VAMOS APRUMAR A CONVERSA? NASCENTE – A edição nº 11 do
tabloide Nascente, de mar/abr-1998,
traz como editorial o poema Crônica de amor por ela. Na seção
Bate Papo, uma entrevista com Marina
Lima. Na seção Tabuletas, o quarto episódio das Proezas do Biritoaldo: Quando o bicho é sonso tira fino até na
beira do abismo. Traz uma entrevista com a escritora alagoana Arriete Vilela, uma charge do Zinei e
uma matéria sobre o Velho Chico: beleza caudalosa. Na seção Intercâmbio todo
material recebido da seção Registro: o Slan Quinze, editado pelo Rovel; o
Dicionário Bibliográfico de Escritores Brasileiro, do Adrião Neto (PI); o
Postal Clube, de Araci Barreto Costa (RJ); o informativo Rio Una da Fundação
Casa da Cultura Hermilo Borba Filho (PE), o Tom Zine (MG), os livros com as
peças teatrais Complexos, Vendaval no Paraíso e Lua de Sangue sobre o vale, do
poeta e teatrólogo Pedro Onofre; e na seção Nascente Poético poemas de Arriete
Vilela (AL), Lau Siqueira (PB), Marina Fátima Dias (MS), Nilza Menezes (RO),
Eva Reis (MG), Claudio Cernov (SP), Maria Cardoso Zurto (RS), Sumara Cadoso
(PA), Zenilda N. Lins (SC), Laís Costa Velho (RJ), Denise Teixeira Viana (RJ),
Arita Damasceno Pettená (SP), Jocedyr Tavares (RJ), Josenilda Pereira (PW),
Eliane di Santi (SP) e o destaque para o poema Painel das Fêmeas, com uma
homenagem pela passagem do aniversário de Tereza Collor. Veja mais aqui e aqui.
Imagem: Nu, do pintor e gravador Francisco Rebolo (1902-1980).
Curtindo
a Suite bergamasque, Children’s Corner, Deux
Arabescos & Pour le piano, do compositor francês Claude Debussy (1862-1918), com a
pinista candense Angela Hewitt. Veja mais aqui e aqui.
A FILOSOFIA ENTRE A RELIGIÃO E A CIÊNCIA – No
livro História da filosofia ocidental
(Cia. Editora Nacional, 1977), do filósofo, matemático e pensador inglês Bertrand Russel (1872-1970), encontro o
texto denominado A Filosofia entre a Religião e a
Ciência, em
que aborda as questões existentes entre a relação dos conceitos filosóficos de
mundo e de vida, constituindo-se dos fatores religiosos herdados e da
investigação científica. A sua abordagem religiosa trata do Cristianismo e da
Igreja Católica que teve procedência da histórica judaica, na teologia grega e
no governo romano. Essa religião foi confrontada com a Reforma Protestante que
se inseriu na atenuação dos elementos gregos, com rejeição aos elementos
romanos e fortalecimento da doutrina judaica. Assim, de forma mais aprofundada,
as conduções dadas pelo autor para os aspectos religiosos estão consignados
entre as opções de crença e de submissão adotada pelo ser humano. A liberdade
humana é condicionada à dogmática religiosa e esses aspectos estão no âmbito da
verdade, do definitivo e daquilo que cada um se identifica segundo sua própria
crença. A teologia, por isso, atende aos anseios e desejos daqueles que
professam ou comungam uma crença dogmática, com a exigência da obediência a uma
entidade superior e que deve ser cumprida por todo ser humano. Trata-se,
portanto, para o autor, de que o pensamento religioso se desenvolve a partir de
especulações que se firmam no campo da admissão sobrenatural e na condução dada
pelos defensores do Criacionismo. A religião, pelo visto, se funda na
obediência ao ditame professado e comungado que sujeita a condição humana entre
os fiéis que a cultivam e os infiéis que se encontram fora da seara,
considerando que a melhoria de vida só será alcançada dentro das fileiras da fé
e da resignação. A ciência, por sua vez, atua na busca do conhecimento de forma
empírica e demonstrável adotando a racionalidade e a experimentação como busca
para sua concreção. No âmbito da ciência a prática da investigação e do
pragmatismo torna imprescindível o confronto, o debate, a aferição, a revisão e
a discussão, utilizando-se de tecnologias e laboratórios para a constatação da
realidade encontrada e confirmação do fenômeno obtido. Os resultados dessas
experiências científicas passam a formar os paradigmas que deverão ser
seguidos, bem como pela disciplina metodológica e pela constante necessidade de
constatação, coibindo a contemplação e exigindo profundidade disciplinar por
meio de métodos reconhecidos, para que se torne uma verdade. Em vista disso, só
será considerado cientifico aquilo que passar pelos padrões e normas dos
métodos para que seja admitido como uma verdade encontrada, até que outro
método e outra abordagem superem as teses anteriores e obtenha supremacia até
que seja confrontada por mais outra futura. Assim, se a religião se apóia na fé
e a ciência na experimentação constante, fica demonstrado o campo de conflito
entre ambas e que, por isso, se distinguem por possuírem objetos e campos
distintos. Já a filosofia que teve uma trajetória que se distingue da religião
e da ciência, tendo seu nascimento na Grécia e atravessando períodos que esteve
ora aliada à religião e, posteriormente, associando-se à ciência, tem, na
abordagem do autor que essa trajetória entre a filosofia e a subjetividade
religiosa, ora retornando às questões sociais e adotando estudos e
interpretações científicas para entendimento da realidade humana, tem formado
uma condução independente e evolutiva da filosofia sobre a ciência e a
religião. A filosofia, antecedente tanto da religião como da ciência, se
desenvolve pela contemplação, pelo debate, pelo raciocínio e pela constatação
apreendida dos fenômenos naturais e sociais, desenvolvendo-se no aprofundamento
das questões que envolvem a vida e tudo inerente ao ser humano. Como a
filosofia se manifesta na contemplação e na liberdade, por isso mesmo, segundo
Russel, é que se destaca o valor da filosofia por não ser atingida pela ciência
com seu rigor de desenvolvimento, nem tem sua liberdade suprimida como na
religião, porque permite sua prática sem exigência disciplinar e sem ter que seguir
um dogma. Esse é o principal atributo da filosofia destacado por Bertrand
Russel que deixa como conclusão que a filosofia transita livre e independente
entre a teologia e a ciência. Veja mais aqui e aqui.
HISTÓRIA DAS CEM CABEÇAS CORTADAS
E DA FILHA DO SULTÃO - Na
coletânea Contos árabes (Cultrix, 1962), organizada por Jamil Almansur
Haddad, encontrei entre os contos de Magreb – histórias populares
contadas nas praças da região compreendida entre Marrocos, Argélia e Tunísia -,
a História das cem cabeças cortadas e da filha do sultão, da qual destaco os
trechos a seguir: Era uma vez um sultão
que tinha só uma filha que ele amava mais do que tudo no mundo e satisfazia-lhe
todos os caprichos. Um dia a jovem procurou seu pai e lhe disse: “Eu me
aborreço em teu palácio, em meio a tuas mulheres e teus escravos. Irei passear
a cavalo em teu reino, e, como não amo andar só, peço-te quarenta companheiras,
todas virgens como eu e que saibam montar a cavalo”. E o sultão, que javam
achava ridículos os pedidos da filha, fez anunciar entre todas as tribos que
cada uma teria que fornecer uma virgem montada num cavalo soberbamente
ajaezado. E em pouco tempo, as quarenta jovens foram levadas ao Dar el-Makhzen
pelos velhos de cada cabila. Estes mal ousaram perguntar ao sultão para que
pretendia essas quarenta virgens, tanto estavam habituados a obedecer os seus
menores desejos. O sultão fez então chamar sua filha e lhe disse: “Eis ai tuas
quarenta companheiras”. E a jovem, saltando sobre o cavalo, partiu a galope à
frente das quarenta jovens que, também montadas, a seguiram. E durante dias e
dias as jovens galoparam pelas grandes planícies, atravessaram ribeiros, as
florestas e, quando a filha do sultão folgouo suficiente, voltaram todas ao
palácio. [...] Então chamou sua filha
e lhe disse: “Eis o que acaba de acontecer. Devolvi as quarentas virgens e vou
fazer-te casar”. Mas a jovem, que ainda não queria se casar, disse ao pai: “Só
me casarei com aquele que me vencer na luta”. O pai, como fazia sempre, cedeu
às suas exigências e fez publicar em todos os seus domínios que daria sua filha
em casamento ao hovem que a venecesse na luta, e que seria feito seu herdeiro
no trono. Em todas as tribos, os jovens corajosos, ouvindo o que gritava o
pregoeiro público, pensaram: “Serei o marido da filha do sultão e herdarei seu
trono”. [...] a jovem filha do sultão
era muito valente e derrotou o cavaleiro e com seu sabre cortou-lhe a cabeça,
que foi suspensa à porta do palácio [...] a vitória sorria sempre à corajosa moça e logo teve ela cem cabeça
cortadas, suspensas à porta do palácio, que diziam bem do valor da jovem
virgem. Na tarde do centésimo combate, um pastor tinhoso e disforme voltou para
o douar todo triste e a face transtornada [...] Nesse momento, a bela e orgulhosa virgem chegava, o sabre à mão,
galopava seu cavalo toda feliz de ter de combater com um novo jovem. Mas seus
olhos se cruzaram e ela foi vencida por esse olhar. Ela se atirou ao chão,
diante do seu senhor e lhe disse: “Eu me rendo, tu és o meu senhor e meu esposo”.
E todos os dois proclamaram seu amor. A jovem voltou para o pai e disse: “Fui
vencida por este belo adolescente, mais belo que os cento e um e mais bravo do
que eles todos. Desejo-o por marido”. Como o jovem vinha buscar o preço da sua
vitória, o sultão não o recebeu e adiou a audiência para o dia seguinte. Ele não
queria casar sua filha apesar da sua promessa, e como havia justamente uma
escrava que estaria para morrer, ele esperou que ela morresse, e no dia
seguinte informou que sua filja estava morta. O belo adolescente não caiu na
armadilha. Chegada a tarde foi escavar a tumba e descobriu o subterfúgio. Ele não
se deu por vencido e apresentou-se à audiência publica e pediu a filha em
casamento. E como o sultão lhe dissesse que a filha estava morte e enterrada e
que toda a sua casa estava de luto, provou que sua filha vivia e que uma
escrava é que tinha morrido. O sultão foi obrigado a consentir no casamento
desses dois valentes e as festas foram as mais belas e mais suntuosas que
jamais houve. E a jovem virgem, de coração valente, teve assim o marido que a
vencera. Veja mais aqui e aqui.
SER MULHER, CANÇÃO MUITO CURTA
& NOTA SOCIAL – Na obra da escritora, dramaturga e crítica estadunidense Dorothy Parker (1893-1967), destaco inicialmente o seu poema Ser
Mulher, na tradução de Angela Carneiro: Por que será que quando
estou em Roma daria tudo para estar em casa na redoma mas se estou na minha
terra americana minha alma deseja a cidade italiana? E quando com você, meu
amor, meu remédio, fico espetacularmente cheia de tédio Mas se você se levantar
e me deixar Grito para você voltar?
Também o seu poema Canção Muito Curta: Certa
vez, na juventude, / Feriram meu coração — / Feriram de forma rude / E o
jogaram ao chão. / Amor é lenda sem sorte, / Amor é maldição. / Pior que isso
só o porte / De meu coração. Por fim, o poema Nota Social: Moça, moça, se encontrar / Um que não dá o
que falar, / Um que diz que sua esposa / É o amor da vida toda, / Um que vive
te jurando / Que foi fiel, foi um santo / E só tem olhos pra você... / Moça,
moça, é bom correr! Veja mais aqui.
DANÇATERAPIA – O livro Dançaterapia (Summus, 1988), de María Fuz, aborda temas como o que é o silêncio, dançaterapia
para o deficiente auditivo, a importância da linha e da cor para o deficiente
auditivo, experiência numa escola para deficientes auditivos, a música como
elemento movilizador para a expressão do corpo, o que é o ritmo interno, as
palvras mães, a cor na mobilização sensível do corpo, experiência no Hospital
Ferrer com doentes de poliomielite, uma menina queimada, experiência com cegos,
experiência frustrante com uma menina autista surda, o silêncio da dança, grupo
de mães e filhas, caminhos para o encontro com a dançaterapia, entre outros
assuntos. Do livro destaco o trecho: [...] O que é
necessário para ser um dançaterapeuta? Vive compreendendo que devemos conhecer
nossos limites para ir deslocando-os, para que se organizem e com nossos não
posso ir ao encontro dos sim, posso que surgem em nós quando nos enfrentamos
com alguém que necessita de nossa experiência no movimento. Há mais de trinta
anos trato de conhecer-me e, através de mim, conhecer o outro, e se diariamente,
conhecendo meus limites, vou-me transformando, o outro também o fará, não
apenas psiquicamente, mas também corporalmente. Vendo como crescem esses seres
que chegaram até mim, como necessitam de mim e eu, deles, como recebem e
reconhecem a música e as palavras, convenço-me de que ao nosso redor existe um
fluxo de vida que espe4ra que a compreendamos para poder compreender. Devemos ouvi-los
com o ouvido esparramado por todo o nosso corpo, com todos os nossos ritmos,
para que possamos nos aproximar da comunicação com o outro. Não há fórmulas que
possam criar um dançaterapeita. Este não é um livro de texto, é um livro de
experiências. Sem amor, entrega, fé, não há encontro. Veja mais aqui.
TEATRO ESPONTÂNEO E PSICODRAMA – O livro Teatro
espontâneo e psicodrama (Ágora, 1998), de Moysés Aguiar, aborda temas como o campo do teatro
espontâneo, o papel do diretor, os atores e o protagonista, os auxiliares e a
plateia, aquecimento e o caminho da criação, dramaturgia e a produção do texto,
encenação e comunicação cênica, a construção da teoria, círculos de giz, o
marco teórico, o conceito de co-transferencia, o processamento em psicodrama,
entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho O teatro espontâneo é uma
modalidade de teatro: A afirmação-título pode parecer
obvia, mas ela é de fundamenta importância, na medida em que serve de ponto de
referência para dirimir muitas dúvidas, tanto na pratica quanto na própria reflexão
teórica. Pode-se dizer que a grande pretensão do teatro espontâneo é exatamente
sintetizar todas as funções do teatro legítimo, simultaneamente, no momento do
espetáculo. Com toda a certeza, um desiderato que representa um gigantesco
desafio. [...] No evento
teatral, dois elementos são fundamentais, por definição: o palco e a plateia;
no palco, atores contam cenicamente histórias que são ouvidas e contempladas
pelos espectadores. Há inúmeras formas de articular esses dois elementos, mas
nenhuma chega ao ponto de excluir nenhum deles, pois se isso ocorresse o teatro
deixaria de ser teatro e passaria a ser alguma outra coisa. Sendo o teatro o
lugar onde se vê, é indispensável que existam quem veja e o que seja visto. [...] Para que o
teatro espontâneo possa realmente inserir-se no campo do teatro, essas características
precisam ser observadas. [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.
KUARUP – O drama Kuarup (1989), do cineasta brasileiro nascido em
Moçambique Ruy Guerra, é
baseado na obra Quarup (1967), do
jornalista e escritor Antonio Callado (1917-1997), com música de Egberto Gismonti e roteiro do
próprio diretor e Rudy Langemann, sobre o sonho de um padre que deseja
reconstituir o Xingu e que toma contato com a sociedade permissiva do sexo livre e das drogas no
Rio de Janeiro, bem como com a corrupção política e manipuladora dos dirigentes
do SPI, razões pelas quais, mais tarde, após uma série de incursões fracassadas
na defesa dos seus interesses, se transforma no apóstolo do amor. O destaque do
filme vai para todo elenco maravilhos, especialmente para a atuação da atriz
Claudia Raia. Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Gravuras do pintor e gravador italiano Agostino Carracci (1557-1602). Veja mais aqui.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Noite Romântica, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a
apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Para conferir online acesse aqui.
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Aprume aqui.