Ao som dos álbuns Travel through three
centuries (2014)
e Chopin / Liszt (Gramola, 2016), da pianista russa Anastasia
Huppmann.
NEM ENTÃO, NEM
DEPOIS... – Dum lado o ermo, doutro a devastação - nascia e
era o voo pela correnteza. A infância roubada pela repressão levou-me aos
grilhões da lógica: tudo se parecia uma fantasia interminável, caleidoscópica;
e o meu país deitava-se eternamente. Adolesci como quem arrumava as malas: era
sempre a hora de partir com a missão de ser gente na vida e no meio da chuva experimentava
meus desafios pelos caminhos inundados - e nem sabia nadar no que nunca seria um
conto de fadas, era a ambiguidade ubíqua embaralhando direções entre o afeto e
o descartável. Muitas vezes desisti diante do incompreensível barulho das
máquinas sufocantes, o sangue azeitava engrenagens e não servia à minha
natureza. Os sonhos eram outros por caminhos tortuosos e passavam feito nuvens
aladas, aos empurrões pelo alheio e secretos limiares revelavam-se óbvios,
outra vez no ponto de partida. Ora, essa. Novamente o plano de voo servia de provas
bem ou mal feitas, o pé na estrada, aliados da hora e muitos algozes, lembranças
incineradas, descobertas sem graça, cavernas insólitas que mudavam de lugar. O esconderijo
reduzia-se ao meu quarto e novamente outro reinício. Via-me mesmo um amador na
provação do destino. Daí, nenhuma recompensa. E se esculpia o tempo, nenhum
portal nas paisagens erosivas, restava me esconder para não ter de contar
segredos flagelantes. Entre o intermezzo e a linha de fuga: os limites
não existiam e queria rompê-los quando dava num fundo abissal, inalcançável
profundidade, funduras superpostas, uma hestória e todas - o que era um na
verdade muitos, afora uns e todos, o plural e outros vários, conexões que se
perdiam por devires, fluxos por paradoxos. Revia-me por biografias inacabadas,
cicatrizes supuravam e me perdia diante do espelho de Tarkovski: imagens retidas que
escapuliam entre acordes dissonantes e era a
mãe na fantasia do amparo perdido, a mulher reduzida aos devaneios diáfanos e a
filha era só um olhar de espera. O caminho de volta à
estaca zero. Quantas vezes recomecei, o meu duplo por zis platôs recorrentes. O
olho e a mira, o alvo móvel se esquivava e tudo se esvaía ao alcance da mão. Nenhuma
ressurreição, afinal apenas dera-me por um sujeito comum. E se enfrentei leões
invencíveis, dragões inflamáveis, larápios hostis e sátiros infernais, dou
graças aos meus vilões pelo que aprendi. O que me arrisquei pela gratuidade de
ação, não valeu nada pra ninguém, nem pra mim mesmo. Revivia muitas vezes e,
cada vez mais, perdia o elixir de vista. E mais regressava porque a vida era só
um filme que descambava por cenas repetitivas em cenários alheios, com o
passado que se descorou pela ausência. Quase à beira da morte e as memórias de
um pesadelo que me fez cinzas de vivências evanescentes diante
do implacável semblante do eterno retorno. Até mais ver.
Esther Perel: Não há maior fonte de alegria e significado
em nossas vidas do que nossos relacionamentos com os outros... Veja mais
aqui.
Ann Brashares: Nosso problema não é o problema, é a sua atitude em
relação ao problema...
Veja mais aqui.
Dietrich Bonhoeffer: O maior erro que você pode cometer na vida é estar sempre
com medo de cometer um erro. O tempo é curto. A eternidade é longa. É o momento
da decisão... Veja mais aqui.
Emil Cioran: O fanático é incorruptível: se ele mata por uma ideia,
ele pode muito bem ser morto por uma; em ambos os casos,
tirano ou mártir, ele é um monstro... Estamos todos no fundo de
um inferno, cada momento é um milagre... Veja mais aqui.
DOIS POEMAS
Imagem: Acervo ArtLAM.
TARAXACUM - há rachaduras na minha práxis onde as flores amarelas de
Purdy aparecem vestem minha classe trabalhadora como um dente de leão seu traje
assexuado uniforme de leite borracha geneticamente idêntico a odisseia de um
homem comum no sopro de uma semente se torna episódio ervas daninhas crescem
esperançosas posso ter algum acompanhamento musical aqui posso ter no meu vinho
posso ter na minha salada comum e comestível como eu como eu, por favor.
SAUCEBOX - a identidade de alguém é conquistada com muito esforço na
linguagem da casa e da escrita de cartas, de deixar e deixar é certamente a
mais italiana das atividades estar apaixonado por charlie chaplin sim, eu
queria empresas de esplendor anti-língua materna vagando por dublin - de
trieste a northhampton é exaustivo ainda me deleitando em minha dívida com
você. por que a filha de um devedor deveria pagar em um bolso de má qualidade
por uma quantia ainda não determinada de seu gênio sim, eu sei Sim garotinha
dos fósforos quer pernas melhor fugir - 6 horas por dia, 22 anos quando eu
tinha 10 anos, quão desorganizada quão vesga e despejada e pobre sim, eu chorei
por um mês desenhando suas lettrines aos 10 eu poderia ter sido iluminadora em
vez de 13 em 3 países livro de kells quebrada no bar prim shining você e a
minha cegueira camisa de força um palco adereço como qualquer outro, corpo
bastardia - a rabugice de beckett levaria qualquer um a um complexo o dinheiro
azedo de sua majestade amarrou minhas pernas para uma estadia ainda não
determinada na maison de santé obrigada sam desculpe eu não
estava em camisinhas deve ser a lésbica italiana em busca de prazer escreva
para mim - pequena dívida maluca para a festa do papai uma cadeira contra a
parede como a verdadeira artista bravata forrada de sutiã cobiçando o leite
materno de giorgio analfabeta em 3 línguas olha o que eu posso fazer agitar
meus braços me jogar como uma voz sobre a sala - seu cego eu corto as linhas
telefônicas seu cego eu corto as linhas telefônicas gordo de parabéns eu
circuncido desabotoe suas calças, gênio arrumou um velório para mim barbatana
inquieta sim, é complicado nós somos analfabetos em todas as línguas os olhos
perderam o convite mas uma dançarina se vira...
Poemas
da escritora canadense Domenica Martinello, autora de obras como Interzones (2015),
All Day I Dream About Sirens (Coach House Books, 2019) e Good Want (2024).
AQUELA EM QUEM VOCÊ
ACREDITA – [...] O desejo é ter algo a ganhar, e o amor, algo a perder. [...] O amor é um romance que alguém escreve sobre
você. [...] O amor é uma eleição, não uma seleção. [...]. Trechos
extraídos da obra Celle que vous croyez
(Gallimard, 2016), da escritora
francesa Camille Laurens (pseudônimo de Laurence Ruel), que na
obra Little Dancer Aged
Fourteen: The True Story Behind Degas's Masterpiece (Other Press, 2018), expressou que: [...] Degas queria minar o estereótipo, afirmar uma verdade que
a sociedade ignora – quer ignorar. A dança não é um conto
de fadas, é uma profissão dolorosa. Os ratinhos são
Cinderelas sem fadas madrinhas, não se tornam princesas, e as suas carruagens
sem carruagem continuam a ser ratos, tão cinzentos como o algodão dos seus
chinelos. São crianças que trabalham, como aprendizes de
costureiras, babás e vendedoras, mas trabalham mais que as outras [...]. A
ela é atribuida a frase: Homens
livres podem partir e às vezes ficam. Essa é a mais bela
prova de amor: tirar a liberdade de ficar quando poderia ir embora...
GÊNERO &
PÓS-VERDADE – [...] O aquecimento global não deveria estar em disputas
narrativas, porque factos são factos. Infelizmente, teremos de esperar para ver
o que acontece, mas se o presidente da maior superpotência do mundo pós-verdade
opera na fantasia e as suas crenças pessoais valem mais do que o conhecimento
adequado, estamos condenados. É tudo tão infantil. E se o fim iminente do
mundo através das alterações climáticas perpétuas não for suficientemente
assustador [...]. Sabemos muito bem que emancipar a violência
simbólica também emancipa a violência material. E que estes dois tipos de
violência são igualmente reais. A objetivação simbólica e a aniquilação das
mulheres são tão reais como as suas consequências materiais. Nós sabemos isso.
É tão infantil e teimoso não aceitar isto como não aceitar que as alterações
climáticas são reais. São os fatos. Não deveria haver disputa. O vocabulário sexista
e o uso da violência simbólica são velhos conhecidos nossos. Feministas e
outras ativistas vêm dizendo, há anos, que as pessoas que nos perseguem, abusam
e tentam nos silenciar existem além da trollagem online. Parece quase
inacreditável que, mesmo depois de tantas advertências, esforços educativos,
debates e iniciativas, sejam aqueles que nos ofendem por nos ofender, aqueles
que nos magoam porque podem, aqueles que parecem não ter vestígios. de respeito
pela dignidade humana que estão melhor representados nos mais altos escalões do
poder. [...] No entanto, não podemos dizer que não previmos
essa reação negativa. A preparação para o contra-ataque postulando que os
valores feministas são a fonte de todos os problemas que afligem as mulheres
estava lá para ser vista. Sabíamos desse ataque preventivo contra as nossas
conquistas, sabíamos que estava acontecendo algo que tentava interromper os
avanços das mulheres antes mesmo de serem alcançados. Sabíamos que o crescimento
exponencial do discurso feminista nos últimos anos seria enfrentado com força
total. A reação está se concretizando plenamente com o restabelecimento do
poder do macho alfa.
[...] Num
mundo de pós-verdades e de misoginia desenfreada, muitas verdades feministas
permanecem firmemente em vigor. [...]. Trechos do artigo Gênero e pós-verdade (Huffpost, 2016), da
escritora e professora Joanna Burigo.
A ARTE DE J. BORGES
Eu só faço trabalhos relacionados aos costumes e à
vida do Nordeste porque eu considero o Brasil da Bahia para cá. É um Brasil
natural, de sangue nordestino...
Pensamento do artista
xilógrafo, cordelista e poeta J. Borges (José Francisco Borges – 1935-2024). Veja
mais aqui, aqui e aqui.
&
ARTEXPRESSÃO: MEMÓRIAS
LITERÁRIAS
Dia 31 de agosto, nos
turnos da manhã & tarde, horário das 8 às 12 e das 13 às 17h, no Centro de
Formação Douglas Marques – Observatório de Linguagens. Veja mais aqui, aqui e
aqui.
UM OFERECIMENTO:
NNILUP CROCHETERIA
Veja mais aqui.
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SANTOS MELO LICITAÇÕES
Veja detalhes aqui.
&
Tem mais:
Livros Infantis Brincarte
do Nitolino aqui.
Poemagens & outras
versagens aqui.
Diário TTTTT aqui.
Cantarau
Tataritaritatá aqui.
Teatro Infantil: O
lobisomem Zonzo aqui.
Faça seu TCC sem
traumas – consultas e curso aqui.
VALUNA – Vale
do Rio Una aqui.
&
Crônica de
amor por ela aqui.