QUARUP – Uma das obras mais impressionantes da
literatura brasileira é o romance Quarup (Civilização
Brasileira, 1967), do jornalista e escritor Antonio Callado (1917-1997). Conta
a história de um padre de Pernambuco, Nando, que tem o sonho de construir na
Amazônia a sua terra prometida, enquanto se envolve num amor platônico por
Francisca que o faz abandonar a causa e a batina. Uma história vibrante e uma
narrativa riquíssima de engenhosidade literária. Confira um fragmento: [...] Na vida de Nando e Francisca a zona do
Jarina e da cachoeira de Von Martius se transformou em mero divisor de águas. O
dia em que se adotou a resolução de fazer a marcha ficou entregue à fantasia de
cada um. Nando tomou a pequena ubá que vinha no barco de carga e saiu remando,
ali onde o Jarina entre no Xingu. A foz, abaixo da cachoeira de Von Martius,
fica meio oculta por uma ilha. Dando a volta à ilha para melhor pensar em
Francisca, Nando a viu pela primeira vez transferida para o mundo. Desde os
tempos de Olinda, que certas paisagens para Nando a própria Francisca
transposta para outro meio de expressão: oitão de igreja batido de sol com
cajueiro, coqueiro, perto de rede de pescar estendida na areia. Às vezes Nando
sentia mesmo um certo temor de perder Francisca, de disciplinar sua invocação untariatária.
Mas aquele dia na foz do Jarina foi diferente. Remava Nando perdido em sonho de
Francisca, a capacidade de visão tomada pela imagem muito viva daquela com quem
acabava de estar, quando a viu realmente transferida para o mundo. É que por trás
da ilha entrara quase insensivelmente por um mfuro estreito e alastrado de orquídeas
dos dois lados. Mata fendida pelo fio d´água tornado lilás pela contemplação de
tantas orquídeas. Nando remou de volta ao acampamento, encostou a ubá para
chamar Francisca [...] Nando e Francisca não falaram. Apenas se voltaram um
para o outro, braços abertos, e o breve instante em que se separaram foi para
deixarem cair no chão as roupas sobre as quais se deitaram debaixo de orquídeas
pálidas, separados do rio por um cortinado de orquídeas coloridas. Quando veio
o prazer Francisca o fechou em lábios e pétalas quentes sem nenhuma palavra e
Nando descobriu o gozo que é profundo e continuo como mel e seiva que se
elaboram no interior das plantas... Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Imagem: Venus playing the Harp (1630), do pintor do Barroco italiano, Giovanni Lanfranco I(1582-1647).
Ouvindo: Rua ramalhete e outros sucessos do Tavito.
ELA PANTERA NEGRA - A professora e filósofa socialista estadunidense, Angela Yvonne Davis, integrante dos Panteras Negras, do movimento Black Power e militante de organizações políticas dos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial. Por suas atividades, na década de 1979 passou a ser procurada pelo FBI com prisão decretada por ser acusada de conspiração, sequestro e homicídio. Ao ser presa, o seu julgamento durou 18 meses e uma manifestação pública mobilizou o país pela sua libertação. Nos debates do tribunal, a condição negra passou a ser a discussão, sendo, finalmente, inocentada. Ela recebeu homenagens de John Lennon com a música Angela, e dos Rolling Stones que gravaram em sua homenagem Sweet Black Angel. No final da década de 1970, ela foi ganhadora do Prêmio Lêniz da Paz e mantém até hoje suas atividades com discursos e palestras sobre as causas dos negros, latinos e mulheres, concentrando suas atenções para o abolicionista prisional no sistema carcerário dos Estados Unidos. Veja mais aqui.
A HEROÍNA BARBARELLA – Tudo começou com os quadrinhos criados
pelo escritor e ilustrador francês Jean-Claude Forest (1930-19989). Mas o bom
mesmo foi depois, quando em 1968, o diretor Roger Vadim (1928-2000) lança o
filme com a heroína Barbarella, protagonizada pela Jane Fonda, tornando-se a
maior sensação do universo masculino. Eu mesmo não perdia de rever o filme,
sonhando um dia ter uma heroína dessa pra mim. Coisas de infância que se
mantiveram na adolescência, quando passou a residir na memória dos sonhos. Veja
mais aqui.
Veja mais sobre:
O reino das águas aqui.
E mais:
Cantando às margens do Una aqui.
A correnteza do rio me ensinou a nadar aqui.
Penedo, às margens do São Francisco aqui.
Sou deste chão como a terra, o fogo, a
água e o ar, André Gide, Brian Smith, Friedrich Hundertwasser
& Carol Andrade aqui.
O que era Mata Atlântica quando asfalto
que mata, António Salvado, João Parahyba, Don Dixon
& Nini Theiladetheilade aqui.
Existe gente pra tudo, Os Apinajé, Harriet Hosmer, Josefina de
Vasconcelos, Anelis Assumpção & Banksy aqui.
Rascunho solitário, Edino Krieger, Arturo Ambrogi,
Jean-Baptiste Camille Corot & Jim Thompson aqui.
Centenário de Hermilo Borba Filho,
Orquestra Armorial & Cussy de Almeida, Augusto Boal, Joshua Reynolds,
Ginofagia & Sedução aqui.
As águas de Alvoradinha, Bhagwan Shree Rajneesh, Milan Kundera, Endimião
& Selene, Jorge Ben Jor, Anatol Rosenfeld, Lena Olin, Anthony van Dyck,
Teco Seade,:Socorro Cunha & João Lins aqui.
O monge e o executivo de James Hunter,
Neuropsicologia, Ressocialização penal, Psicologia escolar &
educacional aqui.
Sexualidade na terceira idade aqui.
Homossexualidade & educação sexual aqui.
Globalização, Educação & Formação
Pedagógica, Direito Constitucional Ambiental & Psicologia Escolar aqui.
Homofobia, Sexualidade, Bissexualidade
& Educação para as diferenças aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by Ísis Nefelibata
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.