A arte do pintor, desenhista, cenógrafo, gravador,
ilustrador e muralista Clóvis Graciano (1907-1988).
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DITOS & DESDITOS – Ó minha alma,
não aspires à vida imorta, mas esgota o campo do possível. Pensamento do poeta grego Píndaro
(522aC-443aC). Veja mais aqui e aqui.
O CORPO – [...] A tradição cartesiana habituou-nos a desprender-nos do objeto: a atitude
reflexiva purifica simultaneamente a noção comum do corpo e a da alma,
definindo o corpo como uma soma de partes sem interior, e a alma como um ser
inteiramente presente a si mesmo, sem distância. Essas definições correlativas
estabelecem a clareza em nós e fora de nós: transparência de um objeto sem
dobras, transparência de um sujeito que é apenas aquilo que pensa ser. O objeto
é objeto do começo ao fim, e a consciência é consciência do começo ao fim. Há
dois sentidos e apenas dois sentidos da palavra existir: existe-se como coisa
ou existe-se como consciência. A experiência do corpo próprio, ao contrário,
revela-nos um modo de existir ambíguo. Se tento pensá-lo como um conjunto de
processos em terceira pessoa – “visão”, “motricidade”, “sexualidade” – percebo
que essas “funções” não podem estar ligadas entre si e ao mundo exterior por
relação de causalidade, todas elas estão confusamente retomadas e implicadas em
um drama único. Portanto, o corpo não é um objeto. Pela mesma razão, a
consciência que tenho dele não é um pensamento, quer dizer, não posso
decompô-lo e recompô-lo para formar dele uma idéia clara. Sua unidade é sempre
implícita e confusa. Ele é sempre outra coisa que aquilo que ele é, sempre
sexualidade ao mesmo tempo que liberdade, enraizada na natureza no próprio
momento em que se transforma pela cultura, nunca fechado em si mesmo e nunca
ultrapassado. Quer se trate do corpo do outro ou do meu próprio corpo, não
tenho outro meio de conhecer o corpo humano senão vivê-lo, quer dizer, retomar
por minha conta o drama que o transpassa e confundir-me com ele. [...].
Trecho extraído da obra Fenomenologia da percepção (Martins Fontes. 1999), do filósofo fenomenólogo francês Maurice
Merleau-Ponty (1908-1961). Veja mais aqui e aqui.
UM HOMEM BOM É DIFÍCIL DE ENCONTRAR – [...] Os garotos trocaram as revistas um com o
outro. A avó ofereceu‑se para pegar no bebé ao colo, e a mãe das crianças
passou‑lho para os braços por cima do banco da frente. A avó sentou‑‑o no
joelho e fê‑lo saltitar e falou‑lhe das coisas que iam vendo pelas janelas.
Revirou os olhos e franziu a boca e encostou o rosto magro e coriáceo ao rosto
macio e tenro do bebé. De vez em quando, ele fazia‑‑lhe um sorriso distante.
Passaram por um grande campo de algodão com cinco ou seis campas no centro,
rodeadas por uma vedação, qual uma pequena ilha. — Olhem para aquele cemitério!
— disse a avó, apontando ‑o com o dedo. — Era ali que a família sepultava os
seus mortos. Pertencia à plantação.— E onde é que ‘tá a plantação? — perguntou
John Wesley.— E tudo o vento levou — respondeu a avó. — Ah, ah. [...].
Trecho de conto da escritora estadunidense Flannery O'Connor (1925-1964).
Tu diz tanta coisa linda,
quando nóis tá chamegando,
qui eu inté vô me assanhando,
cum o tezão qui tenho, ainda.
A jornada num tá finda,
chamegá me faiz feliz.
Vô morrê sendo aprindiz,
do qui se faiz numa cama,
e a mim, o qui mais inframa,
é ais coisa qui tu me diz.
Você diz, minha rainha,
qui tôda vêiz qui eu lhe bêjo,
sobe um fríi na sua ispinha,
e um arrupêio de desêjo.
Seus pêlo fica iriçado,
uis seus póro incaroçado,
cum a drumença do tezão;
qui quando eu tô te lambendo,
tu se mija, se tremendo,
cum o toque dais minhas mão.
Você diz qui se deleita,
cum o inxirimento qui eu faço.
Qui fica só na butuca,
isperando o meu abraço.
Qui adora eu sê inxirido,
decramando in seu uvido,
e qui goza de repente;
quando eu, cum munto zêlo,
lambo e incoloco in seus pêlo,
uis bêjo mais indecente.
Qui gosta dais minhas mão,
no seu côipo, dirlizando,
quando eu passo o sabunête,
quando bãe, tu tá tumando.
Quando ali mêrmo, no bãe,
antes qui você se acanhe,
um amô séivage, nóis faiz;
e eu lhe pego insabuada,
lhe dando uma madêrada,
pura frente ô pru detráis.
Qui cada vêiz qui eu dirlizo,
minha língua in sua fenda,
lhe transporto ao Paraíso,
numa viagem istupenda.
Quando nóis tá se agarrando,
nossos côipo se roçando,
trocando uis nosso calô;
tu se sente ixtenuada,
totaimente saciada,
quage morrendo de amô...
Bob Motta
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