VAMOS APRUMAR A CONVERSA? O
LÍTERO CULTURAL DE SELMO VASCONCELLOS (Imagem:
coluna do jornalista e poeta no Alto Madeira, sessão Geral, Porto Velho, sexta
feira, 10 de fevereiro de 2006). Quando concedi uma entrevista em 2009 pro
poeta, cronista, divulgador cultural e editor do Litero Cultural, Selmo Vasconcellos, que é carioca de nascimento e radicado desde 1982, em Porto
Velho, Rondonia, apenas estava consolidando uma amizade nascida na década
anterior, quando começamos a trocar correspondências e envio de materiais
publicados. Eu já havia em 2008 registrado o seu trabalho poético no meu blog Varejo Sortido e, para quem não sabe, ele é sobrinho do saudoso escritor José
Mauro de Vasconcelos e é formado em Administração de Empresas, além de membro
da União Brasileira de Escitores (UBE – RO). É colaborador do jornal Alto
Madeira com a sua destacada coluna Litero Cultural, do caderno R do Jornal
Rebate e do Rondonia ao vivo. É autor dos livros Rever verso inverso (1991), Nictêmero
(1993), Pomo da discórdia (1994) e Resquícios ponderados (Scortecci, 1996),
além dos livretos Morde & assopra e suas causas internas e externas (1999),
Desabafos (2003), da antologia Leonardo, meu neto (2004) e da revista
antológica Membros da galeria dos amigos do Lítero Cultural (2004). É um
inquieto jornalista que vem realizando ao longo dos anos inúmeras entrevistas que,
inclusive, já passam das seiscentas, com as mais diversas personalidades da
Literatura, desde novíssimos e ilustres desconhecidos às mais renomadas
celebridades do universo literário, todas reunidas no seu sítio. Nada mais
justo neste momento que manifestar minha eterna gratidão e aplausos para o
trabalho constante e consequente deste amigo que se mantém firme no batente da
vida. Abração & parabéns sempre, poetamigo Selmo Vasconcellos. Veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem: Nu feminino na rede (Óleo sobre placa), do pintor brasileito Oscar Pereira da Silva (1865-1939)
Curtindo o álbum Limite das águas (Continetal, 1976), do músico e compositor Edu Lobo. Veja mais aqui.
CARTA SOBRE A TOLERÂNCIA – No livro Carta sobre a tolerância (Martins Fontes, 2000), do filosofo
político inglês John Locke
(1632-1704), ele discute a tolerância religiosa contra os abusos do
Absolutismo, fundamentando as ideias de democracia moderna e de direitos
humanos, além de defender algumas ideias de que a tolerância não se deve ser
aplicada às camadas pobres que deviam ser penalizadas severamente com trabalho
para crianças a partir de três anos, obrigação de mendigos com distintivo
obrigatório para ser facilmente vigiados, entre outras medidas punitivas. Da obra
destaco o trecho a seguir: [...] A
tolerância para os defensores de opiniões opostas acerca de temas religiosos
está tão de acordo com o Evangelho e com a razão que parece monstruoso que os
homens sejam cegos diante de uma luz tão clara. Não condenarei aqui o orgulho e
a ambição de uns, a paixão a impiedade e o zelo descaridoso de outros. Estes
defeitos não podem, talvez, ser erradicados dos assuntos humanos, embora sejam
tais que ninguém gostaria que lhe fosse abertamente atribuídos; pois, quando
alguém se encontra seduzido por eles, tenta arduamente despertar elogios ao
disfarçá-los sob cores ilusórias. Mas que uns não podem camuflar sua
perseguição e crueldade não cristãs com o pretexto de zelar pela comunidade e
pela obediência às leis; e que outros, em nome da religião, não devem solicitar
permissão para a sua imoralidade e impunidade de seus delitos; numa palavra,
ninguém pode impor-se a si mesmo ou aos outros, quer como obediente súdito de
seu príncipe, quer como sincero venerador de Deus: considero isso necessário
sobretudo pra distinguir entre as funções do governo civil e da religião, e
para demarcar as verdadeiras fronteiras entre a Igreja e a comunidade. Se isso
não for feito, não se pode pôr um fim às controvérsias entre os que realmente
têm, ou pretendem ter, um profundo interesse pela salvação as almas de um lado,
e, por outro, pela segurança da comunidade. Parece-me que a comunidade é uma
sociedade de homens constituída apenas para a preservação e melhoria dos bens
civis de seus membros. Denomino de bens civis a vida, a liberdade, a saúde
física e a libertação da dor, e a posse de coisas externas, tais como terras,
dinheiro, móveis, etc. [...] Enfim,
para concluirmos, o que visamos são os mesmos direitos concedidos aos outros
cidadãos. É permitido cultuar Deus pela forma romana (católica)? Que seja
também permitido fazê-lo pela maneira de Gênova. É permitido falar latim na
praça do mercado? Os que assim desejarem poderão igualmente falá-lo na igreja.
É legítimo para qualquer pessoa em sua própria casa ajoelhar, ficar de pé,
sentar-se ou fazer estes ou outros movimentos, vestir-se de branco ou preto, de
roupas curtas ou compridas? Que não seja ilegal comer pão, beber vinho ou
lavar-se com água na igreja; em suma, tudo o que a lei permite na vida diária
deve ser permitido a qualquer igreja no culto divino. Que por esses motivos
nada sofram a vida, o corpo, a casa ou a propriedade de quem quer que seja. Se
se permite em seu país uma igreja dirigida por presbíteros, por que não
permitir igualmente uma igreja dirigida por bispos, para os que assim
desejarem? Administrada por uma ou várias pessoas, a autoridade eclesiástica é
a mesma por toda parte, nem tem qualquer jurisdição sobre questões civis, nem
poder algum de compulsão, nem se referem ao governo da igreja as riquezas e
rendas anuais. Estas reuniões eclesiásticas e sermões justificam-se segundo
comprovação da experiência pública. Se os permitem a cidadãos de certa igreja
ou seita, por que não a todas? Se alguma conspiração contra a paz pública é
tramada numa reunião religiosa, deve ser reprimida do mesmo modo e não
diversamente, como se tivesse ocorrido numa feira. Se um sermão numa igreja
contém algo sedicioso, deve ser punido da mesma maneira como se tivesse sido
pregado na praça do mercado. Essas reuniões não devem ser santuários para
homens facciosos ou corruptos. Por outro lado, uma reunião na igreja não deve
ser menos legal do que na corte, nem deve uma reunião de alguns cidadãos ser
mais repreensível do que a de outros. Ninguém deve ser transformado em objeto
de ódio ou suspeita devido às faltas de outras pessoas, mas unicamente por seus
próprios malefícios. Devem ser punidos e suprimidos os homens que são sediciosos,
assassinos, ladrões, adúlteros, caluniadores, etc., não importa a que igreja
pertençam, nacional ou não. Mas aqueles cuja doutrina é pacífica e cujas
condutas são puras e impolutas devem estar em termos de igualdade com os seus
concidadãos. Se se permitirem a alguns assembléias, reuniões solenes,
celebrações de dias festivos, sermões e culto público, tudo isso deve ser
igualmente permitido aos presbiterianos, independentes, arminianos,
anabatistas, quacres e outros. Na realidade, falando francamente, como convém
de homem a homem, não se devem excluir os pagãos, nem os maometanos e nem
judeus da comunidade por causa da religião. O Evangelho não o ordena. A Igreja,
que não julga os que estão de fora (1 Cor S, 12.13), não o deseja. A
comunidade, que recebe e incorpora homens enquanto homens na medida em que são
honestos, pacíficos e trabalhadores, não o exige. Permitiremos ao pagão que
trate e negocie em nosso país, proibindo-o de rezar e prestar culto a Deus? Se
permitimos aos judeus terem propriedades e casas próprias, por que não lhes
permitir que tenham sinagogas? Será a doutrina deles mais falsa, seu culto mais
abominável ou sua associação mais perigosa se se reúnem em público em lugar de
casas particulares? Mas, se tais coisas são concedidas aos judeus e pagãos,
tornar-se-á pior a condição dos cristãos numa comunidade cristã? Dirão que sim,
certamente, porque têm maior tendência a facções, tumultos e guerras civis.
Caberá a culpa à religião cristã? Se assim for, a religião cristã será
certamente a pior de todas as religiões, não devendo abraçá-la qualquer
indivíduo nem tolerá-la qualquer comunidade. Pois, se tal for o espírito, a
natureza da própria religião cristã, ser turbulenta e destruidora da paz civil,
a própria igreja que o magistrado favorece não será sempre inocente. Mas longe
de nós dizer algo de semelhante dessa religião que mais se opõe à cobiça,
ambição, discórdia, disputas e desejos terrenos, e é a mais modesta e pacífica
das religiões que jamais existiram. Portanto, devemos buscar outra causa para
os males do que atribuí-los à religião. E, se consideramos corretamente,
descobriremos consistir totalmente no assunto que estou discutindo. Não é a
diversidade de opiniões (o que não pode ser evitado), mas a recusa de
tolerância para com os que têm opinião diversa, o que se poderia admitir, que
deu origem à maioria das disputas e guerras que se têm manifestado no mundo
cristão por causa da religião. Os líderes da Igreja, movidos pela avareza e
desejo de domínio, têm usado de todos os meios para excitar e avivar contra os
não ortodoxos tanto o magistrado, cuja ambição o torna frequentemente incapaz
de oferecer-lhes resistência, como o povo, que é sempre supersticioso e
portanto cabeça vazia; ademais, têm pregado, em oposição às leis do Evangelho e
aos preceitos da caridade, que os cismáticos e hereges devem ser despojados de
suas posses e destruídos, confundindo, deste modo, duas coisas completamente
diferentes: a Igreja e a comunidade. Como na vida prática é difícil convencer
os homens a aceitarem pacientemente serem despojados dos bens que adquiriram mediante
trabalho honesto, e, contrariamente a todo direito equitativo, não só humano
como divino, serem lançados como presa à violência e espoliação de outros
homens, especialmente quando são inteiramente destituídos de culpa; e quando o
assunto em questão de modo algum diz respeito à lei civil, mas à consciência
individual e à salvação de sua própria alma, sendo disso unicamente responsável
Deus. À vista disso, é cabível antecipar que esses homens, por terem crescido
sob temor dos males que lhes são infligidos, devem finalmente se persuadir da
justiça de combater a força pela força, defendendo com as armas ao seu dispor
os direitos que Deus e a Natureza lhes facultaram, podendo ser julgados apenas quando
cometem crimes e não por causa da religião? Tem sido este o curso de eventos
comprovados com abundância pela História, sendo, portanto, razoável supor que o
mesmo ocorrerá no futuro, se o princípio de perseguição religiosa prevalecer,
tanto por parte do magistrado como do povo, e se os que devem servir de
escudeiros da paz e da concórdia incitarem os homens às armas ao som da
trombeta de guerra, soprada com toda a força de seus pulmões. É de admirar que
os magistrados tolerem esses incendiários e perturbadores da paz pública, se
não transparecesse terem sido convidados para participar dos espólios, usando
freqüentemente da própria cobiça e orgulho como meio de aumentar o próprio
poder. Quem não vê que estes bons homens são mais ministros do governo do que
ministros do Evangelho; que têm adulado a ambição dos príncipes e o domínio de
quem é poderoso, e devotado todas as suas energias a promover na comunidade a
tirania que de outro modo não conseguiriam estabelecer na Igreja? Geralmente,
tem sido esse o acordo entre Igreja e Estado; se, ao contrário, cada um deles
se confinasse dentro de suas fronteiras - um cuidando apenas do bem-estar
material da comunidade, outro da salvação das almas - possivelmente não haveria
entre eles nenhuma discórdia. Temos, porém, vergonha de dizer algo tão
escandaloso. Deus, Todo-Poderoso, permita que se pregue finalmente o Evangelho
da paz, e que os magistrados civis, tornando-se mais ansiosos para conformar a
própria consciência à lei de Deus do que forçar outros homens pelas leis
humanas, devem, como pais de seu próprio país, orientar todos os seus conselhos
e esforços para promover o bem público civil de todos os seus filhos, exceto
somente daqueles que forem arrogantes, dolosos e perversos; e que todos os
sacerdotes, que se gabam de ser os sucessores dos apóstolos, seguindo pacífica
e modestamente nos passos dos apóstolos, sem se imiscuírem com os negócios do
Estado, devem se aplicar inteiramente para promover a salvação das almas. Adeus.
Veja mais aqui, aqui e aqui.
A ESPOSA
SÁBIA –
No livro Arab folktales (Pantheon,
1986), de Iner Bushnaq, encontrei a narrativa A esposa sábia, adaptado de The
Sultans Camp Follower, do qual trago
os trechos com o seguinte teor: Era uma
vez um seleiro e sua esposa, que viviam com suas três filhas. O homem
trabalhava bastante e, ao longo dos anos, economizou uma centena de moedas de
ouro colocando-as dentro de uma sela e a costurou como medida de segurança.
Certo tempo depois, vendeu essa sela por engano e só descobriu o erro depois
que o cliente saiu de sua loja e da cidade. Um ano depois, o cliente voltou
para fazer um conserto na sela. O artífice não conseguia acreditar em sua boa
sorte, quando encontrou suas economias ainda dentro da sela. Recuperou o
tesouro e criou uma pequena canção para celebrar sua fortuna, e todo dia
entoava: Escondi e perdi. Esperei e encontrei. É meu pequeno segredo. E ninguém
jamais o conhecerá. Certo dia, o sultão passou pela loja e ouviu essa canção.
Perguntou: qual é o seu segredo? Se eu lhe contasse, respondeu o selerio, seria
um segredo? O monarca granziu a testa. Sou o sultão. Conte-me o segredo. O
seleiro recusou-se. Então o sultão perguntou-lhe: você tem família? Uma boa
esposa e três filhas lindas, ainda solteiras, respondeu o seleiro. Neste caso,
ordenou o sultão, traga suas filhas amanhã ao meu palácio e providencie então
para que as três estejam grávidas. Caso contrário, cortarei sua cabeça! Mas
majestade!, exclamou o pai horrorizado. [...] A filha pensou por um momento e depois disse: não se desespere, pai.
Apenas me compre três vasilhas de água, e eu mostrarei ao sultão como três
virgens podem engravidar. [...] A
filha mais jovem contou as moedas de ouro e devolveu a bolsa à velha. Tenho um
recado para o sultão. Pergunte-lhe o seguinte: Quando se dá um carneiro de
presente, corta-lhe a causa? A velha balançou a cabeça de novo, voltou até o
sultão e contou tudo o que a virgem dissera. Tenho a impressão que ela é louca,
disse, suspirando. O sultão pensou por um momento e sorriu. [...] No dia seguinte, o sultão mandou a velha de
volta, com outra proposta de casamento e, dessa vez, o seleiro e a filha mais
jovem aceitaram. [...] Cerca de um
ano depois, o sultão regressou da guerra, carregado de despojos. Mal olhou para
sua esposa, recrutou mais tropas e partiu para outra campanha, bem depois de
Gharb. Assim, ela se vestiu novamente de general, reuniu suas tropas e foi
atrás do sultão. [...] Tres anos se
passaram antes que o sultão voltasse para casa dessa guerra. Ele não falou com
a esposa porque decidira arrumar uma nova esposa e planejava casar-se com uma
princesa, mais adequada à condição de realiza do que a filha de um seleiro.
Quando chegou o dia do casamento, a primeira esposa vestiu com elegância os
três filhos, e ao mais velho entregou a adaga do sultão para que usasse em seu
traje. Colocou o colar de orações nas mãos da criança do meio e o turbante na
filha. Depois ensinou uma canção às três crianças. Pouco antes do inicio da
cerimonia de casamento, as crianças apareceram diante do sultão e cantaram: Ele
vence na guerra. Vence no xadrez. Vence no amor, vence em suas buscas. Nosso
pequeno segredo, ele o descobrirá? O sultão olhou para as crianças e reconheceu
a adaga, o colar de orações e o turbante. Então olhou fixamente para a mãe
deles e finalmente percebeu o que ela fizera. Você foi os generais que me
desafiaram e as escrdavas que dormiram comigo!, exclamou o sultão. São estes
meus filhos? A esposa confirmou com um movimento de cabeça. O sultão cancelou o
novo casamento, mandando embora a princesa, e voltou-se para a esposa. Você é
mais astuta do que qualquer mulher do mundo. Ninguém mais será minha esposa
além de você! O sultão e a esposa abraçaram-se e o monarca abraçou os três
filhos. Depois ordenou que houvesse uma festa para sua verdadeira esposa e
família recém-encontradas. E desse dia em diante todos viveram felizes, com
amor, sabedoria e paz. Veja mais aqui.
A MULHER, LUCILIA &
RECITATIVO – O livro Poesias Completas (Spiker, 1965), reúne
os diversos livros poeta Fagundes Varela
(1841-1875), entre os quais destaco inicialmente A Mulher: A mulher sem amor é como o inverno, / Como a luz das antélias no
deserto, / Como espinheiro de isoladas fragas, / Como das ondas o caminho
incerto. / A mulher sem amor é mancenilha / Das ermas plagas sobre o chão
crescida, / Basta-lhe à sombra repousar um’hora / Que seu veneno nos corrompe a
vida. / De eivado seio no profundo abismo / Paixões repousam num sudário
eterno... / Não há canto nem flor, não há perfumes, / A mulher sem amor é como
o inverno. / Su’alma é um alaúde desmontado / Onde embalde o cantor procura um
hino; / Flor sem aromas, sensitiva morta, / Batel nas ondas a vagar sem tino. /
Mas, se um raio do sol tremendo deixa / Do céu nublado a condensada treva, / A
mulher amorosa é mais que um anjo, / É um sopro de Deus que tudo eleva! / Como
o árabe ardente e sequioso / Que a tenda deixa pela noite escura / E vai no
seio de orvalhado lírio / Lamber a medo a divinal frescura, / O poeta a venera
no silêncio, / Bebe o pranto celeste que ela chora, / Ouve-lhe os cantos, lhe
perfuma a vida... / - A mulher amorosa é como a aurora. Também o seu poema
À Lucília: Se eu pudesse ao luar,
Lucília bela, / Queimar-te a fronte de insensatos beijos, / Dobrar-te ao colo,
minha flor singela, / Ao fogo insano de eternais desejos; / Ai! se eu pudesse
de minh’alma aos elos / Prender tu’alma enfebrecida e cálida, / Erguer na vida
os festivais castelos / Que tantas noites planejaste, pálida; / Ai! se eu
pudesse nos teus olhos turvos / Beber a vida da volúpia ao véu, / Bem como os
juncos sobre as ondas curvos / A chuva bebem que derrama o céu, / Talvez que as
mágoas que meu peito ralam / Em cinzas frias se perdessem logo, / Como as
violas que ao verão trescalam / Somem-se aos raios de celeste fogo! / Oh! vem
Lucília! é tão formosa a aurora / Quando uma fada lhe batiza o alvor, / E a
madressilva, que ao frescor vapora / Os ares peja de lascivo amor... / Sou moço
ainda; de meu seio aos ermos / Posso-te louco arrebatar comigo... / De um mundo
novo na solidão sem termos / Deitar-te à sombra de amoroso abrigo! / Tenho um
dilúvio de ilusões na fronte, / Um mundo inteiro de esperanças n’alma, / Ergue-te
acima de azulado monte, / Terás dos gênios do infinito a palma!... Por fim, o seu
poema Recitativo: Se eu te dissesse, Madalena pálida, / Fundo
mistério que meu peito oculta, / Se eu dissesse que amargura estólida / Em mar
de prantos meu viver sepulta; / Se eu te contasse que tristezas fúnebres / Meio
seio rasgam por febrentas horas, / Que chamas vivas, que delírios lúgubres / Cercam-me
o leito de infantis auroras; / Ah! tu que aos males desconheces, pérfida, / O
saibro impuro, o lacerante anseio, / Erguendo os olhos sobre o véu da dúvida / Talvez
disseras a sorrir: - Não creio! / E no entanto quantas horas pávido / Passei
fitando teu divino rosto! / Que longas noites ao deixar-te, trêmulo, / Torci-me
em crises de infernal desgosto! / Ah! tíbia estátua, na friez do mármor / Sequer
um broto de paixão se oculta! / A vida esvai-se de meu peito débil / E junto à
campa mais a dor se avulta. / Dize, impiedosa, que rigor satânico / Fez de
minh´alma o pedestal da tua, / E a teus olhares me encandeia fátuo / Bem como o
lago refletindo a lua!... / Se, o peito opresso, a teus joelhos, lívido, / Gemesse
- eu te amo! em derradeiro anseio, / Sei que mostravas-me um sorriso irônico, /
Sei que disseras a sorrir: - Não creio. Veja mais aqui, aqui e aqui.
O QUE É ISSO, COMPANHEIRO
& A PROPÓSITO DE SENHORITA JÚLIA
– A atriz de teatro, cinema e televisão, Alessandra
Negrini começou fazendo um curso para teatro aos 18 anos de idade, quando
foi chamada para atuar na televisão. Ela estreia no cinema em 1997, com o filme
O que é isso companheiro. Em 2001, ela estreia no teatro com a peça O beijo no
asfalto e, no cinema, com Um crime nobre. Seguiram-se no teatro Credores
(2003), A gaivota (2008), A senhora de Dubuque (2011) e A propósito de
senhorita Julia (2012). Já no cinema, Sexo, amor e Traição (2004), Cleópatra
(2007), Os desafinados (2007), No retrovisor (2008), A erva do rato (2008), O
abismo prateado (2011), 2 coelhos (2011) e O gorila (2012). A jovem atriz está
projetando uma carreira impecável, ora no teatro, ora na televisão, ora no
cinema, demonstrando sua versatilidade e domínio nas mais diversas interfaces
artísticas de sua atuação. Parabéns e aplausos de pé! Veja mais aqui.
CENTRO DE GRAVIDADE – O longa metragem Centro de Gravidade (2011), baseado no conto Pity for the World, do escritor americano David Plante, numa produção da Universal Remote
Films, dirigido e roteirizado pelo fundador e presidente da Academia
Internacional de Cinema (AIC), Steven Richter, com música de Erik Blood, foi
produzido de forma independente, rodado em cinco dias, com orçamento mínimo,
duas câmaras e equipe reduzida composta por professores e alunos da AIC e de
profissionais de cinema. O filme trata sobre questões que envolvem amor e
expectativas em relação à pessoa amada, numa linha tênue que simultaneamente
divide e une um ao outro, centrado no relacionamento de um jovem casal de
classe média alta, que mora em um confortável e elegante apartamento. O jovem é
um escritor e professor de Literatura Brasileira que está com seus pais à beira
da morte, enquanto que a jovem tem uma vida reduzida ao centro gravitacional do
próprio companheiro. Uma crise no relacionamento desponta quando ele desconfia
de que foi traído, ela confessa e ele quer conhecer o pretenso amante. O destaque
vai para a atriz Ana Carolina Lima. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do fotógrafo tcheco Jiří Růžek
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Noite Romântica, a partir
das 21 hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e
apaixonante de Meimei Corrêa. E para
conferir online acesse aqui.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Aprume aqui.