VAMOS
APRUMAR A CONVERSA? SEGUNDA FEIRA:
Não estou morto e respirei aliviado. Veio o Sol e não sei nada, nem me eternizo.
Não tenho ninguém para ficar comigo a esta hora. E as pessoas patéticas e tolas
saíram para não sei quê nem onde: fabricam sonhos nas ruas. Os barulhos
indômitos refazem a cidade de pernas pro ar. Sorrio e choro lavando o destino,
nenhuma ressurreição no tempo: o sisifismo louco dos dias e a contagem
regressiva das horas. Coabita comigo as imagens de ontem e a migração dos
ponteiros no corrimão tortuoso da manhã. Ademais, me deprimo com tudo isso: tudo
no espelho. Não estou morto e respirei aliviado com o amanhecer. (Luiz Alberto
Machado. O Trâmite da Solidão: Nascente, no prelo). Veja mais aqui.
Imagem: Martyrdom of St Catherine, do pintor espanhol Francisco Ribalta (1565-1628).
Curtindo Concerto para Piano e Orquestra em Lá menor, Opus 54. (1841 e 1845), do músico e compositor alemão Robert Schumann (1810-1856), in New Talent Concert con la Meadows Symphony Orchestra y Paul Phillips (director). Caruth Auditorium (Dallas, EEUU). Marzo 2008.
AS
CONSEQUÊNCIAS DA MODERNIDADE
– A obra As consequências da modernidade
(Unesp, 1991) do sociólogo britânico Anthony
Giddens, aborda temas como as descontinuidades da modernidade, segurança e perigo,
confiança e risco, sociologia e modernidade, tempo e espaço, desencaixe, a reflexividade
da modernidade, pós-modemidade, as dimensões institucionais da modernidade, a globalização,
duas perspectivas teóricas, dimensões da globalização, confiança em sistemas abstratos,
perícia, segurança ontológica, o pré-modemo, a transformação da intimidade, relações
pessoais, reações de adaptação, uma fenomenologia da modernidade, desabilitação
e reabilitação na vida cotidiana, objeções à pós-modemidade, Jagrená: realismo utópico,
orientações futuras, o papel dos movimentos sociais, entre outros assuntos. Da
obra destaco o trecho introdutório: Hoje, no final do século XX, muita
gente argumenta que estamos no limiar de uma nova era, a qual as ciências
sociais devem responder e que está nos levando para além da própria
modernidade. Uma estonteante variedade de termos tem sido sugerida para esta
transição, alguns dos quais se referem positivamente à emergência de um novo
tipo de sistema social (tal como a "sociedade de informação" ou a
"sociedade de consumo"), mas cuja maioria sugere que, mais que um
estado de coisas precedente, está chegando a um encerramento
("pós-modernidade", "pós-modernismo", "sociedade
pósindustrial", e assim por diante). Alguns dos debates sobre estas
questões se concentram principalmente sobre transformações institucionais,
particularmente as que sugerem que estamos nos deslocando de um sistema baseado
na manufatura de bens materiais para outro relacionado mais centralmente com
informação. Mais frequentemente, contudo, estas controvérsias enfocam
amplamente questões de filosofia e epistemologia. Esta é a perspectiva
característica, por exemplo, do autor que foi em primeiro lugar responsável
pela popularização da noção de pós-modernidade, Jean-François Lyotard. Como ele
a representa, a pós-modernidade se refere a um deslocamento das tentativas de
fundamentar a epistemologia, e da fé no progresso planejado humanamente. A
condição da pós-modernidade é caracterizada por uma evaporação da grand
narrative — o "enredo" dominante por meio do qual somos inseridos na
história como seres tendo um passado definitivo e um futuro predizível. A
perspectiva pós-moderna vê uma pluralidade de reivindicações heterogêneas de
conhecimento, na qual a ciência não tem um lugar privilegiado. [...] Veja mais
aqui.
MEMÓRIAS
DE ADRIANO – O romance Memórias de Adriano (Mémoires d'Hadrien - Círculo do Libro, 1974), da escritora
belga de língua francesa Marguerite de
Yourcenar (1903-1987), narra a autobiografia imaginária em forma de carta
do imperador romano Adriano dirigida a seu filho adotivo e futuro imperador,
Marco Aurélio, dividida em seis partes que se iniciam com um prologo, Animula
vagula blandula, Varius multiplex multiformis, Tellus satabilita, Saeculum
aureum, Disciplina augusta, Patientia e o epílogo, contando suas façanhas e
paixão pelo jovem catamita Antínoo, no período de início do Cristianismo. Da
obra destaco o trecho: [...] Trouxeram-me para Baias; o trajeto foi penoso sob
o calor de julho, mas respiro melhor à beira-mar. As ondas fazem na praia seu
murmúrio de seda amarrotada e de carícia; desfruto ainda de longos entardeceres
rosados. Já não seguro as tabuinhas de anotações, exceto para ocupar minhas
mãos, que se agitam independentemente da minha vontade. Ordenei que fossem
chamar Antonino; um correio partiu a toda a pressa para Roma. Ruído dos cascos
de Borístenes, galope do cavaleiro trácio... O pequeno grupo dos meus íntimos está
reunido à minha cabeceira. Chábrias faz-me pena; as lágrimas assentam mal às
rugas dos velhos. O belo rosto de Céler permanece, como sempre, estranhamente
calmo; procura cuidar-me sem deixar transparecer nada que possa aumentar a
inquietação ou a fadiga do doente. Mas Diotimo soluça, com a cabeça enterrada
nas almofadas. Assegurei seu futuro. Ele não ama a Itália; poderá realizar seu
sonho de retornar a Gadara e abrir ali com um amigo uma escola de eloqüência.
Nada tem a perder com minha morte. Entretanto, o frágil ombro agita-se
convulsivamente sob as dobras da túnica; sinto sob meus dedos lágrimas
deliciosas. Adriano terá sido humanamente amado, até o fim. Pequena alma, alma
terna e inconstante, companheira do meu corpo, de que foste hóspede, vais descer
àqueles lugares pálidos, duros e nus, onde deveras renunciar aos jogos de
outrora. Por um momento, contemplemos juntos ainda os lugares familiares, os
objetos que certamente nunca mais veremos... Esforcemo-nos por entrar na morte
com os olhos abertos... Veja mais aqui e aqui.
FEDRA – A tragédia em cinco atos Fedra (1677), do poeta trágico,
dramaturgo, matemático e historiador francês Jean Racine (1639-1699), conta a história que envolve os
personagens Hipólito, Teseu, Fedra, Enone e Ismênia – oriunda da tragédia
Hipólito de Eurípides. Da obra destaco a Cena VII do quinto ato traduzido por
Millôr Fernandes: CENA
VII (Teseu, Fedra, Terâmeno, Panopéa, Guardas) TESEU Pois bem, tu triunfaste;
meu filho já não vive! Ah, quantas razões de medo; uma suspeita cruel Alarma
meu coração até o fundo! Mas, bem!, ele está morto. A vítima te pertence. Goza
o seu fim, justo ou injusto. Que os meus olhos continuem enganados para sempre.
Devia ser culpado, pois tu o acusaste. Sua morte já me traz dores bastantes
Para que eu vá atrás de verdades odiosas Que não me darão Hipólito de volta, E
talvez venham aumentar meu desespero. Deixem-me longe de todos, longe destes
lugares, Longe da imagem de meu filho estraçalhado. Perdido, perseguido pela
lembrança mortal, Gostaria de exilar-me do Universo inteiro. Tudo parece se
erguer contra minha injustiça; A fama do meu nome aumenta o meu suplício:
Desconhecido dos homens seria fácil esconder-me. Odeio as atenções com que me
honram os deuses; Já estou aqui chorando seus louvores assassinos; Não vou
cansá-los mais com súplicas inúteis. Façam o que fizerem, essa proteção
funesta, Jamais me pagará o que de mim tiraram. FEDRA Não, Teseu, é necessário
romper um injusto silencio; Devolvendo a teu filho toda sua inocência; Ele não
tinha culpa. TESEU Ah! pai infortunado! E por acreditar em ti eu o condenei!
Cruel! Pensa que bastaria uma desculpa... FEDRA Os momentos são preciosos. Me
escuta, Teseu. Fui eu que lancei um olhar profano e incestuoso Sobre teu filho
respeitoso e casto. O céu pôs no meu peito uma chama insaciável, E a execrável
Enone conduziu todo o resto. Ela temia que Hipólito, ao conhecer minha paixão,
Revelasse o sentimento que lhe causava horror. A infame, abusando de minha
extrema fraqueza, Correu junto de ti e o acusou sem pena. Depois, fugindo à
minha ira, castigou a si mesma, Procurando nas ondas o suplício mais fácil. Com
a espada eu pretendia encurtar meu destino, Mas temi deixar minha honra gemendo
entre suspeitas. Vindo aqui expor os meus remorsos Eu desço até os mortos por caminho
mais lento. Um veneno, que Medéa me trouxe de Atenas, Já corre e queima em
minhas veias, Atinge meu coração. E nesse coração moribundo lança um terror
gelado. Uma nuvem opaca já me oculta O céu e o esposo, a quem minha vida
insulta. A morte, mergulhando meus olhos no escuro, Devolve à luz do dia o seu
brilho mais puro. PANOPÉA Está morta, senhor! TESEU Pudesse expirar com ela a
memória Dessa ação tão negra! Vai, Teseu, com o teu erro, ai!, tão demonstrado,
Vai misturar tuas lágrimas ao sangue de teu filho Abraçar o que resta dele,
Expiar o remorso de teu apelo aos deuses. Rendamos a Hipólito as honras que
merece. E pra melhor apaziguar seu espírito torturado E os deuses que urdiram
tal armadilha Arícia, sua amante, agora é minha filha.
Veja mais aqui.
EU
TE AMO – O drama Eu te amo (1981), dirigido pelo
cineasta, escritor, jornalista, roteirista e dramaturgo Arnaldo Jabor, com
trilha sonora de Cesar Camargo Mariano e música de Tom Jobim e Chico Buarque,
relata a história de um casal: um industrial recém-separado e falido, uma
mulher traumatizada por um relacionamento unilateral. Ambos desejam se amar,
porém impera um medo brutal no encontro que se desenvolve por meio de diálogos
e monólogos surreais que tratam de machismo, prostituição e homossexualidade,
retratando uma visão pessimista do Brasil. O destaque do filme é a sempre
maravilhosa atriz e ícone cultural brasileira Sonia Braga. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do desenhista, ilustrador e
artista gráfico holandês radicado no Caribe, Ary Spoelstra.
Veja mais sobre:
Tunga: toro imaginário no interior de uma
rocha, a poesia de
César Vallejo, a estética do teatro de Redondo Junior, João Pessoa, a arte de
Sônia Braga, a música de Ná Ozzetti & Os sapos da política de Edson Moura aqui.
E mais:
Vamos aprumar a conversa: segunda-feira, As conseqüências da modernidade de
Anthony Giddens, Fedra de s Jean Racine, o cinema de Arnaldo Jabor & Sônia
Braga, a literatura de Marguerite de Yourcenar, a música de Robert Schumann, a pintura de Francisco Ribalta &
a arte de Ary Spoelstra aqui.
A personologia de Henry Murray aqui.
Literatura de cordel: A quadrilha junina
de Francisco Diniz aqui.
Precisamos discutir sobre os próximos 20
anos, Vitórias e
derrota de Zygmunt Bauman, A humanidade do estranho diário de Carolina de
Jesus, o teatro de Tennessee William, o cinema de Jules
Dassin & Melina Mercouri, Brincarte & Literatura Infantil, A
vida íntima & privada de Fernanda Bruno, a coreografia de Janice Garrett
and Dancers Heidi Schweiker, a pintura de Alessandra Tomazi, a entrevista de
Rejane Souza, a arte de Arlinda Fernandes & Luciah
Lopez, a música de Irina Costa & Canção de quem ama além da conta aqui.
Aprendi a voar nas páginas de um livro, O homem e seus símbolos de Carl Gustav
Jung, O homem e a sociedade de Wilfred Ruprecht Bion, A atualidade de Georg
Simmel, a escultura de Wilhelm Lehmbruck, Assombrações de Eduardo Caballero
Calderón, o teatro de Oduvaldo Vianna Filho & Helena Varvaki, O direito de
viver e deixar viver, a fotografia de Rebeka Barbosa, a arte de Karen Robinson
& Luiz Paulo Baravelli, a música de Tarita de Souza, Tracey Emin & Samuel Szpigel, a entrevista de Katia Velo, Por mais que a gente
faça nunca será demais & Do que fui e o que não sou mais aqui.
Para viver o personagem do homem, Educação e escolarização de Ivan
Illich, Vínculo, afeto & apego de Edward John Bowlby, Platão, o teatro de
Nelson Rodrigues, a entrevista de Geraldo Azevedo, a pintura de Cândido
Portinari, a escultura de Georg Kolbe, o cinema de Shohei Imamura & Misa Shimizu, a música de Zap Mama & Marie Daulne,
a coreografia de Katherine Lawrence, a fotografia de Ryan
Galbrath & Mario Testino, Bastinha Job, A Notícia & Jamilton Barbosa Correia, a arte de Rachel Howard, Depois das eleições, De cara pro
futuro, levando tudo nos peitos, munheca em dia & pé na tábua & O que
deu, deu; o que não deu, só na outra aqui.
Quando o futuro chega ao presente, Escritos de Michel Philippot, A bússola
dobrada de Phillip Pullman, A física do horizonte de Gilles Cohen-Tannoudji, A
música de Antonín Dvořák & Alisa Weilerstein, a arte de Willow
Bader & Lorenzo Villa, a fotografia de Katyucia Melo & a poesia
de Bárbara Sanco aqui.
Mais que tudo o amor, Confesso que vivi de Pablo Neruda, o
pensamento de Pierre Gringore, O teatro e seu duplo de Antonin Artaud, a música
de Ana Rucner, a fotografia de Daniel Ilinca, a poesia de
Mariza Lourenço & a arte de Luciah Lopez aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by Ísis
Nefelibata
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.