VAMOS APRUMAR A CONVERSA? DIREITO
E PSICANÁLISE - As
relações entre o Direito e a Psicanálise tem se estreitado em virtude das
manifestações de doutrinadores, magistrados e militantes da área jurídica a
respeito do assunto. De um lado, o Direito tem atuado nas relações e ações
humanas notadamente no que compreende a repercussão dessas relações e atos na
sociedade. Assim, essa área atua na prática de legislar sobre as relações e
anseios humanos, criando um arcabouço legal de regulação da conduta humana na
proteção da sociedade. Nesse sentido, por meio da regulação jurídica há uma
imposição da autoridade coatora na exigência do princípio de Justiça e na
satisfação do interesse público em nome da coletividade. A Psicanálise, por sua
vez, tem demonstrado a perspectiva que leva em consideração a estrutura do
individuo por meio de análise de cada particularidade da história de vida do sujeito,
além das limitações criteriosas dos diagnósticos, propiciando aprofundamento no
estudo da subjetividade da pessoa e na identificação da sua personalidade.
Trata-se de uma teoria que envolve a observação fisiológica, biológica e
psíquica que envolve questões afetivas, da personalidade, do comportamento, do
desenvolvimento e da motivação consciente e inconsciente. Nesse contexto, essa
área do conhecimento atua na busca por desvendar os impulsos que se encontram
antecedentes aos atos humanos, procurando identificar a motivação e causa das
origens desses mesmos atos. Por essa razão, a introdução da Psicanálise na área
jurídica possibilita uma ampla e nova maneira de se pensar e criar diplomas
legais, considerando o estudo humano por meio da expressão do seu caráter. Nessa
relação observa-se que ambas as áreas do conhecimento se encontram com um
diálogo que envolve os mais diversos contextos da vida humana. Na esfera penal possibilita a Psicanálise a demonstração
com clareza do estilo de vida daquele que comete um ato delituoso,
identificando suas fraquezas, impulsos, frustrações e comportamentos, bem como
a forma adequada de aplicar tratamentos que tenham por fim a ressocialização e,
consequentemente, reinserção do individuo ao exercício da cidadania. Na
área da infância, juventude, idosos, obrigações e responsabilidades, introduz a
Psicanálise uma ressignificação do outro em todos os níveis de relação,
promovendo, por sua vez, uma interação por meio do diálogo de perspectivas para
um melhor entendimento da sociedade contemporânea. Por consequência, na esfera familiar a Psicanálise contribui para
entendimento das relações afetivas permeadas por toda sorte de ventura e
vicissitudes, observando as disfunções biológicas, fisiológicas e psíquicas
produtoras de condições patológicas que conformarão as condutas no seio da
sociedade. Tal condução advém do entendimento de que tanto na questão
familiar, como em todas as demais áreas jurídicas estão envolvidos os mais
diversos interesses, conflitos, comportamentos, dissimulações e afetos que vão
muito além da positivação dos ordenamentos jurídicos, uma vez que envolve
questões tanto biológicas, como psíquicas, culturais, fisiológicas, ambientais,
sociais, individuais e religiosas. Tais conduções se tornam possíveis porque os
propósitos psicanalíticos produzem uma análise da formação dos indivíduos desde
a sua infância para formação de um histórico individual que permite a
identificação de distúrbios emocionais de natureza grave e na perspectiva de
uma predisposição para prática de atos delituosos ou na geração dos litígios e
conflitos. Torna-se, portanto, indubitável o fato de que contribui a
Psicanálise no processo de decisão do magistrado ao levá-lo a ponderar a
respeito das causas, motivações, expressões, omissões e toda tramitação que
envolve todos os litigantes nas lides processuais em todas as esferas
jurídicas, favorecendo-o como importante instrumento na administração da
Justiça. Diante do exposto, fica detectada a notória e inestimável contribuição
que o estudo das teorias psicanalíticas possibilitarão ao Direito a edificação
de um corpo normativo adequado à conduta humana na percepção do sujeito com
suas possibilidades, angústias, impasses, paradoxalidades, conflitos, complexidades, transformações e ambiguidades, diante do que
é justo/injusto, direito, poder, coação, coletividade, subjetividade e
interesse público. Assim, a Psicanálise é uma entre tantas disciplinas
que contribuem para auxiliar o pleno exercício da atividade jurídica. E essa
interlocução entre Direito e Psicanálise promove a revisão conceitual e
paradigmática das bases jurídicas, possibilitando um melhor desdobramento nas
demandas judiciais. E vamos aprumar a conversa aqui, aqui, aqui e aqui.
Imagem: Sleeping Venus, do pintor italiano Agostino Carracci (1557-1602).
Curtindo o álbum Houses of the Holy (Atlantic Records, 1973), da banda britânica de
rock Led Zeppelin.
INFÂNCIA, IMAGEM &
LITERATURA – Aconteceu
nesta quinta, 30 de abril, no auditório João Sampaio, no Centro Universitário
Cesmac, a 7ª Reunião da Extensão Comunitária com apresentação do resultado
parcial dos projetos de extensão, vigência 2015. Na ocasião foi apresentado o
relatório do Projeto de Extensão Infância, Imagem e Literatura: uma
experiência psicossocial na comunidade do Jacaré – AL, realizado
pelos graduandos dos cursos de Psicologia & Comunicação Social do Centro
Universitário Cesmac, sob a coordenação do Professor Ms Cláudio Jorge Gomes
de Morais. Veja mais detalhes do projeto aqui.
TEORIA DA POESIA CONCRETA – O escritor, advogado, sociólogo,
professor, tradutor e teórico da comunicação Décio Pignatari (1927-2012), foi um dos fundadores do movimento
estético denominado Concretismo, ao lado dos irmãos Augusto e Haroldo de
Campos. O grupo editou as revistas Noigandres e Invenção e, posteriormente, A
Teoria da Poesia Concreta (1965). O grupo ainda lança em 1956, o plano-piloto
Poesia Concreta, síntese teórica do trabalho poético com traduções em diversas
línguas. Ele é autor de obras como Informação, Linguagem e Comunica (1968) e
reuniu sua produção poética no livro Poesia Pois é Poesia (1977), do qual
destaco o poema Janeiro/Fevereiro – Calendário Philips, 1980: Nem só a cav / idade da boca / Nem só a
língua / Nem só os dentes / e os lábios / fazem a língua / Ouça / as mãos / tecendo
a língua / e sua linguagem / É a língua / têxtil / O texto / que sai das / mãos
/ sem palavras. Também o seu Torre de Babel (1960): TORRE DE BABEL / TORRE DE BELÉM / TURRIS EBURNEA / TOUR EIFFEL / TOUR
DE FORCE / TOWER OF LONDON / TOUR DE NESLE / TORRE DI PISA / TORRE A ESMO / ENEREATLRIE
/ TBOIOCRDEFO / EARREEDBTSF / RRUSIOSOEEO / OTEBEDTTALO / ULORBTEOAOF / ROOSLNRRETE
/ MNPDERFRRLM / ETDEUWEREIN / URUD. O seu primeiro livro de poesia
Carrossel foi publicado em 1950, além de publicar o volume de contos Rosto da
Memória (1988), o romance Panteros (1992) e a peça teatral Céu de Lona. Além disso,
ele realizou pesquisas na área de Semiótica, fundando em 1969 a Association Internationale de Sémiotique
(AIS), na França, e, em 1975, participa do lançamento da Associação Brasileira
de Semiótica (ABS). Em 2008, foi publicado o seu livro Bili com limão verde na
mão (Cosac Naif), ilustrado por Daniel Bueno. Veja mais aqui e aqui.
CÂNTICO DA TERRA & MEU
DESTINO - Sou um
daqueles entre aqueles fascinados pela arte da poeta Cora Coralina (1889-1985), uma mulher simples que foi doceira por
profissão e que escreveu umas das mais belas páginas poéticas da literatura
brasileira. Entre elas, destaco O cântico da Terra: Eu sou a terra, eu sou a vida. / Do meu barro primeiro veio o homem. / De
mim veio a mulher e veio o amor. / Veio a árvore, veio a fonte. / Vem o fruto e
vem a flor. / Eu sou a fonte original de toda vida. / Sou o chão que se prende
à tua casa. / Sou a telha da coberta de teu lar. / A mina constante de teu
poço. / Sou a espiga generosa de teu gado / e certeza tranquila ao teu esforço.
/ Sou a razão de tua vida. / De mim vieste pela mão do Criador, / e a mim tu
voltarás no fim da lida. / Só em mim acharás descanso e Paz. / Eu sou a grande
Mãe Universal. / Tua filha, tua noiva e desposada. / A mulher e o ventre que
fecundas. / Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor. / A ti, ó lavrador, tudo
quanto é meu. / Teu arado, tua foice, teu machado. / O berço pequenino de teu
filho. / O algodão de tua veste / e o pão de tua casa. / E um dia bem distante
/ a mim tu voltarás. / E no canteiro materno de meu seio / tranquilo dormirás.
/ Plantemos a roça. / Lavremos a gleba. / Cuidemos do ninho, / do gado e da
tulha. / Fartura teremos / e donos de sítio / felizes seremos. Também o seu
belíssimo poema Meu Destino: Nas palmas
de tuas mãos / leio as linhas da minha vida. / Linhas cruzadas, sinuosas, / interferindo
no teu destino. / Não te procurei, não me procurastes – / íamos sozinhos por
estradas diferentes. / Indiferentes, cruzamos / Passavas com o fardo da vida...
/ Corri ao teu encontro. / Sorri. Falamos. / Esse dia foi marcado / com a pedra
branca / da cabeça de um peixe. / E, desde então, caminhamos / juntos pela vida...
Veja mais aqui e aqui.
MACUNAÍMA NO TEATRO – A montagem teatral empreendida pelo
diretor teatral Antunes Filho para o
romance de Mário de Andrade, Macunaíma (1982), foi resultado do grupo criado
pelo diretor no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), no Sesc SP, criando novas
estéticas e formando atores, técnicos e criadores cênicos, desenvolvendo novos
conceitos e exercícios na busca pelo refinamento de um método próprio de
interpretação para o ator. Ele pertenceu à primeira encenação de encenadores
brasileiros oriundo do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), no qual ingresso em
1952, participando ativamente do movimento de renovação cênica ocorrido entre
os anos de 1960 e 1970. Possui uma trajetória que foi iniciada em 1953, quando
encenou Week-end, de Noel Coward, que transcorre até as suas montagens para
Toda Nudez Será Castigada (2012) e Nossa Cidade (2013). A montagem de Macunaíma,
conforme expresso por seu diretor em diversos veículos de comunicação foi o
resultado de muita pesquisa. Seu trabalho teatral está reunido num conjunto de
seis vídeos denominados Mostra Antunes de Vídeo, selecionados por Júlio Cesar
de Miranda, reunindo além de Macunaíma, as montagens de Vereda da Salvação
(1993) e Foi Carmem Miranda (2008), entre outras. Veja mais aqui e aqui.
CORPO E ALMA DE MULHER – Como sempre fui fascinado por cinema, coisa que aprendi a apreciar desde menino quando ia pras sessões matinais tanto do Teatro Cinema Apolo, como do Cine São Luiz, um certo eu consegui burlar os porteiros com meu bigodinho ralo embaixo da venta, nos meus áureos tempos de pré-adolescência e consegui assistir ao filme Corpo e Alma de Mulher (1983), conta a história de um
fazendeiro e advogado bem sucedido nos rincões do Brasil, e sua esposa
paraplégica que contratam uma enfermeira para cuidar dela. No decorrer da
trama, o marido acaba se tornando disputa da prima da esposa enquanto se
envolve com a enfermeira. Tomando conhecimento do caso, a esposa pede à
enfermeira que aplique uma injeção letal para que seja poupada dos
acontecimentos. O destaque do filme é para a sempre musa e atriz Vera Fisher
que foi Miss Brasil em 1969, que retornou aos palcos com a peça Relações
Aparentes, do britânico Alan Ayckbourn. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Reunião aberta do Centro Acadêmico Martin-Baró, reunindo graduandos
do curso de Psicologia do Centro Universitário Cesmac, debatendo a temática Gênero & Sexualidade, realizada
nesta quarta, dia 19, com debates e execuções musicais. Confira detalhes aqui.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa SuperNova, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a
apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Para conferir online acesse aqui.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Desenho de Mariana Nogueira.
Aprume aqui.