POR VOCÊ, POR NÓS DOIS – A poeta paranaense Marinez Novaes reúne seu trabalho no
Recanto das Letras e no seu blog Eu digitais, nome este oriundo do seu livro
recém-lançado. Da sua lavra destaco o poema Por você... por nós dois!: Sem
censura... / Sem palavras / Apenas te quero sussurrar... / Se aconchegue em
meus braços / Envolva-se em meus carinhos / Busque-me em pedacinhos / Perca-se
de você / E me encontre / No suor do seu corpo! / Beija-me trazendo para meus
lábios / O sabor dos seus desejos! / Minhas mãos não me obedecem / E se
apressam em / Um vai e vem de sedução / Não te largo / Não te detenho / Não me
nego / Eu me entrego! / Esqueço tudo / Só para te provocar / Deito-te sobre as
brasas / Vivas da paixão / Labaredas de Fogo / Queimam por dentro e / Estão por
todos os lados / Queimam nossos corpos / Entrelaçados! / Na mais perfeita magia
do amor / Sem receios / Sem pudor / Dividimos o tempo / Um minuto de troca de
olhares / Um segundo para um piscar de olhos / E o resto do tempo / Colocamos
em movimento / Toda a cumplicidade / Na mais linda e intensa intimidade! / Hoje
quero mais que o mundo / Se acabe / Levando com ele o amanha / Mas que fiquem as
horas / Testemunhando nosso amor... / esqueçam de ir embora! Veja mais aqui.
NOVUM ORGANUM, DE FRANCIS
BACON - Todos aqueles que ousaram
proclamar a natureza como assunto exaurido para o conhecimento, por convicção,
por vezo professoral ou por ostentação, infligiram grande dano tanto à
filosofia quanto às ciências. Pois, fazendo valer a sua opinião, concorreram para interromper e
extinguir as investigações. Tudo mais que hajam feito não compensa o que nos
outros corromperam e fizeram malograr. Mas os que se voltaram para caminhos
opostos e asseveraram que nenhum saber é absolutamente seguro, venham suas
opiniões dos antigos sofistas, da indecisão dos seus espíritos ou, ainda, de
mente saturada de doutrinas, alegaram para isso razões dignas de respeito.
Contudo, não deduziram suas afirmações de princípios verdadeiros e, levados
pelo partido e pela afetação, foram longe demais. De outra parte, os antigos
filósofos gregos, aqueles cujos escritos se perderam, colocaram-se, muito
prudentemente, entre a arrogância de sobre tudo se poder pronunciar e o
desespero da acatalepsia. Verberando com indignadas queixas as dificuldades da
investigação e a obscuridade das coisas, como corcéis generosos que mordem o
freio, perseveraram em seus propósitos e não se afastaram da procura dos
segredos da natureza. Decidiram, assim parece, não debater a questão de se algo
pode ser conhecido, mas experimentá-lo. Não obstante, mesmo aqueles, estribados
apenas no fluxo natural do intelecto, não empregaram qualquer espécie de regra,
tudo abandonando à aspereza da medita ção e ao errático e perpétuo revolver da
mente. Nosso método, contudo, é tão fácil de ser apresentado quanto difícil de
se aplicar. Consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance
exato dos sentidos e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente,
calcado muito de perto sobre aqueles, abrin do e promovendo, assim, a nova e
certa via da mente, que, de resto, provém das próprias percepções sensíveis.
Foi, sem dúvida, o que também divisaram os que tanto concederam à dialética.
Tornaram também manifesta a necessidade de escoras para o intelecto, pois
colocaram sob suspeita o seu processo natural e o seu movimento espontâneo. Mas
tal remédio vinha tarde demais, estando já as coisas perdidas e a mente ocupada
pelos usos do convívio cotidiano pelas doutrinas viciosas e pela mais vã
idolatria. Pois a dialética, com precauções tardias, como assinalamos, e em
nada modificando o andamento das coisas, mais serviu para firmar os e rros que
descerrar a verdade. Resta, como única salvação, reempreender-se inteiramente a
cura da mente. E, nessa via, não seja ela, desde o início, entregue a si mesma,
mas permanentemente regulada, como que por mecanis mos. Se os homens tivessem
empreendido os trabalhos mecânicos unicamente com as mãos, sem o arrimo e a
força dos instrumentos, do mesmo modo que sem vacilação atacaram as empresas do
intelecto, com quase apenas as forças nativas da mente, por certo muito pouco
se teria alcançado, ainda que dispusessem para o seu labor de seus extremos
recursos. Considere-se, por um momento, este exemplo que é como um espelho.
Imagine-se um obelisco de respeitável tamanho a ser conduzido para a
magnificência de um triunfo, ou algo análogo, e que devesse ser removido
tão-somente pelas mãos dos homens. Não reconheceria nisso o espectador prudente
um ato de grande insensatez? E esta não pareceria ainda maior se pelo aumento
dos operários se confiasse alcançar o que se pretendia? E, resolvendo fazer uso
de algum critério, se se decidisse pôr de lado os fracos e colocar em ação
unicamente os robustos e vigorosos, esperando com tal medida lograr o propósito
colimado, não proclamaria o espectador estarem eles cada vez mais caminhando
para o delírio? E, se, ainda não satisfeitos, decidissem, por fim, os
dirigentes recorrer à arte atlética e ordenassem a todos se apresentarem logo,
com as mãos, os braços e os músculos untados e aprestados, conforme os ditames
de tal arte: não exclamaria o espectador estarem eles a enlouquecer, já agora com
certo cálculo e prudência? E se, por outro lado, os homens se aplicassem aos
domínios intelectuais, com o mesmo pendor malsão e com aliança tão vã, por mais
que esperassem, seja do grande número e da conjunção de forças, seja da
excelência e da acuidade de seus engenhos; e, ainda mais, se recorressem, para
o revigoramento da mente, à dialética (que pode ser tida como uma espécie de
adestramento atlético), pareceriam, aos que procurassem formar um juízo
correto, não terem desis tido ainda de usar, sem mais, o mero intelecto, apesar
de tanto esforço e zelo. E manifestamente impraticável, sem o concurso de
instrumentos ou máquinas, conseguir -se em qualquer grande obra a ser
empreendida pela mão do homem o aumento do seu poder, simple smente, pelo
fortalecimento de cada um dos indivíduos ou pela reunião de muitos deles.
Depois de estabelecermos essas premissas, destacamos dois pontos de que
queremos os homens claramente avisados, O primeiro consiste em que sejam
conservados intactos e sem restrições o respeito e a glória que se votam aos
antigos, isso para o bom transcurso de nossos fados e para afastar de nosso
espírito contratempos e perturbações. Desse modo, podemos cumprir os nossos
propósitos e, ao mesmo tempo, recolher os frutos de nossa discrição. Com efeito,
se pretendemos oferecer algo melhor que os antigos e, ainda, seguir alguns
caminhos por eles abertos, não podemos nunca pretender escapar à imputação de
nos termos envolvido em comparação ou em contenda a respeito da capacidade de
nossos engenhos. Na verdade, nada há aí de novo ou ilícito. Por que, com
efeito, não podemos, no uso de nosso direito que, de resto, é o mesmo que o de
todos —, reprovar e apontar tudo o que, da parte daqueles, tenha sido
estabelecido de modo incorreto? Mas, mesmo sendo justo e legítimo, o cotejo não
pareceria entre iguais, em razão da disparidade de nossas forças. Todavia,
visto intentarmos a descoberta de vias completamente novas e desconhecidas para
o intelecto, a proposição fica alterada. Cessam o cuidado e os partidos, ficando
a nós reservado o papel de guia apenas, mister de pouca autoridade, cujo
sucesso depende muito mais da boa fortuna que da superioridade de talento. Esta
primeira advertência só diz respeito às pessoas. A segunda, à matéria de que
nos vamos ocupar. É preciso que se saiba não ser nosso propósito colocar por
terra as filosofias ora florescentes ou qualquer outra que se apresente, com
mais favor, por ser mais rica e correta que aquelas. Nem, tampouco, recusamos
às filosofias hoje aceitas ou a outras do mesmo gênero, que nutram as disputas,
ornem os discursos, sirvam o mister dos professores e que provejam as demandas
da vida civil. De nossa parte, declaramos e proclamamos abertamente que a
filosofia que ofe- recemos não atenderá, do mesmo modo, a essas coisas úteis.
Ela não é de pronto acessível, não busca através de prenoções a anuência do
intelecto, nem pretende, pela utilidade ou por seus efeitos, pôr-se ao alcance
do comum dos homens. Que haja, pois talvez seja propício para ambas as partes,
duas fontes de geração e de propagação de doutrinas. Que haja igualmente duas
famílias de cultores da reflexão e da filosofia, com laços de parentesco entre
si, mas de modo algum inimigas ou alheia uma da outra, antes pelo contrário
coligadas. Que haja, finalmente, dois métodos, um destinado ao cultivo das
ciências e outro destinado à descoberta científica. Aos que preferem o primeiro
caminho, seja por impaciência, por injunções da vida civil, seja pela
insegurança de suas mentes em compreender e abarcar a outra via (este será, de
longe, o caso da maior parte dos homens), a eles auguramos sejam bem sucedidos
no que escolheram e consigam alcançar aquilo que buscam. Mas aqueles dentre os
mortais, mais animados e interessados, não no uso presente das descobertas já
feitas, mas em ir mais além; que estejam preocupados, não com a vitória sobre
os adversários por meio de argumentos, mas na vitória sobre a natureza, pela
ação; não em emitir opiniões elegantes e prováveis, mas em conhecer a verdade
de forma clara e manifesta; esses, como verdadeiros filhos da ciência, que se
juntem a nós, para, deixando para trás os vestíbulos das ciên cias, por tantos
palmilhados sem resultado, penetrarmos em seus recônditos domínios. E, para
sermos melhor atendidos e para maior familiaridade, queremos adiantar o sentido
dos termos empregados. Chamaremos ao primeiro método ou caminho de Antecipação da Mente e ao segundo de Interpretação da Natureza. Para algo
mais chamamos a vossa atenção. Procuramos cercar nossas reflexões dos maiores
cuidados, não apenas para que fossem verdadeiras, mas também para que não se
apresentassem de forma incômoda e árida ao espírito dos homens, usualmente tão
atulhado de múltiplas formas de fantasia. Em contrapartida, solicitamos dos
homens, sobretudo em se tratando de uma tão grandiosa restauração do saber e da
ciência, que todo aquele que se dispuser a formar ou emitir opiniões a respeito
do nosso trabalho, quer partindo de seus próprios recursos, da turba de
autoridades, quer por meio de demonstrações (que adquiriram agora a força das
leis civis), não se disponha a fazê-lo de passagem e de maneira leviana. Mas
que, antes, se inteire bem do nosso tema; a seguir, procure acompanhar tudo o
que descrevemos e tudo a que recorremos; procure habituar-se à complexidade das
coisas, tal como é revelada pela experiência; procure, enfim, eliminar, com
serenidade e paciência, os hábitos pervertidos, já profundamente arraigados na
mente. Aí então, tendo começado o pleno domínio de si mesmo, querendo, procure
fazer uso de seu próprio juízo. NOVUM ORGANUM – A obra Novum organum: ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da
natureza, do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), é uma obra de cunho
científico e filosófico publicada em 1620, dividida em duas partes, a primeira
com aforismos sobre a interpretação da natureza e o reino do homem, objetivando
a substituição do Organon aristotélico, a partir da pars destruens, em que
proporciona a inutilidade do silogismo e, por consequência, a sua destruição na
investigação das ciências naturais, atribuindo aos idolos criados pela mente
humana como o estágio avançado para a ciência de então, identificando-os como
os ídolos da tribo formadores dos preconceitos e do antropomorfismo; os ídolos
da caverna, considerados como os erros oriundos da educação individual; os
idolos do forum, erros oriundos da imperfeição da linguagem; e os idolos do
teatro, que são os preconceitos de autoridade. Na segunda parte o autor
apresenta o método indutivo, opondo-se ao método dedutivo da escolástica, e
utilizando a experimentação e a observação como base do método, defendo que só
a causa formal rege os objetivos da observação científica. Veja mais aqui, aqui
e aqui.
REFERÊNCIAS
BACON, Francis. Novum organum:
ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. São Paulo: Abril
Cultural, 1979.
Veja mais sobre:
O teatro e a poesia de Bertolt Brecht aqui.
E mais:
Bacalhau do Batata aqui.
Padre Bidião, o retiro & o séquito
das vestais aqui.
Quarta-feira do Trâmite da Solidão aqui.
Mais que nunca é preciso cantar aqui.
Bertolt Brecht, Boris Pasternak, Vanessa
da Mata, Bigas Luna, Francesco Hayez, Penélope Cruz & Abigail de Souza aqui.
Clarice Lispector, Luis Buñuel, Björk,
Yedda Gaspar Borges, Brunilda, Vicente do Rego Monteiro, Téa Leoni, Doro &
Absurdo aqui.
O amor é o reino da surpresa aqui.
O príncipe de Maquiavel aqui.
Personalidade, Psicopatologia &
Anexim do Umbigocentrismo, um ditado impopular aqui.
A entrega total do amor aqui.
Psicologia da Personalidade aqui.
Psicanálise aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA:
Lasciva: Rendeira, poema de Luiz Alberto Machado, arte de Derinha
Rocha
Série Ginofagia
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.
TODO DIA É DIA DA
MULHER
Imagem: arte de Luciah
Lopez