A arte
da atriz italiana Magali Nöel
(1932-2015) que atuou na comédia dramática Amarcord
(1973), do cineasta italiano Federico
Fellini. Veja mais abaixo.
O TOURO DE PASIFAE – Chegou a hora, filha de Hélio que ilumina tudo, e aqui
estou para ser encantado pelos poderes mágicos de sua nudez esplêndida. Servirei
aos seus caprichos, Deusa da Lua Cheia, sou o touro de Posídon, indomável e furioso
para sua perversão carnal, para cumprir a sua maldição. Sirvo-me da sua
luxúria, deusa oracular de Thalamae, atendo Afrodite e vou invadir seu
santuário corporal, o regato límpido e flanqueado de seus gozos de sonhos
proféticos e a mim virá tal qual Leda a me fazer de cisne para completa
violação da sua intimidade nua mais arraigada. Venha, vaca no cio porque isso
será melhor para Esparta, porque foram minhas muitas das mulheres devoradas
pelas serpentes, escorpiões e centopeias e eu nada tinha a ver com Minos, venha
safada e íntegra submissa porque Circe me deu a erva mágica banhada no meu sexo,
para desencantar dos males de sua ascendência divina e me fazer inteiro e
protuberante nas suas grutas eróticas prazerosas. Dê-me a boca faminta, o sexo
úmido o corpo afogueado e farei no seu ventre o poderoso gozo de todos os
pecaminosos orgasmos. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS – O passado não
está simplesmente ali na memória, tem de ser articulado para se transformar em
memória. Pensamento do professor e pesquisador alemão Andréa Huyssen.
POESIA & CIÊNCIA – [...] Resguardemo-nos
de retirar de nossa ciência sua parte de poesia [...] Seria uma espantosa tolice acreditar que,
por exercer sobre a sensibilidade um apelo tão poderoso, ela devesse ser menos
capaz de satisfazer também nossa inteligência. [...] Trechos extraídos da
obra Apologia da história, ou, O ofício
do historiador (Zahar, 2001), do historiador francês Marc Bloch (1886-1944), um dos fundadores da Escola dos Annales.
VIDAS
DESPERDIÇADAS - [...] devemos levar em
consideração ‘as comunidades virtuais’ [...] ‘onde’ é fácil entrar e ser abandonado [...] quando a identidade perde as âncoras sociais que a faziam parecer
‘natural’, predeterminada e inegociável, a ‘identificação’ se torna cada vez
mais importante para os indivíduos que buscam desesperadamente um ‘nós’ a que
possam pedir acesso [...]. Trechos extraídos da obra Vidas desperdiçadas (Jorge Zaha, 2005), do
sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) que na obra Identidade (Jorge Zahar, 2005),
expressou que: [...] Você é excluído do
espaço social em que as identidades são buscadas, escolhidas construídas
[...] Feridos pela experiência do
abandono, homens e mulheres desta nossa época suspeitam ser peões no jogo de
alguém, desprotegidos dos movimentos feitos pelos grandes jogadores e
facilmente renegados e destinados à pilha de lixo quando eles acharem que eles
(os peões) não dão mais lucro [...]. Veja mais aqui.
EPISODIO NO LAGO DE GENEBRA
- [...] Que trabalhasse, ou então que o mandassem
embora; duas mulheres objetaram violentamente que ele não tinha culpa da sua
desdita e que era um crime tirarem as criaturas das suas terras e dos seus
lares, a fim de as mandarem para países estranhos. [...] Durante a discussão, que se tornava cada vez
mais agitada, o olhar esquivo do fugitivo erguia-se inquieto. Estava suspenso
dos lábios do gerente, o único, neste tumulto, a que ele podia tornar compreensível
o seu destino. Parecia sentir vagamente o alvoroço que a sua presença
provocava. Embaraçado e ainda inconsciente, quando diminuiu o barulho, ergueu,
implorante, em silêncio, as duas mãos para ele, como as mulheres fazem diante
de uma imagem. O que este gesto tinha de toante comoveu, irresistivelmente cada
um de per si. [...]. Trechos extraídos do conto do escritor, dramaturgo,
jornalista e biografo austríaco Stefan
Zweig (1881-1942). Veja mais aqui e aqui.
AMEI COM TANTA DOÇURA
QUE QUASE VIRO GARAPA
Eu gosto da formosura,
Mas sou muito precavido,
Para ser correspondido
Amei com tanta doçura;
Num perco a compostura
Mas de mim ninguém escapa,
Aproveito a minha etapa,
Acreditem se quiser,
Ontem comi tanto mel
Que quase viro garapa.
CANTIGA POPULAR
A benção, mamãe de Loanda.
- Deus abençoe, meu filho Nogueira.
Meu filho vá me dizendo,
O que foi que viu lá na feira.
- Eu vi foi Cirino doido,
Metido de cartucheira,
Com 400 caifás.
Cem adiante, cem atrás,
Cem dum lado,
Cem do outro,
Tapa num, bufete noutro,
É assim que um homem faz.
NAS FORNALHAS DO INFERNO
EU VI O DIABO DANÇANDO
Num dia triste de inverno
Bem pra lá do Rancho Fundo,
Juntinho do fim do mundo,
Nas fornalhas do inferno,
Eu vi no barco do averno
Virgilio e Dante falando,
Dum lado a morte pescando
Com jereré de brocados
Na dança dos renegados
Eu vi o diabo dançando.
QUANDO CHEGUEI NA ESTAÇÃO
O TREM JÁ TINHA PARTIDO
Pus o embrulho no chão,
Corri pra bilheteria,
O bilheteiro já saia,
Quando cheguei na estação:
Aumentou a minha aflição,
Agucei os meus sentidos,
Senti um grande ruído,
E vi a fumaça no ar,
Ouvi a máquina apitar
O trem já tinha partido.
QUANDO O SOL VEM NASCENDO
A LUA ESTÁ DESCANSANDO
Toda lavoura crescendo,
Ribeiros correndo pro mar,
Passarinhos a gorjear,
Quando o sol vem nascendo.
Alegria, no campo vivendo,
Os idealistas sonhando,
O universo se agitando,
Lutando pelo futuro
O mundo sai do escuro
A lua está descansando.
VI UM POETA DORMINDO
NO COLO DA POESIA
Na mente a musa sentida,
Achei a rima suprema,
Repousando num poema,
Vi um poeta dormindo.
Dum lado, a gloria sorrindo,
Na loucura da alegria
Sem saber o que fazia
Levou o vate de braço
E sacudiu no regaço
No colo da poesia.
RAYMUNDO ALVES DE SOUZA – Nascido em Panelas, em 1884, Raymundo Alves de Souza viveu em Palmares onde morava sua avó e onde se formou artisticamente, destacando-se entre os poetas, escritores e artistas locais do passado. Foi aluno da mãe do poeta Ascenso Ferreira, foi pro seminário desistindo depois da ordenação, passando a trabalhar no barracão do Engenho Japaranduba, quando se torna mestre alfaite. Daí, colaborou com jornais e revistas pernambucanos e de outros estados. Tornou-se ator, casou-se, estreitou amizade com Ascenso Ferreira, casa-se de novo quando vai pro Recife, re-casou-se e vai se casando infinitamente, tornou-se vereador palmarense pelo PSD, fundando a Academia Palmarense de Letras. Em 1979, foi publicado o primeiro e único número do caderno cultural Nova Caiana, em Palmares, “Vida & Poesia de Raimundo Alves de Souza”, sob a coordenação editorial de Juhareiz Correya. Posteriormente seus poemas foram incluídos na antologia “Poetas dos Palmares”, edição de 1987. Em 1988 foi publicado pelas Edições Bagaço o livro “Celeiros d´alma – antologia poética”.
FONTES:
CORREYA, Juhareiz (Coord). Poetas dos Palmares. Recife/Palmares: FUNDARPE/Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, 1987.
SOUZA, Raymundo Alves. Celeiros d´alma – antologia poética. Palmares: Bagaço, 1988.
A arte
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(1932-2015) posando para o cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993). Veja mais aqui.
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