sexta-feira, fevereiro 19, 2016

CLARICE LISPECTOR & HELENA BLAVATSKY


A PAIXÃO SEGUNDO G. H. – No livro A paixão segundo G. H. (Autor, 1964), da escritora e jornalista Clarice Lispector (1920-1977), destaco o trecho: [...] Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivo, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar de desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar, para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi – na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro. Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser – se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele. Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar. [...]. Veja mais aqui e aqui.


A DOUTRINA SECRETA, DE BLAVATSKY - [...] O Passado ajudará a conhecer o Presente, e o Presente servirá para compreender melhor o Passado. Os erros do dia devem ser explicados e desfeitos. Contudo, é mais que provável, é mesmo certo que ainda desta vez o testemunho das idades passadas e da história não deixará impressão, a não ser nos entendimentos intuitivos, o que vale dizer — em muitos poucos. Em todo caso, nesta como em outras oportunidades, semelhantes, as pessoas sinceras e fiéis podem consolar-se trazendo perante os céticos saduceus modernos o depoimento matemático e histórico da obstinação e da estreiteza do critério humano. [...] É a VIDA UNA, eterna, invisível - mas onipresente; sem princípio nem fim - mas periódica em suas manifestações regulares (em cujos intervalos reina o profundo mistério do Não-Ser); inconsciente - mas Consciência absoluta; incompreensível - mas a única realidade existente por si mesma; em suma, "um Caos para os sentidos, um Cosmos para a razão". Seu atributo único e absoluto, que é Ele mesmo, o Movimento eterno e incessante, é chamado, esotericamente, o Grande Alento, que é o movimento perpétuo do Universo, no sentido de Espaço sem limites e sempre presente. O que é imóvel não pode ser Divino. Mas, de fato e na realidade, nada existe absolutamente imóvel na Alma Universal. [...] Desde o começo do que constitui a herança do homem, desde o primeiro aparecimento dos arquitetos do globo em que vivemos, a Divindade não revelada foi reconhecida e considerada sob o seu único aspecto filosófico — o Movimento Universal, a vibração do Alento criador na Natureza. O Ocultismo sintetiza assim a Existência Una: "A Divindade é um fogo misterioso vivo (ou movente), e as eternas testemunhas desta Presença invisível são a Luz, o Calor e a Umidade", tríade esta que abrange todos os fenômenos da Natureza e lhes é a causa. O movimento intracósmico é eterno e incessante; o movimento cósmico, o que é visível ou objeto da percepção, é finito e periódico. Como eterna abstração, é o Sempre Presente; como manifestação, é finito, na direção do futuro e na direção do passado, sendo estes dois o Alfa e o Ômega das reconstruções sucessivas. O Cosmos — o Númeno — não tem nada que ver com as relações causais do mundo fenomenal. Só em relação à Alma intracósmica, ao Cosmos ideal no imutável Pensamento Divino é que podemos dizer: "Jamais teve começo, nem jamais terá fim." Quanto ao seu corpo ou organismo cósmico, ainda que se não possa dizer que haja tido uma primeira construção ou deva ter uma última, em cada novo Manvantara pode esse organismo ser havido como o primeiro e o último de sua espécie, pois evoluciona cada vez para um plano mais elevado... A DOUTRINA SECRETA – A obra A doutrina secreta: síntese de ciência, filosofia e religião, da escritora e ocultista russa Elena Petrovna Blavatskaya, mais conhecida como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky (1931-1891), trata no primeiro volume sobre a vida uma, ativa e passiva, o panteísmo e o ateísmo, os sete elementos cósmicos, a evolução cósmica, a noite do universo, a ideia da diferenciação, o despertar do cosmos, as hierarquias setenárias, Fohat: o filho das hierarquias setenárias, o crescimento e desenvolvimento do mundo, as mônadas, os progenitores do homem na terá, entre outros assuntos. O segundo volume trata sobre simbolismo e ideografia, a lingaugem do mistério e suas chaves, substancia primordial e o pensamento divino,chãos, theos, kosmos, divindade oculta, o ovo do mundo, os dias e noites de Brahma, o Lótus como símbolo universal, a lua, Deus Lunus, Phoebe, o culto da árvore da serpente e do crocodilo, a toegonia dos deuses criadores, as sete criações, os quatro elementos, entre outros assuntos. Veja mais aqui, aqui e aqui.

REFERÊNCIA
BLAVATSKY, Helena Petrovna. A doutrina secreta: síntese de ciência, filosofia e religião. Vol. 1 - Cosmogênese. São Paulo: Pensamento, s/d.
_______. A doutrina secreta: A doutrina secreta: síntese de ciência, filosofia e religião. Vol. 2 – Simbolismo arcaico universal. São Paulo: Pensamento, s/d.


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