terça-feira, abril 28, 2015

ÉLUARD, APPIA, ALMODÓVAR, OSMAN LINS, PAULO CESAR PINHEIRO, ALBERTO DE OLIVEIRA, MALHOA, PENÉLOPE CRUZ, VALERIA PISAURO & MUITO MAIS NO PROGRAMA TATARITARITATÁ!!!!


CANTO DE CIRCO – O livro Os gestos (José Olympio, 1957), do escritor pernambucano Osman Lins (1924-1978), reúne treze contos que foram escritos nos anos 1950, abordando sobre a impotência e angustia do ser humano. Do livro destaco esse trecho do Canto de Circo: Ergue a cabeça e contemplou o lugar onde tantas vezes se apresentara para os seus breves triungos no trapézio. No dia seguinte, desarmariam o Circo – pensava; e na próxima cidade, quando o reerguessem, ele estaria longe. Nunca, porém, haveria de esquecer aquela frahil armação de lona e tabique, as cadeiras desconjuntadas, o quebra-luz sobre oespelho partido e o modo como os aplausos e a música chegavam ali. Baixou os olhos, voltou a folhear a revista. Em algum ponto do corpo ou da alma, doía-lhe ver o lugar do qual despedia e que lembrava, de certo modo, o aposento de um morto, semelhança esta que seria maior, não fosse a indiferença quase rancorosa que o rodeava; pois, a despedida iminente, só ele sentia. Os colegas – o equilibrista, aqueles dois que conversavam em voz baixa, todos enfim – sabiam de sua história e não haviam preparado a mínima homenagem. Pelo contrário: fingiam desconhecer tudo, procuravam irritá-lo. Ainda há pouco, quando entrara no camarim dos homens, os que lá se encontravam tinham respondido friamente à saudação dele, como se fizessem um favor. Sentara-se então num banco, apanhara aquela velha revista e começara a folheá-la, sem interesse, para fugir ao contato dessas pessoas que já o haviam excluído de seu mundo e que, desde alguns dias, raramente lhe dirigiam a palavra – com uma simplicidade afetada, esforçando-se para dar a entender que sua ausência não seria sentida. Teriam inveja, talvez. Ou desprezo. Que lhe importava, porém: não precisava delas [...]. Veja mais aqui.

Imagem do pintor, desenhista e professor português José Malhoa (1855-1033)

Ouvindo Capoeira de besouro (Quitanda, 2010), do poeta, letrista e compositor Paulo César Pinheiro.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiNa programação do Tataritaritatá: George Gershwin, Egberto Gismonti, Lenine, Edson Natale, Nana Caymmi, Chico Buarque, Milton Nascimento & Elis Regina, Elba Ramalho & Geraldo Azevedo, Flor de Aruanda, Kleiton e Kledir, Zélia Duncan, Djavan, Selma Reis,, Vander Lee, Sonia Mello, Clara Redig, Elisete Reter, Katya Chamma, Jorge Medeiros, Paulinho Natureza & Sandra Regina Alves Moura, Julia Crystal & Mônica Brandão, Mazinho, Cantor Pitanga, Chiko Queiroga & Ana Vitória, Eros Fidelis, Assis Cavalcanti, Daniel Pissetti Machado, Ozi dos Palmares, Reggaebelde, Apokalypsis, & muito mais. Confira mais aqui.

TEATRO: ARTE VIVA – O texto Teatro: arte viva (Estétita Teatral, 1980), do arquiteto e encenador suíço do Teatro Simbolista Adolphe Appia (1862-1928), atacando a estética realista e utilizando elementos expressivos e simbólicos do teatrão, da música e da luz, influenciando as concepções modernas de iluminação teatral, expressa que: A arte drmática dirige-se, como as artes representativas, aos nossos olhosm, aos nossos ouvidos, ao nosso entendimento – em suma, à nossa presença integral. Porque reduzir a nada – e antecipadamente – qualquer esforço de síntese? Saberão os nossos artistas informar-nos? O poeta, de caneta na mão, fixa o seu sonho no papel. Fixa o ritmo, a sonoridade e as dimensões. Dá a ler, a declamar, o que escreveu; e, de novo, fixa-se no aspecto do leitor, na boca do declamador – o pintor, com os pincéis na mão, fixa a sua visão tal como a quer interpretar; e a tela ou a parede determinam as dimensões; as cores imobilizam as linhas, as vibrações, as luzes e as sombras. – O escultor para, na sua visão interior, as formas e os seus movimentos, no momento exato em que o deseja; depois, imobiliza-as no barro, na pedra ou no bronze. – O arquiteto fixa, minuciosamente, pelos seus desenhos, as dimensões, a ordem e as formas múltiplas da sua construção; depois, realiza-as no material conveniente. – O músico fixa nas páginas da partitura os sons e os ritmos; possui mesmo, em grau matemático, o poder de determinar a intensidade e, sobretudo, a duração; enquanto o poeta não poderia fazê-lo senão aproximadamente, pois o leitor pode ler, à sua vontade, depressa ou devagar. Eis, pois, os artistas cuja atividade reunida deveria constituir o apogeu da arte dramática: um texto poético definitivamente fixado; uma pintura, uma escultura, uma arquitetura, uma música definitivamente fixadas. Coloquemos em cena tudo isso: teremos a poesia e a música que se desenvolverão no tempo; a pintura, a escultura e a arquitetura que se imobilizam no espaço, e não se vê que maneira conciliar a vida própria de cada uma delas numa harmoniosa unidade! Ou haverá um meio de o fazer? O tempo e o espaço possuirão um elemento conciliatório – um elemento que lhes seja comum? A forma no espaço pode tornar a sua parte das durações sucessivas do tempo? E essas durações teriam ocasião de se propagar no espaço? Ora é a isto mesmo que o problema se reduz, se queremos reunir as artes do tempo e as artes do espaço num objeto. No espaço, a duração exprimir-se-á por uma sucessão de formas, portanto, pelo movimento. No tempo, o espaço exprimir-se-á por uma sucessão de palavras e de sons, isto é, por durações diversas que ditam a extensão do movimento. O movimento, a mobilidade, eis o princípio diretor e conciliatório que regulará a união das nossas diversas formas de arte, para fazê-las convergir, simultaneamente, sobre um ponto dado, sobre a arte dramática; e, como é único e indispensável, ordenará hierarquicamente essas formas de arte, subordinando-as umas às outras, tendendo para uma harmonia que, isoladamente, teriam procurado em vão. [...] A cena é um espaço vazio, mais ou menos iluminado e de dimensões arbitrárias. Umas das paredes que limitam esse espaço é parcialmente aberta sobre a sala destinada aos espectadores e forma, assim, um quadro rígido, para além do qual a ordenação dos lugares é rigidamente fixada. Só o espaço de cena espera sempre uma nova ordenação e, por consequência, deve ser apetrechado para mudanças continuas. É mais ou menos iluminado; os objetos que lá se colocam esperam uma luz que os torne visíveis. Esse espaço não será, portanto, de qualquer maneira, senão em potência (latente) tanto para o espaço como para a luz. – Eis dois elementos essenciais da nossa síntese, o espaço e a luz, que a cena contém em potência e por definição. [...] O corpo, vivo e móvel, do ator é o representante do movimento no espaço. O seu papel é, portanto, capital. Sem texto (com ou sem música) a arte dramática deixa de existir; o ator é o portador do texto; sem movimento, as outras artes não podem tomar parte na ação. Numa das mãos, o ator apodera-se do texto; na outra, detem, como num feixe, as artes do espaço; depois, reúne irresistivelmente as duas mãos e cria, pelo movimento, a obra de arte integral. O corpo vivo é, assim, o criador dessa arte e detem o segredo das relações hierárquicas que unem os diversos fatores, pois ele está à cabeça. É do corpo, plástico e vivo, que devemos partir para voltar a cada uma dessas nossas artes e determinar o seu lugar na arte dramática. O corpo não é apenas móvel: é plástico também. Essa plasticidade coloca-o em relação direta com a arquitetura e aproxima-o da forma escultural, sem poder, no entantro, identificar-se com ela, porque é imóvel. Por outro lado, o modo de existência da pintura não pode convir-lhe. A um objeto plástico devem corresponder sombras e luzes positivas, efetivas. Diante de um raio de luz, de uma sombra, pintados, o corpo plástico conserva-se na sua própria atmosfera, nas suas próprias luz e sombra. É o mesmo que se passa com as formas indicadas pela pintura; essas formas não são plásticas, não possuem três dimensões; o corpo tem três; a sua aproximação não é possível. As formas e a luz pintadas não têm, pois, lugar na cena; o corpo humano recusa-as. [...]. Veja mais aqui.

SOB UM SALGUEIRO – O livro Poesias (Civilização Brasileira, 1912), do poeta, professor e farmacêutico brasileiro, Alberto de Oliveira (1857-1937), reúne seus livros Canções Românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e Poemas (1885), e Versos e Rimas (1895), que marcam a sua transição do Romantismo para o Parnasianismo, com temas sobre a natureza com linguagem apurada e metrificação rigorosa. Da obra destaco o poema Sob um salgueiro: Dorme uma flor aqui, - flor que se abria, / que mal se abria, cândida e medrosa, / rosa a desabrochar, botão de rosa, / cuja existência não passou de um dia. / Deixai-a em paz! A vida fugidia / como uma sombra, a vida procelosa / como uma vaha, a vida tormentosa, / a nossa vida não a merecia. / Em paz! Em paz! A essência delicada / do ajo gentil que este sepulcro encerra, / é hoje orvalh... cântico... alvorada / sopro, aragem do céu, talvez, que o pranto / anda a enxugar a uns olhos cá da terra, / doces olhos de mãe, que o amavam tanto. Veja mais aqui.

TRAVESSIA POÉTICA – Conheci o trabalho da escritora, compositora, professora de Literatura e História da Arte e Cinema Valéria Pisauro, no Clube Caiubi de Compositores. Ela se apresenta assim: Eu sou o ontem e o amanhã, / Tenho a idade do momento, / Sou pensamento e corpo presente, / Sem constrangimento... deliberadamente! / Sou estrela de mil faces, / Beta de Centauro ardente, / Sou a que ri e que chora, / De desejo complacente... insistentemente! / Eu sou Campinas, Minas Gerais e Manaus, / Cosmopolita, vales e mata, / Apaixonada pelas palavras, / Escrava da poesia e da música exata... intensamente! / Sou aquela que passa, / Navegando com o pensamento, / Paulicéia enlouquecida em festa de Icamiabas, / Sou o consentimento... liricamente! / Sou Palmeiras, Lula e Guarani, / Maré mansa traiçoeiramente, / Sou Jeca, rancheira e manauara, / Eu sou Valéria, hoje e... eternamente! Conheci dela o excelente blog Travessia Poética, no qual ela publica seu trabalho literário, de pesquisa, leituras, enfim, um ótimo espaço para se conhecer interessantes postagens. Da sua lavra destaco Cantilena: Num jardim bem distante / Vivia uma flor. / Semente menina, / Livre cantoria,/ Prosa, poesia, / Maçã de amor. / Regia passaradas, / Brisas, alvoradas / Aroma, fruto, sabor! / Semeava sonhos, / Céu de outono, / Estrelas do mar. / Bailava nua, / Anéis de Saturno, / Ciranda da lua, / A girar, a girar... / E ao som da flauta / Entoava o refrão: / Giramundo, / Giraflor, / Gira a saia da menina, / Nas asas de um beija-flor. / A vida é sarabanda, / Contra voz, Catavento, / Segue seu caminho, / E não para de girar. / Gira as pás do moinho / E o rosto no vento. / Gira a vida em corrupio, / Nas margens do tempo. Veja mais aqui.


VOLVER – O drama espanhol Volver (2006), com roteiro e direção do cineasta Pedro Almodóvar e música de Alberto Iglesias, conta a história três gerações de mulheres no universo de duas irmãs que retornam à casa da família após a morte dos pais num incêndio. Segundo palavras do cineasta, trata-se de um relato de sua própria vida e da região onde nasceu, da infância e do universo feminino, tornando-se um filme de atrizes. Destaque para premiada atriz espanhola Penélope Cruz. Veja mais aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
L´amour (Love, 1936-37), fotomontagem do poeta francês Paul Éluard (1895-1952).


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O direito à informação e qual informação, A formação social da mente de Lev Vygotsky, O retrato do Dorian Gray de Oscar Wilde, a poesia de Manuel Bandeira, a pintura de Vincent van Gogh & a música de Gonzaguinha aqui.

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O desditoso amor de Tomé & Vitalina aqui, aqui, aqui e aqui.
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Fonte, Mal-estar na civilização de Sigmund Freud, O jardineiro do amor de Rabindranath Tagore, O homem que calculava de Malba Tahan, Escritos loucos de Antonin Artaud, Amem de Costa-Gavras, a música de Fátima Guedes, a pintura de Vincent van Gogh, Cia de Dança Lia Rodrigues & Brincarte do Nitolino aqui.
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Cruzetas, os mandacarus de fogo, Concepção dialética da História de Antonio Gramsci, O escritor e seu fantasma de Ernesto Sábato, Sob o céu dos trópicos de Olavo Dantas, a pintura de Eliseo Visconti, a fotografia de Rita-Barreto, a ilustração de Benício & a música de Rosana Sabença aqui.
O passado escreveu o presente; o futuro, agora, Estudos sobre Teatro de Bertolt Brecht, A sociolingüística de Dino Preti, Nunca houve guerrilha em Palmares de Luiz Berto, a música de Adriana Hölszky, a escultura de Antonio Frilli, a arte de Thomas Rowlandson, a pintura de Dimitra Milan & Vera Donskaya-Khilko aqui.
O feitiço da naja, Sistema de comunicação popular de Joseph Luyten, Palmares e o coração de Hermilo Borba Filho, a poesia de Mário Quintana, o teatro de Liz Duffy Adams, a música de Vanessa Lann, a fotografia de Joerg Warda & Luciah Lopez aqui.
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    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...