terça-feira, janeiro 20, 2015

SARA TEASDALE, AMOS TUTUOLA, LILA RIPOLL & SELMO VASCONCELLOS

 


CREOLINALDA, A REENCARNAÇÃO DE FRINEIA... – (Imagem: art by Hamish Blakely) Creolinalda vivia todo dia só de escrever no diário e resolveu partir pra ação. Sim, justo no dia que tomou conhecimento da vida de Frineia Mnesarete, que colhia alcaparras e tinha vários nomes - entre eles o de memória da virtude, que ela mesmo mudou porque comparavam-na com uma rã. Em verdade chamavam-na de Saperdion, nome que depois até assumiu. Era uma cortesã de extraordinária beleza e muito rica da Beócia. Uma história fascinante aos seus olhos e, tal qual ela, para lá de injustiçada: Sou a reencarnação dela. E pesou prós e contras, aferiu o resultado e mandou ver assumindo a persona. Começou encarando logo um conflituoso enfrentamento com seu pai Epicles – até nisso, talqualzinho. Depois deu um trato nas madeixas, hidratou a pele, vestiu-se dum maiô menor que o seu tamanho e, pôs por cima, um vestido provocativo com decote pronunciado, saias soltas e colado dos quadris aos ombros. Pronta foi desfilar pelas ruas provocando olhos esbugalhados com seu rebolado: Pronde ela vai tão faceira? Foi até à margem do rio, exibiu sua formosura, soltou os cabelos, despiu-se e entrou nua nas águas, à vista do povo que a perseguia. Milagre! Para quem presenciou era a ressurreição de Afrodite. Os marmanjos da cidade testemunharam em peso, todos pendurados delirantes - uns às quedas de maduro; outros se sustentavam entre galhos e capoeiras, como podiam. Lá pras tantas ela emerge exuberantemente faceira, veste-se e retorna desfilando para sua residência. Por dias foi o assunto dominante nas fofocas simpatizantes e antipatizadas da cidade. Não faltou assédio dos mais atarantados machos, até um ricaço que chegou com um buquê de flores, coração na carteira e chamando-a de Sapozinho. Artistas assediavam-na para posar em suas pretensas obras de artes e não se fez de rogada: foi Maria Madalena para os pincéis de Apeles, foi Vênus para as telas de Praxíteles, foi santa beldade nua para os desenhos de Knidos. Essa moça virou puta! -, gritava-lhe o pai revoltado com uma ruma de descarados poetas a sacudir-lhe versos apaixonados. Não faltaram à sua porta saraus apaixonados promovidos por pretensos Bilac, Baudelaire e Rilke, outros tantos poetastros com zis versos afetados, uma suposta ópera de Saint-Saens, um pretenso filme de Blasetti e a nomeação de um asteróide pelos fanáticos cientistas locais. Até um padre desencaminhou-se para exaltar com todo tipo de apologias a hetera de Téspias. Dali em diante começou a usar umas saias justas e curtas, um decote pronunciado, um rebolado cativante e, todo dia, ia tomar banho no rio para desespero de espectadores ávidos. Dizem que até Luís Gonzaga sapecou um xote tataritaritatá pra ela. Mais provocante exibia-se na janela enxugando os cabelos, esfregando-se sedutora. Como nunca usou de maquiagem, sua beleza era verdadeira e plena. As suas feições eram naturais: você é crente minha filha? Não, senhor. Prestimosa começou a ajudar senhores viúvos, passou a ser educada com os marmanjos enamorados e a ter amigas de má reputação, ganhando o opróbrio popular. Nem aí. Num disse: essa menina se perdeu mesmo! Alheia aos escárnios ela participava de apostas com outros rapagões e, quando perdia, nem se acanhava de exibir suas partes pudendas pros sortudos presentes, razão pela qual cochichavam que ela era mais bonita nas partes que não se viam. Adotou de vez, por isso, o nome de batalha Frinéia de Mnesarete. E se manteve firme. Todos queriam pintá-la, poetá-la, fotografá-la, movimentando a economia do lugar: todos queriam comprar as artes que ela inspirava, principalmente os recitais com epigramas os mais lascivos em sua homenagem e a fruição visual completa do corpo da deusa no centro da cena. Tributaram-na com um monumento: uma escultura talqualzinha ela era, virou ponto turístico de massa. Até um maníaco sexual foi flagrado e preso porque queria fazer amor ali, na frente de todo mundo, com ela. Teve até endoidados que queriam casar com a estátua, até ser roubada, mas logo descoberta: o sujeito havia sido acometido da loucura de Pingmalião e venerava para que ela envivecesse. Como? Lascou. Ao resgatá-la aos puxavanques, porque o sujeito guerreou até a morte para não devolvê-la nem a pulso. Fatos estranhos até deram conta de que das pinturas ela aparecia vivinha da silva, passando a viver maritalmente com o seu comprador. Por conta disso não faltaram jovens levados à tentação da mão hábil em sua homenagem e com suas poses impressas: vai que ela ganhasse vida na frente deles, hem? Essa era a esperança deles. Episódios de agalmatofilia retumbaram, incidentes com casos de acasalamento com a imagem e os que não conseguiam torná-la viva se matavam – foram suicídios em cadeia, tanto de jovens mancebos, como de empirocados marmanjos e provectos. Descobriu-se até um ritual devocional em sua honra, findando todos mortos exauridos de êxtase sexual. Afora os tantos de ricos que apareciam dispostos a despender grandes somas para adquiri-la, fulminados pela bancarrota. Evidente que ela se aproveitou disso e angariou fama e riqueza, afora autocelebrar-se, aparecendo furtivamente em trajes provocativos, destinados a causar agitação, ou através do uso de aparições públicas cenográficas, raras e estudadas. Seu nome passou a ser rabiscado nos muros, quando não gravado nos edifícios públicos. Eis que um dos vitimados se passou por ex ressentido pelos ciúmes e acusou-a de extorsão e traição instaurada pelo escândalo da mutilação dos Hermes. Como? Foi que um jovem não suportando ser recusado por ela, atirou no próprio pênis, decapitando-o e tornando-se eunuco dali por diante. Além disso novas acusações de gananciosa, de inescrupulosa, de monstra, exibicionista, traiçoeira e ruinosa pros apaixonados amantes sujeitos à rapacidade, vez que ela subjugava seus pretendentes, extorquia dissolutos, era o que diziam, batiam o pé. Ela nem aí. Queixas amontoavam na delegacia, ofensas ditas graves e reiteradas, a ponto do promotor exigir sua prisão e condenação à pena de morte. Foi julgada e sentenciada pela condenação: a cidade em peso acompanhou-lhe a prisão. Na hora da execução emergiu um defensor exigindo o Tribunal do Júri. Durante o julgamento público ela foi levada sob escolta policial e o acusador ao vê-la foi castigado com a mudez e nunca mais deu nem um pio pra remédio, tendo sido cassado e condenado a pagar as custas processuais. O tribunal ficou em polvorosa com a sua presença, nem o seu defensor conseguiu balbuciar qualquer palavra em sua defesa. Ela então ofereceu-se à condenação despindo-se: Podem me matar, sou condenada. Uma ovação! Ela foi absolvida sob a condição de aparecer publicamente uma vez por semana para limpar os olhos dos infelizes admiradores. Veja mais abaixo e aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 


DITOS & DESDITOS - É estranho como um coração deve ser partido com frequência antes que os anos o tornem sábio... pensamento da poeta estadunidense Sara Teasdale (1884–1933), que na obra The Collected Poems (Digireads, 2012) apresenta um de seus poemas: Pensei em você e em como você ama essa beleza, \ E caminhando pela longa praia sozinho \ Ouvi as ondas quebrando em trovões medidos \ Como você e eu uma vez ouvimos seu tom monótono. \ Ao meu redor estavam as dunas ecoando, além de mim \ A prata fria e brilhante do mar \ - Nós dois passaremos pela morte e as eras se alongarão \ Antes que você ouça esse som novamente comigo. Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: O mal não está em falar da tristeza ou da angústia. O mal é não encontrar saída para a desesperação... Pensamento da poeta, pianista e militante comunista Lila Ripoll (1905-1967), autora do poema: Solidão brinca comigo um jogo de esconde, esconde.\ Desaparece um momento e surge não sei de onde.\ Solidão se esconde e volta, moe a vida, o sonho, o amor.\ Ah! Jogo de esconde, esconde, esconde também a dor. E doutro poema: Não me estendas a mão, \ que o tempo endureceu meu peito.\ Sou poeta. Obrigatório é para mim o sonho.\ Concede-me o direito de sonhar. Também de Pedido: Não me falem de tristezas \ que eu as conheço de cor. \ Falem-me sim de alegrias,\ que tem um gosto melhor.\ De tristezas — o meu peito \ gastou anos a chorar.\ Tirei um curso de mágoas. \ Ninguém me pode ensinar. Veja mais aqui e aqui.

 

O BEBEDOR DE VINHO DE PALMA - [...] Eu era um bebedor de vinho de palma desde que eu era um menino de dez anos de idade. Eu não tinha outro trabalho além de beber vinho de palma na minha vida. - - - Mas quando meu pai percebeu que eu não conseguia fazer nenhum trabalho além de beber, ele contratou um especialista em vinho de palma para mim; ele não tinha outro trabalho além de bater vinho de palma todos os dias. Então meu pai me deu uma fazenda de palmeiras que tinha nove milhas quadradas e continha 560.000 palmeiras, e esse tapador de vinho de palma estava batendo cento e cinquenta barris de vinho de palma todas as manhãs, mas antes das 2 da tarde, eu bebia tudo; depois disso ele ia e batia outros 75 barris. [...]. Trechos extraídos da obra The Palm-Wine Drinkard (Faber & Faber, 2014), do escritor nigeriano Amos Tutuola (1920-1997), que no livro Ajaiyi and His Inherited Poverty (Faber & Faber, 2015), expressa que: […] O falcão brinca com o pombo e o pombo fica feliz, mas não sabe que está brincando com a morte. [...] Eu tinha esquecido que as coisas poderiam mudar no futuro e que essa promessa era uma dívida [...]. No livro L’ivrogne dans la brousse (Gallimard, 1952), ele expressa que: [...] A cada vez que os mortos nos viam, eles faziam ouvir barulhos desagradáveis que mostravam que eles nos odiavam e também que estavam furiosos por os ver vivos. [...]. No livro The Village Witch Doctor and Other Stories (Faber & Faber, 2014), ele traz: […] Se continuarmos a pagar "mal" por "mal", o mal nunca acabará na Terra [...]. Por fim, no livro My Life in the Bush of Ghosts (Faber & Faber, 2014): […] Tendo deixado esta vila a uma distância de uma milha, este mágico fantasma veio até mim no caminho, ele me pediu para deixar nós dois compartilharmos os presentes, mas quando eu recusei, ele mudou para uma cobra venenosa, ele queria me morder até a morte, então eu mesmo usei meu poder mágico e mudei para um longo bastão no mesmo momento e comecei a bater nele repetidamente. Quando ele sentiu muita dor e quase morreu, então ele mudou da cobra para um grande fogo e queimou este bastão até as cinzas, depois disso ele começou a me queimar também. Sem hesitar, eu mesmo mudei para chuva, então eu o apaguei imediatamente. [...]. E dele destaco o pensamento: Depois de viajarmos por dois dias e meio, chegamos à estrada dos Mortos, de onde os bebês mortos nos expulsaram, e quando chegamos lá, não pudemos viajar por ela por causa dos bebês mortos assustadores, etc., que ainda estavam lá.

 

DOIS POEMAS - O HOMEM NO MEIO SOCIAL - O Homem com toda fortaleza \ é um fraco.\ Enquanto está bem esconde\ sua fraqueza.\ Quando está só\ Busca em Deus que tenha dó. \ Reza, promete, implora,\ Fala, grita e chora. CORPO A CORPO - Foi uma luta tão limpa, \ Cristalina, transparente, evidente,\ Clarividente, serena.\ Carne contra carne,\ Músculos contra músculos,\ Sangue, sangue, sangue...\ Foi um luta tão limpa! Poemas do poeta carioca radicado em Rondônia. Selmo Vasconcellos, editor do Lítero Cultural, do jornal Alto Madeira e colaborador do Rondônia ao vivo. Ele é autor dos livros Rever verso inverso (1991), Nictêmero (1993), Pomo de discórdia (1994), Resquícios ponderados (1996) e Leonardo, meu neto (antologia,2004). Veja mais aqui e aqui.

 

SACADOUTRAS

 

A HONRA DOS SERTÕES À MORTE – Contava eu com uns 13 pra 14 anos de idade (por aí, quase meados dos anos 1970), quando li Os sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909). Por esse tempo eu me tinha poeta parnasiano roxo (vixe! A gente faz cada coisa na vida, hem?), tanto que publiquei à época um poema rebuscadíssimo Fotogenia enfática de um mentecapto alógico (eita!?! Que droga é nove? Coisa de iniciante!), que foi publicado no informativo do glorioso Grêmio Cultural Castro Alves, do Colégio Diocesano. Ainda guardo comigo um exemplar desse informativo, boa lembrança desses tempos colegiais. Lembro bem que passei uma tarde inteira na varanda da casa do Gulú debatendo com ele a respeito da obra e, nesse entusiasmo escrevi uns textos e apresentamos (eu, Gulu, Ozi, Zé Ripe, Célio Carneirinho, Chicanjo Meyer e Mauricinho Melo Júnior, violas, batuques e amostramentos), o melodrama Sertão, Sertão pros alunos na quadra do colégio. Foi um sucesso! Mas falando de Euclides, disse Sílvio Romero: “[...] Da vida e do fim trágico de Euclides da Cunha, não direi por enquanto, de primeira, por falta de documentos; de segundo, por ser ainda inoportuno tratar de tão doloroso caso”, fato esse repetido por uma professora na faculdade que tinha Deus no céu e Euclides na terra, enfatizando o que dizia Darcy Ribeiro: “[...] o maior escritor brasileiro - raquítico, tímido e nervoso -, é assassinado pelo amante de sua mulher, quando tentava matá-lo. Anos depois, o assassino – um major bonitão e espadaúdo, campeão de tiro mata o filhe de Euclides. Também em legítima defesa”. É que o escritor foi envolvido num triângulo amoroso: a sua esposa Ana de Assis, a Saninha (ou melhor, Ana Emília Solon Ribeiro), tinha um amante, o tenente Dilermando de Assis, que com ela teve dois filhos. Por conta disso, o escritor na tentativa de vingar a honra, armado, invadiu a casa do traidor, deu-lhe três tiros e findou morto. O assassino conseguiu reagir, matou o escritor e foi absolvido por legítima defesa. Tempos depois, o filho de Euclídes resolveu vingá-lo, atirando nas costas do odiado que, mesmo ferido, conseguiu matá-lo: pai e filho mortos. Desse caso muitas coisas rolaram. Em 1990, a Rede Globo apresenta a minissérie Desejo, escrita por Gloria Perez, contando o caso do assassinato. Fui ver o dvd, afinal Vera Fisher protagonizava como Saninha, a esposa de Euclides. Vera é Vera, imperdível sempre, principalmente na cena com os filhos quando ela diz: “Eu não errei, eu amei!”. Depois vieram os livros Crônica de uma tragédia inesquecível: do processo Dilermando Reis, que matou Euclides da Cunha, de Walnice Nogueira (Terceiro Nome, 2007); Matar para não morrer, da historiadora Mary del Priore (Objetiva, 2009) e Matar ou morrer: o caso Euclides da Cunha, da procuradora e professora Luiza Nagib Eluf (Saraiva, 2009). Até o Mário Vargas Llosa inspirou-se na obra do escritor brasileiro para escrever o seu A guerra do fim do mundo: a saga de Antonio Conselheiro na maior aventura literária do nosso tempo (Francisco Alves, 1981). Mas Os sertões é uma obra e tanto, um dos clássicos da Literatura Brasileira, meritória de registro: começa com uma abordagem acerca da geografia do sertão baiano, assinalando que: “O sertão de Canudos é um índice sumariando a fisiografia dos sertões do norte... E o sertão é um paraíso...”. Adiante ele menciona que: “[...] O martírio do homem, ali, é o reflexo de tortura maior, mais ampla, abrangendo a economia geral da vida. Nasce do martírio secular da Terra...”, fato que o faz constatar que: “[...] O Brasil era uma terra do exílio; vasto presídio com que se amedrontavam os heréticos e os relapsos, todos os passiveis do morra per ello da sombria justiça daqueles tempos...”, arrematando que: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas...”. No final ele escreve: “Fechemos este livro. Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos. Vimos como quem vinga uma montanha altíssima. No alto, a par de uma perspectiva maior, a vertigem... Ademais, não desafiaria a incredulidade do futuro a narrativa de pormenores em que se amostrassem mulheres precipitando-se nas fogueiras dos próprios lares, abraçadas aos filhos pequeninos?... E de que modo comentaríamos, com a só fragilidade da palavra humana, o fato singular de não aparecerem mais, desde a manhã de 3, os prisioneiros válidos colhidos na véspera, e entre eles aquele Antonio Beatinho, que se nos entregara, confiante – e a quem devemos preciosos esclarecimentos sobre esta fase obscura da nossa história? Caiu o arraial a 5. No dia 6 acabaram de o destruir desmanchando-lhe as casaas, 5.200, cuidadosamente contadas”. Veja mais aqui.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiLogo mais, a partir das 21hs (horário de Brasília), acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá com muita festa e a apresentação da querida Meimei Corrêa. E com as seguintes atrações na programação: MPB 4 & Quarteto em Cy, Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernambuco, Elba Ramalho, Chico César, Geraldo Vandré, Cátia de França, Herbert Viana, Vital Farias, Glória Gadelha, Sonia Mello, Ricardo Machado, Mazinho, Santana o Cantador, Abdias dos Oito Baixos, Lucy Alves, Renata Arruda, Eliza Clívia, Lysia Condé, Elisete Retter, Alex Rios Silva, Mônica Brandão, Zé Ramalho, Os Vips, Roberto Luna, Roberta Miranda, Marconny Melo & muito mais! Veja mais aqui.

SERVIÇO:
O que? Programa Tataritaritatá Especial de Ano Novo
Quando? Hoje, terça, 20 de janeiro, a partir das 21hs (horário de Brasília)
Onde? No MCLAM - blog do Programa Domingo Romântico
Apresentação: Meimei Corrêa

Imagem: Frinéia (1909), do pintor, desenhista e ilustrador brasileiro Antonio Parreiras (1860-1937)

Ouvindo: Concerto for violin, piano and string quartet in D Major, op. 21, dp compositor francês Amedée Ernest Chausson (1855-1899), com Jorge Bolet Juiliard String Quartet

Imagem: Friné em frente ao Aerópago, 1861, Jean-Léon Gérôme.



CASO DO JULGAMENTO DE FRINEIA – Frineia ou Mnesarete, ou mesmo Friné que em grego significa sapo, foi o apelido dado a uma cortesã grega, nascida em Téspias na Beócia, por volta de 400 aC. Diz-se que ela serviu de modelo para a estátua da Afrodite de Cnido, elaborada por Praxíteles e que tal ato se deve em razão de, certa vez, durante um festival em Eleusis, a hetaira ter se despido e entrado no mar à vista de todos. Em seguida, posou para Afrodite Anadyomene ou Vênus Anadyomene, do pintor Apeles, fato este que foi repetido por um sem número de pintores, inclusive a Friné devant l´Areopage, de Jean-Léon Gerome. Seguiram-se Baudelaire, Rilke, Saint-Saëns, Alessandro Blasetti, até Olavo Bilac e o nosso pintor Antonio Parreiras inspirados por ela. Essa cortesã extraordináriamente bela adquiriu não menos extraordinária riqueza e propôs a reconstrução dos muros de Tebas na condição de que contasse com a seguinte inscrição: “Destruído por Alexandre, restaurado por Friné a hetaira”. Evidente que a proposta foi devidamente rejeitada pelas autoridades. Mais ainda: foi acusada por Diodoro Perigetes de profanar os mistérios de Elêusis, ocasião em que foi defendida por Hipérides, orador que era um de seus amantes, e que, diante da constatação da causa perdida, rasgou o manto que a vestia, expondo a sua nudez, fato que acarretou a mudança no julgamento e ela foi devidamente absolvida. Existem outras versões para o caso, inclusive a de que foi ela mesma quem se desnudou e que a mudança de julgamento ocorreu porque a beleza física, naquela época, era aspecto de divindade e sinal de favor divino. Em sua homenagem, Eugéne Joseph Dalporte denominou 1201 Phyrne, ao asteroide descoberto em 15 de setembro de 1933. Veja mais aqui.

A POESIA DAS CANÇÕES DE ANA TERRA - Uma certa vez, ainda menino e fã de Luis Gonzaga, peguei pela primeira vez um elepê dele e vi que as lindíssimas músicas que ele cantava, trazia seu nome entre os autores. Cá comigo eu fiquei: - Nossa, ele é demais. Além de cantar dividamente, é autor das músicas que canta! Foi essa curiosidade que me levou a ser, mais tarde, radialista: é que eu tinha desde menino a mania de dizer o nome da música, os autores e quem cantava. Pois bem, já nos tempos de radialistas, me embalei com muitos sucessos que tocavam na rádio. Fui investigar a autoria desses sucessos e o nome de Ana Terra aparecia com demasiada frequência. Eu repetia comigo: - Essa Ana Terra é ótima! O desfile de sucessos que figuravam a sua coautoria não estava no gibi, a ponto de eu dedicar um dos meus programas Panorama, na Rádio Quilombo, um especial de 3 horas, só com músicas dela. E olhe que sobraram um bocado pelo espaço de tempo, precisaria de muito mais horas para tal. Foi aí que comecei a perseguir a escritora, roteirista, letrista, produtora e ilustradora Ana Terra, autora do livro Letras & Canções, da novela Estrela, do roteiro para longa-metragem Os campos de São Jorge e coautora de uma parceria infindável com os melhores nomes da música brasileira. Na primeira metade dos anos 2000, tive a grata satisfação de encontrá-la e solicitar uma entrevista. Ela generosamente de pronto, aceitou e a fiz publicar no meu Guia de Poesia. Confira a entrevista aqui ou aqui.


AMARCORD DE FELLINI – Entre os tantos filmes do cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993), que me leveram ao prazer de revê-los muitas e tantas vezes, um deles quero destacar aqui, o Amarcord, lançado em 1973. Este filme além de ser uma comédia dramática produzida no talento de um dos maiores nomes do cinema mundial, me traz a sensação de um testemunho de vida, de amor à terra que nasceu, do bom humor e do escárnio diante da estupidez, da leitura de todas as grandiosidades e, ao mesmo tempo, dos desvarios do ser humano. Esse o meu eterno aplauso a uma grande obra de um grande cineasta. Salve, Fellini! Veja mais aqui, aquiaqui.



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