quarta-feira, abril 29, 2009

PAUL ÉLUARD, AUDRE LORDE, NOVALIS, EKA PERADZE, RACISMO & PRECONCEITO, LITERÓTICA & CORDEL NO STF


A arte da artista alemã Eka Peradze

LITERÓTICA: AMBIÇÃO - O relógio. O beijo e seu contágio: o desejo. Revejo ontens, prevejo manhãs, dias. Toda orgia, teréns, Teerãs. Corpos expostos. Somos nós sem rostos, sem pudor. Valendo o amor dos inominados, endemoninhados nos ventres alados, insaciáveis. E que se entregam amáveis, felizes com seus atos condenáveis feito meretrizes com seus machos, no meio de trizes e esculachos mútuos, sem tudo a ver, revolutos, provocando circuitos por puro prazer de transgredir os limites, como reais pedintes em ação, com toda transgressão sexual, toda felação no plural, toda danação, toda ambição canibal tecendo o querer pra ser muito mais que barato de estupefato animal de estimação com um pássaro na mão e ela voando à vela, eu viajando nela qual furacão que devasta sua compleição para nos satisfazer na paixão. CONSOLO – Quando ela me encara, linda, bela, deusa seminua, quando sussurra mansinho: sou tua! Tudo é festa no meu coração. É pra lá de bão. É quando ela me faz seu consolo, seu predileto bolo, seu saboroso pirão. Aí eu solto rojão pra que ela se molhe linda Lara Flynn Boyle só sedução. Maior perdição, sou só bola ao cesto com todos os poderes de Grayscow da minha possessão. Ela é minha salvação, a pedra de Esmeralda na verdadeira estrada da comunhão. Ela é minha oração, a pedra filosofal. A virgem vestal da minha celebração. E é meu verão, minhas poesias, meus versos, ela Marie Curie, eu Paracelsus, no fervor da paixão. Minha maior oração na nossa fantasia além da alquimia, além de Plutão, além do que tudo então o nosso convênio na paz dos essênios, no amor eterno temporão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOS – [...] Não só a faculdade de reflexão funda a teoria. Pensar, sentir e contemplar constituem uma coisa só. [...]. Trecho extraído da obra Gérmenes e fragmentos (Renascimento, 2006), do poeta alemão Novalis (Georg Philipp Friedrich von Hardenberg – 1772-1801). Veja mais aqui.

RACISMO & PRECONCEITO – [...] Reconhecer que esse racismo resultar decorrente de práticas ou da omissão de instituições ainda não faz parte do conceito das agências do sistema de justiça, por exemplo. [...] O racismo institucional é revelado através de mecanismos e estratégias presentes nas instituições públicas, explícitos ou não, que dificultam a presença dos negros nesses espaços. O acesso é dificultado, não por normas e regras escritas e visíveis, mas por obstáculos formais presentes nas relações sociais que se reproduzem nos espaços institucionais e públicos. A ação é sempre violenta, na medida em que atinge a dignidade humana. O conceito foi incorporado pelos movimentos negros na América Latina, em especial no Brasil, o que ajuda a explicar a permanência dos negros em uma situação de inferioridade por mecanismos não percebidos socialmente. [...] Há racismo institucional quando um órgão, entidade, organização ou estrutura social cria um fato social hierárquico – estigma visível, espaços sociais reservados -, mas não reconhece as implicações raciais do processo. [...] A discriminação pode ser sistêmica em vez de pessoal e, por conseguinte, mais difícil de identificar e de compreender, quando está internalizada e naturalizada por discursos de que se vive em um país miscigenado. Algumas vítimas negam que estejam oprimidas ou então aceitam sua condição, como se fosse um destino que a vida lhes proporcionou. Outras reagem oprimindo aqueles que estão “abaixo” delas. [...] O racismo institucional gera hierarquias através de práticas profissionais rotineiras, ditas “neutras” e universalistas, dentro de instituições públicas ou privadas que controlam espaços públicos, serviços ou imagens (lojas, bancos, supermercados, shoppings, empresas de segurança privada). [...] A terminologia utilizada nos crimes raciais para designar o conjunto de comportamentos criminosos, descritos na Lei n°7.716, de 1989, e o rigor técnico recomendariam a expressão “crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Recorrendo à Constituição Federal de 1988, poderia ser utilizada a expressão crimes raciais, uma vez que o artigo 5°, inciso XLII, preceitua que a prática do racismo constitui crime. [...] Entretanto, o racismo recebe diversas interpretações e as dificuldades de mostrar como ele se manifesta persistiram, uma vez que o racismo não é simplesmente um incidente. Em cada momento da infração os atores têm consciência dos direitos de cada um, o que torna um eufemismo chamar a discriminação racial de disfarçada ou cordial, em um país em que hierarquia social é tão forte que acaba precedendo os direitos, e onde as ideias racistas convivem com essa hierarquia e a alimentam quotidianamente. [...] Trechos extraídos da obra Direitos Humanos e as práticas de racismo (Câmara, 2013), de Ivair Augusto Alves dos Santos. Veja mais aqui.

SILÊNCIO, LINGUAGEM & AÇÃO – [...] Muitas vezes penso que preciso dizer as coisas que me parecem mais importantes, verbalizá-las, compartilhá-las, mesmo correndo o risco de que sejam rejeitadas ou mal-entendidas. Mais além do que qualquer outro efeito, o fato de dizê-las me faz bem. [...] Ao tomar forçadamente consciência de minha própria mortalidade, do que desejava e queria de minha vida, durasse o que durasse, as prioridades e as omissões brilharam sob uma luz impiedosa, e do que mais me arrependi foi de meus silêncios. O que me dava tanto medo? Questionar e dizer o que pensava podia provocar dor, ou a morte. Mas, todas sofremos de tantas maneiras todo o tempo, sem que por isso a dor diminua ou desapareça. A morte não é mais do que o silêncio final. [...] Só havia traído a mim mesma nesses pequenos silêncios, pensando que algum dia ia falar, ou esperando que outras falassem. [...]. Meus silêncios não tinham me protegido. Tampouco protegerá a vocês. Mas cada palavra que tinha dito, cada tentativa que tinha feito de falar as verdades que ainda persigo, me aproximou de outras mulheres, e juntas examinamos as palavras adequadas para o mundo em que acreditamos, nos sobrepondo a nossas diferenças. E foi a preocupação e o cuidado de todas essas mulheres que me deu forças e me permitiu analisar a essência de minha vida. As mulheres que me ajudaram durante essa etapa foram Negras e brancas, velhas e jovens, lésbicas, bissexuais e heterossexuais, mas todas compartilhamos a luta da tirania do silêncio. [...]. Que palavras ainda lhes faltam? O que necessitam dizer? Que tiranias vocês engolem cada dia e tentam torná-las suas, até asfixiar-se e morrer por elas, sempre em silêncio? [...] E quando as palavras das mulheres clamam por serem ouvidas, cada uma de nós deve reconhecer sua responsabilidade de tirar essas palavras para fora, lê-las, compartilhá-las e examiná-las em sua pertinência à vida. Não nos escondamos detrás das falsas separações que nos impuseram e que tão seguidamente as aceitamos como nossas. [...]. Trechos extraídos da obra A transformação do silêncio em linguagem e ação (Difusão Herética, 2017), da escritora e ativista caribenha-americana Audre Lorde (1934-1992).

TRÊS POEMAS - LEMBRANÇA AFETUOSA - Houve um grande riso triste / O pêndulo parou / Um bicho do mato salvava seus filhotes. / Risos opacos em quadros de agonia / Tantas nudezes transformando em irrisão a sua palidez / Transformando em irrisão / Os olhos virtuosos do farol dos náufragos. A PERDER DE VISTA - Todas as árvores com todos os ramos com todas as folhas / A erva na base dos rochedos e as casas amontoadas / Ao longe o mar que os teus olhos banham / Estas imagens de um dia e de outro dia / Os vícios as virtudes tão imperfeitos / A transparência dos transeuntes nas ruas do acaso / E as mulheres exaladas pelas tuas pesquisas obstinadas / As tuas ideias fixas no coração de chumbo nos lábios virgens / Os vícios as virtudes tão imperfeitos / A semelhança dos olhares consentidos com os olhares conquistados / A confusão dos corpos das fadigas doa ardores / A imitação das palavras das atitudes das ideias / Os vícios as virtudes tão imperfeitos. / O amor é o homem inacabado. A NÃO PERDER DE VISTA - Dissipa o dia, / Mostra aos homens as leves imagens da aparência, / Retira aos homens a possibilidade de se distraírem. / É duro como a pedra, / A pedra informe, / A pedra do movimento e da vista, / E o seu brilho é tal que todas as armaduras, todas as máscaras, / se tornam falsas. / O que a mão tomou desdenha tomar a forma da mão, / O que foi compreendido já não existe, / A ave confundiu-se com o vento, / O céu com a sua verdade, / O homem com a sua realidade. Poemas do poeta francês Paul Éluard (1895-1952). Veja mais aqui e aqui.


A arte da artista alemã Eka Peradze


QUEBRA PAU NO STF
Bob Motta

Cum tristêza e cum véigonha,
no verso, relato eu,
na sessão do S.T.F,
o quiprocó qui se deu.
O Brazí intêro viu,
quando a impanada caiu,
ixpondo aos zóio da gente;
invéigonhando a Nação,
a briga de dois grandão,
Ministro cum Presidente.

A verdade é qui nóis sente,
puro acuntecimento.
Tenho qui dizê no verso,
sinceramente, eu lamento.
Uis dois prá lá de letrado,
num inzempro rim danado,
ixtrapolaro tombém;
e eu digo, in meu dialeto:
Lula é simi anaifabeto,
mais nunca agridiu ninguém.

A nutiça foi além,
dais frontêra do país.
A atitude duis dois lado,
foi munto triste e infeliz.
Foi bate bôca duis feio,
qui deu inté aperreio,
in nóis, de fora, assistindo;
um distempêro totá,
e o mais arto Tribuná,
in briga, se cunsumindo.

Parece inté tá caindo,
naquela instituição,
uma praga miseráve,
ô intonce uma mardição.
Duvido qui a isparréla,
num venha dêxá seqüela,
eu juro, sem brincadêra;
qui tanto do tréque tréque,
num vá incolocá in xeque,
a justiça brasilêra.

Da patrôa à cunzinhêra,
do aluno ao professô,
do inleitô ao deputado,
da quenga ao gigolô.
Tôda a Nação brasilêra,
lamenta aquela zonzêra,
totaimente istarrecida;
cum a tristeza da verdade,
qui a credibilidade,
da Justiça, tá ferida.

O ministro dixe arto,
qui na matéra in questão,
o seu Presidente tava,
sunegando infóimação.
O Presidente falô,
quando se manifestô,
quage batendo nuis peito;
qui o Ministro in questão,
tinha fartado à sessão,
e qui ixigia respeito.

O Ministro ainda dixe,
sem arquejá, sem isfôrço,
qui num era, do Presidente,
capanga de Mato Grosso.
O Presidente ingrossô,
chega ais suas vêia inchô,
de ira, se acumeteu;
na troca de disafôro,
uis dois quebraro o decôro,
foi triste o qui acunteceu.

Só sei qui o fato passado,
cum efeito de furacão,
no dia seguinte à briga,
foi adiada a sessão.
Na Câmara duis Deputado,
o Presidente indagado,
dixe pudê afirmá;
qui aquela cunfusão,
num afeta a reputação,
do mais arto Tribuná...

BOB MOTTA - Roberto Coutinho da Motta, é membro da Academia de Trovas do RN, da União Brás. de Trovadores-UBT-RN, do Inst. Hist. e Geog. do RN, da Com. Norte-Riog. de Folclore, da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN, da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP e do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB.




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