TRÍPTICO DQP:
De máscaras & personas... - Ao som do Concert Excerpts @International Guitar Festival Ferran Sor (2020), da
violonista espanhola Anabel Montesinos.
- O que vejo e sou: a máscara traz a persona que se mostra no
palco do mundo e no cenário da vida. A aparência preferida almeja protagonizar
entre os arquétipos de Jung e o
senso diante da escolha entre os princípios de Freud: o prazer e a realidade. A lucidez é um detalhe e não precisa
ser sisuda, como diria Nise da Silveira,
seria uma chatura por esconder o real sob o ideal. E essa manipulação não seria
lá tão saudável, ou quem capaz do Poema em linha reta ou da Tabacaria
de Pessoa, enquanto visualizasse
aquela que Carl Rogers colocou no
centro da fenomenologia-existencial. Talvez seria melhor considerar o que
dissera a escritora estadunidense Ann Brashares: Talvez haja mais verdade em como você se sente do que no que realmente
acontece... Talvez a verdade seja que
há um pouco de perdedor em todos nós. Ser feliz não é ter tudo em sua vida
perfeito. Talvez seja sobre juntar todas as pequenas coisas... Ou atentar
para o que escrevera o escritor israelense Meir Shalev: Se ao menos pudéssemos nos livrar de todas as coisas
mortas dentro de nossos próprios corpos e almas!... Cada
qual seu repertório de representações no ludo vital, sabendo-se de antemão que
na cena, diz Stanislavski, deve-se
expor o que vem de dentro para não ser um histrião no meio dos outros. É que
por trás da máscara mil semblantes podem reverberar...
Dum lado a
outro a vida se manifesta... – Imagem: arte da sulcoreana Stella Im Hultberg. - Um clique, o estalo, zás. Dentro: um som,
tons. Daí sílabas e sonoridades: uma palavra, uma sinapse neuronal, zis
significados – senão todos à mercê da percepção. Disso um dedo, o sinal e
quantos sentidos (do caos, quantas expressões por descobrir). O simples ato
apenas sugeriu e tudo, exatamente tudo pode acontecer: um fio puxa outro,
teias. Não é só uma coisa ou outra, de um ponto: todas as ideias – rizomas,
galhos dendríticos pulsantes escorrem pelo axônio: as terminações atraem umas
às outras, as escolhas, imantações. Quanto poderia se dizer de um simples ato:
vibrações ecoam, reverberam algures. E se uma emergiu aqui pode ser outra noutra
percepção. Dita o poder de síntese de quem se expressa, a imaginação de quem
perceber. Não só, cabe o mundo inteiro em uma só palavra, quanto mais em duas,
três, seis. E se uma fonte expede sêxtuplas rajadas de gotas entre muitas
outras que circundam e desembocam na emersão do universo à seletividade, níveis
da compreensão. É só um triz, apenas, em meia dúzia de jatos com outros pingos
condensados, aleatórios ou não, quantas emissões: em cada gota significados
implícitos; e, se reunidas, múltiploutros. Ou como diz Cees Nooteboom: O mundo é uma referência cruzada sem fim... Cada período da história
tem seus próprios castigos, e o nosso tem uma infinidade... Essa é a diferença
entre deuses e homens. Os deuses podem mudar a si mesmos; humanos só podem ser mudados... Quem
fala e quem ouve entre empatias e dissonâncias, transmissões e retransmissões:
dum lado a outro a vida se manifesta.
D’agosto e
lá se vai... - Imagem: arte da sulcoreana Stella Im Hultberg. - Era eu menino pelos quatro anos de idade e bateram
no portão de quase derrubá-lo – era o início do tenebroso período ditatorial do
golpe militar de sessenta e quatro. Começou no primeiro de abril e me assustou:
botas expunham fuzis das fardas, vasculhando salas, quartos e quintal. Não sabia
o que queriam, só sei que todos os dias marchavam bravos lá em casa e eu, toda
vez, entre um dos braços de minha mãe grávida, agarrado à minha irmã. Lembro certa
vez ela gritou que era agosto e eles nem consideraram: estava prestes a dar à
luz. Lembrei-me porque li A história de
mim de Graça Lins, como se lesse
um poema de Miró da Muribeca
(1960-2022): olhei para o passado / as
folhas dos calendários / caindo / é preciso plantar cedo sua árvore / pra mais
tarde ter uma sombra / que lhe agasalhe... Agora novamente agosto como o
poema de Tchello d’Barros: O tempo desenha na face / O alto custo de um
imposto / Pois lento nos dá outro susto / Chegamos a outro agosto / Posto que o
destino é vasto / E visto o que está posto / Este viver tão sucinto / Nesta
sina a contragosto / Dias semanas e meses / Somam em si um desgosto / No raso
espaço do espelho / Os anos esculpem seu rosto... e eu sozinho conto de Emily Brontë: Deixe-me a sós, que preciso pensar; enquanto penso, não sofro… Do
que passou e o presente, lembranças tão vivas como ecoassem agora. Até mais
ver.
Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo. A
diversidade garante que crianças possam sonhar, sem colocar fronteiras ou
barreiras para o futuro e os sonhos delas. Vamos pegar nossos livros e canetas.
Eles são nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, uma caneta e
um livro podem mudar o mundo. A educação é a única solução. A educação é o
poder das mulheres.
Pensamento
da ativista paquistanesa Malala Yousafzai. Veja mais Educação & Livroterapia aqui e aqui.