EU VI A ALMA IMORAL DE CLARICE – Como ela é
linda! Tão linda no palco, tão maravilhosamente espetacular! Confirmou a mais
linda Ritinha de Bonitinha, mas ordinária... Melhor: Ela por ela – Clarice... A
que foi Isabel, a Rainha Elizabeth na Maria Stuart, Aquela outra, Yerma do
Lorca, a Maria na Memórias da água, uma d’ As guerreiras do amor. Diante dela em
mim também n’A beira de um abismo me cresceram asas. Onde Um equilíbrio delicado?
Eu sempre me senti entre Porcos com asas, escorregando n’O círculo de giz
caucasiano e me perdendo n’ O monólogo da Lista de Tremblay, como n’ O triálogo
d’O lugar escuro. Queria mesmo era Tudo sobre mulheres do Miro Gavran, sem pestanejar
na Troia de Eurípedes ou com Buda. Por que? Dito e feito: é tudo tão infantil. Eu
me vi n’A missão do Cabra Marcado para correr adaptada do Judas em Sábado de
Aleluia, de Martins Pena. No final das contas: Tá ruço no açouguel, tudo
explosivo no Brasil. Quais Faces, quais Os possessos, o melhor: Camaleão na Lua
da Maria Clara Machado. Como é impressionante as Confissões das mulheres de
trinta, apaixonantemente linda. Veja mais abaixo & mais aqui & aqui.
DITOS & DESDITOS - O teatro é um
vôo de asa delta, não tem como parar, não tem como voltar... Pensamento
da atriz Clarice Niskier, que é integrante do Movimento Humanos Direitos
e autora do artigo A
liberdade é azul", mas está no vermelho... (Ide, 2014), no qual ela expressa: [...] Que mundo é
esse que inventa oportunidades imperdíveis para você que não tem a menor
necessidade de nenhuma das oportunidades imperdíveis que ele inventa para você?
[...] Fui para a fila do caixa. Gera tanta desigualdade social que a
desigualdade entra dentro de você fragmentando sua personalidade em mil faces
descontínuas. Para que tantas vozes dissonantes em um único cérebro?
Esquizofrenia social e individual onde o imaginário e o real se confundem de
tal maneira que não sabemos mais qual voz é a derradeira. Que mundo é esse? Que
nos oferece em holocausto no trânsito, nos hospitais, nas escolas? Que mata,
destrói e quebra para cobrar pela reconstrução, pelo conserto e pela vida? Ter
ou não ter dinheiro, não é essa a questão. Porque a resposta é simples, pelo
menos para a maioria dos mortais. A questão é articular a riqueza à nossa
consciência. À nossa alegria de viver, à nossa liberdade, saúde, inteireza. A
liberdade é azul, mas às vezes fica no vermelho. Estou, neste momento,
curiosamente, no azul (conta poupança), e no vermelho, (conta-corrente). Por
quê? Porque tenho aproveitado oportunidades imperdíveis. E não quero baixar
nada da poupança. Se o inconsciente é dominado pela lógica paradoxal, a
administração financeira de um artista também o é. É clássica a cena da moça
rica, prisioneira de seu conforto, olhando com inveja a alegria da moça pobre,
flor do campo, que brinca livremente na chuva com seu vestido de chita. É
clássica a inveja da moça pobre olhando a moça rica desfrutar de seu prestígio
social, sua segurança, seus direitos e escolhas materiais sem fim. Eis a
questão: como não nos tornarmos escravos do dinheiro? Nem da falta, nem do
excesso? Como não nos tornamos cínicos? "Faça o que eu digo mas não faça o
que eu faço. " Como não sucumbirmos ao fetiche da mercadoria? Não
trocarmos nosso reino de valores por chicletes, confetes, serpentinas? Como
seguirmos em frente na solidão de nossas escolhas? Como ser ao mesmo tempo a
cigarra e a formiga? Eu sou a cigarra e a formiga. Como superar obstáculos e
aumentar nossos níveis materiais de vida sem perdermos nossas fontes puras de
sobrevivência? Como nos relacionarmos com o dinheiro sem medo da liberdade?
Dinheiro: medida de valor que ultrapassa nossa capacidade de entendimento. Não
compreendo uma cédula sem lastro. Uma vida sem lastro. Status? O que é status?
Como discernir no abrir e fechar da carteira o valor real das coisas? [...]
Nada nesse mundo do dinheiro é tão natural quanto parece. [...] Dinheiro
é só a ponta de um iceberg. O iceberg incomensurável do humano. [...]. Veja
mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Fique atento à
vida. Faça, ouse e busque. Mas, acima de tudo, não ouça ninguém sem ter antes
escutado o seu coração... Pensamento do rabino e líder espiritual Nilton
Bonder, autor da obra A alma imoral: traição e tradição através dos
tempos (Rocco, 1998), no qual expressa: [...] O ser humano é talvez a
maior metáfora da própria evolução, cuja tarefa é transgredir algo estabelecido.
[...] Quantas pessoas poderíamos ter tirado 'para dançar' na vida e não o
fizemos por ofertar sacrifícios ao nada? Sacrifício ao deus da timidez, ao deus
da vergonha, ao deus do medo de ser rechaçado e assim por diante. [...] A
vida saberá nos julgar não apenas pelas 'perversidades' que acreditamos poder
evitar, mas também pelas 'tolices' que nos permitimos. [...]. no seu livro A
arte de se salvar: ensinamentos judaicos sobre os limites do fim e da tristeza
(Rocco, 2011), ele expressa que: [...] A estética comum, na sua aversão à
ordem que não seja explícita, torna-se campo fértil para o desenvolvimento do
conceito de caos. A capacidade de perceber estética no que é velado é a única
saída para evitarmos que o mundo se torne feio à medida que vivemos e
amadurecemos para a vida. [...] O que fica demonstrado é nosso
despreparo em relação à forma de encarar a vida e o quão “mimados” somos na
dimensão da ordem. Por ordem, sob a perspectiva do mimo, entenda-se o desejo
constante de que as coisas sejam do jeito que gostaríamos que fossem. Já
mencionamos antes que o que desejamos interage com a realidade daquilo que deve
ser. [...]. Resgatar o significado, a cada momento da vida, de quão
apropriadas são as coisas no momento em que se realizam é exercício
indispensável para livrar-nos do cinismo. Saber reconhecer esta estética é
poder ver além desse mundo explícito. É descobrir no contentamento o supremo
senso estético da harmonia, e na busca obsessiva da felicidade uma estética que
peca pelo exagero. Como é feio o afetado, o que quer preservar o que é
perecível, o excesso! A vida nada tem a ver com isso – uma coisa a seu tempo
estará sempre associada a um sentimento de entrega. [...]. Na sua obra Boundaries of Intelligence: Senses
and Spirituality in Management (Trafford Publishing, 2010), ele observa que: [...]
nosso mundo tem uma necessidade crescente de
pessoas treinadas em graus profundos de dúvida, mais do que de pessoas
habilidosas em lidar com certezas. [...]. Já no livro Taking Off Your Shoes (Trafford
Publishing, 2010), ele expressa que: […] Um peregrino é alguém que se move na vida porque percebe que está em uma
encruzilhada. [...] Para ser completa,
uma jornada pressupõe a desconstrução de preconceitos e estereótipos. A mudança
de foco do viajante e sua revisão de prioridades e de sua desconfiança são as
manifestações mais claras desse processo. Nesse sentido, nossas relações com os
inimigos são de especial interesse. [...].


