terça-feira, fevereiro 16, 2016

AS PERNAS DE CLAUDIA TAJES & MIL PLATÔS DE DELEUZE & GUATTARI



AS PERNAS DE ÚRSULA – O livro As pernas de Úrsula e outras possibilidades (L&PM, 2001), da escritora Claudia Tajes, trata de temas como a infidelidade conjugal, as mazelas cotidianas, o drama da existência, procurando o lado íntimo e contrário. Da obra destaco o trecho: [...] Alice já estava chorando. Ela chorava muito neste período pós-parto. Não tanto quanto no durante, é verdade, mas era muito, de qualquer forma. Estávamos então no puerpério, o período depois do nascimento de um bebê onde todos os hormônios femininos entram em ebulição ou coisa parecida. Uma fase tão complicada que, em alguns casos, serve como atenuante inclusive para crimes que a mulher possa cometer. Eu esperava, de todo o meu coração, que esse não fosse o caso de Alice. Ela chorou no caminho para casa, escovando os dentes, dando de mamar e na sala, a noite inteira. Na manhã seguinte, fiz questão de trocar as fraldas do Bebê L. antes de Alice levantar, cheia de olheiras. Então prometi que não fumaria nunca mais, se isso a deixava tão triste. Os palavrões que seu olhar anunciou, Alice acabou engolindo junto com o café. E a história acabou não vou dizer esquecida, que Alice nunca foi mulher de esquecer, mas escondida embaixo de uma briga mais antiga, de um desentendimento sem muita importância e de um que outro ciúme burocrático. Se eu pensei que tudo ia ficar assim, nunca me enganei tanto [...]. Veja mais aqui e aqui.

MIL PLATÔS DE DELEUZE & GUATTARI - VOLUME 1 – [...] Os signos vocais têm uma linearidade temporal, e é essa sobrelinearidade que estabelece sua desterritorialização específica, sua diferença face à linearidade genética. Com efeito, esta é, antes de mais nada, espacial, mesmo se seus segmentos são construídos e reproduzidos sucessivamente; tanto que não exige qualquer sobrecodificação efetiva nesse nível, mas somente fenômenos de ajuntamento, regulações locais e interações parciais (a sobrecodificação só intervirá no nível de integrações implicando ordens de grandeza diferentes). [...] É essa propriedade de sobrecodificação ou de sobrelinearidade que explica o fato de não haver, na linguagem, somente independência da expressão em relação ao conteúdo, mas também independência da forma de expressão em relação às substâncias: a tradução é possível porque uma mesma forma pode passar de uma substância a outra, contrariamente ao que acontece no código genético, por exemplo, entre as cadeias de ARN e ADN. Veremos como essa situação suscita  certas  pretensões imperialistas da linguagem, que se enunciam com ingenuidade nas fórmulas do tipo: "toda semiologia de um sistema não-linguístico deve recorrer à mediação da língua. [...] A língua é o interpretante de todos ou outros sistemas, linguísticos e não-linguísticos". Isto equivale a abstrair uma característica da linguagem para dizer que os outros estratos só podem participar dessa característica se falados. Isto seria de  se  esperar.  Contudo,  mais  positivamente,  deve-se  constatar  que  essa imanência de uma tradução universal à linguagem faz com que os epistratos e  os  paraestratos,  na  ordem das  superposições,  difusões,  comunicações, ladeamentos, procedam de modo completamente diferente do que nos outros estratos: todos os movimentos humanos, mesmo os mais violentos, implicam traduções. VOLUME 2 – [...] A professora não se questiona quando interroga um aluno, assim como não se questiona quando ensina uma regra de gramática ou de cálculo. Ela "ensigna", dá ordens, comanda. Os mandamentos do professor não são exteriores nem se acrescentam ao que ele nos ensina. Não provêm de significações primeiras, não são a consequência de informações: a ordem se apoia sempre, e desde o início, em ordens, por isso é redundância. A máquina do ensino obrigatório não comunica informações, mas impõe à criança coordenadas semióticas com todas as bases duais da gramática (masculino-feminino, singular-plural, substantivo-verbo, sujeito do enunciado-sujeito de enunciação etc). A unidade elementar da linguagem — o enunciado — é a palavra de ordem. Mais do que o senso comum, faculdade que centralizaria as informações, é preciso definir uma faculdade abominável que consiste em emitir, receber e transmitir as palavras de ordem. A linguagem não é mesmo feita para que se acredite nela, mas para obedecer e fazer obedecer. "A baronesa não tem a mínima intenção de me convencer de sua boa fé, ela me indica simplesmente aquilo que prefere me ver fingir admitir". Isso pode ser percebido nos informes da polícia ou do governo, que pouco se preocupam com a verossimilhança ou com a veracidade, mas que definem muito bem o que deve ser observado e guardado. A indiferença dos comunicados em relação a qualquer credibilidade frequentemente beira a provocação. O que prova que se trata de uma outra coisa. Mas deixemos bem claro: a linguagem não exige mais do que isso. Spengler observa que as formas fundamentais da fala não são o enunciado de um juízo nem a expressão de um sentimento, mas "o comando, o testemunho de obediência, a asserção, a pergunta, a afirmação ou a negação", frases muito curtas que comandam a vida e que são inseparáveis dos empreendimentos ou das grandes realizações: "Pronto?", "Sim", "Vamos". As palavras não são ferramentas; mas damos às crianças linguagem, canetas e cadernos, assim como damos pás e picaretas aos operários. Uma regra de gramática é um marcador de poder, antes de ser um marcador sintático. A ordem não se relaciona com significações prévias, nem com uma organização prévia de unidades distintivas, mas sim o inverso. A informação é apenas o mínimo estritamente necessário para a emissão, transmissão e observação das ordens consideradas como comandos. É preciso estar suficientemente informado para não confundir Au feu! (Fogo!) com Au jeu! (Jogo!), ou para evitar a situação deveras desagradável do professor e do aluno segundo Lewis Carroll (o professor lança uma questão do alto da escadaria, transmitida pelos valetes que a deformam a cada degrau, ao passo que o aluno, embaixo, no pátio, envia uma resposta, ela mesma deformada, a cada etapa da subida). A linguagem não é a vida, ela dá ordens à vida; a vida não fala, ela escuta e aguarda. Em toda palavra de ordem, mesmo de um pai a seu filho, há uma pequena sentença de morte — um Veredito, dizia Kafka. O difícil é precisar o estatuto e a extensão da palavra de ordem. Não se trata de uma origem da linguagem, já que a palavra de ordem é apenas uma função-linguagem, uma função coextensiva à linguagem. Se a linguagem parece sempre supor a linguagem, se não se pode fixar um ponto de partida não-linguístico, é porque a linguagem não é estabelecida entre algo visto (ou sentido) e algo dito, mas vai sempre de um dizer a um dizer. Não acreditamos, a esse respeito, que a narrativa consista em comunicar o que se viu, mas em transmitir o que se ouviu, o que um outro disse. Ouvir dizer. Nem mesmo basta evocar uma visão deformante vinda da paixão. A "primeira" linguagem, ou, antes, a primeira determinação que preenche a linguagem, não é o tropo ou a metáfora, é o discurso indireto. A importância que se quis dar à metáfora, à metonímia, revela-se desastrosa para o estudo da linguagem. Metáforas e metonímias são apenas efeitos que só pertencem à linguagem quando já supõem o discurso indireto. Existem muitas paixões em uma paixão, e todos os tipos de voz em uma voz, todo um rumor, glossolalia: isto porque todo discurso é indireto, e a translação própria à linguagem é a do discurso indireto. Benveniste nega que a abelha tenha uma linguagem, ainda que disponha de uma codificação orgânica, e até mesmo se utilize de tropos. Ela não tem linguagem porque é capaz de comunicar o que viu, mas não de transmitir o que lhe foi comunicado. A abelha que percebeu um alimento pode comunicar a mensagem àquelas que não o perceberam; mas a que não o percebeu não pode transmiti-lo às outras que igualmente não o perceberam. A linguagem não se contenta em ir de um primeiro a um segundo, de alguém que viu a alguém que não viu, mas vai necessariamente de um segundo a um terceiro, não tendo, nenhum deles, visto. É nesse sentido que a linguagem é transmissão de palavra funcionando como palavra de ordem, e não comunicação de um signo como informação. A linguagem é um mapa e não um decalque. Mas em quê a palavra de ordem é uma função coextensiva à linguagem, visto que a ordem, o comando, parecem remeter a um tipo restrito de proposições explícitas marcadas pelo imperativo? VOLUME 3 – [...] Havíamos encontrado dois eixos: um de significância e outro de subjetivação. Eram duas semióticas bastante diferentes, ou mesmo dois estratos. Mas a significância não existe sem um muro branco sobre o qual inscreve seus signos e suas redundâncias. A subjetivação não existe sem um buraco negro onde aloja sua consciência, sua paixão, suas redundâncias. Como só existem semióticas mistas ou como os estratos nunca ocorrem sozinhos, havendo pelo menos dois, não devemos nos surpreender com a montagem de um dispositivo muito especial em seu cruzamento. É entretanto curioso, um rosto: sistema muro branco-buraco negro. Grande rosto com bochechas brancas, rosto de giz furado com olhos como buraco negro. Cabeça de clown, clown branco, pierrô lunar, anjo da morte, santo sudário. O rosto não é um invólucro exterior àquele que fala, que pensa ou que sente. A forma do significante na linguagem, suas próprias unidades continuariam indeterminadas se o eventual ouvinte não guiasse suas escolhas pelo rosto daquele que fala ("veja, ele parece irritado...", "ele não poderia ter dito isso...", "você vê meu rosto quando eu converso com você...", "olhe bem para mim..."). Uma criança, uma mulher, uma mãe de família, um homem, um pai, um chefe, um professor primário, um policial, não falam uma língua em geral, mas uma língua cujos traços significantes são indexados nos traços de rostidade específicos. Os rostos não são primeiramente individuais, eles definem zonas de frequência ou de probabilidade, delimitam um campo que neutraliza antecipadamente as expressões e conexões rebeldes às significações conformes. Do mesmo modo, a forma da subjetividade, consciência ou paixão, permaneceria absolutamente vazia se os rostos não formassem lugares de ressonância que selecionam o real mental ou sentido, tornando-o antecipadamente conforme a uma realidade dominante. O rosto é, ele mesmo, redundância. E faz ele mesmo redundância com as redundâncias de significância ou frequência, e também com as de ressonância ou de subjetividade. O rosto constrói o muro do qual o significante necessita para ricochetear, constitui o muro do significante, o quadro ou a tela. O rosto escava o buraco de que a subjetivação necessita para atravessar, constitui o buraco negro da subjetividade como consciência ou paixão, a câmera, o terceiro olho.  Ou será preciso dizer as coisas de outro modo? Não é exatamente o rosto que constitui o muro do significante, nem o buraco da subjetividade. O rosto, pelo menos o rosto concreto, começaria a se esboçar vagamente sobre o muro branco. Começaria a aparecer vagamente no buraco negro. O close do rosto no cinema tem como que dois pólos: fazer com que o rosto reflita a luz ou, ao contrário, acentuar suas sombras até mergulhá-lo "em uma impiedosa obscuridade". VOLUME 4 – [...] Um devir não é uma correspondência de relações. Mas tampouco é ele uma semelhança, uma imitação e, em última instância, uma identificação. Toda a crítica estruturalista da série parece inevitável. Devir não é progredir nem regredir segundo uma série. E sobretudo devir não se faz na imaginação, mesmo quando a imaginação atinge o nível cósmico ou dinâmico mais elevado, como em Jung ou Bachelard. Os devires-animais não são sonhos nem fantasmas. Eles são perfeitamente reais. Mas de que realidade se trata? Pois se o devir animal não consiste em se fazer de animal ou imitá-lo, é evidente também que o homem não se torna "realmente" animal, como tampouco o animal se torna "realmente" outra coisa. O devir não produz outra coisa senão ele próprio. É uma falsa alternativa que nos faz dizer: ou imitamos, ou somos. O que é real é o próprio devir, o bloco de devir, e não os termos supostamente fixos pelos quais passaria aquele que se torna. O devir pode e deve ser qualificado como devir-animal sem ter um termo que seria o animal que se tornou. O devir-animal do homem é real, sem que seja real o animal que ele se torna; e, simultaneamente, o devir outro do animal é real sem que esse outro seja real. É este ponto que será necessário explicar: como um devir não tem sujeito distinto de si mesmo; mas também como ele não tem termo, porque seu termo por sua vez só existe tomado num outro devir do qual ele é o sujeito, e que coexiste, que faz bloco com o primeiro. É o princípio de uma realidade própria ao devir (a ideia bergsoniana de uma coexistência de "durações" muito diferentes, superiores ou inferiores à "nossa", e todas comunicantes). Enfim, devir não é uma evolução, ao menos uma evolução por dependência e filiação. O devir nada produz por filiação; toda filiação seria imaginária. O devir é sempre de uma ordem outra que a da filiação. Ele é da ordem da aliança. Se a evolução comporta verdadeiros devires, é no vasto domínio das simbioses que coloca em jogo seres de escalas e reinos inteiramente diferentes, sem qualquer filiação possível. Há um bloco de devir que toma a vespa e a orquídea, mas do qual nenhuma vespa-orquídea pode descender. Há um bloco de devir que toma o gato e o babuíno, e cuja aliança é operada por um vírus C. Há um bloco de devir entre raízes jovens e certos micro organismos, as matérias orgânicas sintetizadas nas folhas operando a aliança (rizosfera). Se o neo-evolucionismo afirmou sua originalidade, é em parte em relação a esses fenômenos nos quais a evolução não vai de um menos diferenciado a um mais diferenciado, e cessa de ser uma evolução filiativa hereditária para tornar-se antes comunicativa ou contagiosa. Preferimos então chamar de "involução" essa forma de evolução que se faz entre heterogêneos, sobretudo com a condição de que não se confunda a involução com uma regressão. O devir é involutivo, a involução é criadora. Regredir é ir em direção ao menos diferenciado. Mas involuir é formar um bloco que corre seguindo sua própria linha, "entre" os termos postos em jogo, e sob as relações assinaláveis. O neo-evolucionismo parece-nos importante por duas razões: o animal não se define mais por características (específicas, genéricas, etc.), mas por populações, variáveis de um meio para outro ou num mesmo meio; o movimento não se faz mais apenas ou sobretudo por produções filiativas, mas por comunicações transversais entre populações heterogêneas. Devir é um rizoma, não é uma árvore classificatória nem genealógica. Devir não é certamente imitar, nem identificar-se; nem regredir-progredir; nem corresponder, instaurar relações correspondentes; nem produzir, produzir uma filiação, produzir por filiação. Devir é um verbo tendo toda sua consistência; ele não se reduz, ele não nos conduz a "parecer", nem "ser", nem "equivaler", nem "produzir". VOLUME 5 – [...] As sociedades primitivas segmentárias foram definidas com frequência como sociedades sem Estado, isto é, em que não aparecem órgãos de poder distintos.  Mas disto concluía-se que essas sociedades não atingiram o grau de desenvolvimento  econômico,  ou o nível  de diferenciação política  que tornariam a um só tempo possível e inevitável a formação de um aparelho de Estado:  os  primitivos,  desde  logo,  "não  entendem"  um  aparelho  tão complexo. O primeiro interesse das teses de Clastres está em romper com esse postulado evolucionista.  Clastres  não só duvida que o Estado seja o produto de um desenvolvimento econômico determinável, mas indaga se as sociedades  primitivas  não  teriam a  preocupação  potencial  de  conjurar  e prevenir  esse  monstro  que  supostamente  não compreendem. Conjurar a formação de um aparelho de Estado, tornar impossível uma tal formação, tal seria o objeto de um certo número de mecanismos sociais primitivos, ainda que deles não se tenha uma consciência clara. Sem dúvida,  as sociedades primitivas possuem chefes.  Mas o Estado não se define pela existência de chefes,  e  sim  pela  perpetuação  ou  conservação  de  órgãos  de  poder.  A preocupação do Estado é conservar.  Portanto,  são necessárias  instituições especiais  para  que  um chefe  possa  tornar-se  homem de  Estado,  porém requer-se  não menos mecanismos coletivos difusos para impedir que isso ocorra. Os mecanismos conjuratórios ou preventivos fazem parte da chefia, e a impedem que se cristalize num aparelho distinto do próprio corpo social. Clastres descreve essa situação do chefe cuja única  arma instituída  é seu prestígio, cujo único meio é a persuasão, cuja única regra é o pressentimento dos desejos do grupo: o chefe assemelha-se mais a um líder ou a uma vedete do que a um homem de  poder,  e  corre  sempre  o risco  de ser  renegado, abandonado  pelos  seus.  E mais:  Clastres  considera  que,  nas  sociedades primitivas,  a  guerra  é  o  mecanismo  mais  seguro  contra  a  formação  do Estado: é que a guerra mantém a dispersão e a segmentaridade dos grupos, e o  guerreiro  é  ele  mesmo tomado  num processo  de  acumulação  de  suas façanhas que o conduz a uma solidão e a uma morte prestigiosas, porém sem poder. MIL PLATÔS - A coleção Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, do filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995) e do filósofo, psicanalista e militante revolucionário francês Félix Guattari (1930-1992), traz no primeiro volume uma abordagem acerca do rizoma, um só ou vários lobos, a geologia da moral – quem a terra pensa que é? -; no segundo volume trata de postulados da linguística e sobre alguns regimes de signos; no terceiro capítulo trata sobre como produzir um corpo sem órgãos, rostidade, três novelas ou o que aconteceu, micropolítica e segmentaridade. No quarto volume aborda sobre o devir-intenso, devir-animal, devir-imperceptúvel e do ritornelo. No quinto e último capítulo traz um tratado de nomadologia, a máquina de guerra, aparelho de captura, o liso e o estriado e uma conclusão acerca das regras concretas e máquinas abstratas. Veja mais aqui e aqui.

REFERÊNCIA
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Volume 1. Rio de Janeiro: 34, 1995.
______. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Volume 2. Rio de Janeiro: 34, 1995.
______. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Volume 3. Rio de Janeiro: 34, 1996.
______. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Volume 4. Rio de Janeiro: 34, 1997.
______. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Volume 5. Rio de Janeiro: 34, 1997.


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