Imagem: Gaia, Mãe Terra.
Ouvindo: Terra, de Caetano Veloso
[...]
Terra!
Terra!
Por mais
distante
O
errante navegante
Quem
jamais te esqueceria?...
Eu estou
apaixonado
Por uma
menina terra
Signo de
elemento terra
Do mar
se diz terra à vista
Terra
para o pé firmeza
Terra
para a mão carícia
Outros
astros lhe são guia...
Terra!
Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
A MÃE TERRA DE ISAAC ASIMOV – O
escritor e bioquímico americano nascido na Rússia,, Isaak Yudavich Azimov
(1920-1992), assim se expressa sobre a Mãe Terra: [...] Em resumo, faltava-lhe a dignidade da
autosuficiência, e como todas as coisas na Terra, era simplesmente parte de uma
comunidade, uma unidade pendurada de um conjunto de apartamentos, uma porção de
uma multidão. [...] É
bastante difícil descrever qualquer um dos mundos Cósmicos a um terráqueo nativo,
visto que não se trata tanto de uma descrição de um mundo, mas de um estado de
espírito. Os Mundos Cósmicos - uns cinqüenta, primeiramente colônias, mais
tarde domínios, mais tarde nações - são extremamente diferentes entre si num sentido
físico. Mas o estado de espírito é praticamente o mesmo em todos eles. É algo
que surge de um mundo originariamente incompatível com a espécie humana,
todavia habitado pela nata das pessoas difíceis, diferentes e ousadas. Para se
dizer numa única palavra, esta palavra é “individualidade.” Há o mundo de
Aurora, por exemplo, a três parsecs da Terra. Foi o primeiro planeta colonizado
fora do sistema solar, e representou a aurora das viagens interestelares. Daí o seu nome. Possuía ar e água para o
começo, talvez, mas pelos padrões da Terra era rochosa e infértil. A vida
vegetal que realmente existia, formada por um pigmento amarelo esverdeado
completamente diferente da clorofila e não tão eficiente quanto esta, dava às regiões
comparativamente férteis um aspecto bilioso e desagradável aos olhos desacostumados.
Não havia nenhuma vida animal mais alta do que a unicelular, bem como a
equivalente à bactéria. Nada perigoso, naturalmente, visto que os dois sistemas
biológicos, o da Terra e o de Aurora, não possuíam qualquer relação química.
Aurora tornou-se, bem gradativamente, um canteiro. Sementes e árvores
frutíferas foram as que chegaram primeiro; depois, arbustos, flores e grama. Em
seguida, grandes quantidades de gado. E, como se fosse necessário impedir uma
cópia demasiadamente fiel do planeta-mãe, vieram também robôs positrônicos para
construírem as mansões, formarem as paisagens e instalarem as unidades de
força. Em resumo, para fazerem o trabalho e tornarem o planeta verde e
humano. Havia o luxo de um mundo novo e
reservas minerais ilimitadas. Ha: via o excesso esplêndido de energia atômica
instalada em novas fundações com apenas milhares, ou, no máximo, milhões, e não
bilhões, de pessoas para servir. Havia o imenso florescer da ciência física, em
mundos onde havia espaço para ela. [...] Simplesmente havia uma falta indefinível da sociabilidade humana -ainda
que azeda e escassa, às vezes - imposta com tanta força aos formigueiros da Terra.
[...] - A Terra - disse - está, em
essência desprotegida contra nós, se evitarmos aventuras militares
imprevisíveis. A unidade econômica é realmente uma necessidade, se pretendermos
evitar estas aventuras. Deixe a Terra perceber o quanto sua economia depende de
nós, das coisas que só nós podemos lhe fornecer, e não haverá mais essa
conversa de espaço vital. E se nos unirmos, a Terra jamais ousará nos atacar.
Ela trocará suas aspirações estéreis por motores atômicos - ou não, como quiser.
(Isaac Asimov, O futuro começou).
A NATUREZA DE TERESA FILÓSOFA – Atribuído
ao escritor e filósofo francês Jean Baptiste de Boyer, Marquês d´Argens
(1704-1771), o anônimo romance Teresa Filósofa – clássico erótico do século
XVIII -, traz a seguinte reflexão sobre a Natureza: “[...] –
Sobre a Senhora Natureza? – retomou o Abade. – Palavra de honra, logo sabereis
tanto quanto eu sobre ela. É um ser imaginário, é uma palavra vazia de sentido.
Os primeiros chefes religiosos, os primeiros políticos, atrapalhados com a ideia
que deviam dar ao público sobre o bem e o mal moral, imaginaram um ser entre
Deus e nós, que transformaram no autor de nossas paixões, de nossas doenças, de
nossos crimes. De fato, sem esse socorro, como teriam eles conciliado os seus sistemas
com a bondade infinita de Deus? Donde teriam eles dito que nos vêm essas vontades
de roubar, de caluniar, de assassinar? Por que tantas doenças, tantas
enfermidades? O que fizera a Deus esse infeliz aleijado das pernas, nascido
para rastejar na terra durante toda a sua vida? A isto, um teólogo nos
responde: são os efeitos da natureza. Mas o que é essa natureza? Será um outro
Deus que não conhecemos? Agirá ela por si mesma, independentemente da vontade
de Deus? Não, diz ainda de forma seca o teólogo. Como Deus não pode ser o autor
do mal, este somente pode existir por meio da natureza. Que absurdo! Será da
vara que me bate que devo me queixar? Não será daquele que dirigiu o golpe? Não
é ele o autor do mal que sinto? Por que não convir, de uma vez por todas, que a
natureza é um ser imaginário, uma palavra vazia de sentido, que tudo é de Deus,
que mal físico que prejudica a uns serve para a felicidade dos outros, que tudo
é bem, que não há nada de mal no mundo considerando a Divindade, que tudo o que
se chama bem ou mal moral somente tem relação com o interesse das sociedades
estabelecidas entre os homens, mas tem relação com Deus pela vontade do qual
agimos necessariamente segundo as primeiras leis, segundo os primeiros
princípios do movimento que ele estabeleceu em tudo o que existe? Um homem
rouba: ele faz bem em relação a ele, faz mal por sua infração à sociedade
estabelecida, mas nada em relação a Deus. “Entretanto, estou de acordo que esse
homem deva ser punido, embora tenha agido por necessidade, embora eu esteja
convencido de que ele não foi livre
para cometer ou não cometer o seu crime. Mas ele deve sê-lo porque a punição de
um homem que perturba a ordem estabelecida, mecanicamente, pela via dos
sentidos, deixa impressões na alma, que impedem os maus de arriscarem o que
poderia lhes fazer merecer a mesma punição e que a pena que esse infeliz sofre
por sua infração deve contribuir para a felicidade geral que, em todos os
casos, é preferível ao bem particular. Acrescento ainda que se pode mesmo
cobrir de vergonha os pais, os amigos e todos aqueles que conviveram com um
criminoso, para levar, por esta linha de política, todos os seres humanos a se inspirar
mutuamente horror pelas ações e pelos crimes que podem perturbar a tranquilidade
pública. Tranquilidade que nossa disposição natural, que nossas necessidades,
nosso bem estar particular, incessantemente, nos levam a infringir. Disposição, enfim, que no homem somente pode ser absorvida
pela educação, por meio das impressões que ele recebe na alma, por via dos
outros homens que ele frequenta ou que vê habitualmente, seja pelo bom exemplo,
seja pelo discurso; numa palavra, pelas sensações externas que, unidas às
disposições interiores, dirigem todas as ações
de nossa vida. Portanto, é preciso estimular, é preciso impor aos homens o exercício
mútuo dessas sensações úteis à felicidade geral. “Agora, madame – acrescentou o
Abade –, penso que sentis o que se deve entender pela palavra natureza [...]” (Jean Baptiste de Boyer, Teresa
Filósofa),
Veja mais aqui.
REFERÊNCIA
ASIMOV, Isaac. O futuro começou.
São Paulo: Hemus, 1978.
BOYER, Jean Baptiste. Teresa
filósofa. Porto Alegre: L&PM, 2000.
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