VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
UMAS DO REINO DO FECAMEPA
– Desde menino que ouço falar de roubalheira. Nos tempos de ginásio e colégio,
muitas vezes ouvia de professores de História do Brasil relatos cabeludos de
práticas portuguesas e da imitação dos daqui de tomar pra si o que deveria ser
todos, conhecendo a realidade do jeitinho brasileiro para tudo. E haja
indignação quando o assunto é voltado pros desmandos com a coisa pública. Dia
desses vi um distinto professor universitário vociferando indignação de que
somos uma gente muito misturada que jamais teríamos a dignidade de ser gente de
fato e de direito, exemplificando isso com fatos meritórios do opróbrio popular.
Ele falava com tanta firmeza ressaltando as suas virtudes, que tive a
petulância de perguntar-lhe: - Mas se o senhor fosse prefeito dessa cidade,
qual a primeira coisa que o senhor faria? Ele me puxou pelo braço e me
confidenciou aos cochichos: - Eu ia era me arrumar. Hum? Doutra feita, uma
distinta doutoranda pisando potoc-toc no salto de suas botas esbanjando elegância,
entrou numa repartição pública, furando a fila na maior cara de pau e se
dirigindo ao funcionário que educadamente fez-lhe ver a fila. Ela prontamente
respondeu: - Sei, mas quero que resolva o meu problema e o resto que se foda!
Hem? Uma distintíntissima escritora num evento promovido pela Secretaria de
Educação, palestrava ufanamente quando disse: - Nós poetas, somos pessoas
especiais que merecemos um tapete vermelho onde quer que a gente chegue, não é
não, Luiz? – disse ela virando-se pra mim. Respondi-lhe: Não, você é PNE? (leia-se
Portadora de Necessidades Especiais). Foi então que descobri que a figura do
Fabo (leia-se Fabricante de Bosta), não estava só na gestão e corpo funcional
dos órgãos públicos e nem só nos escusos antros das trambicagens (propinodutos
de gatunildos e ladronácios). Verdade, gente! Constatei que não só estavam
entre os traficantes de merenda escolar, na afanagem de remédios dos postos de
saúde, muito menos apenas nas fiscalizações dos serviços públicos das redes
privadas. Não só. Também os Fabos estão do lado de cá promovendo o
umbigocentrismo na base do resolva o meu e o resto que vá pra tonga da mironga
do cabuletê! E quando o jeitinho não resolve, a primeira coisa a fazer é usar
da força das cédulas da vigência monetária. Pronto, tudo resolvido. E deixando
o meladeiro do número dois por tolotes identificáveis nas mais simples atitudes
e comportamentos gerais. Cá comigo, todo mundo quer acabar com o corrupto. E o
corruptor? Nossa, estou começando a me preocupar mais ainda com o fedor dos
coprólitos! Qualquer dia desses a inhaca não deixará a gente mais respirar
oxigênio seguro. Apois tá, no Reino do Fecamepa o que vale é a espórtula! Qual
é a sua? Vai ficar fora dessa ou vai amargar como eu o discurso do liseu? Vamos
aprumar a conversa! E veja mais aqui e aqui.
Imagem: a arte do pintor, desenhista,
publicitário e escultor da Pop-Arte Andy
Warhol (1928-1987). Veja mais aqui.
Curtindo o álbum Suíte Afro-Consolação (1998), do músico e compositor Baden Powell de Aquino (1937-2000).
PSICOLOGIA DA EVOLUÇÃO – O livro Psicologia da evolução possível ao homem: síntese notável, atualíssima,
da ciência do desenvolvimento espiritual através da consciência (1945 -
Pensamento, s/d), do filósofo e psicólogo russo Piotr Demianovitch Ouspensky (1878-1947), reúne cinco conferências
em que o autor aborda seus estudos acerca da psicologia, entre quais destaco os
trechos a seguir: [...] A psicologia é,
às vezes, chamada uma ciência nova. Nada mais falso. Ela é, talvez, a ciência
mais antiga, infelizmente, em seus aspectos essenciais, é uma ciência esquecida
[...] Durante milênios, a psicologia
existiu com o nome de filosofia. Na Índia, todas as formas de Ioga, que são
essencialmente psicologia, são descritas como um dos seis sistemas de
filosofia. Os ensinamentos sufis, que são, antes de tudo, de ordem psicológica,
são considerado em parte religiosa, em parte metafísicos. Na Europa, até pouco
tempo atrás, nos últimos do século XIX, muitas obras de psicologia eram citadas
como obras de filosofia. E embora quase todas as subdivisões da filosofia, tais
como a lógica, a teoria do conhecimento, a ética e a estética, referiam-se ao
trabalho do pensamento humano ou ao dos sentidos, considerava-se a psicologia inferior
à filosofia e relacionada somente com os aspectos mais baixos ou mais triviais
da natureza humana. Ao mesmo tempo que subsistia com o nome de filosofia, a
psicologia permaneceu por mais tempo ainda associada a uma ou outra religião.
[...] Aqui é indispensável observar que
todos os sistemas e doutrinas psicológicos, tanto os que existiram ou existem
abertamente, como aqueles que permaneceram ocultos ou disfarçados, podem
dividir-se em duas categorias principais. Primeira: as doutrinas que estudam o
homem tal como o encontram ou tal como o supõem ou imaginam. A psicologia
cientifica moderna, ou o que se conhece por esse nome, pertence a essa
categoria. Segunda: as doutrinas que estudam o homem não do ponto de vista do
que ele é ou parece ser, mas do ponto de vista do que ele pode chegar a ser, ou
seja, do ponto de vista da sua evolução possível. Estas últimas são, na
realidade, as doutrinas originais ou, em todo caso, as mais antigas e as únicas
que podem fazer compreender a origem esquecida da psicologia e sua significação.
[...] Veja mais aqui.
EMBOSCADA – No livro Histórias ordinárias (O Cruzeiro, 1966), do escritor e jornalista Herberto Sales (1917-1999), reúne
contos do autor, entre os quais destaco o trecho de Emboscada: [...] Foi quando o cavaleiro apareceu. Subia a
estrada descuidado, assobiando. Guido logo reconheceu o fazendo Pedro Neves.
Então, o que havia de incerteza no seu espírito transformou-se imediatamente
numa sensação de alívio, marcada a um só tempo de medo e crueldade. Apontou a arma,
fazendo mira, sempre com o dedo no gatilho. Viu o homem parar de assobiar,
enxugar o suor do rosto, com um lenço que de novo guardou no bolso, e acender o
cigarro. Foi quando o velho Patuá comandou: - Fogo! O negro procurava fazer um
bom alvo, na pontaria contra o paletó de brim cáqui, onde havia manchas de
suor. – Fogo! – repetiu o velho Patuá, num tom de irritação, apertou o gatilho.
O negro Guido acompanhou-o. Dois tiros estrondaram, ao mesmo tempo que a
caverna se enchia de fumaça. Como se uma invisível mão os enxotasse, os
pássaros voaram. Um desabrido tropel foi então ouvido: era cavalo do
fazendeiro, que fugia com os arreios vazios. Espantado, corria doidamente
estrada abaixo – as caçambas batendo como sinhôs. Como sinos roucos.
Estranhamente roucos. Veja mais aqui.
O TEATRO CORPO A CORPO COM
A VIDA - O ator,
diretor, dramaturgo e poeta ítalo-brasileiro, Gianfrancesco Guarnieri
(1934-2006), é um dos nomes mais representativos da dramaturgia brasileira, com
uma carreira iniciada em 1952 quando funda o Teatro Paulista de Estudante e
desenvolve uma trajetória que se realiza com a fusão do TPE e o Arena, com a
premiação de melhor ator merecedor do prêmio Arlequin, em 1955. Em 1956 ele
ganha o prêmio de revelação de ator por sua interpretação no Arena da peça
Ratos e Homens. A sua estreia como autor foi com a peça Eles não usam black-tie que, anos mais tarde, foi adaptada para o
cinema. Seguiu-se outros tantos textos autorais como Arena conta Zumbi, Arena
Conta Tiradentes, Marta Saré, Castro Alves Pede Passagem, Um grito parado no
ar, Ponto de Partida, Me dá o mote!, Janelas Abertas, Que Zorra!, entre outras
participações no teatro, cinema e televisão. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A DAMA NA ÁGUA – O filme A dama na água (Lady in the Water, 2006), do diretor e ator
cinematográfico indiano M. Night
Shyamalan, com roteiro do próprio diretor e música de James Newton Howard,
é baseado num conta de ninar que o próprio diretor contava aos seus filhos e
conta a história do abandono por parte dos seres humanos nos tempos modernos,
deixando de lado o mito do povo do mundo azul que são as ninfas, para entrar em
guerras e conflitos. É quando surge a oportunidade dos seres humanos se
comunicarem pela ação de um jovem triste que vive solitário até que encontra
uma jovem misteriosa – depois identificada como uma ninfa - que buscava abrigo
para se esconder da fuga das passagens da piscina, nas quais criaturas malignas
a perseguem e desejam impedir que ela retorne ao seu mundo. O destaque da
película fica por conta do trabalho da atriz estadunidense Bryce Dallas Howard. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Foto: Reunião aberta do Centro Acadêmico de Psicologia Martin-Baró
(CAPSI), do Centro Universitário Cesmac, realizada nesta quarta, dia 05 de
agosto, com debates abertos dos membros e estudantes da instituição sobre temas
como Reforma Agrária e Educação, capitaneada por Yuri Gabriel. Veja mais aqui.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa SuperNova, a partir das
21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e
apaixonante de Meimei Corrêa. Para
conferir online acesse aqui.
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Aprume aqui.