O beijo de Eisenstaedt
“(...) Colada à tua boca a minha
desordem. O meu vasto querer. O incompossível se fazendo ordem. Colada à tua
boca, mas descomedida... (...) eu te sorvo extremada à luz do amanhecer”. (Hilda
Hilst, Do desejo).
O BEIJO QUE SE FAZ POEMA
Luiz Alberto Machado
O beijo de Rodin
A DELÍCIA DO BEIJO RELUZENTE
A
tua reluzência de indelével pajuçara te faz dominante na alcova serena de nossa
entrega, onde eu juro querer-te a mais da conta sob a sedução de um espectador vidrado
na tua dança gambeta que torna a nossa fogueira nefanda mais queimante no
galardão da oferenda e a nos premiar um gozo próximo da overdose real.
Ah,
quanta majestade nua saltatriz para a minha sentinela indômita que no desespero
procura alcançar tua freguesia inteira e fazer-te minha, capaz de invadir
tripetrepe todos os teus esconderijos de Ménade lépida, de Tiade acessível à
palma da minha mão pedinte.
Ah,
vem, Iara minha, vem com o teu beijo alucinado litigar nossos vadios desejos
com a chama que faísca de teus lábios de cocksucker gulosa, de gulp-girl mais
que desejada, para que eu possa enlouquecido blow-job ofertar-te minha
satisfação de sorvete de morango lambido e chupado.
Ah,
vem, Iara minha, Iara nua, vem tépida como a quintessência de tua manifestação
que eu quero à mão-tenente explorar teu rendengue com minha língua a
apoderar-se do teu chanisco com tucuras providentes até que nossa perversão
possa explodir tua compleição robusta ingênita e possuir-te inteira com teu
sabor agridoce de freguesia desejada.
Ah,
vem, Iara minha, Iara nua, quero possuir-te toda de popa à proa, minha
enlouquecida musa, minha transbordante Vênus de Milo que remexe audaciosa, que
se vira lúbrica, que se arrepia a dar-me o dorso nu, os ombros de santantonio
para que eu possa probo mais diligente ocupar-me de tuas ancas, que pai-joão
delicioso, que pódice saboroso, que capitel de sonhos desejados!
Ah!
Iara minha, como sou feliz em fazer-te mais que lua possuída a me saciar nos
teus queixumes de fogosa insone, nos teus dotes de gostosa imune, na tua alma
de maravilha realizada.
O beijo de Rubens Gerchman
AH, ESSES LÁBIOS...
Ah
esses lábios que me fazem drupa orvalhada na gula dos seus desejos incendiários
e se torna alvo perfeito pelo deleite de fruta madura na sede do meu corpo.
Ah
esses lábios são parcelas alquímicas na tesão que inflama a promessa de todas
as delícias recônditas dos que desejam demais;
E
que molhados de gozo me carregam volúpia adentro dos sabores maciços mais
apetitosos no mormaço de todas minhas lascívias de verão.
São
lábios bons de beijar pela reserva de mel que prova que não sou nada além da
cobiça de ser sugado pela avareza dessas fatias de prazer na felação de todas
as translúcidas luzes de se ser.
São
bons de chupar por serem salientes amálgamas que guardam a língua profana na
festa dos meus bacos ressurgidos com sua porção mágica de me fazer homem de
devaneios e subverte a banda lunar do meu vulcão ardente na orgíaca saliva que
me lambuza todo na folia do sêmen que brota e renasce entre o batom da carne
que beija o falo e sou sol mais que no meio-dia.
Ah
esses lábios querentes e requerentes de mim onde sou inteira nau adusta do
dar-se em si até finar as horas na erupção de nossas vertigens em transe.
O beijo de Ricardo Paula.
BEIJU
Ela
dá de ombros e eu só escombros nos assomos dela. É quando revela secreta, peito
nu, alma aberta, toda delícia, verdadeira sevícia no meu bocejo. Ela me dá um
beijo e se mostra atiçada e vem toda ouriçada pra cima de mim. E assim acende o
beiju abalando Bangu e toda redondeza. E se faz minha presa e, também, a
caçadora, a total predadora e rendida de graça. Quando meu beijo perpassa, ela
rasteja lagartixa que bem muito se espicha sobre meu território. E no seu
envoltório, se arrasta, rasteja, arrebata, viceja e me faz mais feliz.
O beijo da Esfinge, de Franz von Stuck.
BEIJO
Dos
lábios rubros dela, ah botão de rosa convidativo, o mormaço do desejo
escaldante que me contagia e meu coração bate furioso para dizer alguma coisa,
não há de dizer nada, apenas beijá-la, um beijo além da foto de Eisenstaedt, um
beijo real para lá dos de concreto de Rodin, um beijo além da poesia.
Ah,
dos lábios rubros dela carne da minha boca mil vezes toda química do afeto e eu
suplicante mais que duzentas pulsações cardíacas, enlouquecendo para morder
seus mamilos, abocanhar seus suspiros, até os seus pecados e é só o que
respiro.
Ah,
o beijo e dela nua e linda, o beijo da mulher amada ateando meu incêndio e eu
com a mão no fogo inextinguível na boca demolidora dos lábios inguinais onde
sou raio de corisco enquanto ela troveja no que sou de canibal.
O
beijo dela eu devoro a carne fresca da mulher amada e desliza em sonhos e chove
a nossa torrencial descarga de suor que vem da cascata de desejo.
O
beijo dela e o meu na flor escarlate provocativa de todo sangue vivo pelo
azougue de vitalidade do útero acolhedor de égua assustada, acuada, fugidia com
seu jeito veloz de eviscerar fragrâncias refugiando minha loucura.
O
beijo e eu na mulher amada, o rosto, o riso, os seios, o corpo todo e a gente
nenhuma âncora decolando no tempo piromaníaco, onde a gente faz a festa na
ferocidade do cio, um ao outro a refeição do dia e eu, os lábios dela, a vida
dela, o gozo dela.
Veja mais abaixo e mais aqui.
DITOS &
DESDITOS - Eu vi que a comunidade e um relacionamento próximo com a terra
podem enriquecer a vida humana além de toda comparação com riqueza material ou
sofisticação tecnológica. Eu aprendi que outro caminho é possível... A localização econômica é a chave para sustentar a
diversidade biológica e cultural - para sustentar a vida em si. Quanto mais
cedo mudaremos para o local, mais cedo começaremos a curar nosso planeta,
nossas comunidades e a nós mesmos... Pensamento
da cineasta sueca Helena Norberg-Hodge, que no seu
livro Ancient Futures: Learning from Ladakh (Rider & Co, 1992), ela expressa que: [...] Se o nosso ponto de
partida é o respeito pela natureza e pelas pessoas, a diversidade é uma
consequência inevitável. Se a tecnologia e as necessidades da economia são o
nosso ponto de partida, então temos o que enfrentamos hoje — um modelo de
desenvolvimento que está perigosamente distanciado das necessidades de povos e
lugares específicos e rigidamente imposto de cima para baixo. [...] A
cultura antiga refletia as necessidades humanas fundamentais, respeitando os
limites naturais. E funcionou. Funcionou para a natureza e funcionou para as
pessoas. Os vários relacionamentos de conexão no sistema tradicional eram
mutuamente reforçadores, encorajando a harmonia e a estabilidade [...]. Veja mais aqui & aqui.
ALGUÉM FALOU: Quando você
caminha por duas horas em uma montanha, você fica mais inteligente... O caos
está cheio de esperança porque anuncia o renascimento... O trabalho das
mulheres não é um presente para as mulheres, é um presente para a sociedade... A
opressão de gênero atravessa classes sociais... Pensamento da atriz, cineasta
e escritora francesa Coline Serreau, autora do documentário Solutions
locales pour un désordre global (2010), no qual expressa: Tínhamos saído
do mundo das mulheres, do campo da benevolência, entrámos no da cidade, dos
homens, das suas lutas, da sua raiva para se compararem, agora os perigos
rodeavam-nos por todos os lados.
MEDO À LIBERDADE
– [...] Agir contra as ordens de Deus significa libertar-se de
coerção, emergindo da existência inconsciente de a vida pré-humana ascenda ao
nível humano. Aja contra o mandamento da autoridade, cometa pecado, é, no seu
aspecto humano positivo, o primeiro ato de liberdade, isto é, o primeiro ato
humano. [...]. Trecho extraído da obra O Medo á liberdade (Ltc, 1983), do filósofo, sociólogo
e psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980). Veja mais aqui, aqui & aquii.
O ARTISTA DO
DESAPARECIMENTO – [...] Não havia ninguém a quem ele
pudesse explicar que, para sobreviver, ele precisava estar em altitude, uma
altitude do Himalaia, para poder respirar. [...] Era como se as cortinas descessem sobre tudo isso, se não o
obliterassem completamente, quando a monção subia em nuvens trovejantes do vale
ressecado abaixo para engolir as colinas, invadindo-as com a névoa opaca na
qual um pinheiro ou o topo de uma montanha apareciam apenas intermitentemente,
e então desencadeava uma chuva torrencial que parava as divagações de Ravi e o
confinava em casa por dias a fio, ensurdecido pela chuva que batia no telhado e
caía em cascata pelas calhas e pelos canos para descer em torrentes. [...] Tudo
na casa ficou úmido; a pele azul do mofo rastejava furtivamente sobre qualquer
objeto deixado de pé pelo menor período de tempo: sapatos, bolsas, caixas,
consumia tudo. Os lençóis da cama estavam úmidos quando ele se colocava entre
eles à noite, e a escuridão ressoava com a cacofonia estridente dos grandes
grilos das árvores que estavam esperando por esta, sua temporada [...].
Trecho extraído da obra The
Artist of Disappearance (Houghton
Mifflin, 2012), da escritora Anita Desai (Anita Mazumdar), que no seu
livro The Zigzag Way (Houghton Mifflin, 2006), ela expressou que: [...] O tempo não é
uma escada que sobe para o futuro, mas uma escada que desce para o passado [...]. No
libro The Village by the
Sea (Penguin, 2010), ela
assinala: [...] A roda gira e gira e gira: ela nunca para e nem fica
parada. [...]. No livro Baumgartner's
Bombay (Harper Perennial,
2000), ela diz: […] As pessoas param, olham fixamente. Ninguém para e olha
fixamente se um dos seus próprios mendigos cai morto na rua. Não, apenas pise
nele como se fosse uma pedra, ou um cocô de cachorro e vá embora rapidamente. Mas
quando eles veem um homem branco com cabelos dourados caído na rua, todos
param, todos gritam, "Hai - hai, - pobre garoto, chame o médico, chame a
ambulância. O que aconteceu, Farrokh-bhai? [...]. No livro Games at Twilight (Vintage, 1998), ela
relata que: […] As buganvílias pendiam ao redor, roxas e magentas, em
balões lívidos [...]. Na obra Fasting,
Feasting: A Novel (Vintage, 2000), ela expressa: […] O verde pende, goteja
e balança em cada galho, ramo e folhagem na exuberância crescente de julho. [...]. Na obra Clear Light of Day (Mariner,
1980), ela narra: […] Rápida, nervosa e saltitante - ainda assim, para as
crianças, ela era tão constante quanto um cajado, uma árvore com a qual se pode
contar para não arrancar sua raiz e se mover durante a noite. Ela era a árvore
que crescia no centro de suas vidas e em cuja sombra elas viviam. [...]. Por fim, no livro Fire on the
Mountain (Vintage, 2001), ela expressa: […] A princípio, ela os
confundiu com folhas de papel crepom rosa que alguém havia amassado e jogado
descuidadamente encosta abaixo, talvez depois de outra festa surpreendente no
clube. Um momento depois, ela se lembrou das palavras de sua bisavó e viu que
eram hostes de zephyranthes rosa selvagens que surgiram na noite após a
primeira queda de chuva. [...]. Veja mais aqui & aqui.
TRÊS POEMAS – SAFO - Eu
suspiro ao amanhecer, e suspiro \ Quando o dia monótono está passando, \ Eu
suspiro ao entardecer, e novamente \ suspiro quando a noite traz sono aos
homens. \ Oh! Seria muito melhor morrer \ Do que assim lamentar e suspirar para
sempre, \ E no sono sem sonhos da morte estar \ Inconsciente de que ninguém
chora por mim; \ Aliviado do meu peso de pesar, \ Esquecido do esquecimento, \ Descansando
da dor, cuidado e tristeza \ Pela longa noite que não conhece amanhã; \ Vivendo
sem ser amado, morrer desconhecido, \ Sem ser chorado, sem ser cuidado e
sozinho. NO ESTÚDIO DE UM ARTISTA - Um rosto olha para fora de todas as suas
telas, \ Uma mesma figura senta-se ou anda ou inclina-se: \ Nós a encontramos
escondida logo atrás daquelas telas, \ Aquele espelho devolveu toda a sua
beleza. \ Uma rainha em vestido de opala ou rubi, \ Uma garota sem nome em
verdes de verão mais frescos, \ Um santo, um anjo - cada tela significa \ O
mesmo significado, nem mais nem menos. \ Ele se alimenta de seu rosto dia e
noite, \ E ela com olhos verdadeiros e gentis olha de volta para ele, \ Bela
como a lua e alegre como a luz: \ Não pálida com a espera, não com a tristeza
turva; \ Não como ela é, mas era quando a esperança brilhava forte; \ Não como
ela é, mas como ela preenche seu sonho. LEMBRAR - Lembre-se de mim quando eu
tiver ido embora, \ Ido para longe na terra silenciosa; \ Quando você não puder
mais me segurar pela mão, \ Nem eu meio que me virar para ir embora, ainda
assim, fique. \ Lembre-se de mim quando não mais dia após dia \ Você me contar
sobre o nosso futuro que planejou: \ Apenas lembre-se de mim; você entende \ Será
tarde para aconselhar ou orar então. \ No entanto, se você me esquecer por um
tempo \ E depois se lembrar, não se aflija: \ Pois se a escuridão e a corrupção
deixarem \ Um vestígio dos pensamentos que uma vez eu tive, \ Melhor de longe
você esquecer e sorrir \ Do que você lembrar e ficar triste. Poemas da poeta
britânica Christina Rossetti (1830-1894). Veja mais aqui, aqui &
aqui.

Veja mais sobre:
Dois quentes & um fervendo, a poesia de James Joyce, A música viva
de Koellreutter & Carlos
Kater, a pintura de Jan Sluijters, a arte de Karel
Appel, a música de Brahms & Giorgia Tomassi aqui.
E mais:
Exercício de admiração de Emil Cioran,
Abril despedaçado de Ismail Kadaré, o teatro de Meyerhold, a arte de Fridha
Khalo, a música de Badi Assad, a pintura de Karel Appel, o cinema de Carla
Camurati & Marieta Severo, Carlota Joaquina & Clube Caiubi de
Compositores aqui.
Doro na Caixa do Fecamepa aqui.
Constitucionalização do direito penal aqui.
Literatura Infantil, a poesia de Hermann Hesse, o teatro de
Constantin Stanislavski, Leviatã de Thomas Hobbes, o cinema de Krzysztof
Kieslowski & Juliette Binoche, a música de Tom Jobim & Lee Ritenour,
Tiquê: a deusa da fortuna, a arte de Bette Davis, a pintura de Jean-Honoré
Fragonard & Alexey Tarasovich Markov aqui.
O lado fatal de Lya Luft, a literatura de
Marcia Tiburi, Afrodite & o julgamento de Páris, a música de Diana Kral, o
teatro de Cacilda Becker & José Celso Martinez Corrêa, o cinema de
Krzysztof Kieslowski & Julie Delpys, a arte de Jeanne Hébuterne, a pintura
de Débora Arango & Enrique Simonet aqui.
A salvação bidiônica depois da bronca, o pensamento de István Mészarós, Mal de
amores de Ángeles Mastretta, Horror econômico de Viviane Forrester, A gaia
ciência de Friedrich Nietzsche, a pintura de Auguste Chabaud,
a música de Tatjana Vassiljeva, a arte de Lia
Chaia & Wesley Duke Lee aqui.
Colocando os pingos nos iiiiis, A teoria da viagem de Michel Onfray,
Discurso & argumentação de Débora Massmann, A gaia ciência de Friedrich
Nietzsche, Neurofilosofia & Neurociência, a música de Natalia Gutman, a
poesia de Viviane Mosé, a fotografia de Cris Bierrenbach, a arte de Mira
Schendel, Conversa de bar & filho não reconhece pai & Quando se pensa
que está abafando, das duas, uma: ou contraria ou se expõe ao ridículo. Cadê o
simancol, meu aqui.
A gente tem é que fazer, nunca esperar
que façam por nós, O
enigma do artista de Ernest Kris & Otto Kurz, Os catadores de conchas de
Rosamunde Pilcher, As viagens de Marco Polo, A gaia ciência de Friedrich
Nietzsche, Respeito aos idosos, a música de Silke Avenhaus, a arte de Beth
Moyses & Antonio Saura, Os passos desembaraçados nos emaranhados caminhos
& Quando os ventos sopram a favor, tudo fica mais fácil aqui.
Que coisa! Quando eu ia, todos já
voltavam, a poesia
de Sylvia Plath, Estruturas sociais da economia de Pierre Bourdieu, Rede e
movimentos sociais de Maria Ceci Misoczky, Gravidez na adolescência de Laura
Maria Pedrosa de Almeida, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a música de Coeur de Pirate, a arte de Luciah Lopez, O feitiço do amor
& Quando algo der errado, não adianta chilique: cada um aprende mesmo é com
suas escolhas aqui.
No reino da competição todo mundo tem de
ser super-homem – o ser humano não é nada, As causas da pobreza de Simon Schwatzman, A crise da
educação de Hannah Arendt, a literatura de Abraham B.
Yehoshua, Aprender e suportar o equivoco de Clemencia Baraldi, A gaia ciência
de Friedrich Nietzsche, A primeira paixão de Ximênia, a música de Ernesto
Nazareth & Maria Teresa Madeira, a pintura de Arturo Souto & Mikalojus Konstantinas Ciurlionis aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.