domingo, janeiro 25, 2015

TOM JOBIM, BATONI, VIRGINIA WOOLF, SOMERSET MAUGHAN, ADELAIDE CABETE & RENATA FAN.


VIRGINIA & ORLANDO: A ARTE DE WOOLF – A vida e a obra da escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941), são dignos de nota: uma literatura maravilhosa, uma existência impetuosa: depressões da juventude até o suicídio. No dia 28 de março de 1941, ela vestiu o casaco, encheu os bolsos com pedras, deixou uma carta e se afogou no Rio Ouse: “[...] Sinto que com certeza enlouquecerei novamente. [...] E desta vez não devo me recuperar. Começo a escutar vozes, e não consigo me concentrar. Portanto estou fazendo o que parece ser a melhor coisa a se fazer. [...] Não consigo mais lutar [...]”. Quando li o maravilhoso livro Orlando: uma biografia (1928), foi como se eu tivesse saído de uma experiência tão ricamente vivida: uma novela com estilo influente, envolvente, fazendo uso de um método narrativo satírico e bem humorado dos convencionalismos históricos, contando a história de um jovem inglês que, do inopinado, se vê transformado numa mulher dotada de imortalidade: a trama dessa ambiguidade identitária do personagem perpassam as relações da condição humana. Numa parte do livro está inscrito que: “[...] tem razão o filósofo ao dizer que entre a felicidade e a melancolia não medeia espessura maior que a de uma lâmina de faca; e prossegue opinando serem irmãs gêmeas; e daí conclui que todos os extremos de sentimentos são aparentados com a loucura [...] Ruína e morte, pensou, recobrem tudo. A vida do homem acaba no túmulo. Somos devorados pelos vermes. [...] bateu a primeira pancada da meia-noite. A fria brisa do presente afagou-lhe a face com seu breve sopro de medo. Olhou ansiosamente para o céu. Estava escuro, com nuvens, agora. O vento rugia em seus ouvidos. Mas no rugido do vento ouvia o rigir de um aeroplano que se aproximava cada vez mais. – Aqui, Shel, aqui! -, gritou, desnudando seu poeto à lua (que agora brilhava) de modo que suas pérolas resplandeciam como ovos de uma enorma aranha lunar. O aeroplano rompeu as nuvens e pairou por sobre a sua cabeça. Revoou um pouco por cima dela. As pérolas arderam como um relâmpago fosforescente na escuridão. E quando Shelmerdine, agora um garboso capitão, bronzeado, rosado e ativo, saltou em terra,  por cima de sua cabeça voou um pássaro selvagem. – É o ganso! – gritou Orlado. – O ganso selvagem... E a duodécima pancada da meia noite soou; a duodécima pancada da meia noite de quinta feira, onze de outubro de mil novecentos e vinte e oito”. Esse belíssimo livro foi levado para o cinema 1992, na direção de Sally Potter, estrelado por Tilda Swinton e Quentin Crisp. No Brasil, foi encenado sob a direção da Bia Lessa numa temporada em 1989, no Rio de Janeiro com um timaço de atores, entre eles Fernanda Torres, Julia Lemmertz, entre outros, no projeto Inventário do Tempo. A escritora tem uma frase contida no seu ensaio Um teto todo seu (1929) que diz: "Uma mulher deve ter dinheiro e um teto todo seu se ela quiser escrever ficção". Na verdade ela quis dizer: Todo aquele que quiser escrever ficção deve ter dinheiro suficiente e um teto todo seu. Isso sim. Veja mais aqui.

Imagem: Susanna and the Elders, do pintor do Rococó italiano, Pompeu Girolamo Batoni (1708-1787)

Ouvindo: Passarim, do Tom Jobim (1927-1994)

VIVENDO E APRENDENDO A JOGAR - A diferença entre ganhar ou perder, é mera mudança de lado: um ganha, outro perde; o que importa mesmo, é termos a consciência da nossa missão na vida e cumpri-la, não importando quem ganhou ou perdeu, ou se com isso vai ganhar ou perder. Afinal, quem perde, na verdade, ganha uma lição; e quem vence, sem que esteja preparado e só por soberba, torna-se inútil. Veja mais aqui.

SERVIDÃO HUMANA – Para quem na infância se envolveu tanto com os livros de Monteiro Lobato e Viriato Correia, como também Charles Dickens, seria inevitável encontrar outro livro para lá de marcante, como a da leitura que fiz do Servidão humana (Globo, 1944), do escritor britânico William Somerset Maughan (1874-1965). Para ter uma ideia, leia: [...] Os grandes pintores da Espanha, eram os pintores da sua alma e o coração lhe batia rápido ao prefigurar-se em êxtase face a face com aquelas obras que, mais do que quaisquer outras, eram significativas para o seu coração ingênuo e torturado. Tinha lido os grandes poetas mais característicos daquela raça do que os poetas de outras terras; porque eles pareciam ter tirado a sua inspiração não das correntes gerais da literatura mundial, mas diretamente das planícies ressequidas e perfumadas e das montanhas geladas do seu país. Mais alguns poucos meses e ele ouviria com seus próprios ouvidos, a linguagem que lhe parecia mais expressiva da grandezza da alma e da paixão. Seu bom gosto lhe dera uma intuição de que a Andaluzia era demasiado mole e sensual, um pouco vulgar mesmo para satisfazer o seu ardor. Sua imaginação demorava-se com maior boa vontade entre as distancias de Castela varridas pelo vento e a imponente e áspera magnificência de Aragon e Leon. Ele não sabia de todo o que lhe haveriam de dar aqueles contatos desconhecidos, mas sentia que ia tirar deles uma força e um propósito que o tornariam mais capaz de afrontar e compreender as maravilhas múltiplas dos lugares mais distante4s e ainda mais estranhos. Porque aquilo era apenas o começo. Tinha entrando em comunicado com as varias companhias que levavam os médicos em seus vapores e sabia exatamente quais eram, as suas rotas. [...] Um doutor era util em qualquer parte. Poderia haver uma oportunidade para embrenhar-se na Birmânia e que esplendidas florestas na Sumatra ou Borneu não visitaria ele! Era ainda moço e o tempo não lhe dava cuidados. Não tinha laços na Inglaterra, não tinha amigos. Podia ir e vir pelo mundo durante anos, conhecendo a beleza, a maravilha e a multiplicidade da vida. E agora tinha acontecido aquilo! Deixou de lado a possibilidade de que Sally estivesse enganada. Sentiu uma estranha certeza de que seus temores eram fundados. Afinal de contas, aquilo era tão provável... qualquer pessoa podia ver que a natureza havia construído aquela rapariga para ser mãe de filhos. Sabia bem o que devia fazer. Não devia permitir que o incidente o fizesse desviar um passo sequer do seu caminho. [...] Sally havia confiado nele e sido boa para ele. simplesmente não podia fazer uma coisa que, não obstante todo o seu raciocínio, achava horrível. Sabia que não iria ter paz nas suas viagens se levasse consigo o pensamento constante de que ela estava infelicitada. Ademais, havia o pai e a mãe; eles sempre o tinham tratado bem. Não era possível retribuir-lhes com a ingratidão. [...] O seu presente de nupcias para a esposa seriam todas as suas grandes esperanças. Renúncia! Phillip estava enlevado pela sua beleza e durante todo o serão pensou no sacrifício. Estava tão excitado que não pode ler. Teve a impressão de o arrastavam do quarto para as ruas. Subiu e desceu Bridcage Walk com o coração pulsando de alegria. Mal podia suportar a sua impaciência. Queria ver a felicidade de Sally quando ele lhe fizesse a proposta [...]. Veja mais aqui.

ADELAIDE CABETE - A médica obstetra e ginecologista, professora, republicana convicta e feminista portuguesa Adelaide de Jesus Damas Brazão Cabete, ou simplesmente Adelaide Cabete (1867-1935), foi uma ativista pacifista, humanista e abolicionista que, ao seu formar em 1900, defendeu a tese de Protecção às Mulheres grávidas Pobres como meio de promover o Desenvolvimento físico das novas gerações. Em 1907 foi iniciada no Rito Escocês Antigo e Aceite e, depois, no Rito Francês, na Loja Maçônica Feminina Humanidade que, anos depois, passa a ser Loja de Adoção perdendo os direitos detidos em igualdade com lojas masculinas, o que a levou a fundar a Jurisdição Portuguesa da Ordem Maçônica Mista Internacional O Direito Humano, em 1923. Depois disso, passou a integrar a Liga Republicana das Mulheres e, em seguida, fundou a Liga Portuguesa Abolicionista e presidiu o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas com campanhas sufragistas e, por consequência, foi a primeira e única mulher a votar a Constituição Portuguesa, em Luanda, em 1933. Veja mais aqui.

E como todo dia é dia da mulher, hoje a homenagem vai pra modelo Miss Brasil 1999 e apresentadora de programa esportivo na televisão brasileira, Renata Bonfiglio Fan. Veja mais aqui.


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