segunda-feira, junho 16, 2014

GABEBA BADEROON, ELVIRA LINDO, KATHARINE ROSS, ARMÉNIO VIEIRA & LITERÓTICA


DE TODO JEITO É BOM - É nela que tudo é bom e se o verso não me intriga, o poema faz bem. E bem demais porque dela vem rastejando a língua marruá lambendo meus versos, sexo e alma e tudo se sobrevém comigo e se conjuga verbos e versos com Eros na baia e várias luas no seu corpo nu que ensaia a vida e me completa e me acende vários sóis nos seus seios trêmulos. É nela que nada é demais, oferta e procura, sanidade e loucura, no vão do meio, no veio de seu amanhã que é meu amanhecer de todo peso e medida do trapézio que o cotidiano de nossa intimidade faz nervura no desejo com desassossego porque sou passageiro, sou biguzeiro e andarilho na vigília da sua vagina onde reinam todas as suas inquietações e se faz alçapão que habito e se faz guia que me desorienta serena de gozo nos confetes de nosso carnaval. É nela que todo jeito é bom no que cheiro, no que toco, agarro, entorto e apalpo todas as ladeiras e precipícios de seus recantos, mantos e travessuras no meio do pendulo de sua usura sem agenda pro futuro na fronha dos sonhos de todos os pecados que suturo e afloram e se incineram erodidos por novas fugas no viveiro dos gritos que formam os andaimes de nossa ruidosa entrega sem freio e meio a meio eu recolho e sou alpinista que freqüenta seu corpo de artista, suas manhas, marés, sanhas, cafunés, espantos, ventres, cantos, vertentes, toda exatidão de seus aromas e perfumes me inebriando pro amor. É nela que tudo é melhor porque todas as suas imagens, limites, encantamentos, meandros e malabares me envolvem e me encantam no meio dos seus ventos atlânticos mornos insulares de novembro com todas as lufadas basilares que me varrem o senso e incendeiam meu sexo por seus descampados, vales, ventanias e maleitas, pelo remanso de sua concha difusa que eita presenteia flores para minha fome impetuosa inheta tomada por entre seus braços, entre suas pernas esguias, me apertando contra o peito até me reduzir ao penhor da euforia do seu guardado para sempre no sutiã, na calcinha e na mania arredia de me fazer servo e senhor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aquiaqui.

 


DITOS & DESDITOS - O poema retorna à estação donde partem os comboios rápidos, os quais, viajando em linha reta, por mais que rodem, jamais alcançam o término... Um rio que jamais é o mesmo rio, eis a cruel metáfora. Heráclito, que em tal rio navegou, também nele se afogou.... Essoutro é quem sonha os teus sonhos. É ele que te faz subir aos altos cimos onde a Musa dita o poema: é ele quem te leva aos sítios de onde partem os navios... Pensamento do escritor e jornalista cabo-verdiano Arménio Vieira, que em sua obra O poema, a viagem, o sonho (Editorial Caminho, 2009), expressa que: [...] O poema, do qual ninguém escreveu o derradeiro verso, sendo que o primeiro é quiçá a frase com que a Divindade separou a luz da escuridão, quem sabe em que porto vai parar esse navio, se porventura tal porto existe, acaso um penedo capaz de o suster [...]. No seu livro Mitografias (Ilhéu, 2006), destaco os poemas: Se a desgraça estiver para vir, \ que venha de avião. Será mais \ uma, estou habituado.\ Em todo o caso, se os elefantes,\ como os peles-vermelhas, vivem\ em reservas, não é minha a culpa,\ nem fui eu quem produziu a maçã\ com que Adão se lixou.\ Que eu saiba, nunca estive no Paraíso.\ Quando mataram Cristo não era eu\ o procurador de Roma. Quem disse\ que usei napalm nas minhas brigas?\ Quem disse que eu estava em França\ na sangrenta noite dos huguenotes?\ Em 1939-45 andava eu de fralda\ e chucha na boca. Em Nuremberg\ não fui citado, ninguém me passou \a corda. Not guilty! E Die welt als wille und vorstellung (Mundo como Vontade e como Representação): 1. Insaciáveis aves de rapina, \ famélicos mais que os cães.\ É como se cada homem fosse\ um avatar de Tântalo\ atormentado por miragens. 2. Reclusos perpétuos\ de uma vasta penitenciária.\ Porém é pouco: somos as reses\ de um imenso matadouro.

 

ALGUÉM FALOU: Fiquei fascinada com a sobrevivência e com a necessidade de seguir em frente, não importa o que acontecesse. Isso sempre me atraiu. A coisa mais difícil de se tornar famoso é tentar não se perder. O que mais gosto nisso é o reconhecimento do meu trabalho. Talvez eu não tenha uma visão precisa de mim mesmo. Sou teimosa, o que não é necessariamente admirável. Pensamento da atriz e escritora estadunidense Katharine Ross.

 

UMA PALAVRA SUA - [...] O medo conduz o pensamento de maneiras inesperadas. [...] Quão raras são as lembranças que nos fazem desfrutar de uma felicidade que não percebemos e com a qual saímos felizes. [...] Ser simples é cansativo. [...] Pessoas más tornam-se boas no final da vida. Isso já é amplamente visto. Mas é isso que os idosos têm. Isso é confuso. Que despertam uma compaixão que talvez não mereçam. [...] É por isso que quando um avô senta ao meu lado e começa a me irritar com sua solidão, eu digo a ele: espere um pouco, senhor, eu também tenho muitos traumas. [...] Não gosto do meu rosto nem do meu nome. Bem, as duas coisas acabaram sendo iguais. É como se eu me sentisse infeliz dentro deste nome, mas suspeitasse que a vida me jogou nele, me fez nele e não há mais ninguém que possa me definir como eu sou. [...]. Trechos extraídos da obra Una palabra tuya (Seix Barral, 2005), da jornalista e escritora espanhola Elvira Lindo Garrido. Veja mais aqui e aqui.

 

TEMPO E CRIANÇAS - Todos os domingos, quando eu era jovem, \ toda a família se amontoou \ em carros para visitar minha tia \ que morava tão longe \ quanto o desterro. \ Liderados pelos meus avós no seu Vauxhall branco, \ depois do último trecho de pista de cascalho, \ mal largo o suficiente para um carro \ e intransitável na chuva forte, \ sempre chegávamos na estrada estreita \ em frente à casa pronta para o almoço \ e as boas-vindas da minha tia. \ E mais tarde, nessa ordem de coisas \ isso tem a ver com domingos, \ e a maneira como os velhos entendem o tempo e crianças, \ meu avô de gravata borboleta e chapéu de feltro preto \ chamava as crianças do bairro para seu Vauxhall, \ e eles se aglomerariam no banco de trás \ de um lado e se apoiarem no colo um do outro \ e fechou a porta pesada com um estrondo. \ As crianças visitantes ficavam na calçada \ e vê-lo dirigir até o fim da estrada e manobrar o carro. \ Lentamente meu avô iria parar de novo \ na casa da minha tia, \ e fã de crianças, cairia do banco de trás. \ Toda a minha vida eu me lembrei \ a ordem dessas tardes de domingo. \ Mesmo agora, lembrando no momento \ em que eles se afastaram de nós, \ minha cabeça recua no retorno de alguma coisa. \ Em nossa observação e espera \ foi o início do reconhecimento e da perda, \ de apreender algo nem sabíamos que tínhamos. Poema da escritora sul-africana Gabeba Baderoon.

 

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiNesta terça, 17/06, a partir das 21hs, acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá, com apresentação de Meimei Corrêa, com as seguintes atrações na programação: Alexander Scriabin, Bertolt Brecht, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Helio Delmiro, Sebastião Tapajós, Gestus, Lee Ritenour, Antonio Abujamra, Steve Howe, Boca Livre, Drica Moraes, Aury Viola, Ozi dos Palmares, Ricardo Machado, Julia Crystal & Alex Voorhees & muito mais. Contamos com a presença de vocês. Veja mais aqui.

SERVIÇO:
O que? Programa Tataritaritatá
Quando? Hoje, terça, 17 de junho, a partir das 21hs
Onde? Aqui 
Apresentação: Meimei Corrêa


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MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...