FECAMEPA E OS PRIMÓRDIOS DA CORRUPÇÃO NO BRASIL – Por
volta de 1534, registra Nelson Barbalho,
no seu Cronologia pernambucana: subsídios
para a história do agreste e do sertão, que: [...] Como nas demais cartas donatariais, também, nesta assinada El-Rei se
reservara o direito de conservar integra ou de modificar a Capitania de acordo
com os interesses do Estado ou da própria colonia, caso sugrisse necessidade
disso, fato que torna patente o motivo central de cada doação: deveriam os
donatários prover a prosperidade de suas terras, é claro, de modo, contudo, a
beneficiar simultaneamente e preferencialmente a Coroa onipoente e onipresente.
O fidalgo português Pero Lopes de Souza, 1º donatário da Capitania de
Itamaracá, era filho de Lope de Souza, senhor do Prado e alcaide-mor de
Bragança. Seu irmão Martin Afonso de Souza, era o donatário da Capitania de São
Vicente. Não se conhecia a data de seu desembarque e posse na donataria
itamaraquense, mas sabe-se que ele entregaria ou deixaria sua administração aos
cuidados de Francisco de Braga, na qualidade de capitão-mor/governador, em nome
do 1º donatário, permanecendo Braga no cargo até se ver obrigado a abandoná-lo,
em face de algumas diferenças tidas com o donatário de Pernambuco, Duarte
Coelho, que o teria mandado desfeitear, aplicando-lhe cutilada no rosto. Não
podendo ir ao revide, Francisco Braga, sentindo-se diminuiido no posto e
largando-o de mão, embaraçaria para as Índias de Castela, levando em sua
companhia tudo quanto fora possível levar e deixando a Capitania de Pero Lopes
inteiramente desbaratada, perdida, desgovernada, feito corpo sem cabeça.
Ora, ora, ora! Vamos aprumar a coversa e tataritaritatá! Veja mais aqui.
Imagem: Introspecção, da artista plástica G. Graça Campos.
Ouvindo: Aquarela do Brasil, de Ari Barroso, na interpretação do tenor espanhol Plácido Domingo com a King of Opera Performers. Foto: Vinicius Pereira.
Imagem: J. Lanzellotti – Estórias e lendas do
Norte e Nordeste.
IANGAÍ, Ó LINDA, OLINDA – As malocas dos caetés amanheceram em
azáfama. Até as mulheres atendiam ao chamado dos borés. A valente tribo dos
nativos brasileiros se preparava para assaltar o acampamento dos brancos, onde
Duarte Coelho Pereira, recém-vindo de Portugal com sua esposa d. Brites de
Albuquerque e o cunhado Jerônimo de Albuquerque, tomara posse da Capitania de
Pernambuco, doada por d. João III, e dera início à povoação. Os fidalgos e
amigos, companheiros do donatário, sabem, por informações dos índios tabaiaras
que, além dos morros, existe a poderosa nação dos caetés. É o ano de 1535.
Tarde de verão. Duarte Coelho e sua gente descobrem, no morro onde está a Sé, o
sinal guerreiro, denunciador das hostilidades dos aborígenes. Todos se preparam
e esperam. Um pouco mais, e uma saraivada de flechas dá início ao combate A
luta se encarniça. Caem em poder dos brancos, como prisioneiros, muitos índios
caetés. Há entre eles também mulheres. E no meio delas está Iangai, a bela
índia. Embora prisioneira, Iangai com altivez deliciosa zomba dos brancos. Duarte
Coelho é atingido por uma flecha. Recolhe-se, com a ferida sangrando. E a
batalha prossegue, sem desfalecimentos. Tabira, chefe dos tabajaras, conduz os
prisioneiros à presença do donatário. Este, ao ver Iangai, radiosa de revolta e
envolvida pelo frescor de sadia juventude, exclama fascinado: - Ó linda! Pede-lhe
Tabira, então, consentimento para sacrificar os prisioneiros. Duarte Coelho,
porém, exclui Iangai. E a formosa índia, quando partem seus companheiros para o
sacrifício, envolve-os com um olhar doloroso de angústia, seus lábios balbuciam
qualquer coisa e uma lágrima cristalina ilumina-lhe a face crestada pelo sol
dos trópicos. Entre os condenados à morte está Camura, o eleito do seu coração
bravio – um guapo rapagão, de olhar penetrante, tez descoberta e músculos fortes
e desenvolvidos. Hajissé e Piragibe, valorosos guerreiros tabajaras, desconfiam
sempre dos propósitos de Iangai que permanece fiel ao juramento de amor a
Camura. Vigiam-na secretamente. Duarte Coelho se desespera ante o desprezo de
Iangai, a quem visita escondido de sua esposa.A índia d. Maria do Espírito
Santo Arco Verde, tabaiara, que se havia batizado casando com Jerônimo de
Albuquerque, um dia conta discretamente a Duarte Coelho que a sua Ólinda, como
ele a apelidara, tenciona matá-lo. Ele, entretanto, não acredita. Ama-a e o
amor condescende sempre. Desprezado assim por Iangai, Duarte Coelho se consola
em citar o seu nome. E o faz com volúpia. Há naquele apelido um mundo de
quimeras que ela alimenta. E quando escreve para Portugal, vai datando as suas
cartas: Desta Pernambuco, ou desta Olinda da Nova Lusitânia etc. A nobreza de
uma homenagem a quem lhe despertara o amor e o desprezo. Um dia, a notícia se
avoluma: o último dos caetés desaparecera – Iangai fugira! Saem em sua
perseguição. E, após incessante batida, encontram o cadáver da índia envolta em
folhas de timbó, abundante nas matas de Palmira, próximas das atuais ruínas.
Iangaí se suicidara. Vencido assi, o derradeiro caeté que fora o próprio amor
de Duarte Coelho, este incrementa a construção da cidade e lhe dá o nome do seu
sonho: Olinda. Diz-se que ainda hoje, quando o sol se põe, viandantes ouvem,
pelas imediações das ruínas de Palmira, juntamente com o sibilar modulado das
cigarras, o cantar longínquo duma mensagem de saudade. Mas ninguém ainda pôde
identificar aquela voz misteriosa de mulher. (Lula Cardoso Aires, A
origem do nome Olinda. Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e
Geográfico de Pernambuco, vol. XXXII, nº 151/154, p. 43-45, Recife, 1934). Veja
mais aqui.
A ESTEATOPIGIA É A ALEGRIA
BRASILEIRA – Já tratei
aqui e aqui a respeito dos estudos acadêmicos desenvolvidos a partir das
esculturas paleolíticas da Vênus de
Willendorf e da cobiçada Vênus
Hotentote do séc. XVIII, realizados por diversos estudiosos, sobre a bunda
e suas dimensões maravilhosas, a exemplo do zoólogo e anatomista francês Henri
Marie Ducrotay de Blainville (1777-1850) e do filósofo, anatomista e zoólogo
frances Barão Georges Léopold Chrétien Frédéric Dagobert Cuvier (1769-1832), afora
o paleontólogo americano Stephen Jay Gould do cientista social e escritor
pernambucano Gilberto Freyre e Jean-Luc Hennig que escreveu a sua Breve
História das Nádegas, entre outros. O também antropólogo, historiador e
poeta Antonio Risério debruçou-se sobre o delicioso tema, tratando: “[...] a bunda é fundamental. Bunda – e não
nádegas, que é uma expressão plural. Bunda é conjunto. É o “milagre de ser duas
em uma, plenamente”, como dizia Drummond, acrescentando: “A bunda é a bunda,
redunda”. E é com ela que o Brasil requebra em todas as suas festas. Nada de
nádegas, nada da fresse (“fenda”) dos francesses. A bunda brasileira, formada
graças à herança genética africana, é massa carnal rebolante – e não
bipartição, fenda ou vazio. E, se temos uma estética da bunda, cânones dessa
ondulação corporal sedutora, a bunda também remete a uma estética. E esta –
como bem viu Jean-Luc Hennig em sua Breve História das Nádegas – é barroca.
Sim: a bunda é barroca. Curva e plenitude. [...] O corpo “violão” de nossas mestiças tropicais não é o corpo quadrado de
índias e nórdicas. Mas, além do corpo, existe a visão desse mesmo corpo. O
nosso modo de lidar com ele. daí que a nossa alegria, manifestando-se em nosso
corpo e sua bunda, seja também inseparável da informalidade brasileira (vide
Sérgio Buarque), com o seu horror às normas e às distancias interpessoais
[...]”. Veja mais aqui e aqui.
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Sanha, Erich Fromm, Moacyr Scliar, Akira
Kurosawa, Nikolai Rimsky-Korsakov, Menotti Del Picchia & Jean-Hippolyte
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Frineia, Euclides da Cunha, Federico Fellini,
Ana Terra, Amedée Ernest Chausson, Antonio Parreiras, Jean-Léon Gérôme & Programa Tataritaritatá aqui.
AIDS & Educação, John Dewey. & EaD
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O trabalho da mulher aqui.
Levando os direitos a
sério, de Ronald Dworkin aqui.
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A luta pelo direito, de
Rudolf von Ihering aqui.
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Quando a folia é maior em mim, A lenda Vapidiana Árvore de Tamoromu
& Antúlio Madureira aqui.
A folia do frevo no meu coração, Galo da Madrugada, Nelson
Ferreira & Jae Ellinger aqui.
Uma prosa nos entreversos do amor, Marco Ferreri & Andréa Ferréol,
Fernado Alves, Maestro Duda & Luciah Lopez aqui.
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