FALANDO SOZINHO - Já nem sei mais que dia é hoje, que hora é
esta, só da clausura exercitando a solidão criativa: leio um livro e outro, artigos
e estudos; folheio revistas, ouço músicas, assisto a filmes e vídeos, confiro
postagens, aqui e ali futucando para não cair na incúria ou me deixar levar
pelo nada fazer. Algum tempo na bicicleta ergométrica para não entrevar de vez,
meditação e exercícios de respiração, muita ideia no juízo e muita coisa por
fazer. Assim meus dias de quarentena, todos os dias me maravilhando com as
manhãs ensolaradas, os arrebóis, as noites estreladas, o corpo nu de uma
mulher, o curso dos rios, as ondas do mar, as árvores dos quintais e as
longínquas matas quase inexistentes. Uma ou outra sacada no noticiário, eu tinha
que viver para ver os insensíveis e insensatos ficarem de queixo caído com uma
tragédia que conseguiu implodir as estruturas do capital que nunca tivemos
competência para erradicar. A humanidade tinha um prazo para rever a sua
intervenção predatória no planeta e a agressão à Natureza, passou em branco e
arrastou a mala. Afora isso, às palavras loucas, orelhas moucas – nem ligo
direito para as asneiras das autoridades constituídas com omissões, conivências
e ajeitados, muito menos pelos que se arvoram a ser a palmatória do mundo,
quantos Alcestes, que o diga o Misantropo de Molière, quantos que não fazem de encenações as suas muletas de Sisto V,
quantos nesses tempos de falsidades ideológicas e notícias falsas no meio de
tantas celebridades que não passam de fogos de artifícios que espocam daqui
prali todo dia e o dia todo. Farto dessas encenações de péssimo gosto. Estou confinado
ao que me resta viver. Não sei o que será do amanhã, sei que vou, cá comigo
mesmo, um tanto Filinto e falando para as paredes o que me exalta e o que me
espreme entre coisas e lembranças que me rondam, do dia para a noite e por aí
vai. Acima de tudo, ainda não há nada melhor que viver. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: O
mundo produziu muitos grandes pensadores com ideias
novas, mas em regra somente um pequeno número de
gente os compreendeu e entendeu o que falavam; a maior parte das
mensagens deles foi sempre mal entendida e ajustada
aos preconceitos predominantes de cada época. Pensamento da premiada escritora
sueca Marianne Fredriksson
(1927-2007), autora de 17 romances com tema centrado na amizade, assinalando
que no futuro “a amizade será mais importante que o amor".
MULHERES ATIVISTAS – Ninguém fará por você o
que você precisa fazer por si mesmo. Não podemos nos dar ao luxo de estar
separados. Temos que ver que todos nós estamos no mesmo barco. Temos que
melhorar a vida, não apenas para quem tem mais habilidades e para quem sabe
manipular o sistema. Mas também para e com aqueles que muitas vezes têm muito a
dar, mas nunca têm a oportunidade. Temos que trabalhar para salvar nossos
filhos e fazê-lo com total respeito pelo fato de que, se não o fizermos,
ninguém mais o fará. A grandeza não é medida pelo que um homem ou mulher
realiza, mas pela oposição que ele ou ela superou para alcançar seus objetivos.
Uma mulher negra tem o mesmo tipo de problemas que outras mulheres, mas ela não
pode tomar as mesmas coisas como garantidas. Sem o serviço comunitário, não se
tem uma qualidade de vida forte. É importante para a pessoa que serve, bem como
para o destinatário. É a maneira pela qual nós mesmos crescemos e nos
desenvolvemos. Temos que perceber que estamos construindo um movimento. Pensamento da
ativista afro-americana Dorothy Height (1912-2010) que atuou pela defesa
dos direitos civis e das mulheres. Ela foi presidente do Conselho Nacional de
Mulheres Negras, atuando contra o analfabetismo, desemprego e drogas. Grande oradora
tornou-se ativa social e politicamente, atuando como assistente social e participando
das campanhas antilinchamento, depois de graduar bacharel em Educação, em 1930;
e mestrado em Psicologia, em 1932. Criou em 1965 o Centro de Justiça Racial e
ajudou a fundar em 1971, o Comitê Político Nacional das Mulheres, com Gloria
Steinem, Betty Friedan e Shirley Chisholm.
MESKEETA, ILHA DE RIALLARO
Meskeeta é uma ilha do arquipélago de Riallaro, no sudeste do Pacífico,
que seus habitantes, pigmeus elixados de Limanora, chamam de “a ilha dos
discriminadores do bem e do mal”. Destruidores de livros, com mania de
críticos, esses ilhéus escolheram por excesso de maledicência. Estão sempre
armados com dardos que atiram um nos outros e usam óculos que produzem nódoas
em tudo o que olham. Máscaras enormes cobrem a parte superior de seus corpos,
para esconder sua verdadeira identidade. A única alternativa que conhecem para
a inveja é o elogio mútuo. Escravos anões produzem livros para que eles ataquem
e critiquem. Adoram tudo o que os deslumbra, mas atiram seus dardos contra o
sol quando ele se obscurece. Seus templos são construídos sobre os túmulos
daqueles que perseguiram até a morte e que agora reverenciam como grandes
homens.
MESKEETA, ILHA DE RIALLARO – Trecho do capítulo 31, denominado Meskeeta,
extraído da obra Riallaro: The
Archipelago of Exiles (GPPutnam’s, 1901/Oxford, 1931), de Godfrey Sweven, pseudônimo do escritor e professor universitário britânico
nascido na Nova Zelândia, John Macmillan
Brown (1845-1935). Ele também é autor da obra Limanora: the island of progress (GPPutmam’s, 1903/Oxford, 1931). Essas
obras tratam sobre um homem etéreo com asas artificiais que é abatido e
sobrevive no Pacífico Sul, para contar sua longa viagem fantástica pelo
arquipélago de Riallaro, envolto em névoa. Cada uma de suas ilhas periféricas
apóia uma sociedade que exemplifica, como representado em tons fortemente
satíricos, um modo de existência diferente, vários dos mundos descritos sendo
profundamente distópicos; sua passagem por essas sociedades, que equivale a uma
representação de vícios humanos, ocupa o primeiro volume. No segundo volume,
ele finalmente chega à grande ilha central de Limanora, lar de uma utopia
científica criada milênios antes, como um experimento na eugenia exaltada.
Aquelas classes da sociedade incapazes de passar pelo longo experimento na
evolução controlada haviam sido exiladas e seus descendentes ainda ocupam o
arquipélago circumambiente que o protagonista havia encontrado inicialmente.
Sweven então anatomiza em detalhes extraordinários a utopia central, onde os
avanços médicos e tecnológicos se uniram na criação de uma economia calma e
eficiente, dependente de uma fonte de energia central, com avançados
computadores, comunicações, transporte, controle climático etc. o benefício de
uma população saudável de longa duração. Sweven descreve este mundo com muitos
detalhes, de maneira absorvente. Seu protagonista passa por um longo período de
transformação médica, daí o esquisito esplendor de seu ser após seu voo forçado
para a Nova Zelândia depois que o vulcanismo há muito previsto quase certamente
destruiu esse paraíso. Veja mais aqui.
A DANÇA DE MÁRCIA
JAQUELINE
O que eu ambiciono hoje, não só para minha carreira mas também para a
nossa arte, é a valorização desta profissão tão linda porém tão difícil no
nosso país. O que eu quero pra mim e para a dança no Brasil é o reconhecimento
do nosso trabalho e da vontade que temos de Dançar!
MÁRCIA JAQUELINE - A arte da premiada bailarina Márcia
Jaqueline, que
foi a primeira-bailarina do balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro,
formada pela Escola Estaudla de Dança Maria Olenewa (EEDMO) e hoje ela é a
principal dancer no Salzburger Landestheater, na Áustria. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
Tive sorte de nascer em uma família artística. Então, dançar era uma
coisa natural para mim. Antes mesmo de saber andar eu já frequentava a escola
de balé da minha mãe.
A arte
da bailarina Aurora
Dickie que hoje é solista do Staatsballett Berlin - Ballet Estatal de
Berlim, na Alemanha.
A poesia
matuta de Rubão – Rubem Alves do Couto aqui.