quarta-feira, agosto 12, 2015

BLAVATSKY, PERLS, MORENO, TORGA, METHENY, HODGKIN, MACHUCA & BRINCARTE DO NITOLINO.



VAMOS APRUMAR A CONVERSA? PARA VIVER O PERSONAGEM DO HOMEM – Contava eu com meus vinte e dois anos de idade, quando resolvi reunir o calhamaço de rabiscos e tronchuras em um volume só. Trabalhão esse, vez que eram versos desconjuntados desde a adolescência, que foram arrumados para ver se dava algum caldo. Hesitei, o sonho de publicar um livro precisava ser amadurecido. Meditei, os arroubos da juventude evidentemente que não permitiam um melhor um discernimento poético. Mas, a corda dos amigos e achegados era boa, acarinhava o acorçôo e resolvi botar a boca no mundo. Devo, antes de tudo, nomear alguns culpados por isso. Primeiro, os insistentes incentivos da professora e bibliotecária Jessiva Sabino de Oliveira que semanalmente me cobrava versos para afixar no mural da biblioteca. Segundo, a publicação de diversos poeminhas publicados em colunas literárias do Diário de Pernambuco, desde ainda pré-adolescente emplacando muitos deles no suplemento infantil Junior, que encartava o jornal aos sábados. Terceiro, a inserção de um dos meus versos em edição do Jornal Caipira, encartado no disco Em Família, de Egberto Gismonti, em 1981. Outros, no Informativo do Gremio Cultural Castro Alves, do Colégio Diocesano; na revista Nova Caiana, editado pelo movimento das Noites da Cultura Palmarense; da publicação do meu conto na revista Ponto de Encontro, da Grafipar (Curitiba-PR); da reunião de alguns dos meus poeminhas nos textos Sertão, Sertão e Deus lhe pague – este baseado na obra de Joracy Camargo, apresentados em melodramas e cantaraus coletivos. Depois a chegada do poeta e editor Juareiz Correya que pegou o volume com o título Uma poesia no mundo, e realizou a coordenação editorial do que se passou a chamar Para viver o personagem do homem. Outros culpados se inseriram nisso, a exemplo do artista plástico Ângelo Meyer que gentilmente fez a capa e contracapa do volume; e do poeta e professor Paulo Profeta que escreveu a apresentação: [...] Nessa luta está o jovem [...] palmarense que faz de tudo: música, teatro, recitais... e, inclusive, poesia. Trata-se de um dos componentes das Noites da Cultura Palmarense, movimento de resistência que vem sobrevivendo na batalha do quefazer artístico-cultural. Como se não bastasse o esforço, Nito teve a ousadia de colocar estes poemas montado nos acordes do canto do eremita e, num mar de tubarões, seu “navio a sorte inventa e na desilusão dos sonhos atraca”. Sua desilusão não faz o odor dos desanimados. Pelo contrário, a tristeza de quem brinca com desvantagens é compensada pela audácia de quem é livre, como ele explica: “porque – traguei a verdade nua e crua”. É a poesia num mundo sem poesia. Tentativa invejável de um estreante, através da imprensa alternativa, mostrar seu compromisso em resistir nas trincheiras da culturaaté a morte do último traço característico de nosso povo. Assim, este trabalho é um grito irônico de liberdade. Não se trata de mais um livro para os críticos, mas, o eco dos que ainda têm coragem de fazer poesia sem o carimbo de instituições e intelectualoides, modismo dos dias atuais. Aí sob a coordenação da Nordestal Editora, lancei o livro, primeiro, numa festiva noite na Biblioteca Pública Fenelon Barreto, em Palmares e, depois, numa tarde ensolarada de sábado na legendária Livro 7, em Recife, ocasião que, coincidentemente, o Egberto Gismonti realizava um show-concerto no Teatro do Parque, local próximo do evento, e autografou o poema que fiz publicado no livro. Batido o centro, veio a responsabilidade de reestudar a poesia e a arte poética, revendo tudo e me determinando no oficio do aprendiz de poeta que sou até hoje. Vamos aprumar a conversa e veja mais aqui.


Imagem: A riot of colour, do pintor e gravurista britânico Howard Hodgkin.

Curtindo o álbum Kin (Nonesuch Records, 2014) do guitarrista de jazz estadunidense Pat Metheny & Unity. Veja mais aqui e aqui.

BRINCARTE DO NITOLINO – Hoje é dia de reprise do programa Brincarte do Nitolino pras crianças de todas as idades, no horário das 10hs e 15hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação simpática de Isis Corrêa Naves. Na programação, Nitolino, Paulo Zola & Francis Monteiro, Meimei Corrêa, Juquinha My Bonnie, Evelyn Queiroz & Rachel Lucena, Livia Luminato, Batráquios do Brejinho, Sabiá lá na gaiola, Juquinha Linguinha, Trombinha Branca, Pirulito que late late, Nita, Danyel Pessoa, Lobisomem Zonzo, Salada de frutas, Cara do Brasil & muito mais músicas, poesias, brincadeiras e histórias para a garotada. No blog, dicas e informações sobre Educação, Psicologia, Literatura, Teatro, Músicas, publicações e entrenimento pras crianças de todas as idades. Para conferir online é só clicar aqui ou aqui.

O ORGANISMO E SEU EQUILIBRIO – No livro Ego, fome e agressão: uma revisão da teoria e do método de Freud (Summus, 2992), do psiquiatra e psicoterapeuta alemão Fritz Perls (1893-1970), encontro a parte em que o autor aborda O organismo e seu equilíbrio, do qual destaco o seguinte trecho: [...] O tratamento isolado dos diferentes aspectos da personalidade humana apenas mantém o pensamento em termos de magia e apoia a crença de que corpo e alma são itens isolados, unidos de alguma maneira misteriosa. O homem é um organismo vivo e alguns de seus aspectos são chamados de corpo, mente e alma. Se definirmos o corpo como a soma das células, a mente como a soma de percepções e pensamentos, e a alma como a soma de emoções, e mesmo se acrescentarmos uma integração estrutural (ou a existência destas somas totais como totalidades) a cada um dos três termos, ainda compreenderemos quão artificiais e fora de conformidade com a realidade tais definições e divisões são. A superstição de que elas são partes diferentes, que podem ser reunidas ou separadas, é uma herança de tempos em que o homem (horrorizado e relutante em aceitar a morte como tal) criou a fantasia de espíritos e fantasmas que vivem para sempre e deslizam para dentro e para fora do corpo. Deus pode – de acordo com tal fantasia – soprar sobre um pedaço de argila e dar-lhe vida. Na reencarnação indiana, a suposta alma pode escapar de um organismo para outro, de um elefante para um tiguer, de um tigre para uma barata e na vida seguinte, para um ser humano, até que todas as condições de um padrão de ética inatingível sejam finalmente preenchidas e a alma possa encontrar descanso no nirvana. Mesmo em nossa civilização europeia, há muitos que acreditam em fantasmas e espíritos e proporcionam a ocultyistas, leitores de folhas de chá e gente da mesma espécie uma oportunidade bem-vida de ganhar a vida. Milhões de pessoas não acreditam numa vida depois da morte, porque é confortante pensar que os mortos não estão mortos? A aplicação desta conceção corpo-alma a coisas mecaniscas poderia ajudar a mostrar o seu absurdo. Se você ama seu automóvel, se encanta com seu motor suave, com a beleza de suas linhas, poderia ter a sensação de que ele tem uma alma. Mas quem poderia acreditar que a sua alma pudesse repentinamente deixar o corpo para se deleitar num céu para automóveis (ou sofrer tortura num inferno para veículos malcomportados), enquanto o cadáver do carro se decompõe num cemitério de automóveis? Você poderia objetar: o automóvel é algo feito pelo homem, algo superficial. [...]. Veja mais aqui e aqui.

OS DOIS CAMINHOS – No livro A voz do silêncio (Clássica Editora, 1916), da escritora e ocultista russa Elena Petrovna Blavatskaya, popularmente conhecida como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky (1831-1891), encontro a parte Os dois caminhos, traduzida por Fernando Pessoa: [...] Diz o Mestre: Os Caminhos são dois; as grandes Perfeições são três, seis são as Virtudes que transformam o corpo na Árvore do Conhecimento. Quem se aproximará deles? Quem entrará primeiro neles? Quem primeiro ouvirá a doutrina dos dois Caminhos em um, a verdade revelada sobre o Coração Secreto? A Lei que - afastando-se da erudição - ensina a Sabedoria, revela uma história de sofrimento. Ah, como é lamentável que todos os homens possuam Alaya e estejam em unidade com a Grande Alma, mas que, mesmo tendo Alaya, tirem dela um proveito tão pequeno! Olha como, da mesma maneira que a lua se reflete nas ondas tranquilas, Alaya é refletida pelo pequeno e pelo grande. Ela se espelha nos menores átomos, e, no entanto, não consegue alcançar o coração de todos. Ah, como é lamentável que tão poucos homens possam tirar proveito da dádiva, do presente de valor ilimitado que é a compreensão da verdade, a percepção correta das coisas existentes, e o conhecimento do não-existente! Diz o discípulo: Ó, Mestre, o que devo fazer para alcançar a Sabedoria? Ó, Sábio, o que fazer para obter a perfeição? Busca pelos Caminhos. Mas, ó Lanu, antes de começares a viagem, deves ter um coração puro. Antes de dares o teu primeiro passo, aprende a discernir o que é real do que é falso, o transitório do eterno. Aprende acima de tudo a ver a diferença entre o aprendizado mental e a sabedoria da Alma; entre a doutrina do “Olho” e a doutrina do “Coração”. Sim, a ignorância é como um recipiente fechado e sem ar; a alma é como um pássaro preso. Ele não pode cantar, e nem sequer mover uma pena; o cantador fica imóvel e entorpecido, e morre de exaustão. Mas mesmo a ignorância é melhor que um aprendizado mental sem a sabedoria da Alma para iluminá-lo e guiá-lo. As sementes da Sabedoria não podem germinar e crescer num espaço sem ar. Para viver e colher experiência, a mente necessita de amplitude, de profundidade, e de pontos que a levem na direção da Alma de Diamante. Não procures tais pontos no reino de Maya; mas eleva-te acima das ilusões, e busca o eterno e imutável SAT, sem confiar nas falsas sugestões da fantasia. Porque a mente é como um espelho; ela acumula pó enquanto reflete. Ela necessita a brisa suave da sabedoria da Alma para afastar o pó das nossas ilusões. Tenta, ó iniciante, unir tua Mente e tua Alma. Evita a ignorância, e evita do mesmo modo a ilusão. Volta o teu rosto para longe dos enganos do mundo; desconfia dos teus sentidos; eles são falsos. Mas, dentro do teu corpo - o santuário das tuas sensações - procura, no Impessoal, pelo “Homem Eterno”; e, depois de localizá-lo, olha para o teu interior: tu és Buddha. Evita o elogio, ó Devoto. O elogio leva à auto-ilusão. O teu corpo não é o seu Eu. O teu EU é em si mesmo destituído de corpo, e nem os elogios, nem as críticas, o afetam. A vaidade, ó Discípulo, é como uma torre elevada à qual subiu um tolo arrogante. Lá ele se senta com solidão e orgulho, sem ser percebido por ninguém exceto por si mesmo. O falso conhecimento é rejeitado pelo Sábio, e espalhado ao Vento pela Boa Lei. A roda da Boa Lei gira para todos, os humildes e os orgulhosos. A “doutrina do Olho” é para a multidão; a “doutrina do Coração”, para os eleitos. Os primeiros repetem, orgulhosamente: “Vejam, eu sei”. Os últimos, que fizeram sua colheita humildemente, confessam em voz baixa: “Isso é o que eu ouvi”. “Grande Peneira” é o nome da “Doutrina do Coração”, ó Discípulo. [...] Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

LIVRO DE HORAS - No livro O outro livro de Jó (1936), do poeta, teatrólogo e ensaísta português Miguel Torga (Adolfo Correia da Rocha – 1907-1995), encontro o poema Livro de horas, o qual destaco a seguir: Aqui, diante de mim, / eu, pecador, me confesso / de ser assim como sou. / Me confesso o bom e o mau / que vão ao leme da nau / nesta deriva em que vou. / Me confesso / possesso / das virtudes teologais, / que são três,e dos pecados mortais, / que são sete, / quando a terra não repete / que são mais. / Me confesso / o dono das minhas horas. / O das facadas cegas e raivosas / e o das ternuras lúcidas e mansas. / E de ser de qualquer modo andanças / do mesmo todo. / Me confesso de ser charco / e luar de charco, à mistura. / De ser a corda do arco / que atira setas acima / e abaixo da minha altura. / Me confesso de ser tudo / que possa nascer em mim. / De ter raízes no chão / desta minha condição. / Me confesso de Abel e de Caim. / Me confesso de ser homem. / De ser um anjo caído / do tal céu que Deus governa; / de ser um monstro saído / do buraco mais fundo da caverna. / Me confesso de ser eu. / Eu, tal e qual como vim / para dizer que sou eu / aqui, diante de mim! Veja mais aqui e aqui.

O METATEATRO – No livro O teatro da espontaneidade (Summus, 1984), do médico, psicólogo, filósofo e dramaturgo turco-judeu Jacob Levy Moreno (1889-1974), encontro a parte denominada O metateatro: estrutira arquitetônica, a qual destaco o trecho seguinte: Quando o contador de estórias começa, as crianças rapidamente se reúnem à sua volta. Ele ocupa o centro do grupo. Temos aí, à nossa frente, a imagem original do teatro. A separação nítida entre palco e plateia é a caracterica marcante do teatro legítimo. Isto é exemplificando pela forma dual bem como pelo relacionamento entre produção cênica e espectadores. Face à disposição do contraste entre atores e espectadores, porem, espaço total torna-se um campo para a produção. Cada parte do mesmo deve refletir o principio de espontaneidade e nenhuma de suas partes pode permanecer excluída. [...] no teatro todos os homens são mobilizados e se deslocam do estado de consciência para o estado de espontaneidade, do mundo dos feitos reais, dos pensamentos e sentimentos reais, para um mundo de fantasia que inclui a realidade potencial. As pessoas deslocam-se da coisa em si para a imagem da própria coisa, a qual inclui a coisa em potencial. Os valroes da vida são substituídos pelos valores da espontaneidade. Nos tempos modernos, o teatro só é visto a partir de uma extremidade, o palco. A outra extremidade, a audiência, é deixada na escuridão durante o espetáculo, não só a nível real como também a nível simbólico. A divisão da comunidade em duas partes, atores e audiência, também divide em duas partes a ilusão e o prazer estético, partes estas que só possuem significado em sua unificação, como ocorre com mãe e filho, marido e mulher, atores e plateia. A nova arquitetura do teatro deve ser concretizada a partir de ambos os lados, palco e público [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

MACHUCA – O premiado filme Machuca (2004), do escritor, produtor e diretor de cinema chileno Andrés Wood, conta a história que se passa em 1973, de dois garotos de diferentes classes sociais que vivem no Chile em meio a uma situação conturbada, em pleno governo de Salvador Allende, com diversas passeatas, umas em favor do socialismo, outras da direita nacionalista que quer retomar o poder. Os meninos se envolvem em conflitos entre eles, porém, com as tentativas de agressões recusadas por um deles, faz com que nasça uma amizade, sobrepujando a condição social de ambos. O filme ganhou os prêmios de Melhor Filme Latino no Ariel Award, no Bogotá Film Festival, e o Grande Prêmio no Ghent International Film Festival (2004), Prémios Goya (2005), o Philadelphia Film Festival (2005), o Valdivia International Film Festival (2004), o Vancouver International Film Festival (2004), Viña del Mar Film Festival (2004) e Prêmio Elcine no Lima Latin American Film Festival (2004). Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Imagem: A onde iluminada, recolhida do livro O Tao da Educação: a filosofia oriental na escola ocidental (Ágora, 2000), da doutora em psicologia educacional pela Unicamp, Luiza Mara Silva Lima. Veja mais aqui.

Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Quarta Romântica, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Para conferir online acesse aqui.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Ilustração em xilogravura de três crianças a cantar, de Stock.
Aprume aqui.


CHRISTINA VASSILEVA, KATHERINE JOHNSON, MARTÍN-BARÓ, JOÃO CABRAL & MATA SUL INDÍGENA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Mistérios do Rio Lento (The Voice of Lyrics, 1998), Santiago de Murcia: a portrait (Frame,...