terça-feira, junho 09, 2015

SHAKESPEARE, GILMORE, MIA COUTO, PAGU, MURDOCH, KITANI & MUITO MAIS NO PROGRAMA TATARITARITATÁ!!!!!


AS ALEGRES MATRONAS DE WINDSOR – A comédia de costumes farseca em cinco atos The Merry Wives of Windsor (As alegres matronas de Windsor, 1602), do poeta, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare (1564-1616), baseada nos costumes da classe média provinciana da época, conta a história de um cavalheiro falido, Sir John Falstaff, que se encontra num período de falta de sorte e resolve inventar um plano para enriquecer. Toma a iniciativa de seduzir duas senhoras da alta classe, com o objetivo de pôr as mãos na fortuna dos seus maridos, enquanto entra em apuros em situações recheadas de viravoltas. Da obra destaco a cena I do V Ato: [...] ATO V - CENA I Quarto na Hospedaria da Jarreteira. (Entram, Falstaff e Leva-e-Traz.) FALSTAFF: Por favor, já chega de conversa, vai! Estarei lá. É a terceira vez; espe-ro que o número três me seja leve. Vai logo! Dizem que o número três dá sorte no nascimento, amor e até na morte. LEVA-E-TRAZ: Vou lhe trazer uma corrente e farei todo o possível pra lhe arranjar um belo par de chifres. FALSTAFF: Mas vai! Depressa. O tempo foge. Como lá diz a Bíblia: levanta a ca-beça e aperta o passo. (Sai Leva-e-Traz. Entra Ford disfarçado.) Ôba, ôba, senhor Fontes! Olha, o assunto se resolve esta noite ou nunca mais. Se o senhor for ao parque à meia-noite e ficar perto do carvalho de Herne vai assistir a coisas espan-tosas. FORD: Mas o senhor não foi à casa dela ontem, como disse que tinha combinado? FALSTAFF: Fui à casa dela, amigo Fontes, assim como vê, um pobre velho. E saí de lá inda pior, meu grande amigo, uma pobre velhinha. O patife do Ford – que ago-ra considero o próprio demônio do ciúme – teve uma de suas crises e me espancou furiosamente quando eu havia assumido a forma de mulher: pois na forma de ho-mem, senhor Fontes, ninguém me bate não. Não temo nem Golias com a funda de Davi. Mas que sei? A vida é apenas uma máquina de fiar e ninguém sabe o novelo onde é que acaba. Mas estou com pressa: me acompanhe, que eu lhe conto tudo no caminho. Olha, já lacei novilhos, depenei gansos, andei em arame, furtei poderosos e nunca soube o que era ser surrado. Porém esta noite eu me vingo, senhor Fontes: vou entregar a mulher de Ford nas suas mãos. Me acompanha – coisas estranhas acontecem – me acompanha. (Saem.). Veja mais aqui e aqui.

Imagem: Queen Elizabeth Viewing the Performance of The Merry Wives of Windsor at the Globe Theatre (1840), do pintor escocês David Scott (1806-1849), inspirado na obra de William Shakespeare.

Curtindo Die lustigen Weiber von Windsor (1977), do compositor e maestro alemão Carl Otto Nicolai (1810-1849)Chor und Sinfonieorchester des Bayerischen Rundfunks, Rafael Kubelík, baseada na obra de William Shakespeare.


PROGRAMA TATARITARITATÁO programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiNa programação: Carl Otto Nicolai, Egberto Gismonti, Cole Porter, João Gilberto, Robert Schumann, Hermeto Pascoal, Ney Matogrosso, Ivan Lins, Bebel Gilberto, Beto Saroldi, Elisete Retter , Sonia Mello, César Weber, Monsyerrá Batista, Franco do Valle, Frederico Amitrano, Hélio Jenné, Paulynho Duarte, Marisa Serrano, Julia Crystal & Mônica Brandão, Ricardo Machado, Banda Belsen, Mazinho, Tirso Florence de Biasi, Ozi dos Palmares, Anabel Bian, Maurício Reis & Biafra, Moreno Overá, Adalton Miguel & Lia Helena Gianechinni, Eliane Bastos, Alexandre Caldi & muito mais! Veja mais aqui.

ALICE NO PAÍS DO QUANTUM – O livro Alice no país do quantum: a física quântica ao alcance de todos (Zahar, 1998), do físico e professor inglês Robert Gilmore, trata de temas como o banco de Heisenberg, o instituto de mecânica, a escola de Copenhague, a realidade virtual, átomos no vácuo. O castelo Rutherford, o baile de mascarados das partículas, a piteira fantástica da Física Experimental, entre outros assuntos. Dessa forma, o autor começa pela explanação dos conceitos básicos da mecânica quântica - seu caráter probabilístico, a dualidade onda-partícula, a quantização da energia - e da física moderna em geral - elementos sobre ondas, sobre relatividade e mesmo sobre a mecânica clássica -, fala das diferentes interpretações da teoria quântica, detendo-se sobre a interpretação mais aceita (a Interpretação de Copenhague), explora os fundamentos da física nuclear e da física das partículas, e termina com uma discussão sobre o paradoxo EPR (de Einstein, Podolsky e Rosen), um dos mais importantes da teoria quântica. Da obra destaco o trecho do prefácio: Na primeira metade do século XX, nossa compreensão do Universo foi virada de pernas para o ar. As antigas teorias clássicas da física foram substituídas por uma nova maneira de olhar o mundo - a mecânica quântica. Esta estava em desacordo, sob vários aspectos, com as idéias da antiga mecânica newtoniana; na verdade, sob vários aspectos, estava em desacordo com nosso senso comum. Entretanto, a coisa mais estranha sobre essas teorias é seu extraordinário sucesso em prever o comportamento observado dos sistemas físicos. Por mais absurda que a mecânica quântica possa nos parecer, esse parece ser o caminho que a Natureza escolheu - logo, temos que nos conformar. Este livro é uma alegoria da física quântica, no sentido dicionarizado de "uma narrativa que descreve um assunto sob o disfarce de outro." O modo pelo qual as coisas se comportam na mecânica quântica parece muito estranho para nossa maneira habitual de pensar e torna-se mais aceitável quando fazemos analogias com situações com as quais estamos mais familiarizados, mesmo quando essas analogias possam ser inexatas. Tais analogias não podem nunca ser uma representação verdadeira da realidade, na medida em que os processos quânticos são de fato bastante diferentes de nossa experiência ordinária. Uma alegoria é uma analogia expandida, ou uma série de analogias. Como tal, este livro segue mais os passos de Pilgrims Progress ou As viagens de Gulliver do que Alice no País das Maravilhas. [...]. Veja mais aqui.

O FIO E AS MISSANGAS – O livro de contos O fio das missangas (Companhia das Letras, 2009), do premiado escritor e biólogo moçambicano Mia Couto, reúne vinte e nove histórias curtas representando o universo das mulheres no seu labor de fiar miçangas em Moçambique, por meio de temas como morte, violência, insanidade, rupturas, retaliações, incestos, suicídios, bem como a sujeição, o descaso e a inexistência, todas vinculadas ao machismo e ao seu desprezo às mulheres. Da obra destaco o conto homônimo: Encontro JMC sentado num banco de jardim. Está recatado, em solene solidão, como se só ali, em assento público, encontrasse devida privacidade. Ou como se aquele fosse seu recinto de toda a vida morar. Em volta, o tempo intacto, só com horas certas. Nunca soube o seu nome por extenso. Creio que ninguém sabe, nem mesmo ele. As pessoas chamam-no assim, soletrando as iniciais: jota emecê. Saúdo-o, em inclinação respeitosa. Ele ergue os olhos com se a luz fosse excessiva. Um sutil agitar de dedos: ele quer que eu me sente e o salve da solidão. - Lembra que sentamos neste mesmo lugar há uns anos atrás? - Recordo, sim senhor. Parece que foi ontem. - O ontem é muito longe para mim. Minha lembrança só chega às coisas antigas. - Ora, o senhor ainda é novo. - Não sou velho, é verdade. Mas fui ganhando velhices. E deixamo-nos, calados. Vou lembrando os tempos em que este homem magro e alto desembocava neste mesmo jardim. Acontecia todo o final de tarde. Recordo as suas confidências. Que ele, sendo devidamente casado, se enamorava de paixão ardente por infinitas mulheres. Não há dedos para as contar, todinhas, dizia. - A vida é um colar. Eu dou o fio, as mulheres dão as missangas. São sempre tantas, as missangas... Sempre que fazia amor com uma delas não regressava diretamente a casa. Ia, sim, para casa de sua velha mãe. A ela lhe contava as intimidades de cada novo caso, as diferentes doçuras de cada uma das amantes. De olhos fechados, a velha escutava e fingia até adormecer no cansado sofá de sua sala. No final, tomava nas suas as mãos do filho e ordenava que ele tomasse banho ali mesmo. - Não vá a sua mulher cheirar a presença de uma outra - dizia. E JMC se enfiava na banheira enquanto a velha mãe o esfregava com uma esponja cheirosa. Acabado o banho, ela o enxugava, devagarosa como se o tempo passasse por suas mãos e ela o retivesse nas dobras da toalha. - Continue, meu filho, vá distribuindo esse coração seu que é tão grande. Nunca pare de visitar as mulheres. Nunca pare de as amar... - E o pai, o pai sempre lhe foi fiel? - Seu pai, mesmo leal, nunca poderia ser fiel. - E por quê? - Seu pai nunca soube amar ninguém... Agora, tantos anos passados, quase não reconheço o mulherengo homem alto e magro. - Desculpe perguntar, JMC. Mas o senhor ainda continua visitando mulheres? Ele não responde. Está absorvido, confrontando unhas com os respectivos dedos. Ter-me-á ouvido? Por recato, não repito a pergunta. Após um tempo, confessa num murmúrio: - Nunca mais. Nunca mais visitei nenhuma mulher. Uma tristeza lhe escava a voz. Me confessava, afinal, uma espécie de viuvez. Foi ele quem quebrou a pausa: - É que sabe? Minha mãe morreu... Meu coração sapateia, desentendido. Pudesse haver silêncio feito da gente estar calada. Mas esse silêncio não há. E nesse vazio permanecemos ambos até que, por entre o cinzentear da tarde, surge Dona Graciosa, esposa de JMC. Está irreconhecível, parece deslocada de um baile de máscaras. Vem de brilhos e flores, mais decote que blusa, mais perna que vestido. Me soergo para lhe dar o lugar no banco. Mas ela se dirige ao marido, suave e doce: - Me acompanha, JMC? - E você quem é, minha flor? - O meu nome você me há-de chamar, mas só depois. - Depois? Depois de quê? - Ora, só depois... De braços dados, os dois se afastam. A noite me envolve, com seu abraço de cacimbo. E não dou conta de que estou só. Veja mais aqui e aqui.

PAIXÃO PAGU – O livro Paixão Pagu: a autobiografia precoce de Patricia Galvão (Agir, 2005), da polêmica, irreverente e emancipada escritora, diretora de teatro, tradutora, desenhista, jornalista e militante política Patricia Galvão – Pagu (1910-1962), é um texto autobiográfico com páginas confessionais e de alto impacto emocional, em forma de uma longa carta escrita pela autora, em 1940, quando saía de uma das inúmeras prisões como inimiga política número um da ditadura Vargas, destinada ao seu marido Geraldo Ferraz. Na obra autora fala das suas relações com seus pais e irmãos, de sua militância política, seu desencanto com o comunismo soviético, sua vida amorosa, seu casamento com Oswald de Andrade, seus encontros com escritores e políticos, num volume que se desenvolve na cronologia recheada de fotos. Do livro destaco os seguintes trechos: [...] Talvez eu tenha a expressão confusa. Há uma intoxicação de vida. Parece que a paralisia começa desta vez. É difícil procurar termos para expor o resultado da sondagem. É muito difícil levar as palavras usadas lá dentro de mim. [...] Mas o hoje será para depois, porque agora é o antes. Estou passeando pela vida que passou: volto para ela. [...] Não estou escrevendo autobiografia para ser publicada ou aproveitada. Isso é para você ter um pouco mais de mim mesma, das sensações e emoções que experimentei. [...]. Veja mais aqui.

A LITERATURA E A FILOSOFIA DE IRIS – O drama biográfico Iris (2001), dirigido por Richard Eyre, com roteiro do diretor e Charles Wood, música de James Horner, é baseado no livro A Memoir and Elegy for Iris, do escritor e critico literário britânico John Bayley (1925-2015), sobre a vida da escritora e filósofa irlandesa Jean Iris Murdoch (1919-1999). Ela escreveu vinte e seis romances, dois livros de poesia, um de contos, seis peças teatrais e diversos títulos sobre Filosofia, entre eles um sobre o racionalismo romântico de Sartre (1953). A soberania de Deus (1970), O fogo do Sol (1977), A metafísica como um guia para moral (1992) e Os existencialistas e os místicos (1997). O filme descreve os primeiros e os últimos momentos dela e a sua relação com o seu marido John Bailey, mostrando a vida do casal enquanto jovem até os seus últimos dias de vida, percorrendo o período compreendido dos anos 1990, quando ela começa a sentir as primeiras manifestações da doença - Mal de Alzheimer - e que por consequência a levaria a perder as suas faculdades, desde o começo pelo esquecimento das palavras, até a revelação da experiência frustrante de deixar de escrever e falar coerentemente. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Charge A nova geração (2012), do designer e ilustrador Adriano Kitani.


Veja mais sobre:
Semáforos de sempre, vida adiante, Amor em tempos sombrios de Colm Tóibín, A mundialização de Marilda Villela Iamamoto, Ética e Marketing Social, a música de Claudio Nucci,  a pintura de Vik Muniz, Natal & o Morro do Careca, a fotografia de Spencer Tunick & Esdras Rebouças Nobre aqui.

E mais:
Alice no país do quantum de Robert Gilmore, O fio e as miçangas de Mia Couto, A paixão Pagu de Patricia Galvão, Memória & elegia para Iris de Jean Iris Murdoch, o teatro de William Shakespeare, a música de Carl Otto Nicolai, a pintura de David Scott, a charge de Adriano Kitani & Programa Tataritaritatá aqui.
Cantiga de amor pra ela & Programa Tataritaritatá aqui.
O prazer do amor na varanda da noite aqui.
Propriedade industrial no código civil aqui.
Brincando com a garotada, Canções de inocência & experiência de William Blake, a música de Maria Josephina Mignone & Francisco Mignone, o soneto de Joana de Menezes, O pintor de retratos de Luiz Antonio de Assis Brasil, a arte de Thomas Saliot, Lagoa Manguaba & Tempo de amar de Genésio Cavalcanti aqui.
As trelas do Doro: querem me matar, Medo de quem sou de John Powell, A hora aberta de Gilberto Mendonça Teles, Bom dia para nascer de Otto Lara Resende, o teatro de Patrícia Jordá, a arte de Carmen Tyrrell, a música de Mona Gadelha & Sede e seda de Luiz de Aquino Alves Neto aqui.
Andarilho das manhãs e luares, O brincar como acontecimento de Johan Huizinga, O porquê de todas as coisas de Quim Monzó, A sexualidade de Françoise Dolto, a música de Gustav Holst, a pintura de Ludwig Munthe, a arte de Elena Esina & Tom Zine aqui.
Do amor e da vida, Guardar de Antônio Cícero & a entrevista de Marina Lima, História da Sexualidade de Michel Foucault, Educação Sexual de Isaura Guimarães, a música de Giacomo Meyerbeer, a pintura de Di Cavalcanti & Daphne Todd aqui.
Cantos do meu país, Febeapá de Stanislaw Ponte Preta, o pensamento de Mário Schenberg, a música de Ivan Lins & Vitor Martins, o teatro de Plínio Marcos, o fotojornalismo de Marcia Foletto, o cinema de José Mojica Marins & a arte de Claudia Alende aqui.
Pelo jeito, o doro agora vai, a literatura de Antônio Alcântara Machado, a poesia de Eugénio de Andrade, a música de Mary Jane Lamond, Biopsicologia de John P. J. Pinel, Neurofilosofia & Neurociência Cognitiva, a fotografia de Harry Fayt & a arte de Ana Maia Nobre aqui.
Até onde o amor levar, A preparação do ator de Constantin Stanislavski, o pensamento de Sidarta Gautama, a música de Maria Rita, a poesia de Ieda Estergilda de Abreu, a escultura de Carlos Baez Barrueto, a pintura de Clare Rose & a arte de Luciah Lopez aqui.
Brincar para aprender aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
Fecamepa – quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
Cordel Tataritaritatá & livros infantis aqui.
Lasciva da Ginofagia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
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MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...