terça-feira, janeiro 20, 2015

FRINEIA, CHAUSSON, FELLINI, PARREIRAS, EUCLIDES DA CUNHA, ANA TERRA & PROGRAMA TATARITARITATÁ!!!!!!!!!!!!!!


A HONRA DOS SERTÕES À MORTE – Contava eu com uns 13 pra 14 anos de idade (por aí, quase meados dos anos 1970), quando li Os sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909). Por esse tempo eu me tinha poeta parnasiano roxo (vixe! A gente faz cada coisa na vida, hem?), tanto que publiquei à época um poema rebuscadíssimo Fotogenia enfática de um mentecapto alógico (eita!?! Que droga é nove? Coisa de iniciante!), que foi publicado no informativo do glorioso Grêmio Cultural Castro Alves, do Colégio Diocesano. Ainda guardo comigo um exemplar desse informativo, boa lembrança desses tempos colegiais. Lembro bem que passei uma tarde inteira na varanda da casa do Gulú debatendo com ele a respeito da obra e, nesse entusiasmo escrevi uns textos e apresentamos (eu, Gulu, Ozi, Zé Ripe, Célio Carneirinho, Chicanjo Meyer e Mauricinho Melo Júnior, violas, batuques e amostramentos), o melodrama Sertão, Sertão pros alunos na quadra do colégio. Foi um sucesso! Mas falando de Euclides, disse Sílvio Romero: “[...] Da vida e do fim trágico de Euclides da Cunha, não direi por enquanto, de primeira, por falta de documentos; de segundo, por ser ainda inoportuno tratar de tão doloroso caso”, fato esse repetido por uma professora na faculdade que tinha Deus no céu e Euclides na terra, enfatizando o que dizia Darcy Ribeiro: “[...] o maior escritor brasileiro - raquítico, tímido e nervoso -, é assassinado pelo amante de sua mulher, quando tentava matá-lo. Anos depois, o assassino – um major bonitão e espadaúdo, campeão de tiro mata o filhe de Euclides. Também em legítima defesa”. É que o escritor foi envolvido num triângulo amoroso: a sua esposa Ana de Assis, a Saninha (ou melhor, Ana Emília Solon Ribeiro), tinha um amante, o tenente Dilermando de Assis, que com ela teve dois filhos. Por conta disso, o escritor na tentativa de vingar a honra, armado, invadiu a casa do traidor, deu-lhe três tiros e findou morto. O assassino conseguiu reagir, matou o escritor e foi absolvido por legítima defesa. Tempos depois, o filho de Euclídes resolveu vingá-lo, atirando nas costas do odiado que, mesmo ferido, conseguiu matá-lo: pai e filho mortos. Desse caso muitas coisas rolaram. Em 1990, a Rede Globo apresenta a minissérie Desejo, escrita por Gloria Perez, contando o caso do assassinato. Fui ver o dvd, afinal Vera Fisher protagonizava como Saninha, a esposa de Euclides. Vera é Vera, imperdível sempre, principalmente na cena com os filhos quando ela diz: “Eu não errei, eu amei!”. Depois vieram os livros Crônica de uma tragédia inesquecível: do processo Dilermando Reis, que matou Euclides da Cunha, de Walnice Nogueira (Terceiro Nome, 2007); Matar para não morrer, da historiadora Mary del Priore (Objetiva, 2009) e Matar ou morrer: o caso Euclides da Cunha, da procuradora e professora Luiza Nagib Eluf (Saraiva, 2009). Até o Mário Vargas Llosa inspirou-se na obra do escritor brasileiro para escrever o seu A guerra do fim do mundo: a saga de Antonio Conselheiro na maior aventura literária do nosso tempo (Francisco Alves, 1981). Mas Os sertões é uma obra e tanto, um dos clássicos da Literatura Brasileira, meritória de registro: começa com uma abordagem acerca da geografia do sertão baiano, assinalando que: “O sertão de Canudos é um índice sumariando a fisiografia dos sertões do norte... E o sertão é um paraíso...”. Adiante ele menciona que: “[...] O martírio do homem, ali, é o reflexo de tortura maior, mais ampla, abrangendo a economia geral da vida. Nasce do martírio secular da Terra...”, fato que o faz constatar que: “[...] O Brasil era uma terra do exílio; vasto presídio com que se amedrontavam os heréticos e os relapsos, todos os passiveis do morra per ello da sombria justiça daqueles tempos...”, arrematando que: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas...”. No final ele escreve: “Fechemos este livro. Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos. Vimos como quem vinga uma montanha altíssima. No alto, a par de uma perspectiva maior, a vertigem... Ademais, não desafiaria a incredulidade do futuro a narrativa de pormenores em que se amostrassem mulheres precipitando-se nas fogueiras dos próprios lares, abraçadas aos filhos pequeninos?... E de que modo comentaríamos, com a só fragilidade da palavra humana, o fato singular de não aparecerem mais, desde a manhã de 3, os prisioneiros válidos colhidos na véspera, e entre eles aquele Antonio Beatinho, que se nos entregara, confiante – e a quem devemos preciosos esclarecimentos sobre esta fase obscura da nossa história? Caiu o arraial a 5. No dia 6 acabaram de o destruir desmanchando-lhe as casaas, 5.200, cuidadosamente contadas”. Veja mais aqui.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiLogo mais, a partir das 21hs (horário de Brasília), acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá com muita festa e a apresentação da querida Meimei Corrêa. E com as seguintes atrações na programação: MPB 4 & Quarteto em Cy, Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernambuco, Elba Ramalho, Chico César, Geraldo Vandré, Cátia de França, Herbert Viana, Vital Farias, Glória Gadelha, Sonia Mello, Ricardo Machado, Mazinho, Santana o Cantador, Abdias dos Oito Baixos, Lucy Alves, Renata Arruda, Eliza Clívia, Lysia Condé, Elisete Retter, Alex Rios Silva, Mônica Brandão, Zé Ramalho, Os Vips, Roberto Luna, Roberta Miranda, Marconny Melo & muito mais! Veja mais aqui.

SERVIÇO:
O que? Programa Tataritaritatá Especial de Ano Novo
Quando? Hoje, terça, 20 de janeiro, a partir das 21hs (horário de Brasília)
Onde? No MCLAM - blog do Programa Domingo Romântico
Apresentação: Meimei Corrêa

Imagem: Frinéia (1909), do pintor, desenhista e ilustrador brasileiro Antonio Parreiras (1860-1937)

Ouvindo: Concerto for violin, piano and string quartet in D Major, op. 21, dp compositor francês Amedée Ernest Chausson (1855-1899), com Jorge Bolet Juiliard String Quartet

Imagem: Friné em frente ao Aerópago, 1861, Jean-Léon Gérôme.



CASO DO JULGAMENTO DE FRINEIA – Frineia ou Mnesarete, ou mesmo Friné que em grego significa sapo, foi o apelido dado a uma cortesã grega, nascida em Téspias na Beócia, por volta de 400 aC. Diz-se que ela serviu de modelo para a estátua da Afrodite de Cnido, elaborada por Praxíteles e que tal ato se deve em razão de, certa vez, durante um festival em Eleusis, a hetaira ter se despido e entrado no mar à vista de todos. Em seguida, posou para Afrodite Anadyomene ou Vênus Anadyomene, do pintor Apeles, fato este que foi repetido por um sem número de pintores, inclusive a Friné devant l´Areopage, de Jean-Léon Gerome. Seguiram-se Baudelaire, Rilke, Saint-Saëns, Alessandro Blasetti, até Olavo Bilac e o nosso pintor Antonio Parreiras inspirados por ela. Essa cortesã extraordináriamente bela adquiriu não menos extraordinária riqueza e propôs a reconstrução dos muros de Tebas na condição de que contasse com a seguinte inscrição: “Destruído por Alexandre, restaurado por Friné a hetaira”. Evidente que a proposta foi devidamente rejeitada pelas autoridades. Mais ainda: foi acusada por Diodoro Perigetes de profanar os mistérios de Elêusis, ocasião em que foi defendida por Hipérides, orador que era um de seus amantes, e que, diante da constatação da causa perdida, rasgou o manto que a vestia, expondo a sua nudez, fato que acarretou a mudança no julgamento e ela foi devidamente absolvida. Existem outras versões para o caso, inclusive a de que foi ela mesma quem se desnudou e que a mudança de julgamento ocorreu porque a beleza física, naquela época, era aspecto de divindade e sinal de favor divino. Em sua homenagem, Eugéne Joseph Dalporte denominou 1201 Phyrne, ao asteroide descoberto em 15 de setembro de 1933. Veja mais aqui.

A POESIA DAS CANÇÕES DE ANA TERRA - Uma certa vez, ainda menino e fã de Luis Gonzaga, peguei pela primeira vez um elepê dele e vi que as lindíssimas músicas que ele cantava, trazia seu nome entre os autores. Cá comigo eu fiquei: - Nossa, ele é demais. Além de cantar dividamente, é autor das músicas que canta! Foi essa curiosidade que me levou a ser, mais tarde, radialista: é que eu tinha desde menino a mania de dizer o nome da música, os autores e quem cantava. Pois bem, já nos tempos de radialistas, me embalei com muitos sucessos que tocavam na rádio. Fui investigar a autoria desses sucessos e o nome de Ana Terra aparecia com demasiada frequência. Eu repetia comigo: - Essa Ana Terra é ótima! O desfile de sucessos que figuravam a sua coautoria não estava no gibi, a ponto de eu dedicar um dos meus programas Panorama, na Rádio Quilombo, um especial de 3 horas, só com músicas dela. E olhe que sobraram um bocado pelo espaço de tempo, precisaria de muito mais horas para tal. Foi aí que comecei a perseguir a escritora, roteirista, letrista, produtora e ilustradora Ana Terra, autora do livro Letras & Canções, da novela Estrela, do roteiro para longa-metragem Os campos de São Jorge e coautora de uma parceria infindável com os melhores nomes da música brasileira. Na primeira metade dos anos 2000, tive a grata satisfação de encontrá-la e solicitar uma entrevista. Ela generosamente de pronto, aceitou e a fiz publicar no meu Guia de Poesia. Confira a entrevista aqui ou aqui.


AMARCORD DE FELLINI – Entre os tantos filmes do cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993), que me leveram ao prazer de revê-los muitas e tantas vezes, um deles quero destacar aqui, o Amarcord, lançado em 1973. Este filme além de ser uma comédia dramática produzida no talento de um dos maiores nomes do cinema mundial, me traz a sensação de um testemunho de vida, de amor à terra que nasceu, do bom humor e do escárnio diante da estupidez, da leitura de todas as grandiosidades e, ao mesmo tempo, dos desvarios do ser humano. Esse o meu eterno aplauso a uma grande obra de um grande cineasta. Salve, Fellini! Veja mais aqui.



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