, moços do mundo, vêde: / É o grande bebedouro coletivo, / Onde os bandalhos, como um gado vivo, / Todas as noites, vêm matar a sede! / É o afrodístico leito do hetairismo, / A antecâmara lúbrica do abismo, / Em que é mister que o gênero humano entre, / Quando a promiscuidade aterradora / Matar a última força geradora / E comer o último óvulo do ventre! Veja mais aqui e aqui.

O CALOR DAS COISAS – O livro O calor das coisas (Record, 1997), da premiadíssima escritora e imortal da Academia Brasileira de Letras, Nélida Piñon, reúne treze contos que excepcionalmente magistrais. O livro começa com o conto Jardim das Oliveiras, depois As quatro penas brancas, O ilustre Menezes, Finisterre, Tarzan e Beijinho, O revólver da paixão, Coração de ouro, O sorvete é um palácio, Disse um campônio à sua amada, A sereia Ulisses – no qual destaco: O amor para mim nunca ultrapassou uma estação; o Calor das coisas, e A sombra da caça. Da obra destaco o conto I love my husband: [...] O que mais quer, mulher, não lhe basta termos casado em comunhão de bens? E dizendo que eu era parte do seu futuro, que só ele porém tinha o direito de construir, percebi que a generosidade do homem habilitava-me a ser apenas dona de um passado com regras ditadas no convívio comum. Comecei a ambicionar que maravilha não seria viver apenas no passado, antes que este tempo pretérito nos tenha sido ditado pelo homem que dizemos amar. Ele aplaudiu o meu projeto. Dentro de casa, no forno que era o lar, seria fácil alimentar o passado com ervas e mingau de aveia, para que ele, tranquilo, gerisse o futuro. Decididamente, não podia ele preocupar-se com a matriz do meu ventre, que devia pertencer-lhe de modo a não precisar cheirar o meu sexo para descobrir quem mais, além dele, ali estivera, batera-lhe à porta, arranhara suas paredes com inscrições e datas. Filho meu tem que ser só meu, confessou aos amigos no sábado do mês que recebíamos. E mulher tem que ser só minha e nem mesmo dela. A ideia de que eu não podia pertencer-me, tocar no meu sexo para expurgar-lhe os excessos, provocou-me o primeiro sobressalto na fantasia do passado em que até então estivera imersa. Então o homem, além de me haver naufragado no passado, quando se sentia livre para viver a vida a que ele apenas tinha acesso, precisava também atar minhas mãos, para minhas mãos não sentirem a doçura da própria pele, pois talvez esta doçura me ditasse em voz baixa que havia outras peles igualmente doces e privadas, cobertas de pêlo felpudo, e com a ajuda da língua podia lamber-se o seu sal? Olhei meus dedos revoltada com as unhas longas pintadas de roxo. Unhas de tigre que reforçavam a minha identidade, grunhiam quanto à verdade do meu sexo. Alisei meu corpo, pensei, acaso sou mulher unicamente pelas garras longas e por revesti-las de ouro, prata, o ímpeto do sangue de um animal abatido no bosque? Ou porque o homem adorna-me de modo a que quando tire estas tintas de guerreira do rosto surpreende-se com uma face que lhe é estranha, que ele cobriu de mistério para não me ter inteira? De repente, o espelho pareceu-me o símbolo de uma derrota que o homem trazia para casa e tornava-me bonita. Não é verdade que te amo, marido? Perguntei-lhe enquanto lia os jornais, para instruir-se, e eu varria as letras de imprensa cuspidas no chão logo após ele assimilar a notícia. Pediu, deixe-me progredir, mulher. Como quer que eu fale de amor quando se discutem as alternativas econômicas de um país em que os homens para sustentarem as mulheres precisam desdobrar um trabalho de escravo. [...]. Veja mais aqui.

O ANTITEATRO – O escritor, patafísico e dramaturgo francês de origem romena, Eugène Ionesco (1909-1994), um dos grandes nomes do Teatro do Absurdo, desenvolveu a teoria do Antiteatro - a insólita e iconoclasta análise da tragicidade da linguagem, com textos que expressam uma crise da consciência do pós-guerras mundiais com processos experimentais do Dada e do Surrealismo. Aborda temas como o da incomunicabilidade, o medo da morte, o estrangulamento que as normas sociais impõem ao homem da atualidade num mundo caótico. Sobre a linguagem teatral (Estética teatral – Lisboa, 1980), o autor assinala que: [...] Quando se diz que o teatro deve ser apenas social não se trata na realidade de um teatro político e, certamente, num determinado ou noutro sentido. Ser social é uma coisa; se socialista ou marxista ou fascista é outra – é a expressão de uma tomada de consciência insuficiente; [...] Depois, pode ser-se social apesar de se querer ou não sê-lo, pois que todos nós, todos, somos como que possuídos como que por uma espécie de complexo histórico e pertencemos a um certo momento da história – que, todavia, está longe de nos absorver inteiramente e que, pelo contrário, não exprime nem contém senão a parte menos essencial de nós próprios. Falei sobretudo de uma certa técnica, da linguagem teatral, a linguagem que lhe é própria. A matéria, ou os temas sociais, podem muito constituir, dentro desta linguagem, assuntos e temas de teatro. Talvez se seja objetivo por força da subjetividade. O particular junta-se à generalidade e a sociedade é evidentemente um dado objetivo: todavia, eu vejo o social, isto é, a expressão histórica do tempo a que pertencemos, e não seria através da linguagem (e toda linguagem é também histórica naturalmente circunscrita no seu tempo, é indissociável) que eu vejo esta expressão histórica naturalmente implicada na obra de arte, quer se queira quer não se queira, consciente ou não, mas mais viva, mais espontânea, do que deliberada ou ideológica. Aliás, o temporal não vai contra o temporal e o universal; pelo contrário, submete-se-lhe. Veja mais aqui.

PAPEL NO VARAL – O projeto Papel no Varal é realizado pelo Instituto Lumeeiro e com curadoria do poeta e professor universitário Ricardo Cabús, desde 2009, levando a poesia ao grande público. Num varal de sisal, 100 poemas de autores de todos os tempos e de todos os cantos são dispostos para que as pessoas escolham e leiam. Este ano o projeto está comemorando seis anos com uma festa para lá de extraordinária: comemorar seis anos de poesia pendurada no sisal no próximo dia 29, quarta-feira, no Orákulo Chopperia, em Maceió. Serviço 6° Aniversário do Papel no Varal Data: 29 de abril, quarta-feira. Horário: 20h Local: Orákulo Chopperia Ingressos gratuitos antecipados: Farmácias Ao Pharmacêutico Apresentação e curadoria: Ricardo Cabús Participações musicais: Músicos que fazem parte da história do Papel no Varal Classificação etária: 14 anos Promoção: Instituto Lumeeiro Informações: (82) 8135-5920 / (82) 8135-5990  contato@lumeeiro.org Veja mais aqui.

EMOÇÕES: MOVIMENTO & MANIA DE POESIA – A escritora e advogada Suely Ribella é autora dos livros Meus Caminhos (2012), Encantos (2012), Outros sonhos (2013), Sentidos (2013) e Quase Nada (2014), todos publicados pela Editora Delicatta. Ela edita o blog Emoções, reúne seu trabalho literário no Recanto das Letras e participa Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande (RJ) e é presidente da Academia de Letras do Brasil (ALB/Santos), entre participações. Da sua lavra destaco o poema Louca, eu?: Se me interessa, de cega me faço, / o sofrimento é uma opção de vida, / se for preciso, ensurdeço também, / me chamem louca, chamo-me feliz. / Sobram motivos se eu quiser sofrer, / quero enxergar o lado bom da vida, / eu quero rir, brincar, dizer tolices, / me chamem louca, chamo-me feliz. / Namoro a vida e quando ela me trai, / brigo depressa, logo ela me entende, / faço o que quero, sou dona de mim. / Ninguém no mundo tem autoridade / pra me dizer o que é errado ou certo, / me chamem louca, chamo-me feliz. Também o seu poema Movimento: Todo dia, / toda noite, / dia e noite, / noite e dia, / tempo leve, / tempo breve / é o tempo / com você. / Todo dia, / toda noite, / dia e noite, / noite e dia, / tempo denso, / tempo imenso / é o tempo / sem você. Por fim, o seu Mania de Poesia: Eu rimo contigo. / Tu rimas comigo. / A métrica se ajeita. / O ritmo é sensual. / A poesia é perfeita. Veja mais aqui.


FRANCES – O drama estadunidense Frances (1982), dirigido por Graeme Clifford, roteiro de Nicholas Kazan e música de John Barry, é baseado na vida da atriz Frances Farmer (1913-1970), que tem uma vida conturbada por suas posições tidas como comunista e seus desentendimentos com executivos de Hollywood, que a leva ao internamento num hospital psiquiátrico. Destaque para a premiada atriz Jessica Lange no papel principal da película. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz estadunidense Frances Farmer (1913-1970)


Veja mais sobre:
A vida, a terra, o homem & a bioética, Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, A condição humana de Hannah Arendt, A cronologia pernambucana de Nelson Barbalho, Pau-Brasil de Oswald de Andrade, a poesia de Patativa de Assaré, a música de Elomar Figueira de Mello, a pintura de Fernand Khnopff, Shere Crossman & Antonio Cláudio Mass aqui.

E mais:
O sol nasce paratodos aqui.
A lição de casa amanhecer, A lenda da origem do Solimões, a escultura de Lorenzo Quinn, a música de Anne Schneider, a arte de Alice Soares, O lobisomem zonzo & Edla Fonseca aqui.
Brincarte do Nitolino, Hino ao Sol de Akhenaton, O fundador de Nélida Piñon, a música de Kitaro, Manifesto Pau-Brasil de Oswald de Andrade, Medeia de Eurípedes, Belfagor: O arquidiabo de Nicolau Maquiavel, a poesia de Percy Bysse Shelley, O dicionário do Aurélio, o cinema de François Truffaut, a pintura de Otto Lingner & Nina Kozoriz aqui.
Alvoradinha, o curumim caeté, a literatura de Lygia Fagundes Telles, a poesia de Manuel Bandeira, o teatro de Qorpo Santo, Psicologia social: infância, imagem e literatura, a pintura de Fernando Botero, a arte de Marilyn Monroe & Ashley Judd, Jayne Mansfield, a música de Roberto Carlos & O sabor da fonte de todos os gozos aqui.
Se um dia o sonho da vez, Expressões enganadoras de Gilbert Ryle, a poesia de Elizabeth Bishop, Os nascimentos de Eduardo Galeano, a música de Dandara & Paulo Monarco, a pintura de Carla Shwab & Lavinia Fontana, a arte de Rosa Esteves & W. G. Collingwood aqui.
A vida se desvela nos meus olhos fechados, Ensaios filosóficos de John Langshaw Austin, a literatura de Dostoiévski & Georg Eliot, a música de Mísia, a fotografia de Edward Weston, Rico Lins & Krzyzanowski Art, a arte de Top Thumvanit & Stephanie Sarley aqui.
Carta de amor, Espécies naturais de Willard Van Orman Quine, Madre Teresa de Calcutá, a música de Dori Caymmi, a literatura de Alicia Dujovne Ortiz, a arte de Henry Monnier & Tanja Ostojić, a fotografia de João Roberto Riper & Luciah Lopez aqui.
A fome e a laranjeira, Princípios da filosofia do direito de Hegel, O espírito de Romain Rolland, O diário de Frida Kahlo, a música de Bach & Janine Jansen, a fotografia de Sebastião Salgado, a xilogravura de Fernando Saiki, a arte de David Padworny & Tempo de amar de Genésio Cavalcanti aqui.
Papo de Fabos, Escarafunchando Friederich Perls, O castelo de Franz Kafka, a literatura de Machado de Assis, a música do Discantus, a pintura de Renato Guttuso & Luba Lukova, a arte de Carmela Gross & Paulo Ito aqui.
Barulho da miséria, Escritos lógico-linguisticos de Peter Strawson, a literatura de Baronne de Staal & Mary Shelley, a música de Shania Twain, a escultura de Ben Weily, a pintura de Anna Miarczynska, o grafite de Magrão Bz, a arte de Fabio de Brito & a poesia de Livia De La Rosa aqui.
Repente qualquer jeito para ver como é que fica, A servidão humana de Baruch de Espinoza, A tecnologia na arte de Edmond Couchot, A vida antes do homemd e Margaret Atwood, a música de Jackson do Pandeiro, a escultura de Antonio Corradini, a fotografia de Nikolai Endegor, a arte de Victoria Selbach & Leonel Mattos aqui.
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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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