Imagem: painéis Guerra e Paz (1952-56), do pintor brasileiro Cândido Portinari (1903-1962) Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Circense (EMI, 1979), do compositor, multinstrumentista e
arranjador Egberto Gismonti.
VAMOS
APRUMAR A CONVERSA? PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO NOS FESTEJOS JUNINOS– Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos
mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino, no blog MCLAM do programa
Domingo Romântico. Na programação dos festejos juninos com muita canjica, pamonha, milho assado na fogueira, angu, rolete de cana, rastapé no anarriê, os homens cumprimentando as mulheres, passeio na roça, atravessando a ponte, dancê, olha a chuva! -, é festa junina comandada pela Ísis Corrêa Naves
muitas atrações: Gilberto Gil, Inezita Barroso, Sônia Nogueira, Santo Antônio, Wilson Monteiro, Sandra
Fayad, Turma da Mônica, Meimei Corrêa, Banda Nova Estação Recife, Festa Junina,
Nita & Capelinha de melão & Cai cai balão & Chegou a hora da
fogueira & muita música, muita poesia, histórias e
brincadeiras pra garotada. Para conferir ao vivo e online clique aqui ou aqui.
PLATERO
E EU – O livro Platero e eu (1917 – Martins Fontes,
2010), do poeta espanhol e Prêmio Nobel de Literatura de 1956, Juan Ramón Jiménez (1881-1958), conta a
história da caminhada e as vivências poéticas do autor com o seu burrinho,
Platera, na cidade de Moguer, Andaluzia, Espanha, narrando a vida de um adulto
que não perdeu a infância, valorizando os valores humanos e exaltando a vida
acima das misérias, sofrimento e ruínas. Da obra destaco o trecho: Platero é pequeno, peludo, suave, tão macio, que
dir-se-ia todo de
algodão, que não tem ossos. Só os seus olhos são duros como dois escaravelhos
de cristal negro. Deixo-o solto, e vai para o prado, e acaricia levemente com o
focinho, mal roçando, as florinhas
róseas, azuis - celestes e amarelas... Chamo-o docemente: “Platero”, e ele vem
5 até mim com um trote curto e alegre que parece rir . Come
o que lhe dou. Gosta das tangerinas, das uvas moscatéis, dos figos roxos, com a
sua cristalina gotita de mel... É terno e mimoso como um menino, como uma
menina...; mas forte e seco como de pedra. Quando passo nele, aos domingos,
pelas últimas ruelas da aldeia, os camponeses, vestidos de lavado e vagarosos,
param a olhá-lo: - Tem aço... Tem
aço. Aço e prata de luar, ao mesmo tempo. [...] Platero brinca com Diana, a linda cadela branca que parece o quarto
crescente; com a velha cabra cinzenta, com as crianças... Diana salta, ágil e
elegante, diante do burro, tocando ao de leve a campainha, e faz que lhe morde
o focinho. E Platero, pondo as orelhas em ponta, como dois cornos, marra-lhe
brandamente, e fá-la rolar na erva em flor. A cabra vai ao lado de Platero,
roçando-se nas suas patas, puxando, com os dentes, a ponta das espadanas da
carga. Com uma cravina ou uma margarida na boca, põe-se na frente dele,
toca-lhe na testa, brinca, e bale alegremente [...] Entre crianças, Platero é um brinquedo! Com que paciência sofre as suas
loucuras! Como caminha devagar, parando, fingindo-se pateta, para que elas não
caiam! Como as assusta, iniciando, de súbito, um trote falso! Claras tardes do
Outono [...] Quando o vento puro de
Outubro afia os seus límpidos rumores, ouve-se do vale um alvoroço de balidos,
de relinchos, de risos infantis, de batidos e de campainhas [...] Veja mais
aqui.
IRMÃO,
IRMÃOS – No livro Menino antigo (Sabiá/José Olympio,
1973), do poeta Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987), o autor mergulha no passado infantil e mesmo em época
anterior ao seu nascimento, inscrito na memória atávica e no seu conflito com a
vida, sem nostalgia nem complacência consigo mesmo e sem recorrer a arquivos: o
passado presentifica-se, as coisas voltam a acontecer, pungentes ou cômicas. Da
obra destaco o poema Irmão, irmãos: Cada
irmão é diferente. / Sozinho acoplado a outros sozinhos. / A linguagem sobe
escadas, do mais moço, / ao mais velho e seu castelo de importância. / A
linguagem desce escadas, do mais velho / ao mísero caçula. / São seis ou são
seiscentas / distâncias que se cruzam, se dilatam / no gesto, no calar, no
pensamento? / Que léguas de um a outro irmão. / Entretanto, o campo aberto, / os
mesmos copos, / o mesmo vinhático das camas iguais. / A casa é a mesma. Igual, /
vista por olhos diferentes? / São estranhos próximos, atentos / à área de
domínio, indevassáveis. / Guardar o seu segredo, sua alma, / seus objetos de
toalete. Ninguém ouse / indevida cópia de outra vida. / Ser irmão é ser o quê?
Uma presença / a decifrar mais tarde, com saudade? / Com saudade de quê? De uma
pueril / vontade de ser irmão futuro, antigo e sempre? Veja mais aqui e
aqui.
FAMÍLIA
COMPOSTA – A peça
teatral Família composta (MEC, 2006),
do escritor e jornalista Domingos
Pellegrini, faz uma reflexão bem humorada sobre a importância da adaptação
às rápidas e profundas mudanças da sociedade, prepando-se para a renovação sem
preconceitos e resistência, no sentido de alcançar uma convivência melhor. Da
obra destaco o trecho a seguir: HOMEM DA
TEVÊ: Pesquisa da Unicef revela que, além da alimentação incorreta e do
estresse, uma das principais causas de enfarte são as chamadas emoções
reprimidas, como o remorso, o ódio, a inveja, a amargura ou rancor, que podem
também levar à depressão! A pesquisa... PAI (DESLIGA A TEVÊ): Pois saiba que eu
não tenho rancor nenhum, depressão muito menos, levo uma vida ótima e... Ai!
(CURVASE COM A MÃO NO PEITO) Ai! MÃE: Que foi?! PAI: Nada, uma pontada, só uma
pontada, ai! (DEITA NO SOFÁ) MÃE (GRITANDO): Dalvo, Dalvo! PAI: E, além de
poeta, se chama Dalvo! Eu mereço, devo ter feito muito mal a algum poeta em
alguma outra vida... Ai! MÃE: Fica quieto, não fale! Daaaalvooooo! PAI: Lembra
quando a gente casou e fazia amor neste sofá, lembra? MÃE: Lembro, antes de
você ficar vendo tevê e tomando cerveja até dormir aqui mesmo! PAI: Me perdoa!
Ai, parece que estão me enfiando uma faca! MÃE: Faca vão te enfiar é na mesa de
operação se for o que estou pensando. Fica quieto! [...] MÃE: Calma, meu bem, não se exalte, lembre
que o seu coração... PAI: O que você disse? MÃE: Que o seu coração... PAI: Não,
antes. Me chamou de meu bem? MÃE: É, afinal fomos casados quantos anos? PAI:
Fomos não, somos! Eu não pedi divórcio, nem você! Talvez a gente já
pressentisse que, com o tempo... (DÃO-SE AS MÃOS) MÃE: Pois é, o tempo... Será
que ainda temos tempo? PAI: Meu bem, como dizem os Stones... MÃE: Quem? PAI: Os
Rolling Stones, meu bem, dizem que o tempo está do nosso lado e é nosso amigo
quando a gente sabe viver a vida! MÃE: Mas quem são esses Rolestones aí? PAI:
Um conjunto de rock, querida, vou te mostrar. Eu não andei morto enquanto você
Os Rolling Stones é um grupo de rock em atividade desde 1962. A música Time is
on my side é uma das mais antigas gravações da banda. Esteve fora, ouvi coisas
novas, li novas coisas, pensei em me renovar! Vamos namorar? MÃE: O que?! PAI:
Namorar. Como outrora se namorava pra ver se você gosta de mim e eu também de
você! Talvez começar agora uma nova vida enfim! MÃE: Eu... eu nem sei o que
dizer! PAI: Querida, não diga nada é até melhor que assim seja porque a boca
que beija já está demais ocupada... BEIJAM-SE ENQUANTO ESCURECE EM RESISTÊNCIA
E OUVE-SE A VOZ DE RATINHO: RATINHO: Fala, Sombra! SOMBRA: Pois não, Ratinho!
Sogro de poeta monta site na internet chamado Velho Namoro, pregando a volta ao
velho costume de namorar firme, em vez de ficar fácil! E recomenda o namoro
especialmente para as pessoas da terceira idade! E para os jovens recomenda
namorar mais e ficar menos! RATINHO: E nós ficamos com nossos comerciais,
Sombra! ACENDEM-SE AS LUZES E A TEVÊ. HOMEM DA TEVÊ: Isto foi uma peça de
teatro. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é para nos fazer pensar
que também podemos mudar a nossa vida. Tudo está em mudança rápida. Há apenas
um século, mulheres não podiam votar. Meio século atrás, a maioria da população
morava no campo, hoje 90% moram na cidade. Eram raras as mulheres que
trabalhavam fora de casa, ao contrário de hoje. A educação superior era para
poucos. Os serviços de saúde eram muito pouco usados, até porque existiam
poucos serviços públicos de saúde. A população ainda não sabia que paga
impostos embutidos no preço de tudo que compra. De lá para cá, tudo mudou
muito, a família também. As famílias compostas hoje são maioria na população
brasileira. Quem não muda, fica per dido. Eu mesmo não sei mais o que dizer
diante disso. Podem se retirar, por favor. Isto foi uma peça de teatro. Não sei
mais o que dizer. Vão viver. Podem se retirar, por favor. Isto foi uma peça de
teatro e isto é uma gravação. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é
apenas para nos fazer pensar que também podemos mudar a nossa vida. Tudo está
em mudança rápida. Há apenas um século... (CONTINUA REPETINDO A MENSAGEM ATÉ O
PÚBLICO SE RETIRAR). FIM. Veja mais aqui e aqui.
O
CONTADOR DE HISTÓRIAS –
O premiado drama biográfico O contador de
histórias (2009), do diretor Luiz Villaça, conta história de um contador de
histórias que quando criança favelada na década de 1970 é levada para a Febem
pela própria mãe que acreditava nas promessas governamentais de dias melhores
para ele. Na instituição o menino passa por situações constrangedoras e maus
tratos, até ser tido na condição de irrecuperável, o que o faz fugir e,
acidentalmente, encontrar a pedagoga francesa Margherit Duvas que o acolhe, alfabetiza
e, tempos depois, o leva para a França, não antes passar por maus bocados na
vida. Trata-se da história de Roberto Carlos Ramos, um menino favelado que
passa por todas as deprimentes situações das instituições brasileiras e que
hoje realiza o seu trabalho. Um filme comovente e digno de ser visto por todos.
O destaque do filme fica por conta da lindíssima atriz e cineasta Maria de Medeiros. Veja mais aqui, aqui
e aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do artista gráfico e
editor do A Notícia, Jamilton Barbosa
Correia.
Veja mais sobre:
Tudo em mim mestiço sou, O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, o anarquismo de Emma Goldman, A história da vida de Helen Keller, a música de Haydn &
Guilhermina Suggia, A escultura de Luiz Morrone, a pintura de Pisco Del Gaiso & Martin Eder, Os
Fofos Encenam & Viviane Madu aqui.
E mais:
Os tantos e muitos Brasis aqui.
Tudo é Brasil aqui.
Água morro acima, fogo
queda abaixo, isto é Brasil
aqui.
Preconceito, ó, xô prá lá aqui.
Ih, esqueci!, A natureza de Anaximandro de Mileto,
Tutameia de Guimarães Rosa, a poesia reunida de Lelia Coelho Frota, a música de
Ida Presti, Geração Trianon & Anamaria Nunes, o cinema de Krzystof
Kieslowski & Irène Marie Jacob, a pintura de Lavinia Fontana & a arte
de Márcio Baraldi aqui.
Zezé Mota, O grande serão de Guimarães
Rosa, a música de Milton Nascimento & Caetano Veloso, a entrevista de
Rejane Souza, Rafael Nolli, a arte de Isabelle Adjani, Sóstenes Lima &
Vestindo a Carapuça aqui.
A psicanálise de Karen Horney &
Homofobia é crime aqui.
Cantador & Cantarau Tataritaritatá aqui.
Fecamepa: Quando o estreitamento do
compadrio está acima da lei, aí, meu, as panelinhas mandam ver e só os
privilegiados se banqueteiam aqui.
Brincarte do Nitolino, Menino de engenho de José Lins do Rego,
A canção de Allen Ginsberg, a música de Charles Lecocq, O signo teatral de
Ingarden & Cia., O choque das civilizações de Samuel Huntington, Noite
& neblina de Alain Resnais, a pintura de Raoul Dufy & a arte de Catherine
Deneuve aqui.
A vida se desvela nos meus olhos fechados, Outras mentes de John Langshaw Austin, Humilhados e
ofendidos de Fiodor Dostoiévski, Daniel Deronda de Georg Eliot, a pintura de
Top Thumvanit & Rico Lins, a música de Mísia, a fotografia de Edward
Weston, a arte de Stephanie Sarley & Krzyzanowski aqui.
Carta de amor, Espécies naturais de Willard Van Orman
Quine, Mulher da cor do tango de Alicia Dujovne Ortiz,
a música de Dori Caymmi, Memórias de Prudhome de Henry Monnier, a
fotografia de João Roberto Riper, Poema da paz de Madre Teresa de Calcutá, a
arte de Tanja Ostojić & Luciah Lopez aqui.
A fome e a laranjeira, Princípios da filosofia do direito de
Hegel, Declaração da Independência do Espírito de Romain Rolland, O diário de Frida Kahlo, a música de Bach & Janine Jansen, a
fotografia de Sebastião Salgado, a xilogravura de Fernando Saiki, a arte de David Padworny & Tempo de amar de Genésio Cavalcanti aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.