sexta-feira, dezembro 26, 2014

OONYA KEMPADOO, EDNA MILLAY, SAPOLSKY & YVONNE SYLVAIN

 


ED’NANCY, POETA, MULHER... - Aquela pisciana era Edna e, quando não, Nancy, ela própria duas e outras, pois pelo acréscimo de santidade ao seu nome, porque seu tio fora salvo com anúncio de seu nascimento queria ser Vincent. E nisso insistia com o entusiasmo das leituras da mãe divorciada em cada canto que chegasse. E era o que mais apetecia. Foi na casa da tia de Camden que viveu depois de muitas andanças e o que levou a escrever seus primeiros versos. A firmeza veio junto com as reprimendas escolares. Foi no liceu de lá que estreou na revista The Megunticook, e alguns de seus poemas na infantil St. Nicholas, no jornal Camden Herald e na antologia Current Literature. Nem havia debutado ainda e a poeta trilhou seu caminho para fama com o seu aplaudidíssimo Renascence. Não foi poupada de controvérsias e escândalos, até ser surpreendida numa exibição performática ao piano, e premiada pela simpatia de uma ricaça financiadora de seus estudos no Vassar College. Depois de concluir os estudos foi para New York até ser contemplada com a Frost Medal. Aventuras amorosas de sua inusitada sexualidade desde o colegial levaram-na à Paris para casar-se em Austerlitz. Seus recitais fascinavam: Euclid Alone Has Looked on Beauty Bare. Depois The Ballad of the Harp-Weaver. Era o jazz e a boêmia, a Aria da Capo. E vieram as peças teatrais em versos: Two Slatterns and a King, The Lamp and the Bell e a ópera The King's Henchman. Certa noite ouviu-se First Fig: A minha vela arde nas duas pontas; \ Não vai durar a noite inteira; \ Mas ah!, meus inimigos, e oh!, meus amigos-- \ A sua luz é tão prazenteira!... Era a sua vela no Romany Marie. A última entre sonetos que emergiram aos seus tantos amantes, até ser encontrada morta ao fundo das escadas para o Caminho dos Poetas. Veja mais abaixo e aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Eu amo a humanidade, mas odeio as pessoas. A infância não é desde o nascimento até uma certa idade e em uma certa idade. A criança cresce e guarda as coisas infantis. A infância é o reino onde ninguém morre. Serei a coisa mais feliz sob o sol! Tocarei em cem flores e não colherei nenhuma. Fico feliz por ter prestado tão pouca atenção aos bons conselhos; se eu tivesse obedecido, poderia ter sido salva de alguns dos meus erros mais valiosos... Dizem que quando você sente falta de alguém, provavelmente essa pessoa está sentindo o mesmo, mas não acho que seja possível... Não é verdade que a vida seja uma coisa atrás da outra; é uma maldita coisa repetidas vezes. Eu sei que sou apenas verão para o seu coração, e não as quatro estações completas do ano... Onde você costumava estar, há um buraco no mundo, pelo qual eu ando constantemente durante o dia e caio à noite. Tenho muitas saudades tuas... Veja, eu sou uma poeta e não estou muito bem da cabeça, querido. É só isso...  Pensamento da poeta e dramaturga estadunidense Edna St. Vincent Millay (1892-1950), também conhecida por obras assinadas como Nancy Boyd. Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Só vá aos feiticeiros quando não houver mais nada... Pensamento da médica e ativista haitiana Yvonne Sylvain (1907-1989).

 

POR QUE AS ZEBRAS NÃO TÊM ÚLCERAS - [...] Se eu tivesse que definir uma depressão grave em uma única frase, eu a descreveria como um “distúrbio genético/neuroquímico que requer um forte gatilho ambiental, cuja manifestação característica é a incapacidade de apreciar o pôr do sol. [...] Em um nível incrivelmente simplista, você pode pensar que a depressão ocorre quando seu córtex tem um pensamento abstrato e consegue convencer o resto do cérebro de que isso é tão real quanto um estressor físico. [...] A maioria das pessoas que pratica muito exercício, especialmente na forma de atletismo competitivo, tem, para começar, personalidades não neuróticas, extrovertidas e otimistas. (Os corredores de maratona são exceções a isso.) [...] Os genes raramente tratam da inevitabilidade, especialmente quando se trata de humanos, do cérebro ou do comportamento. Tratam de vulnerabilidade, propensões, tendências. [...]. Trechos extraídos da obra Why Zebras Don't Get Ulcers (Holt Paperbacks, 2004), do cientista e escritor estadunidense Robert Sapolsky, que na obra A Primate's Memoir: A Neuroscientist's Unconventional Life Among the Baboons (Scribner, 2002) expressa que: […] Vivemos bem o suficiente para podermos nos dar ao luxo de adoecer devido ao estresse puramente social e psicológico [...] e no livro The Trouble with Testosterone and Other Essays on the Biology of the Human Predicament (Scribner, 1998) expressa que: […] Não estou preocupado se os cientistas explicarem tudo. Isto ocorre por uma razão muito simples: um impala correndo pela Savana pode ser reduzido à biomecânica, e Bach pode ser reduzido ao contraponto, mas isso não diminui nem um pouco a nossa capacidade de tremer enquanto experimentamos impalas saltando ou Bach trovejando. Só podemos ganhar e crescer com cada descoberta de que existe uma estrutura subjacente aos níveis mais acessíveis de coisas que nos enchem de admiração. Mas há uma razão ainda mais forte pela qual não tenho medo de que os cientistas inadvertidamente expliquem tudo – isso nunca acontecerá. Embora em certos domínios possa ser que a ciência possa explicar qualquer coisa, ela nunca explicará tudo. Como deveria ficar óbvio depois de todas essas páginas, como parte do processo científico, para cada pergunta respondida, uma dúzia de perguntas mais novas são geradas. E geralmente são muito mais intrigantes e desafiadores do que os problemas anteriores. Isto foi afirmado maravilhosamente numa citação de um geneticista chamado Haldane, no início do século: "A vida não é apenas mais estranha do que imaginamos, é mais estranha do que podemos imaginar." Nunca teremos nossas chamas extintas pelo conhecimento. O propósito da ciência não é curar-nos do nosso sentido de mistério e admiração, mas sim reinventá-lo e revigorá-lo constantemente. [...].

 

TODOS OS ANIMAIS DECENTES - [...] Quando ela não consegue dormir, ela escreve. Tudo o que ela lembra são as palavras dele. Logo amanhecerá, com cavalos alimentados pelo fogo trovejando ao som dos grilos no céu. Eu vou ver você correr. E eu vou correr com você. Naquela manhã, enquanto Ata comia uma manga pingando na pia, ela o sentiu se aproximar por trás dela e tocar suas costas, leve como uma corrente de ar. Ele beijou a lateral do pescoço dela, inalou o vapor do cacau amargo, fervendo com folhas de louro, canela e noz-moscada, e disse que isso o lembrava de sua infância. “Você é das ilhas”, disse ela. Mas então ele se foi [...]. Trecho extraído da obra All Decent Animals (Farrar, Straus and Giroux; 2013), da escritora guianesa Oonya Kempadoo, que na obra Tide Running (Farrar, Straus and Giroux, 2003), expressou que: [...] Apenas vindo de Trinidad, nunca poderíamos ter visto a escuridão desta ilha. A força disso dominou e silenciou você. Só depois de se mudar para cá a calma se tornou perturbadora. Traços de ressentimento brilhando sob a pele de rostos orgulhosos, no andar de corpos móveis. A casa, nosso refúgio de férias da vida na cidade de Trinidad, nos seduziu em seu ventre, prometendo paz de espírito, uma vida livre de crime e o azul do Mar do Caribe. Assim que o trabalho de Peter em Trinidad terminou, nos mudamos. E agora o refúgio nos protegia de coisas desconhecidas e profundas. Sempre maternal, dando espaço para erros e meditação, zelando pelo nosso sono. [...].

 


CONCEITO

Não alongo
Poemas
Apenas curto
No máximo
Surto

CURUPIRA

O medo é um galope saindo das trevas
Como quem foge não sabe de quê
O medo é um sol imenso no céu
E uma boca escancarada para a sede
O medo é a possibilidade de enfrentá-lo

POETRIA

Poema é face descoberta
De tudo que pulsa
Poema é atitude permanente
Em tudo que passa
(que massa)

TEORIA LITERÁRIA

Das águas turvas
Nascerá o que não brota
Nos jardins e nos prados
Onde a vida punga
Como equação do silêncio

FRAGMENTES

Escrevo poemas
Para guardar memória
Dos instantes invisíveis
Partidos em milhares
De cacos mínimos
Escrevo poemas
Para não lembrar disso
Para não esquecer
Também

NA PELE DO RIO

A solidão
É uma pedra
No meio duma tempestade
Imóvel provação dos ventos
Escuridão que não fere
E tantas vezes absorve
O limo
Coisa roendo os ossos
Testando o limite que
Alimenta o ar

OLHAR DE ARRANJO

Até a derradeira silaba
Caminho no que estimo
Levar-nos a um silêncio
Não exatamente mudo

EQUILÍBRIO

Quando voar sobre
Incêndios
Não derrete minhas
Asas

LAU SIQUEIRA – O livro Poesia sem pele, do poeta Lau Siqueira traz o prefácio Uma poesia toda nua, da professora de Poesia Brasileira da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de São José do Rio Preto, comprovando a maestria e maturidade do poeta. Mais um excelente livro lançado em 2011 pela Casa Verde, um presente entregue pelos poetamigos Carmen Presotto e Adriano Nunes.

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