Imagem: Acervo ArtLAM. Veja mais aqui.
Nasci com esse espírito.
Desde muito pequeno, gostava de desenhar, de construir. Sempre percebi em mim
um interesse pela cor, pela criação... Sou apaixonado por impressão, design
gráfico. Não me interesso só pela cerâmica, mas por suportes diversos...
Ao som da performance concerto-instalação
Mineral (2019 - Inhotim, 2024) do artista plástico, músico e ceramista Máximo
Soalheiro, com direção do músico e sound designer Pedro Durães
e um grupo de instrumentistas virtuoses abertos à experimentação de linguagens
- tocada com as mãos, baquetas e arco, contando com baixo acústico,
percussão, sopro, piano e voz.
A pedra cantou &
tudo o mais é possível... - Ouvia itamaracá porque
sobrevivia, quando nada mais improvável pra quem coadjuvante nordestino pegando
bigu pelas beiradas do mundo que mais se esfacelava a cada dia. E ia e pulava itaimbés
para escapar dos agrados de mão de figa roçando minha pele, aqui ó! Quando dava
nas itapecericas, logo me deparava com as itaquis dum juiz de plantão num
tribunal de inexoráveis erínias ocasionais: julgado réu confesso às cegas no
meio de algaravias. Quantas crises! E perdia a fé no corte da cana porque os heróis
eram cruéis, mais algozes de perto porque todo dia era 8 de janeiro pelos itararés
e foi lá onde meu pai perdeu o cetro e a coroa, faz tempo e fui diluído no seu
mando derretido pelas itapiras, com os doentes das engrenagens falidas. O leão
rugia desdentado aindagora e decidia na careca juba que eu fosse patrão
subalterno e foi isso afinal que aprendia porque ali não era nada e o sou até
hoje, quase pusilânime porque a santa sangrou e me isolei no quarto das
eumênides. Nunca fui alvo pra tiro, ora! Escapei a moer a dor ancestral, a diaspórica
afroindiada e os antepassados crivados de balas - era o ovo da serpente no meu
calendário enlouquecido. Quase afogado me salvei na itaipava: perdia os dedos e
meus pés foram por aí, porque nada era raso e só sobravam as almas
sobreviventes escondidas num passado tão presente na redoma do paradoxo
epicurista. Quantantanos e ainda itacolomi pelas ondas reverberantes das frequências
de maravilha sônica, catando itacorumbis, itacoatiaras, itamotingas, esfregando
itamembecas, itapicurus e itaúnas. Não passava dum itaoca pelas itapericas: sobrava
meu ageótipo definido em Stonehenge que era aqui na memória sonora revelando
os segredos dos druidas. Ninguém (ou)via Pinuccio Sciola e era solstício
quando fui engolido pelo redemoinho das itapebas: era o maior nada e a cidade a
reboque, só tenho cartas e nada valem – no que escrevo não há solução, sempre
processo e reescrita, saiba. E ainda assim eu voo, até outro dia.
Mairead Corrigan: Nossa humanidade comum é mais importante do que tudo o que nos divide... Temos que começar pelo fato de que sempre há alternativas à violência... Veja mais aqui & aqui.
Issa Rae:
Ninguém sabe o que você sabe como você sabe o que você sabe. A maneira como
você vê e sabe das coisas é bastante única, só você sabe... Veja mais aqui.
Angela Davis: Temos
que falar sobre a libertação das mentes e também sobre a libertação da
sociedade... Veja mais aqui, aqui & aqui.
A GUERRA CHEIRA A
MERDA
Imagem: Acervo
ArtLAM. Veja mais aqui.
Pretas as horas em que
as estrelas brilham no \ céu de obsidiana acima enquanto no horizonte, a lua
crescente derrama \ luz leitosa. Não sei se nos veremos \ novamente. Um dia se
passou; minha juventude passou. \ O dia todo fiquei sentado entre os vinhedos
secos, em meu corpo \ o deserto do tédio. Tudo aqui cheira \ a finais, a merda
e pelotões de fuzilamento. \ Eu assombrava os campos não arados, colhia uma
prímula \ aqui e ali, respirava o verde. \ As neves do monte Cavallo pareciam
flutuar no azul. \ Sozinho eu vaguei pelos campos, caminhando, caminhando,
caminhando pelos \ campos infinitamente vazios \ Tudo cheira a pólvora e merda
mas a terra é \ uma merda florescendo de qualquer maneira de toda essa merda– \
em flores azuis e amarelas, em brotos tenros nos amieiros. \ Eu quero cuspir
até as montanhas mais distantes nas fronteiras \ do meu país, no mar escondido
atrás delas, eu quero cuspir \ na cara desses aldeões, desses italianos, desses
cristãos. \ Tudo cheira a pelotões de fuzilamento e pés sujos– \ (O que me
mantém preso a esta terra? \ Eu devo estar fedendo.) \ Eu não sei se algum dia
nos veremos novamente.
Poema da premiada
poeta e professora italiana radicada no Canadá, Mary di Michele.
UM CORAÇÃO ABERTO
– [...] da mesma forma que às vezes
somos lançados no território do infortúnio; Outros, graças à coragem, ao
desespero e à sorte, encontram a terra prometida. [...] Ele ainda mantinha um pouco daquela antiga
lealdade à autoridade que muitas vezes transforma irmãos mais novos em
traidores e informantes. [...]. Trechos extraídos da obra A corazón abierto (Booket, 2023), da
jornalista e escritora espanhola Elvira Lindo Garrido, que na sua obra Noches sin dormir: último invierno en Nueva York
(Seix Barral, 2015), expressou que: […] A vida é costurada por um fio
invisível que entrelaça relações caprichosas, mas possíveis, não forçadas por fantasias,
das quais os escritores tanto gostam, mas baseadas em coincidências reais. [...], No seu livro Lo que me queda por vivir (Círculo De Lectores, 2010), ela assinala
que: [...] Ela não é educada para compartilhar infelicidade. Sua mãe
e muitas outras mulheres lhe disseram que, quando a insatisfação é expressada,
a pessoa começa a pisar em terreno pantanoso que não leva a lugar nenhum. A
infelicidade é algo que deve ser tratado com discrição, diz uma máxima não
escrita compartilhada pelas mulheres deste universo rural onde passei grande
parte da minha infância. Mas agora que tenho um olhar mais distante sobre todos
eles, sei que o que dizem, o que calam, acaba se manifestando na apatia vital,
nos tiques, no mau humor, na perda precoce da beleza. [...].
E no seu Manolito
Gafotas ( Seix Barral, 2014), ela
deixa expresso que: [...] Quando algo ruim acontece com
você, você tem que pensar que isso vai passar, mesmo que você não acredite,
isso vai passar, e às vezes você vai se lembrar das coisas como se tivessem
acontecido com outra pessoa. -E como você sabe disso? -porque meu pai uma vez
me disse isso [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
SOCIEDADE, CULTURA
& CELEBRIDADES - Por
que somos tão obcecados com a cultura das celebridades? Temos notícias de
primeira página sobre divórcios em vez de notícias de primeira página sobre
aquecimento global, sobre mulheres sendo abusadas, sobre crianças sendo
abusadas. Estamos entrando em uma espiral descendente... Oitenta por cento do aquecimento global vem da
pecuária e do desmatamento... A superação da
adversidade e, em última análise, negando-lhe o rito de passagem, tem sido um
motivo constante e perpétuo ao longo da minha vida...
Foi preciso um erro humano
para arrancar minha perna e um erro humano para arrancar a da minha mãe... Pensamento da ativista
e modelo britânica Heather Mills. Veja mais aqui.
A ARTE DE BAJADO
[...] Teve uma
época, que o cabo eleitoral de Ademar de Barros era Augusto Lucena. Eu fui
pintar pra ele e outro camarada, que me disseram: «inventa aí qualquer coisa,
você não sabe inventar qualquer coisa não. Mas rapaz, eu fiz um quadro do
tamanho duma parede dessa, um cartaz: o General Lott com a espada e Jânio
Quadros com a vassoura: Entre a espada e a vassoura, o vencedor sou eu...
[...].
Pensamento do pintor,
desenhista e cartazista Bajado (Euclides Francisco Amâncio (1912–1996),
extraído de uma entrevista concedida à Revista Vidas Secas (Editora
Universitária, 1980), recolhida do artigo acadêmico sob a temática Redescobrindo
Bajado: artista reconhecido, designer esquecido (Anais do 9º CIDI e 9º
CONGIC, 2019), de Rafael Santana & Eva Rolim Miranda. A imagem foi
recolhida da dissertação de mestrado sob a temática Bajado a poética visual
no discurso gráfico: diálogo entre a Semiótica Estruturalista e o Design da
Informação (UFPE, 2020), do pesquisador Rafa Santana de Souza. Veja mais
aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
ITINERARTE – COLETIVO
ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR
Veja mais sobre MJ Produções, Gabinete de Arte & Amigos da Biblioteca aqui.
& mais:
Livros Infantis Brincarte
do Nitolino aqui.
Literatura Indígena: Cosmovisões & Pela Paz aqui & aqui.
Diário TTTTT aqui.
Cantarau
Tataritaritatá aqui.
Teatro Infantil: O
lobisomem Zonzo aqui.
Faça seu TCC sem
traumas – consultas e curso aqui.
VALUNA – Vale
do Rio Una aqui.
&
Crônica de
amor por ela aqui.