quinta-feira, setembro 12, 2013

MARIA FIRMINA DOS REIS, EPHRAIM KISHON, NAZIK AL-MALAIKA, BOB WILSON, GERDA TARO, CHASTEL & ADAMOV

 


DA MERCEARIA AO ATIVISMO – Homenagem à Nellie Weekes (1896-1990) – Era ela Muriel Odessa, nascida em Saint Michael, nas Índias Ocidentais, entre doze irmãos da família Walcott, cujos pais formavam um casal possuidor de mercearia. Dedicou-se desde muito jovem à enfermagem e atuou, também, como parteira. No início da sua luta foi levada a fundar escolas femininas de enfermagem e culinária, visando aprimorar o atendimento à comunidade barbadense. Era ativa no coral de Animação de Doentes e Incapacitados, usando da musicoteria para alegrar os pacientes dos orfanatos, hospitais, centros prisionais e até em residências. Como as mulheres não eram politicamente ativas em Barbados, ela, então, dedicou-se ao ativismo político pelos direitos das mulheres e na campanha por melhores salários e bem-estar social para professores e enfermeiros. Ela se tornava Nellie e com sua crença declarada na igualdade enfrentou duras críticas. Com a concessão do direito ao voto às mulheres participou de pleitos eleitorais nos quais saiu derrotada sucessivamente. Não desistiu e fundou a Liga Feminina do Partido Trabalhista de Barbados, tornando-se a primeira vice-presidente. Na sua militância passou a questionar temas atinentes ao salário mínimo, defendendo melhoria de vida para bombeiros, policiais, enfermeiros, professores e carteiros, afora defender o ensino da história africana. Atuou ativamente na Aliança Feminina de Barbados, assistindo as vítimas de estupro e seus familiares. Sua luta prosseguiu até que foi vitimada com a amputação das suas pernas, tornando-se inesquecível o pioneirismo de sua luta.

 


DITOS & DESDITOS - Tenho a necessidade de contar a história de misérias anônimas... Pensamento da fotógrafa, jornalista e anarquista alemã Gerda Taro (1910-1937). Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: O homem só poderia conhecer a sua lei, medir os seus limites, passando para o outro lado. A única coragem é falarmos na primeira pessoa. Pensamento do dramaturgo vanguardista francês Arthur Adamov (1908-1970).

 

ALGUÉM MAIS DISSE: O artista isolado, que trabalha para si na solidão de seu estúdio, não existe... Pensamento do historiador de arte francês André Chastel (1912-1990).

 

MAIS OUTRO: A razão pela qual você trabalha como artista é ficar aberto e fazer perguntas... Pensamento do encenador, coreógrafo, escultor, pintor e dramaturgo estadunidense Bob Wilson, que também se assina Robert Wilson, mais conhecido por sua obra como experiências inovadoras e de vanguarda.

 

A ESCRAVA – [...] Custava-me, confesso, estar por longo tem­po em comunicação com aquele homem, que encarava sua vítima, sem consciência, sem horror. – Peço-lhe mil desculpas, se a vim incomodar. – Pelo contrário, retorqui-lhe. O senhor pou­pou-me o trabalho de o ir procurar. – Sei que esta negra está morta, exclamou ele, e o filho acha-se aqui: tudo isto teve a bondade de comunicar-me ontem. Esta negra, continuou, olhando fixamente para o cadáver – esta negra era alguma coisa monomaníaca, de tudo tinha medo, andava sempre foragida, nisto consumiu a existência. Morreu, não lamento esta perda; já para nada prestava. O Antônio, meu feitor, que é um excelen­te e zeloso servidor, é que se cansava em procurá-la. Porém, minha senhora, este negro! – designava o pobre Gabriel, com este negro a coisa muda de figura: minha querida senhora, este negro está fugi­do: espero, mo entregará, pois sou o seu legítimo senhor, e quero corrigi-lo. – Pelo amor de Deus, minha mãe, gritou Gabriel, completamente desorientado – minha mãe, leva-me contigo. – Tranquiliza-te, lhe tornei com calma; não te hei já dito que te achas sob a minha proteção? Não tem confiança em mim? Aqui o senhor Tavares encarou-me estupefato – e depois perguntou-me: – Que significam essas palavras, minha que­rida senhora? Não a compreendo. – Vai compreender-me, retorqui, apresentan­do-lhe um volume de papéis subscritados e com­petentemente selados. Rasgou o subscrito, e leu-os. Nunca em sua vida tinha sofrido tão extraordinária contrariedade. – Sim, minha cara senhora, redarguiu, ter­minando a leitura; o direito de propriedade, conferi­do outrora por lei a nossos avós, hoje nada mais é que uma burla... A lei retrogradou, Hoje protege-se escanda­losamente o escravo, contra seu senhor; hoje qual­quer indivíduo diz a um juiz de órfãos. Em troca desta quantia exijo a liberdade do escravo fulano – haja ou não aprovação do seu senhor. Não acham isto interessante? – Desculpe-me, senhor Tavares, disse-lhe: Em conclusão, apresento-lhe um cadáver e um homem livre. Gabriel ergue a fronte, Gabriel és livre! [...]. Trecho do conto A escrava (Revista Maranhense, 1887), da escritora Maria Firmina dos Reis (1822-1917), que publicou em 1859 o primeiro romance abolicionista do Brasil, contando a história de um triângulo amoroso no qual os personagens são pessoas negras que contestam o sistema escravocrata. Ela é autora do poema O MEU DESEJO (A um jovem poeta guimaraense): Na hora em que vibrou a mais sensível \ Corda de tu’alma ─ a da saudade, \ Deus mandou-te, poeta, um alaúde,\ E disse: Canta amor na soledade.\ Escuta a voz do céu, ─ eia, cantor,\ Desfere um canto de infinito amor.\ Canta os extremos d’uma mãe querida, \ Que te idolatra, que te adora tanto!\ Canta das meigas, das gentis irmãs,\ O ledo riso de celeste encanto;\ E ao velho pai, que tanto amor te deu,\ Grato oferece-lhe o alaúde teu.\ E a liberdade, ─ oh! poeta, ─ canta,\ Que fora o mundo a continuar nas trevas?\ Sem ela as letras não teriam vida,\ Menos seriam que no chão as relvas:\ Toma por timbre liberdade, e glória,\ Teu nome um dia viverá na história.\ Canta, poeta, no alaúde teu,\ Ternos suspiros da chorosa amante;\ Canta teu berço de saudade infinda,\ Funda lembrança de quem está distante:\ Afina as cordas de gentis primores,\ Dá-nos teus cantos trescalando odores.\ Canta do exílio com melífluo acento,\ Como Davi a recordar saudade;\ Embora ao riso se misture o pranto;\ Embora gemas em cruel saudade…\ Canta, poeta, ─ teu cantar assim,\ Há de ser belo, enlevador, enfim.\ Nos teus harpejos, juvenil poeta,\ Canta as grandezas que se encerram em Deus,\ Do sol o disco, ─ a merencória lua,\ Mimosos astros a fulgir nos céus;\ Canta o Cordeiro, que gemeu na Cruz,\ Raio infinito de esplendente luz.\ Canta, poeta, teu cantar singelo,\ Meigo, sereno como um riso d’anjos;\ Canta a natura, a primavera, as flores,\ Canta a mulher a semelhar arcanjos,\ Que Deus envia à desolada terra,\ Bálsamo santo, que em seu seio encerra.\ Canta, poeta, a liberdade, ─ canta.\ Que fora o mundo sem fanal tão grato…\ Anjo baixado da celeste altura,\ Que espanca as trevas deste mundo ingrato.\ Oh! sim, poeta, liberdade, e glória\ Toma por timbre, e viverás na história.\ Eu não te ordeno, te peço,\ Não é querer, é desejo;\ São estes meus votos ─ sim.\ Nem outra coisa eu almejo.\ E que mais posso eu querer?\ Ver-te Camões, Dante ou Milton,\ Ver-te poeta ─ e morrer. Veja mais aqui.

 

BALEIA ENJOADA – [...] Vamos passar por todos os tipos de prazeres que uma viagem dessas proporciona. Você está viajando com uma mulher? - Sim. - Então, um prazer a menos. Restante: paisagens, teatros, museus e visitas familiares. [...] E tenha sempre em mente que você não é um ser humano, mas apenas um turista comum. não se deixe enganar pela gentileza externa: ela não vai atrás de você, mas da sua carteira. [...]. Trechos extraídos da obra Seasick Whale: An Israeli Abroad (Deutsch, 1965), do escritor, roteirista, dramaturgo e diretor de cinema húngaro-israelense Ephraim Kishon (1924-2005). Veja mais aqui.

 

QUEM SOU EU? - A noite pergunta quem sou eu? \ sou seus segredos-ansioso, negro, \ profundo eu sou seu silêncio rebelde \ Eu velei minha natureza, com silêncio, \ Envolvido meu coração em dúvida \ E solene, permaneceu aqui contemplando, enquanto as idades me perguntam, \ Quem sou eu ? \ O vento pergunta quem sou eu? \ Eu sou seu espírito confuso, que o tempo deserdou \ Eu, gosto disso, nunca descansando continuar a viajar sem fim \ continuar a passar sem pausa devemos chegar a uma curva \ nós pensaríamos que é o fim do nosso sofrimento \ e então-vazio \ O tempo pergunta quem sou eu? \ Eu, como ele, sou um gigante, \ abraçando séculos \ Eu volto e concedo-lhes a ressurreição \ Eu crio o passado distante \ Do encanto da agradável esperança \ E eu volto para enterrá-lo criar para mim um novo ontem cujo amanhã é gelo. \ O eu me pergunta quem sou eu? \ Eu, como ele, estou desnorteado, olhando para as sombras \ Nada me dá paz \ Continuo perguntando-e a resposta permanecerá velado pela miragem \ Vou continuar pensando que chegou perto mas quando o alcanço \ - dissolveu-se, morreu, desapareceu. Poema da da poeta iraquiana Nazik Al-Malaika (1923-2007). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 


Imagem: Agostinho de Hipona, do pintor flamengo do Barroco, Peter Paul Rubens (1577-1640)

PARAFRASEANDO AGOSTINHO
Dois homens conversam refletindo sobre a vida: um vê o sol brilhando no amanhecer; o outro, desgraças numa eterna noite.

AGOSTINHO DE HIPONA: Aurelius Augustinus, dito de Hipona e mais conhecido como Santo Agostinho (354-430), foi teólogo, escritor e filósofo católico, sendo um dos mais importantes pensadores no desenvolvimento do Cristianismo ocidental. Influenciado pelo neoplatonismo de Plotino desenvolveu abordagens filosóficas e teológicas, defendendo o trinitarismo e a cláusula Filioque, influenciando católicos, calvinistas e luteranos, tornando-se umas das bases da Reforma Protestante.  Veja mais aqui.

ANÁLISE PSICODRAMÁTICA – O livro Análise psicodramática: teoria da programação cenestésica (Ágora, 1994), de Victor R. C. Silva Dias, trata sobre a teoria da programação cenestésica, evolução do psiquismo, psicoterapia, análise psicodramática, dinâmica e montagem de cenas, triangulação e ciúme, evolução do núcleo narcísico, evolução da identidade sexual, defesas intrapsíquicas e conscientes, vínculos compensatórios, saúde mental e moral, entre outros assuntos. Veja mais aqui e aqui.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL E PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE NO TURISMO – Para desenvolver trabalho acadêmico sobre esta temática, torna-se indispensável uma abordadgem acerca do Turismo com uma abordagem histórica no planeta e no país, por meio de uma revisão da literatura que contemple o desenvolvimento ambiental local, os impactos ambientasi do turismo, o licenciamento ambiental, realizando, com isso, um estudo de caso para observar a percepção da comunidade sobre a atividade. Veja mais aqui e aqui.

DIREITOS DO TRABALHADOR DOMÉSTICO – Para realizar um trabalho acadêmico sobre a temático dos direitos do trabalhador doméstico, será de bom alvitre realizar uma abordagem conceitual acerca do trabalho, a sua legislação e os princípios normatizadores do direito do trabalho, passando para abordar os direitos do trabalhador doméstico, os direitos trabalhistas e previdenciários, a estabilidade provisória, a igualdade dos direitos trabalhistas, a Resolução da OIT e os trabalhadores domésticos e a EC 72/2013. Veja mais aqui e aqui.


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MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...