A QUEM INTERESSA A TRAGÉDIA DA SECA? – No ano de 1900, Darcy Ribeiro
registra uma notícia no seu Aos trancos e
barrancos: como o Brasil deu no que deu, a respeito da grande seca que
assola a região nordestina: “Grande seca
– que se reitera em 1903 e 1904 – castiga o Nordeste, matando, imbecilizando e
pondo na estrada multidões de retirantes que, de passagem, roubam cabras e
ovelhas, invadem cidades rezando e esmolando. O governo cria frente de trabalho
para socorrê-los”. Quem leu a obra de Raquel
de Queiroz, O quinze, ficou
sabendo o que se deu desses anos de seca, culminando com a grande seca de 1915.
Sucessivos anos de seca levaram o jornalista e escritor Antonio Callado a denunciar que: “[...] Os “industriais da seca” se utilizam da
calamidade para conseguir mais verbas, incentivos fiscais, concessões de
crédito e perdão de dívidas valendo-se da propaganda de que o povo está
morrendo de fome. Enquanto isso, o pouco dos recursos que realmente são
empregados na construção de açudes e projetos de irrigação, torna-se inútil
quando estes são construídos em propriedades privadas de grandes latifundiários
que os usam para fortalecer seu poder ou então, quando por falta de
planejamento adequado, se tornam imensas obras ineficazes”. A partir disso
procurou-se levantar uma bibliografia acerca do tema, encontrando em Renato Duarte um farto material, incluindo
Durval Albuquerque Junior, no seu
artigo “Palavras que calcinam, palavras
que dominam: a invenção da seca do Nordeste” que engrossa o caldo das
denúncias acerca das ações dessa indústria nefasta que toma conta do
desenvolvimento nordestino. Essa indústria, para Caroline Faria e Conceição Filgueira, é uma herança que aprisiona o Nordeste oriunda
da sociedade patriarcal, escravocrata, monocultora, latifundiária e
aristocrática do passado colonial, envolvendo fatores econômicos, sociais,
raciais e diversas discriminações sérias das desigualdades entre as regiões.
Acrescenta Roberto Alves Silva
que o drama da calamidade pública ainda se repete nos períodos prolongados de
estiagem e das chuvas irregulares: “Os
meios de comunicação tratam de dar maior visibilidade aos problemas regionais e
de recolocar para a população algumas soluções que poderiam mudar esse quadro.
[...] As políticas emergenciais, no
entanto, continuaram ocorrendo concomitantes às ações hídricas de combate à
seca, sem promover modificações significativas nos determinantes estruturais
das calamidades sociais nas secas; [...] Verifica-se que a proposta do “combate à seca e aos seus efeitos”,
atualmente em crise, não participa ativamente da disputa tendo em vista que os
seus fundamentos negam, explicitamente, os princípios da sustentabilidade”.
Afinal, a quem interessa o drama de todo nordestino promovido pela indústria da
seca? Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá. Veja mais aqui.
REFERÊNCIAS:
ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval M. Palavras que
calcinam, palavras que dominam: a invenção da seca do Nordeste. Revista Brasileira de História. São
Paulo, ANPUH/Marco Zero, vol. 15, nº 28, pp. 111-120; 1995.
CALLADO, Antonio. Os industriais da seca e os
galileus de Pernambuco. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1960.
DUARTE, Renato. Bibliografia da seca do
Nordeste. Banco do Nordeste/Universidade do Texas, 2002.
FARIA, Caroline. Industria da seca.
InfoEscola/Fundaj, 1994.
FILGUEIRA, Maria Conceição. Eloy de Souza: uma interpretação sobre o Nordeste e os
dilemas das secas. Natal : EDUFRN, 2011.
QUEIROZ, Raquel. O
quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968.
RIBEIRO, Darcy.
Aos trancos e barrancos: como o Brasil deu no que deu. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1985.
SILVA, Roberto Alves. Entre o combate à seca
e a convivência com o semi-árido: transições paradigmáticas e sustentabilidade
do de senvolvimento. Brasília: UnB, 2006.
Imagem: Siréne espagnole (1912) do pintor neerlandês Kees van Dongen (1877-1968)
Ouvindo a ópera A flauta mágica, do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), com a Orquestra Sinfônica de Limeira sob a regência de Fernando Barreto, soprano Raíssa Amaral, direção musical de Angelo Fernandes e direção cênica de André Estevez.
APRUMANDO A CONVERSA – Já dizia o escritor latino Sêneca (4aC/65dC): “A virtude não consiste em temer a vida, mas em fazer face às grandes adversidades e jamais voltar-lhe as costas”, trecho esse recolhido pelo filósofo e escritor francês Michel de Montaigne (1533-1592) nos seus Ensaios, acrescentando que: “Na verdade, é fácil menosprezar a morte; o mais bravo é o que saber ser infeliz”. E vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!! Veja mais aqui.
O REDONDO UNIVERSO DO POETA E DA POESIA – Abordando
sobre a poesia do poeta alemão Rainer
Maria Rilke (1875-1926), o filósofo, crítico literário e epistemólogo
francês Gaston Bachelard
(1884-1962), na sua obra A poética do espaço (Abril, 1978), expressa que: [...] Às vezes existe uma forma que guia e que
enfeixa os primeiros sonhos. Para um pintor, a árvore se compõe em sua
redondeza. Mas o poeta retoma o sonho mais alto. Sabe que o que se isola se
arredonda, toma a figura do ser que se concentra em si. Nos Poemas Franceses de
Rilke, isso acontece. Em torno de uma árvore sozinha, meio de um mundo a cúpula
do céu vai arredondar-se seguindo a regra da poesia cósmica. [...] É certo que o poeta só tem sob os olhos uma
árvore da planície: ele não pensa em nenhuma árvore lendária que fosse só para
ele todo o cosmos unindo a terra e o céu. Mas a imaginação de ser redondo segue
sua lei; já que a nogueira é, como diz o poeta, orgulhosamente redonda, ele
pode saborear a abobada dos céus. O mundo é redondo em torno do ser redondo. E
de verso em verso, o poema vai crescendo, aumenta seu ser. A ávore está viva,
pensando, voltada para Deus. [...] Aqui,
o devir tem mil formas, mil folhas, mas o ser não suporta nenhuma dispersão: se
eu jamais pudesse numa vasta coleção reunir todas as imagens do ser, todas as
imagens múltiplas, cambiantes que, da mesma forma, ilustram a permanência do
ser, a árvore rilkiana abriria um grande capítulo em meu álbum de metafísica
concreta. Veja mais aqui e aqui.
A ENCANTADORA BELEZA LUSITANA DE MARIA – Desde que a vi como Anais Nin no Henry & June do Philip Kaufman, a Yvonne de La Tentation de Vénus de Istvan Szabo, a
Marta no Huevos de oro de
Bigas Luna, no Pulp Fiction de
Quentin Tarantino, mais no Porto
da Minha Infância, Paraíso Perdido, Retrato de Família, entre outros filmes em
que ela desfilou a sua beleza encantadora, que me tornei fã da atriz, cineasta
e cantora portuguesa Maria de Medeiros Esteves Victorino de Almeida, ou
simplesmente, Maria de Medeiros.
Nada mais justo que aqui homenageá-la na campanha Todo dia é dia da mulher.
Veja mais aqui.
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