quinta-feira, junho 18, 2015

HABERMAS, BETHÂNIA, GILBERTO TELES, ARLETE SALLES, VIEN, ISABELLA, AMMANATI & ANA OSÓRIO.


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? DESNORTEIO – Na minha vida eu levei muita pancada. Foi bordoada de quase rachar no meio. No desenfreio alinhei todo viés, escapei de revestrés pra ajeitar o desnorteio. No aperreio eu passei toda desdita, fiz de premio pra conquista o que ganhei no pisoteio. Mas pra que tanta se apenas uma basta, quanto mais a vida arrasta mais se aprende a lição. Eu vou menino e piso bredo nas manobras, vai que um dia a sorte sobra pra aprumar a direção. Eu dei topada, levei tombo e ralei mais, no ademais muita asneira no passeio. E no recreio da maior das presepadas, fui gaiato nas quebradas fiz vergonha sem ter freio. Pra cabeceio só queria era abafar e a mulherada se achegar pra viver no meu rodeio. Mas pra que tanta se apenas uma basta, quanto mais a vida arrasta mais se aprende a lição. Eu vou menino e piso bredo nas manobras, vai que um dia a sorte sobra pra aprumar a direção. Hoje aprendi que na vida tudo prova. Não tem corcova que aguente a danação. Não dá mais não, ser roto do esfarrapado ou sujo do malavado, ser jeitoso sabidão, ser outro então com a paz de responsável cultivando o sustentável modo de ser cidadão. (Desnorteio, Luiz Alberto Machado). Veja mais aqui e aqui.

Imagem: Suzanna and the Elders (1746), do pintor francês Joseph-Marie Vien (1716-1809)

Curtindo Carta de Amor (Ato 1 & 2 – Biscoito Fino, 2013), da cantora Maria Bethânia.

TÉCNICA E CIÊNCIA ENQUANTO IDEOLOGIA – No livro Técnica e ciência enquanto ideologia (Edições 70, 1968), do filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas, o autor aborda temas como a ideologia da sociedade industrial, as teses de Herbet marcuse, a industrialização e capitalismo em Max Weber, ciência e tecnologia na sociedade caputalista, Husserl, ideologia e dominação de classe, nova ciência e nova técnica, a neutralidade científica e tecnológica, teoria da ação comunicativa, conhecimento e interesse, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho para reflexão: [...] O crescimento das forças produtivas institucionalizadas com o progresso técnico-cientifico rompe com todas as proporções históricas. É isso que dá ao quadro institucional sua chance de legitimação. A ideia de que as relações de produção possam ser medidas pelo potencial das forças produtivas desenvolvidas é descartada pelo fato de que as relações de produção existentes se apresentam como a forma de organização tecnicamente necessária de uma sociedade racionalizada. [...] Ao nível do seu desenvolvimento técnico-científico, as forças produtivas parecem portanto entrar numa nova constelação com as relações de produção; elas agora não mais funcionam como fundamento da crítica das legitimações em vigor para os fins de um iluminismo político, mas, em vez disso, convertem-se elas próprias no fundamento de legitimação. Isso é concebido por Marcuse como uma novidade na história mundial. Mas, se é assim que as coisas se comportam, será que a racionalidade, que se encontra incorporada nos sistemas do agir racional com respeito a fins, não deve então ser compreendida como uma racionalidade que sofreu uma especifica restrição? Em vez de reduzir a racionalidade da ciência e da técnica a regras invariantes da logica e do agir controlado pelo sucesso, não seria preferível pensar que ela absorveu em si um a priori material, surgido historicamente e portanto perecúvel? Marcuse responde afirmativamente a essa questão: “Os princípios da ciência moderna foram estruturados a priori de modo a poderem servir de instrumentos conceituais para um universo de controle produtivo que se perfaz automaticamente; o operacionalismo teórico passou a corresponder ao operacionalismo prático [...] Marcuse deve essa concepção de que a racionalidade da ciência moderna é uma formação histórica tanto ao ensaio de Husserl sobre a crise da ciência europeia, como à destruição heideggeriana da metafisica ocidental. No contexto materialista, foi Bloch que desenvolveu o ponto de vista segundo o qual a racionalidade da ciência desfigurada no capitalismo rouba também, à técnica moderna, a inocência de uma pura força produtiva. Mas só Marcuse faz do conteúdo político da razão técnica, o ponto de partida analítico para uma teoria da sociedade capitalista em fase tardia. Desde que a sua pretensão era não só a de desenvolver filosoficamente esse ponto de vista, mas também a de confirma-la pela análise sociológica, as dificuldades da concepção podem ser evidenciadas. [...]. Veja mais aqui.

TATILISMO DOS IMPROVISUAIS – No livro Hora aberta (Poemas Reunidos – Vozes, 2003), estão reunidos livros do poeta e professor universitário Gilberto Mendonças Teles, entre eles, Álibis (2000), Cone de Sombras (1995), Plural de nuvens (1984), Saciologia Goiana (1982), Arte de Armar (1977), A raiz da fala (1972), Sintaxe invisível (1967), Sonetos do azul sem tempo (1964-67), Pássaro de pedra (1962), Fábula de fogo (1961), Planície (1958), Estrela-D´Alva (1956), Alvorada (1955), Poemas avulsos (1950-57), Caixa-de-fósforo (1955-2002) e os inéditos Arabiscos & Improvisuais. Entre eles destaco o poema Tatilismo: Estou mesmo contíguo. / Terno e próximo, / tateio a densidade das paredes, / toco a força do barro e, digital, / vou apalpando o limo, o lodo, o gesso, / o que se faz de seda – o signo alado / que ainda move o céu quase intangível / na sua consistência. / Algumas vezes, / tomo a forma de chuva: é quando sinto / o visco, o peso, o comichão da terra, / quando inteiro me planto, agarranhando / os pelos da raiz e me aderindo / à substancia da imagem que te grava / no carbono da noite. / Unida ao gesto, / a mão que te copia e te faz cócegas / disfarça o movimento e te assinala, / te despe e te inicia no sentido / do mais puro e compacto – o da matéria: / mármore, cobre, zinco, essas linguagens / granuladas nos poros e nas fibras / indóceis da manhã. / Eu sempre tive / olhos nas pontas líricas dos dedos. / Sou dátitlos, troqueis e muitos iambos / para escandir um dia os teus veludos / e por dentro alisar o teu mais íntimo / refúgio de silêncio. / Pele a pele, / conservo o teu desejo. / Palmo a palmo, / manuseio teu ritmo, e no alvoroço, / viajamos na sombra o nosso impulso. / O amor vai-se fazendo corpo a corpo / na espessura da vida. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

CONDIÇÃO MULHER & ARTE – A escritora, jornalista, pedagoga, ativista republicana e feminista portuguesa Ana de Castro Osório (1872-1935) foi a pioneira na luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, fundando o Grupo Português de Estudos Feministas (1907) e a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (1909), entre outras instituições, marcando profundamente a história da literatura em Portugal. Ela é autora de livros como As mulheres portuguesas (Manifesto Feminista, 1905), Infeliz: histórias vividas (1898), Ambições (1903), bem como escreveu comédias para o teatro, tais como Bem prega Frei Tomás (1905), A comédia de Lili (1903), A bem da pátria: as mães devem amamentais seus filhos e a educação da criança pela mulher, além de livros sobre a educação das crianças. Foi a criadora da literatura infantil em seu país ao publicar os contos dos irmãos Grimm, em dez volumes; Alma infantil – animais (1903), entre outras obras. Merece portanto destaque por luta e sua obra! Veja mais aqui, aqui e aqui.

A TRAJETÓRIA DE ARLETE – A atriz Arlete Salles ganhou seu primeiro como atriz revelação, em 1958, quando integrava a companhia teatral de Barreto Junior. Ela era locutora, depois de ter sido instrumentadora num consultório odontológico, para depois ir pro cinema, pro teatro e televisão. Foi locutora inicialmente na Rádio Jornal do Commercio, em Recife, seguindo em 1960 para os Diários Associados, até transferir-se com Lúcio Mauro para o Rio de Janeiro, trabalhar como atriz na TV Tupi. No cinema ela participou dos filmes Terra sem Deus (1963), O grande gozador (1972), A dama das camélias (1972), O sexo das bonecas (1974), A cartomante (1974), A extorsão (1975) e só voltou ao cinema com Acredite, um espírito baixou em mim (2006), Irma Vap – o retorno (2006), A ilha do terrível Rapaterra (2006), A casa da mãe Joana (2008), Polaroides urbanas (2008) e Até que a sorte nos separe 2 (2013). No teatro, ela participou de A partilha (1990), A vida passa (2000), Todo mundo sabe que todo mundo sabe (2003), Veneza (2003), Hairspray (2009), Amores, perdas e meus vestidos (2010), A partilha (2012) e O que o mordomo viu (2014). Essa pernambucana de Paudalho merece aplausos de pé por sua grandiosa carreira. Veja mais aqui.

BLUE VELVET – O suspense neo-noir e surrealista Blue Velvet (Veludo azul, 1986), dirigido por David Lynch e trilha sonora de Angelo Badalemti, baseada na música homônima interpretada por Bobby Cinton e In dreams de Roy Orbison, contando a história de uma pequena cidade que aparentemente é normal, mas que é envolvida num mundo obscuro e assustador, levando um jovem a investigar a um tentador e erótico mistério que envolve uma cantora boate perturbada e um sádico viciado num chocante e assustador envolvimento de sentimentos. O destaque do filme vai para linda atriz e modelo italiana Isabella Rosselini. Confira mais aqui.

AGENDA DE EVENTOS: SARAU MARGINAL & VARAL DE POESIAS – Neste dia 20 de Junho, acontecerá no horário das 18:30 às 22hs, na Rua Professor Lúcio Santos, no Parque São José em Três Corações (MG), mais uma edição do Sarau Marginal, com as seguintes atrações: Declamando poesias: Poeta Paulo D'Barros & Poeta Gustavo Valin. Varal de Poesias & grupos de Rap: Era XXI, Léo Vínicius, MNiggaz, Rafael Raciocínio Tático & muito mais: "Um lugar onde não há atividades culturais, a violência vira espetáculo" (Info. Meimei Corrêa). Veja mais aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
Leda with the Swan – marble, do arquiteto e escultor italiano Bartolomeu Ammanati (1511-1592)

Veja mais sobre:
Tudo em mim mestiço sou, O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, o anarquismo de Emma Goldman, A história da vida de Helen Keller, a música de Haydn & Guilhermina Suggia, A escultura de Luiz Morrone, a pintura de Pisco Del Gaiso & Martin Eder, Os Fofos Encenam & Viviane Madu aqui.

E mais:
Os tantos e muitos Brasis aqui.
Tudo é Brasil aqui.
Água morro acima, fogo queda abaixo, isto é Brasil aqui.
Preconceito, ó, xô prá lá aqui.
Ih, esqueci!, A natureza de Anaximandro de Mileto, Tutameia de Guimarães Rosa, a poesia reunida de Lelia Coelho Frota, a música de Ida Presti, Geração Trianon & Anamaria Nunes, o cinema de Krzystof Kieslowski & Irène Marie Jacob, a pintura de Lavinia Fontana & a arte de Márcio Baraldi aqui.
Zezé Mota, O grande serão de Guimarães Rosa, a música de Milton Nascimento & Caetano Veloso, a entrevista de Rejane Souza, Rafael Nolli, a arte de Isabelle Adjani, Sóstenes Lima & Vestindo a Carapuça aqui.
A psicanálise de Karen Horney & Homofobia é crime aqui.
Cantador & Cantarau Tataritaritatá aqui.
Fecamepa: Quando o estreitamento do compadrio está acima da lei, aí, meu, as panelinhas mandam ver e só os privilegiados se banqueteiam aqui.
Brincarte do Nitolino, Menino de engenho de José Lins do Rego, A canção de Allen Ginsberg, a música de Charles Lecocq, O signo teatral de Ingarden & Cia., O choque das civilizações de Samuel Huntington, Noite & neblina de Alain Resnais, a pintura de Raoul Dufy & a arte de Catherine Deneuve aqui.
A vida se desvela nos meus olhos fechados, Outras mentes de John Langshaw Austin, Humilhados e ofendidos de Fiodor Dostoiévski, Daniel Deronda de Georg Eliot, a pintura de Top Thumvanit & Rico Lins, a música de Mísia, a fotografia de Edward Weston, a arte de Stephanie Sarley & Krzyzanowski aqui.
Carta de amor, Espécies naturais de Willard Van Orman Quine, Mulher da cor do tango de Alicia Dujovne Ortiz, a música de Dori Caymmi, Memórias de Prudhome de Henry Monnier, a fotografia de João Roberto Riper, Poema da paz de Madre Teresa de Calcutá, a arte de Tanja Ostojić & Luciah Lopez aqui.
A fome e a laranjeira, Princípios da filosofia do direito de Hegel, Declaração da Independência do Espírito de Romain Rolland, O diário de Frida Kahlo, a música de Bach & Janine Jansen, a fotografia de Sebastião Salgado, a xilogravura de Fernando Saiki, a arte de David Padworny & Tempo de amar de Genésio Cavalcanti aqui.
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MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...