quarta-feira, dezembro 31, 2014

PAULA SIMONETTI, LAUREN KATE, MARIANNE WILLIAMSON, JORDAN PETERSON, BASUKI & LITERÓTICA


 


CAPÉI, A DEUSA SELENE – A noite saiu do coco de Tucumã e a moça das águas da cachoeira, sozinha no fundo dos bosques, acendeu os vaga-lumes e à beira do lago sua imagem influenciou a natureza e regulou as marés, a germinação das sementes, o fluxo das mulheres, o nascimento das crianças e dos bichos e o brilho de certas pedras de cor. E a moça branca das águas da cachoeira vivia sozinha no fundo dos bosques, o meu amor proibido. Sua lágrima se fez Amazonas e alumiou meus versos de ermitão. E eu a segui até o terminadouro, navegante solitário, seguindo seus passos até me envolver em seu breu para nunca mais raiar o dia. Nela eu virei tetéu e se fez eterna guardiã para cantá-la: quero-quero e pra vigiar a volta do sol. E cantando comigo me fez Selenito, andejo da noite em que a coruja segura o ponta do céu como se o meu amor tivesse ido e se foi, o meu amor já se foi, já foi, foi... Era ela nua aos meus pés pagãos, um discípulo que dela se apropriou: ela diz que sou seu amor, ninguém sabe, desde então ela sempre me amou. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aquiaqui e aqui.

  


DITOS & DESDITOS - Insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente esperando resultados diferentes. Não há progresso sem mudança de atitude. É melhor se arrepender de algo que você fez do que se arrepender de algo que não fez. O que define você é o que você faz quando se sente mais entediado... Pensamento do psicólogo, escritor e professor canadense Jordan Peterson, autor da obra Maps of Meaning: The Architecture of Belief (Routledge, 2000). Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: O amor é com o que nascemos. O medo é o que aprendemos. A jornada espiritual é o desaprendizado do medo e dos preconceitos e a aceitação do amor de volta em nossos corações. O amor é a realidade essencial e nosso propósito na terra. Estar consciente disso, experimentar o amor em nós mesmos e nos outros, é o sentido da vida. O significado não está nas coisas. O significado está em nós... Pensamento da escritora estadunidense Marianne Williamson. Veja mais aqui.

 

QUEDA - [...] A confiança é, na melhor das hipóteses, uma busca descuidada. Na pior das hipóteses, é uma boa maneira de morrer. [...] A única maneira de sobreviver à eternidade é poder apreciar cada momento [...] Você sabe que todo mundo adora odiar um casal feliz de pombinhos. [...]. Trechos extraídos da obra Fallen (Galera, 2010), da escritora estadunidense Lauren Kate, que na obra Torment (Ember, 2011), expressou que: [...] Às vezes, coisas bonitas surgem em nossas vidas do nada. Nem sempre conseguimos entendê-los, mas temos que confiar neles. Eu sei que você quer questionar tudo, mas às vezes vale a pena ter um pouco de fé. [...] O amor nunca morre [...] A solidão no meio de uma multidão era o pior tipo de solidão, mas ela não conseguia evitar. [...]. Já na obra Rapture (Delacorte, 2014), expressou que: [...] Quero que você saiba que eu faria tudo de novo. Eu escolherei você todas as vezes. [...]. E na Passion (Ember, 2012), expressou que: […] Amarei você de todo o coração, em cada vida, em cada morte. EU não estarei vinculado a nada além do meu amor por você [...]. Além disso é autora de frases como: A sabedoria segura uma vela para a experiência, mas você tem que pegar a vela e caminhar sozinho... O passado é importante por todas as informações e sabedoria que contém. Mas você pode se perder nisso. Você precisa aprender a manter o conhecimento do passado com você enquanto busca o presente...

 

EU NÃO VOU FALAR - vou falar sobre outra coisa \ nunca é isso \ não vou te falar \ Suficiente \ Eu vou te desenhar assim sutil \ paraíso de papel \ sem te contar sobre os piolhos ou os sonhos \ o olhar que se abre para uma breve infância \ vou falar \ sobre as redes \ os rosários \ talvez você não reze \ que você não balançou \ ontem \ Manhã \ nunca \ Não vou retomar a conta \ hematomas que desaparecem, mas para dentro \ explodir novamente no gesto das crianças \ de seus filhos e ad eternum \ Vou esquecer mais tarde quando estiver falando \ a ninguém \ por Picasso \ isso \ machuca \ não sua mão firme como \ a rigidez de um louco \ você virou o rosto e outro voltou \ de uma só vez, seu filho se tornou um homem \ Você não vai me dizer que eles são crianças \ vou falar sobre outra coisa \ embora eu volte \ para este alfabeto \ que só fala de você e da minha infância \ nada mais \ não diz o suficiente \ Não foi feito para dizer o suficiente \ Não vou falar do golpe e da marca \ a maneira como sua mão esmaga o gesto \ do seu filho como se ele fosse uma mosca de verão \ Vou falar sobre a maneira como sua mão \ surge de dentro do poema \ e desfaz. Poema extraído da obra En la boca de los tristes (Editorial Lo que Vendrá, 2014), da poeta e professora Paula Simonetti.

 

AS MULHERES DE BASUKI ABDULLAH

A arte do pintor e professor indonésio Fransiskus Xaverius Basuki Abdullah (Muhammad Basuki Abdullah - 1915- 1993), espancado até a morte por três agressores durante a invasão de sua casa em Jacarta.

 

SACADOUTRAS

 


Ouvindo Alô, Alô, Marciano, de Rita Lee (1947-2023), na voz da inesquecível Elis Regina.

Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
A crise tá virando zona
Cada um por si todo mundo na lona
E lá se foi a mordomia
Tem muito rei aí pedindo alforria porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
A coisa tá ficando ruça
Muita patrulha, muita bagunça
O muro começou a pichar
Tem sempre um aiatolá pra atola, Alá
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Ui, gente fina é outra coisa, entende?
Down, down, down
High society
Down, down, down, down, down
High society
Hoje não se fazem mais countries como antigamente, não é?
High society, high society, high society, high society
Down, down, down
High society
Down, down, down, down down
High society
Ai que chique é o jazz, meu Deus
Down, down, down
High society
Down, down, down
Ah, Deus
(Alô, Alô, Marciano, Rita Lee e Roberto de Carvalho), Veja mais aqui.


Imagem: Nu allongé, do pintor francês Henri Matisse (1869-1954)

O SENTIMENTO TRÁGICO DE UNAMUNONão basta pensar, é preciso sentir nosso destino [...] A filosofia é um produto humano de cada filósofo, e cada filósofo é um homem de carne e osso que se dirige a outros homens de carne e ossos como ele. Faça o que fizer, filosofa, não apenas com a razão, mas com a vontade, com o sentimento, com a carne e com os ossos, com toda a alma e todo o corpo. Filosofa o homem. [...] A fé, a vida e a razão se necessitam mutuamente. O anseio vital não é propriamente problema, não pode adquirir estado lógico, não pode formular-se em proposições racionalmente discutíveis, mas se coloca a nós, como a nós se coloca a fome. Um lobo que se lança sobre a sua presa para devorá-la ou sobre a loba para fecundá-la também não pode colocar-se racionalmente, e como problema lógico, seu impulso. [...] Por minha parte, não quero celebrar a paz entre meu coração e minha cabeça, entre minha fé e minha razão; quero que combatam entre si. [...] Não faltará a tudo isso quem diga que a vida deve submeter-se à razão, ao que responderemos que ninguém deve o que não pode, e a vida não pode submeter-se à razão. “Deve, logo pode”, replicará algum kantiano. E contra-replicaremos: “Não pode, logo não  deve.” E não pode porque a finalidade da vida é viver, não compreender. [...] Aumentando o amor, esta ânsia ardorosa de ir mais longe e mais fundo vai-se estendendo a tudo o que se vê, a tudo o que se vai compadecendo de tudo. À medida que vais penetrando em ti mesmo, e mais fundo desces em ti mesmo, vais descobrindo a tua própria futilidade, que não és tudo o que não és, que não és o que gostarias de ser, que, em suma, não és mais do que uma ninharia. E ao tocares no teu próprio nada, ao não sentires o teu fundo permanente, ao não atingires nem a tua própria infinitude nem, mesmo, a tua eternidade, tendo lástima de todo o coração a ti próprio, inflamas-te em doloroso amor por ti mesmo, matando o que se chama amor-próprio, e não é mais do que uma espécie de deleite sensual de ti mesmo, algo assim como a carne da tua alma a gozar-se a si mesma. O amor espiritual a si mesmo, a compaixão que uma pessoa adquire para consigo própria, poderá, porventura, chamar-se de egotismo; mas é o que de mais oposto existe ao vulgar egoísmo. Porque deste amor ou compaixão de ti próprio, deste intenso desespero, porque, do mesmo modo que não eras antes de nasceres, também depois de morreres não serás, passas a ter compaixão, isto é, a amar todos os teus semelhantes e irmãos, em aparência miseráveis sombras que desfilam do seu nada ao seu nada, chispas de consciência que brilham um momento nas infinitas e eternas trevas. E dos demais homens, teus semelhantes, passando pelos que são mais semelhantes a ti, pelos que contigo convivem, vais-te compadecer de todos os que vivem, e até daquilo que, porventura, não vive, mas existe. Aquela longínqua estrela que brilha durante a noite, lá no alto, há-de apagar-se algum dia, e tornar-se-á pó, e deixará de brilhar e de existir. E, como ela, todo o céu estrelado. Pobre céu! E se é doloroso ter de deixar de ser algum dia, mais doloroso seria, talvez, continuar a ser sempre o mesmo, e só o mesmo, sem poder ser outro ao mesmo tempo, sem poder ser ao mesmo tempo tudo o resto, sem poder ser tudo. Se olhares para o universo do modo mais próximo e profundo que puderes olhar, que é em ti próprio; se sentires, e não só comtemplares, todas as coisas na tua consciência, onde todas elas deixaram a sua dolorosa marca, atingirás as profundezas do tédio da existência, o poço da vaidade das vaidades. E é assim como chegarás, a compadecer-te de tudo, ao amor universal. Para amares tudo, para teres compaixão de tudo, do humano e extra-hunamo, do que vive e não vive, é necessário que sintas tudo dentro de ti mesmo, que personalizes tudo. Porque o amor personaliza tudo quanto ama, tudo aquilo de que se compadece. Só nos compadecemos, isto é, só amamos, o que se nos assemelha, e assim aumenta a nossa compaixão, e com ela o nosso amor pelas coisas, à medida que descobrimos as semelhanças que têm conosco. Ou, melhor, é o nosso próprio amor, que por si só tende a crescer, o que nos revela essas semelhanças. Se consigo compadecer-me e amar a pobre estrela que um dia desaparecerá do céu, é porque o amor, a compaixão, me faz sentir nela uma consciência, mais ou menos obscura, que a leva a sofrer por não ser mais do que uma estrela e por ter de deixar de o ser, um dia. Pois toda a consciência o é de morte e de dor. Consciência, conscientia, é conhecimento partilhado, é consentimento, e con-sentir é con-padecer. O amor personaliza tudo o que ama. Só é possível apaixonarmo-nos por uma ideia personalizando-a. E quando o amor é tão grande e tão vivo e tão forte e transbordante que tudo ama, então, ele tudo personaliza, e descobre que o Todo total, o Universo, também é Pessoa. Tem uma Consciência, Consciência que, por sua vez, sofre, se compadece e ama, isto é, é consciência. E esta Consciência do Universo, que o amor descobre personalizando tudo o que ama, é o que chamamos Deus. E assim a alma compadece-se de Deus e sente que Ele se compadece dela, ama-o e sente-se amada por Ele, dando abrigo à sua miséria no seio da miséria eterna e infinita, que é, ao eternizar-se e tornar-se infinita, a própria felicidade. Deus é, pois, a personalização do Todo, é a Consciência eterna e infinita do Universo. Consciência presa da matéria e esforçando-se por se libertar dela. Personalizamos o Todo para nos salvarmos do Nada, e o único mistério verdadeiramente misterioso é o mistério da dor. A dor é o caminho da consciência, e é por ela que os seres vivos atingem a consciência de si. Porque ter consciência de si mesmo, ter personalidade, é saber-se e sentir-se distinto dos outros seres, e só se consegue sentir essa distinção com o choque, com a dor maior ou menor, com a sensação do próprio limite. A consciência de si mesmo não é mais do que a consciência da própria limitação. Sinto-me eu mesmo ao sentir que não sou os outros; saber e sentir até onde sou é saber onde deixo de ser, e a partir de onde não sou. E como saber que se existe não sofrendo nem muito nem pouco? Como voltar sobre si, lograr consciência reflexa, senão através da dor? Quando se tem prazer, esquecemo-nos de nós próprios, de que existimos, entramos noutra coisa, alienamo-nos. E só nos ensimesmamos, voltamos a nós próprios, a sermos nós, na dor. (Miguel de Unamuno y Jugo [1864-1936], O sentimento trágico da vida. São Paulo: Martins Fontes, 1996). Veja mais aqui.


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