E se nada acontecesse,
nada valeria... - Alto lá! Passou da meia noite e já outro dia: tudo
no seguinte só virá depois. É a vida. O que vi até agora era nada, dançava no
caos: sou aceno aos mil olhos e Sol nenhum revelou tantos disfarces. Saí quase aos
pontapés, aos avessos pela ciclotimia geral, inchado de chuvas e estrambotes, a
ambição maior que o talento. Reparei atento: o pé adivinha o que o chão preza e
a noite é maior nas demoras. É que fora de hora o vento enviesa e o diabo atiça
pra que se veja ao então quem acha graça na vastidão do silêncio, sem plateia
nem aplauso. Não há quem fale de amor pelos cis dos ocasos e eu remexendo
lembranças, cutucando passados e o que de repente nunca se soubesse: o que foi
revogado por prescrição já era tarde demais e se extinguiu. Mas o que dizer se
o tempo é o escombro de torres e quintais devastados. Por mais que erga a voz,
a toada era quase última pedra no peito em chamas: entre vindimas e necedades tudo
se comparece às errâncias. Para todo efeito dei com burros n’água, o que não
seria novidade nenhuma. Perguntas fizeram questão na face do momento e não
desenhei minha volta, porque quanto mais andava, não saía do começo e, à mercê
de urubus, não avançava. Não há paz em retornos, os despojos dissimulam a dor
da carne: o fim aos poucos chega ao seu inevitável final. Mas é outro dia e a
vida é só merecimento. Até mais ver.
Cindy Sherman: O desafio é mais sobre tentar fazer o que você não consegue pensar... Veja mais aqui, aqui & aqui.
Patricia Highsmith: A vida é uma longa
falha de compreensão... um longo e equivocado fechamento do coração... Veja
mais aqui.
Diana Gabaldon: Pois
onde há amor, falar é desnecessário... Veja mais aqui & aqui.
UM POEMA
Imagem: Acervo ArtLAM.
Eles formaram um
círculo, de mãos dadas. \ Que policial quebraria pulsos tão quebradiços \ Estendeu-se
em torno desta menor das pequenas terras? \ A estátua desapareceu, o pedestal
ainda está de pé. \ A figueira rabeia, curva e torce. \ Seus ramos circulam, de
mãos dadas. \ Alguns anos o jardim enche de bandas. \ Os vocais rolam, a batida
insiste, \ ao redor desta menor das pequenas terras pequenas. \ Movem-se
agitados, incendiários, \ rock firme, canção que resiste; \ Tudo nesse círculo,
de mãos dadas. \ A margem gramada, as areias fluviais, \ O local de desembarque
que ainda existe \ ao lado desta menor das pequenas terras pequenas. \ Os anos
se movem, e o tempo se expande \ A distância, mas o conto persiste: \ Eles
formaram um círculo, de mãos dadas, \ em torno desta menor das pequenas terras.
Pākaitore,
poema da escritora neozelandesa Airini Beautrais, autora da obra Flow:
Whanganui River Poems (Victoria University Press, 2017).
COMO AMAR SUA FILHA - [...]
apenas um punhado de pessoas
afirma ter tido uma infância feliz; todos os outros são sobreviventes, todos
receberam muito ou pouco, a vida é sempre uma longa jornada de cura desde a
infância. [...]
Era verão e estava quente,
havia muito sol no céu e muito sol na minha vida [...]. Trechos extraídos da obra How to Love Your Daughter (Riverhead Books, 2023),
da premiada escritora e editora israelense Hila Blum.
DESENVOLVIMENTO &
SUSTENTABILIDADE - As questões de desenvolvimento não podem ser
contidas dentro das fronteiras nacionais... É essencial que alcancemos os
centros globais de poder para combater não apenas o planejamento centralizado,
mas o planejamento baseado na privatização... Pensamento da ativista e
reformadora social indiana, Medha Patkar, que na entrevista Damn the dams: An interview
with Medha Patkar (2004), concedida ao jornalista Robert Jensen, expressou
que: [...] Deixamos bem claro que não somos contra o desenvolvimento em si,
se isso for definido como uma mudança desejável e aceitável dentro de nossa
estrutura de valores. E nossa estrutura não é individualista. É a estrutura dos
valores de equidade e justiça. Sustentabilidade tem que significar justiça para
a população além de uma geração. Isso só pode acontecer se as prioridades forem
definidas corretamente. Nossa prioridade é a satisfação das necessidades
básicas de cada indivíduo, e isso não pode acontecer a menos que o processo de
planejamento seja realmente democrático. Caso contrário, as elites — os que têm
— pegam sua própria grande fatia do bolo, e as vozes das pessoas marginalizadas
— sua visão de desenvolvimento, até mesmo sua valoração de seus próprios recursos
— nunca são realmente ouvidas e não são incluídas nas análises de
custo-benefício das agências de planejamento. O desenvolvimento equitativo e
sustentável presume que os recursos naturais serão usados. Mas na escolha de
tecnologias e nas prioridades de metas e objetivos, a preferência deve ser dada
às seções mais necessitadas, não àquelas que já têm. [...] O processo de
desenvolvimento existente é distorcido; em nome do desenvolvimento, uma grande
maioria da nossa população fica fora dos benefícios reais deste modelo de
crescimento. O processo tem que ser descentralizado e democrático, o que é mais
do que simplesmente permitir que as pessoas participem de algumas consultas — é
permitir que as pessoas tenham o primeiro direito aos seus recursos e digam sim
ou não a um plano proposto por alguma agência externa. [...].
ITINERARTE – COLETIVO
ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR
& mais:
Livros Infantis Brincarte
do Nitolino aqui.
Poemagens aqui.
Diário TTTTT aqui.
Cantarau
Tataritaritatá aqui.
Teatro Infantil: O
lobisomem Zonzo aqui.
Faça seu TCC sem
traumas – consultas e curso aqui.
VALUNA – Vale
do Rio Una aqui.
&
Crônica de
amor por ela aqui.