sábado, maio 29, 2010

BOLERO, UPDIKE, NELSON, CALASSO, TRIO IMAGENS, FREDERICO BARBOSA, IRMA ÁLVAREZ, AERCIO KAUFFMAN & MUITO MAIS!!!!



BOLERO – À meia luz, mão na mão, passo a passo. E a pele lua de algodão pousa leve como um pássaro levitando nos meus braços agudos. São dois passos lá demovendo todas as nuvens do meu sexo. Dois passos cá, uivando nua, possuída de vida que não troca nada de si por nada desse mundo, só a girar embalada pelo ensaio que se faz chama na fúria íntima e se alastra fogo vivo em nossa alma. Pro mundo é noite calma, enquanto em nossa carne a terra cresce ruidosa, desembestada, ciclone rompendo a órbita de todos os ventos que revolvem as entranhas nos campos magnéticos da celebração dos quadris. A dança e o perfume me recolhem insepulto de ontem na noite, capturado pela teia que arde e retorce nosso lençol de nada e eu como um deus sacudindo a vida pelas labaredas da boca, pelas chamas do ventre à medida do coração. A cada enleio sua manha enreda e desvencilha e torna a enredar, infindável urdidura na taça do meu sexo. E se adoça com os meus venenos até acender em sua mão lépida efervescente a fazer de mim lascivamente eletrizado até sentir-lhe a boca do útero e tudo adensa e cresce rodopiante mundo, enquanto sou Ravel extasiado e você bolero nas minhas veias até transbordar nossas emoções avassaladoras. A dança e o corpo nu inteirinho colado ao meu, fincado no salão do amor, inundando tudo, corpo saqueado no apelo do bolero e dançamos, rodeamos, rodopiamos, mão na sua e na cintura, o salão, o corpo inteiro e a noite inteira danças intensas até o último portal do prazer: começaria tudo outra vez. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.


Imagem: Standing nude, de Norman Engel.


Curtindo o álbum ao vivo Tangos, do Trio Images, formado por Cecília Guida (violino), Henrique Müler (viola) e Achille Picchi (piano). Veja mais aqui.

EPÍGRAFEAos quinze / uma borboleta negra / pousou em mim / me descobri escuro / olhos vidrados na morte / gritos mancos no corredor / era só um bicgo / e eu o monstro voador, poema extraído do livro Louco no oco sem beiras (Ateliê, 2001), do poeta, crítico literário e professor Frederico Barbosa. Veja mais aqui, aqui e aqui.

OS 49 DEGRAUS – O livro 49 degraus (Companhia das Letras, 1997), do ensaísta italiano Roberto Calasso, trata sobre o caráter egípcio da arte, a opinião e o monologo fatal, petite musique, os leitores de Schereber, Brecht, o probo orgasmo, os fundamento da garrafa de um refrigerante, a sereia Adorno, epopeia da alucinação, iontrigas de caixeiro-viajante, iluminação profana, ordalio das palavras impossíveis, esconderijos, prelúdio, tumba apócrifa, a guerra perpétua, o terror das fábulas, entre outros assuntos. Veja mais aqui e aqui.

GERTRUDES E CLÁUDIO – O romance Gertrudes e Cláudio (Companhia das Letras, 2001), do escritor e critico literário estadunidense John Updike (1932-2009), conta a história que precede imediatamente os fatos de Hamlet, de William Shakespeare, na qual o autor narra a vida de Gertrudes, mãe do príncipe da Dinamarca, até o momento de seus casamento com Cláudio, tio de Hamlet. Da obra destaco o trecho: [...] Fosse como fosse, apesar daquela calamidade, o reino,c ercado de inimigos ativops, precisava ser administrado, e a pobre rainha tinha de ser consolada. Quem melhor para assumir tal responsabilidade que o irmão do rei, já que o príncipe, filho único, havia mais de dez anos vivia entregue a estudos inúteis, encerrado nos muros de Wittenberg? Veja mais aqui e aqui.

E EU ACREDITEI - Entre os poemas do poeta Aecio Kauffmann, destaco E eu acreditei: Amigo, sou qüera pronto / xiru, dos recomendados, / mas, virge..! que ando , já, tonto / cabreiro e sacaneado .. /Aporreado..A La fresca !. / Já tô é meio manguço, / qual pingo que não se afresca / se o índio, em cima é pinguço. / Mas vou tenteando a indiada / nos bretes da pensação- / que uns já não crêem em nada, / já estão em desolação. / É o aluguel do potreiro, / os trocos p'ra faculdade. / bolicho, mais o padeiro / sem sobras p'ra amenidades. / E amenidades, lês digo, / são coisas que ainda, enfim, / ficam por fora do umbigo: / o lenço, o laço e os carpins. / Aqui o vivente marca, / na gola, a pilcha- saideira, / que é traste que está na arca / e só sai nas domingueiras. / Que é quando tem batizado, / casório e/ou comunhão; / um cola atada, animado / e, as veis ,encomendação. / Falei da pilcha e, agora / me vou direito à farmácia. / Aqui a erva vai embora / p'ra quem não tem Anastácia / Que benze, sangra e receita / e faz até simpatia / p'ra dor de dente ou maleita / e cura melancolia. / Só não cura sangue morno / nem faz com que brote grana / nos bolsos,nem com suborno, / cá do milico sacana, / que acreditou...não devia / na " fala mansa "de oragos; confiando em cidadania / levou um chute nos pagosl / E, aqui , eu creio, se encaixa / ditado da Tia Nora /  "quem muito, filho, se abaixa / fica co'os glúteos de fora " / E, hoje, temos raladus, / vivendo às ordens do Rei.. / Estamos quase pelados / enquanto os  Alves e grei / Estufam as suas guaiacas / por graça das loteria, / enquanto ,nós os panacas, / marcamos bobeira e fria. / É um salve-se quem puder / " um tiroteio de morte " / no mínimo temos clister / e isto p'ra quem tem sorte. / Enquanto isto a cambada  / ,vai se ajeitando, rapaz. / e vão, de mão , na parada / se defendendo, no mais. / E a turma é barra pesada / e não dá chance a ninguém.. / A coca paga a mesada.. / Maconha é troco... é vintém. / Enquanto nós cá vivemos / na esperança de um dia /  repor o que já perdemos / ( nem falo de isonomia). / Vivemos destas notícias / que espalham, celeremente, / aqui e ali , nas milícias, / gozando, eu creio, co'a gente. / Um gajo dizia... o fato / sai hoje, até nos jornais / São cinco - p'ra dar impacto- /  de aumento cá p'ros baguais. / E, boca a boca , se espalha / A tal boa nova e então / É fogo, é fogo de palha.. / Mas ninguém o contesta não. / Uns já dizem, em segredo, / -foi medida provisória- / Outros, mais baixinho e á medo / levam fé na tal história. / Inda outros, em cochichos / já discutem porcentagens / Cinco é pouço! É nada ! `É micho ! / Mais de trinta é que vantagem. / E quem antes afirmava / Escorado por " falares" / Já agora argumentava / Dando ao fato veros ares. / Mil histórias, minha gente, / espoucaram desde então, / mas de aumento, minha gente, / niguém sabe, nem viu não. / O pior é que, por conta, / "decolaram voadores" /  p'robras de pequena monta / e alguns cheques p'ra doutores. / Não saiu.....Tem gente em alas; / co'a cabeça posta a prêmio.. / vão chamar o qüera às falas, / vão cortar-lhe o oxigênio. / O salseiro vai ser grosso / p'ro xiru que bancou fria. / Já que gajo deu endosso / e afirmou que o galo mia. / Vai pular que nem cabrito / p'ra explicar - se é que pode-que, no rito, o bom de grito / é o mais velho. / É o Mestre. É o Bode!! /  AECIO KAUFFMANN - Aecio Kauffmann Colombo da Silva por ele mesmo: "Sou dístimico.Idiopático. Esquizóide. Aristocrático. Tudo isto eu sou porque adoro a solidão. Se me alegro, vem logo um apelido, que é um tal de extrovertido. Se me zango... Dizem temperamental. Mas quem sabe o que é dialética vê que a síndrome é patética. Não tem razão afinal. Hiperomotivo "uma ova " sou o sou mesmo em trova um vovô bem bossa nova". Conheça mais do autor no Clube Caiubi de Compositores e no MySpace.Veja mais aqui.



ENGRAÇADINHA DEPOIS DOS TRINTA – A peça      Engraçadinha depois dos trinta, do dramaturgo, jornalista e escritor Nelson Rodrigues (1912-1980), conta a história que se passa no Rio de Janeiro, de 1959, de uma senhora que está casa, tem filhos e vive sob uma pesada atmosfera religiosa, na qual tenta esconder as lembranças de seu passado libidinoso. Mas um reencontro com um certo doutor, antigo admirador de seu pai e um eterno apaixonado por ela, faz com que relembre as loucuras da juventude, agora revivida por sua filha. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

ENGRAÇADINHA DEPOIS DOS TRINTA – O drama Engraçadinha Depois dos Trinta (1966), dirigido por J. B. Tanko, baseado na obra de Nelson Rodrigues, conta a história de um senhor que se encontra insatisfeito com seu casamento e passeia pela cidade em busca de flertes eventuais. É quando conhece uma estudante, mas ao ser apresentado a sua família, se encanta pela jovem mãe da moça. O destaque do filme fica por conta da atuação da atriz argentina naturalizada brasileira Irma Álvarez (1933-2007). Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA

                                       Todo dia é dia da atriz Irma Álvarez (1933-2007).




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    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...