VAMOS
APRUMAR A CONVERSA? CRIANÇA
– Era 1985, uma noite da semana de agosto – vinte e nove anos depois e ainda me
comovo. Havia sepultado meu filho há pouco mais de um mês e uma canção
solfejava em minha alma desde os últimos dias que eu havia brincado com ele,
antes dos sinais da enfermidade que repentinamente o acometera. Os acordes me
perseguiram durante todo o período, até que naquela noite, eu peguei o violão e
me aprontei para parir o que viesse. Fiquei dedilhando acordes e sussurrando a
melodia, quando minha filha sentou-se no chão, ao meu lado, rabiscando em
folhas de papel com a participação inquieta da cadelinha Xuxa que adorava ficar
embolando nos meus pés e atrapalhando Patrícia nas suas escrevinhações. A gente
costumava cantarolar os três canções pelas tardes e noites, principalmente nos
finais de semana. Eu tinha que cantar com eles Sina de Djavan muitas e muitas
vezes, até que a cadelinha, pra chamar a atenção, se escondia por trás da
geladeira, como se nos exigisse brincar de esconde-esconde. Aí Patrícia se
virava pra mim e dizia: - Paínho, cadê Xuxa? E lá íamos os três revirar a casa
toda para descobrir-lhe o paradeiro. Não está aqui, não está aqui, aqui também
não, ora, ora. E quando a encontrávamos – sempre escondida no mesmo lugar:
atrás da geladeira -, voltávamos a cantarolar músicas e mais músicas ao som do
meu violão. E naquela noite, não foi diferente: só que só nós dois e a
cadelinha. Foi aí que entoei repetidamente os dois primeiros versos Brinquedo de criança que eu vou brincar,
contigo nesta noite eu quero me embalar... e minha filha se virou pra mim,
me entregando uns rabiscos em forma de versos. Os meus versos se fizeram convite
para o que costumeiramente fazíamos. E a gente sentia falta do seu irmãozinho
que sempre participava desses momentos, juntamente com o ronronar da cadelinha
que não ficava de fora de nossas aprontações musicais. Li o que ela escreveu e,
no final, entoamos juntos: Brinquedo de
criança que eu vou brincar, contigo nesta noite eu quero me embalar. Coisas de
infância que eu vou sonhar com novas brincadeiras que eu vou inventar. Brincando
de cantiga que eu vou cantar, cantando a minha vida pra começar. Pular amarelinha
ou estudar toda lição, são coisas que a gente vai guardar no coração. Ou pula
academia, ou faz a roda ou garrafão, jogando bola o tempo todo pra alegrar
nossa canção. Capelinha de melão, é de São João, é cravo, é de rosa, é de
manjericão. Pula corda direitinho, pula fora, não; se pular a corda fora, leva
um beliscão. O seu rei mandou dizer pra cantar outra canção, que a cantiga já
tá feita e não tem outra não. Não tem outra não, não tem outra, não. Vamos
aprumar a conversa e veja mais aqui, aqui e aqui.
Curtindo 4 elementos (2013), do músico e compositor brasileiro Naná Vasconcelos. Veja mais aqui e
aqui.
PROGRAMA BRINCARTGE DO
NITOLINO – Hoje é dia de
mais uma edição do programa Brincarte do
Nitolino pras crianças de todas as idades, a partir das 10hs, no blog MCLAM
do programa Domingo Romântico, com apresentação simpaticíssima de Isis Corrêa Naves. Na programação sempre festiva, as atrações são por conta de Lya
Luft, Terezinha Guimarães, Cantigas de roda, Palavra Cantada, Castelo Rá Tim
Bum, Rapunzel, Pílula, Glub Glub, A Turma do Seu Lobato, Meimei Corrêa,
Turminha Paraíso, História para crianças & muito mais músicas, poesias,
brincadeiras e histórias para a garotada. No blog muitas dicas de Teatro,
Música, Literatura, Educação, Psicologia e direitos da criança e do
adolescente, além de muitas outras tantas dicas de leituras sobre o universo infantil e suas relações no contexto da família, da educação, da arte e da educação. Para conferir tudo ao vivo e online clique aqui ou aqui.
PSICOLOGIA
DA SAÚDE – No livro Atualidades em Psicologia da Saúde
(Thomson, 2004), organizado por Valdemar
Augusto Angerami-Camon, encontro o ensaio do próprio organizador sobre o
tema A Psicologia da Saúde no século XXI:
contribuições, transformações e abrangências, do qual destaco o trecho a
seguir: [...] Uma psicologia que se
comprometa com a construção de teorias inerentes à realidade brasileira e que
possa estar, assim, disponível e ao alcance de tantos quantos queiram
fundamentar-se em seus princípios para um verdadeiro dimensionamento das
condições psicológicas de nossa população. Trata-se, sem dúvida alguma, de um
desafio que estará a exigir que os nossos esforços sejam contínuos e
desdobrados diante da nova exigência que se imoõe perante nossa realidade
conceitual. Esse desafio é, seguramente, uma das maiores barreiras a serem
superadas no percurso que implica a construção de uma psicologia com traços e
contornos decididamente brasileiros. Essa revisão de cada etapa de nosso
percurso é condição primeira para que possamos, a partir de reflexões
sistematizadas e continuas, perceber a necessidade de eventuais mudanças de
rumos e, até mesmo, de horizontes e perspectivas teóricas. [...] Isso tudo mostra de modo bastante claro que
a construção de um conjunto de teorias que contemple a realidade brasileira
também precisa contemplar uma reflexão minuciosa sobre o modo de exploração da
mão de obra dos profissionais de psicologias pelas empresas que os recebem como
estágio, e o exploram da maneira mais contundente possível. E a empresa
hospitalar não se difere em nada, nesse quesito de exploração, de outras
modalidades empresariais. [...] Veja mais aqui e aqui.
O
MASSACRE DOS INOCENTES –
Na antologia Maravilhas do conto universal (Cultrix, 1969), encontro o conto O massacre dos inocentes, do escritor,
dramaturgo e ensaísta belga Maurice
Maeterlinck (1862-1949), do qual destaco o trecho: [...] Em uma cabana de madeira no final da aldeia, outra banda
encontrou uma camponesa lavando seus filhos em uma banheira de perto do fogo.
Ser velho e muito surda, ela não ouvi-los
entrar. Dois
homens levaram a banheira eo levou embora, ea mulher estupefato seguida com as
roupas em que ela estava prestes a vestir as crianças.
Mas quando ela viu vestígios de sangue em
todos os lugares na aldeia, espadas nos pomares, berços derrubados na rua, as
mulheres sobre os seus joelhos, outros que torciam as mãos sobre os mortos, ela
começou a gritar e bater os soldados, que colocou o banheira para se defender.
A cura apressou-se também, e com as mãos
cruzadas sobre a sua casula, aplacou os espanhóis antes que os pequeninos nuas
uivando na água. Alguns
soldados vieram para cima, amarrou o camponês louco de uma árvore, e levou as
crianças. O
açougueiro, que havia escondido sua filhinha, encostou sua loja, e atentou para
a insensivelmente. A
lancer e um dos homens armados entrou na casa e encontrou a criança em uma
caldeira de cobre. Em
seguida, o açougueiro em desespero tomou uma das suas facas e correu atrás
deles para a rua, mas os soldados que estavam passando desarmou-o e enforcado
pelas mãos aos ganchos na parede - há, entre os animais esfolados, ele chutou e
se esforçou , blasfemando, até a tarde. Perto do cemitério, houve uma grande reunião antes de um longo,
baixo casa, pintada de verde. O proprietário, que está em seu limite, derramou lágrimas
amargas; como
ele era muito gordo e jovial olhar, ele animado a pena de alguns soldados que
estavam sentados ao sol contra a parede, batendo um cão.
A um, também, que arrastado seu filho
pela mão, gesticulava como se quisesse dizer: "O que eu posso fazer isso
não é culpa minha" Um
camponês que foi perseguido, pulou em um barco, ancorado perto da ponte de
pedra, e com sua esposa e filhos afastou-se do outro lado da parte descongelada
da laguna estreita. Não
se atrevendo a seguir, os soldados caminhou furiosamente por entre os juncos.
Subiram para os salgueiros nas margens
para tentar alcançar os fugitivos com suas lanças - como eles não conseguiram,
eles continuaram por um longo tempo a ameaçar a família aterrorizada à deriva
sobre a água negra. O
pomar ainda estava cheio de pessoas, pois foi lá, na frente do homem de barba
branca que dirigiu o massacre, que a maioria das crianças foram mortas.
Pontinhos que poderia apenas andar
sozinho ficaram lado a lado mastigando suas fatias de pão e geléia, e olhou com
curiosidade para o assassinato de seus companheiros desamparados, ou recolhidos
em volta da aldeia tolo que jogou sua flauta na grama.
Então, de repente, houve um movimento
uniforme na aldeia. Os
camponeses correu em direção ao castelo, que estava no chão subindo marrom, no
final da rua. Eles
tinham visto o seu seigneur inclinada sobre as muralhas da sua torre e observar
o massacre. Homens,
mulheres, idosos, com as mãos estendidas, suplicou ele, em seu manto de veludo
e sua tampa de ouro, como a um rei no céu.
Mas ele ergueu os braços e encolheu os
ombros para mostrar sua impotência e, quando implorou-lhe mais e mais
persistente, de joelhos na neve, com as cabeças descobertos, e proferindo
gritos lastimáveis, ele virou-se lentamente para a torre e última esperança dos
camponeses tinha ido embora. Quando todas as crianças foram mortos, os soldados cansados
limpou suas espadas na grama, e ceou sob as árvores de pera.
Em seguida, eles montaram um atrás do
outro, e andava de Nazaré através da ponte de pedra, por onde tinham vindo.
O pôr do sol por trás da floresta fizeram
as madeiras em chamas, e tingiu a aldeia vermelho-sangue.
Exausto com a corrida e suplicante, a
cura havia se jogado em cima da neve, em frente à igreja, e seu servo estava
perto dele. Eles
olharam para a rua e do pomar, tanto aglomeravam com os camponeses em suas
melhores roupas. Antes
de muitos limiares, os pais com filhos mortos em seus joelhos chorou com sempre
fresca surpreender sua amarga tristeza. Outros ainda lamentou sobre os filhos, onde eles tinham morrido,
perto de um barril, no âmbito de um carrinho de mão, ou na borda de uma
piscina. Outros
levar os mortos em silêncio. Havia alguns que começou a lavar os bancos, os bancos, as
tabelas, as mudanças manchadas de sangue, e para pegar os berços que tinha sido
atirado para a rua. Mãe
pela mãe gemia sob as árvores ao longo dos corpos que jaziam sobre a relva,
pequenos corpos mutilados que eles reconhecidos por seus vestidos de lã.
Aqueles que não tinham filhos mudou-se
sem rumo pela praça, parando às vezes na frente do despojado, que lamentou e
chorou em sua tristeza. Os
homens, que já não chorava, sullenly prosseguidos seus animais desviaram, em
torno do qual os cachorros latindo corriam;
ou, em silêncio, reparado até agora suas
janelas quebradas e telhados vasculharam. Como a lua solenemente subiu na quietudes do céu, profundo
silêncio como de sono desceu sobre a aldeia, onde agora não a sombra de uma
coisa viva agitada. Veja mais aqui.
O
TEATRO DOCUMENTÁRIO – O
Teatro Documentário foi desenvolvido em sua terceira fase, com o dramaturgo,
pintor, novelista e diretor de cinema alemão Peter Weiss (1916-1982), com a sua peça teatral O Interrogatório (1965), na qual
reconstitui um julgamento de criminosos nazistas, por meio de uma testemunha
que relata a sua fuga corroendo sua memória. Da obra destaco o trecho a seguir:
[...] Testemunha 8 - Quando me tiraram da
barra, Boger disse: “Agora você está preparado para uma feliz viagem ao céu”. Fui
levado para uma cela do bloco 11, onde fiquei esperando horas e horas a minha
execução. Não sei quantos dias fiquei ali. Meus testículos arroxeados incharam
brutalmente. Na maior parte do tempo permaneci em estado de coma. Depois, fui
conduzido para a sala das duchas, junto com outros presos e nos fizeram tirar
as roupas. Marcaram nossos números no peito com tinta azul. Eu sabia que isso
era a condenação à morte. Depois que estávamos nus e em fila, o chefe do setor
de Informações perguntou quantos mortos devia contabilizar. Assim que ele saiu
fizeram uma recontagem e perceberam que havia um a mais. Eu tinha aprendido a
me colocar sempre no último lugar da fila. Fui separado dos outros com um
pontapé e me devolveram as roupas. Eu deveria voltar para a cela e aguardar a
próxima fornada, mas alguém me levou para a enfermaria. Também acontecia, que
um ou outro, tivesse o destino de sobreviver. Eu fui um desses [...] . Veja mais aqui.
TESTEMUNHA
4 – O documentário Testemunha 4 (Mirada, 2011), do diretor,
roteirista e produtor Marcelo Grabowsky,
é baseado na peça teatral O interrogatório, do dramaturgo, pintor, novelista e diretor de cinema alemão Peter Weiss (1916-1982), contando
a história de um interrogatório do Holocausto em uma apresentação de teatro de
vinte e quatro horas ininterruptas, interpretado pela atriz Carla Ribas. O filme investiga de que
forma a proposta de encenação baseada no esgarçamento do tempo influencia no
resultado do trabalho da atriz e na transformação da personagem por ela
interpretada, levando em consideração o desgaste físico e emocional da atriz. O
documentário foi premiado como Melhor Direção na III Semana dos Realizadores
(2011). O documentário além de ser um registro dos horrores resultantes das atrocidades vivenciadas pelas vítimas dos campos de concentração nazista, durante a II Guerra Mundial, também é um documento que estabelece uma nova visão da atividade teatral contemporânea. Veja mais aqui.
DANÇA: AULA CONCERTO – Acontecerá nesta quarta, 05 de agosto,
dentro do projeto Teatro é o maior barato, no Teatro Deodoro, Maceió - AL, a
reapresentação do espetáculo "Aula Concerto 2015", da Companhia de
Ballet Eliana Cavalcanti. A reapresentação faz parte da programação do "O
Teatro Deodoro é o Maior Barato", que oferece espetáculos a preços
populares (R$ 10 a entrada inteira e R$ 5 a meia-entrada) e os ingressos podem
ser adquiridos na bilheteria do Teatro Deodoro, a partir das 14 h ou na sede do
Ballet. Prestigiem a arte alagoana! Vamos todos pra lá.
IMAGEM DO DIA
Edição especial do tabloide Nacente – Publicação Lítero-Cultural
(1998), por ocasião da entrega da premiação do Premio Nascente de Arte Infanto-Juvenil, do lançamento da antologia
Brincarte (Nascente, 1998) e do
livro O lobisomem Zonzo (Nascente,
1998). Veja mais aqui e aqui.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Domingo Romântico com a reprise de toda programação da semana, a
partir do meio dia, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre
especial e apaixonante de Meimei Corrêa.
Para conferir online acesse aqui.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Imagem: Menina lendo (1881), do pintor
finlandês Albert Edelfelt
(1854-1905).
Aprume aqui.