segunda-feira, fevereiro 22, 2016

STEVEN PINKER & LOU VILELA



SEM HORA & DO FALO À FALA – Entre os poemas da poeta, administradora e especialista em logística estratégica Lou Vilela, oriundos do seu maravilhoso blog Nudez Poética: Pulsao ventre, caem os véus, desnuda-se em poesia, destaco, inicialmente, o poema Sem hora: O poema chegou-me pronto, vermelho / Trazia um brilho no olhar /E nos amamos, / tocados / Pela fúria do instante. Também o seu poema Do falo à fala: Meio loucas, meio santas / Rimam alternância / Lua / Sol / Meio putas, meio mantras / Freud em si / Menor / Bemol / Da penumbra à(o) Alvorada / Fiam rapadura / Dão a cara à tapa / Parem rouxinol. Veja mais aqui.

O INSTINTO DA LINGUAGEM – A obra O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem, de Steven Pinker aborda questões acerca do instinto para adquirir arte, tagarelas, mentalês, funcionamento da linguagem, palavras, os sons do silêncio, cabeças falantes, a Torre de Babel, o bebê nasce falando, órgãos da linguagem e genes da gramática, o Big Bang, os craques da língua, o design da mente, entre outros importantes temas. No primeiro capítulo, denominado Um instinto para adquirir uma arte, o autor aborda o poder de moldar eventos no cérebro com precisão entre seres humanos no milagre da sociabilidade da linguagem, por meio de combinações de ideais novas e precisas que surgem na mente do outro no ato da combinação, entrelaçando a experiência humana e destacando o instinto para aprender, falar e compreender a linguagem. Parte da ideia básica de Darwin de que “A linguagem é uma arte” e dos propósitos linguísticos de Noam Chomsky, propondo uma investigação das combinações das palavras de uma gramática mental que faz parte da gramática universal inata, abordando desde o DNA na construção do cérebro até a manifestação da linguagem jornalística na contemporaneidade. Nessa parte do livro enfatiza o autor a linguagem como a capacidade notável de moldar eventos no cérebro com precisão por meio das combinações de ideias e palavras, destacando a língua falada como o motor da comunicação verbal na rede trocas de informações. No segundo capítulo, intitulado Tagarelas, o autor aborda desde as algaravias, dialetos, línguas e falantes, até aos genes da gramática, demonstrando que a linguagem complexa é universal porque as crianças a reinventam de geração em geração e destacando a flexibilidade da inteligência humana para estratégias de aprendizagem geral, a partir do mamanhês, dos pidgins e sua crioulização, a Língua de Sinais, até a metáfora da Torre de Babel. No terceiro capítulo, Mentalês, ele inicia a abordagem a partir da Novalingua e da Antilingua da obra de George Orwell para desenvolver suas ideias acerca dos tipos de processadores e de representações contidas no cérebro humano. No quarto capítulo, Como a linguagem funciona, o autor esboça ideias acerca do pensamento de Ferdinand Saussure sobre a arbitrariedade do signo, a língua como uso infito de meios finitos de Wilhelm Von Humboldt, Mark Twain e o nonsense do séc. XIX, o Jaguadarte de Lewis Carroll, a teoria dos princípios e parâmetros e o conceito de estrutura falante de Noam Chomsky para, a partir dessa abordagem apresentar o dicionário e a gramática mentais dentro de um design de gramática formado a partir da vastidão da linguagem baseada nos autores William Faulkner, James Joyce e Bernard Shaw, e o código autônomo em relação à cognição, fazendo um comparativo com os princípios da combinação gramatical com os princípios da combinação genética dentro de sistemas aglutinantes. Passa então a tratar sobre os mecanismos de cadeias de palavras do modelo de estudos infindos de Markow e a interdependência agregativa indutiva a partir dos poemas de Stephane Mallarmé, para esboçar a ideia de que a língua humana baseia-se numa enorme cadeia de palavras armazenadas no cérebro ao considerar que a mente humana foi desenvolvida para usar estruturas de dados e de variáveis abstratas, razão pela qual afirma que a aprendizagem é causada pela complexidade da mente. No quinto capítulo, Palavras, Palavras, Palavras, Pinker vai demonstrar que a gramática é a capacidade de transmitir uma quantidade infinita de ideias com número finito de regras: as pessoas são criativas com as palavras, vez que as possuem uma regra mental para produzir palavras novas, propondo, portanto que a língua é um sistema combinatório discreto. Passa então a abordar sobre gramática, morfemas e fonemas, sistemas de regras vocabulares e sintagmáticas, morfologia, sintaxe, a psicologia das regras linguísticas, a teoria da estrutura vocabular, listema, memorização, truques mnemônicos, onomatopeias, habilidades miméticas, homônimos e sinônimos. Aborda, ainda, as ideias de gramática de Marguerite Yourcenar, a psicologia do desenvolvido de Peter Gordon, o signo arbitrário de Ferdinand Saussure e o escândalo da indução de Quine. Com isso, entende o autor que a palavra é construída a partir de partes morfológicas, sendo, pois, um objeto linguístico e um fragmento memorizado da sequencia de material linguístico arbitrariamente associado a um significado particular. Para ele, a palavra é o símbolo quitessencial e bidirecional compartilhado para transformar significa em som ao falar e som com significado ao escutar. Ou seja, a vinculação da palavra ao conceito: rotulando um tipo de coisa. No sexto capítulo, Os sons do silêncio, fala do aparelho fonador, diapasão, ressonância, sistema emergencial de radiodifusão, o simbolismo fonético, das ondas senoidais, o efeito Mcgurk, orônimos, a percepção e decodificação da fala, o mecanismo físico e neural da fala, a dualidade de padrões de Charles Hockert, onda sonora, algaravias, glossolalia, padrão sonoro, regras fonológicas, acústica, ambiguidade, redundância e conjunto de ressonâncias, a teoria da percepção da fala, a escrita e a língua. Destaca a observação de Bernard Shaw ao mencionar que “Há duas tragédias na vida. Uma é não realizar seu desejo mais profundo. A outra é realizá-lo”. Para o autor as sentenças e sintagmas compõem-se de palavras, as palavras de morfemas e morfemas de fonemas. O fonema corresponde ao ato de produzir um som. Entende, então, que a fala é uma matriz multidimensional e que o som falado é uma combinação de gestos. A língua funciona por meio de um sistema combinatório, as regras fonológicas facilitam a articulação. No sétimo capítulo, Cabeças falantes, trata dos temores da sociedade acerca da substituição humana pela máquina inteligente capaz de roubar seus postos de trabalho, desde a lenda medieval judaica do Golem até Hal e a Odisseia no espaço, assegurando que os temores da automação são improcedentes. A partir disso ele assinala que a compreensão de uma frase é uma tarefa difícil por envolver sujeito, verbos, objetos e agrupamento de palavras em sintagmas, entre outras complexas atividades realizadas, entendendo que a gramática é um código ou protocolo, uma base de dados estática que especifica os tipos de sons correspondente a significados, trazendo à tona a metáfora do encanamento: as ideias são objetos; as frases, recipientes; e a comunicação, o transporte. E arremata: comunica é uma ação apoiada entre ouvintes e falantes. No capítulo oitavo, A torre de babel, o autor trata das diferenças das línguas, assinalando, com base em Brenberg, a existência de 45 línguas universais. Na dimensão de padrões universais, assinala o autor que as línguas possuem uma única origem que descende da protolíngua que se conservou em todas elas algumas de suas características. Para tanto observa que todas as línguas possuem um vocabulário composto de milhares de vocábulos distribuídos em classes gramaticais que incluem categorias como substantivo e verbo e que possuem processos de diferenças na variação, hereditariedade e isolamento. Denuncia nessa parte do livro a extinção de línguas causando prejuízos à diversidade: o gás paralisante cultural de Kraus. Enfim, conclui esta parte com o entendimento de que as línguas são perpetuadas pelas crianças que as aprendem. No nono capítulo, Bebê nasce falando – descreve céu, o autor abre essa parte com o caso noticiado da bebê Naomi, filha de Theresa Montefusco, de 18 anos de idade, que nasceu falando e contando experiências do céu. Ainda aborda os casos da lenda de Rômulo e Remo, de Mogli de Kipling, Genie e os pidgins, a deficiente auditivo Chelsea, de Victor de Aveyron, Kamala, Amala e Ramu. Traz a citação de Vladimir Nabokoh: “Penso como um gênio, escrevo como um autor prestimoso e falo como uma criança” e reitera: a linguagem é a quitessência da atividade social e que sua aquisição normal se dá entre os 6 anos de idade até a puberdade. No décimo capítulo, Órgãos da linguagem e genes da gramática, o autor aborda a questão sobre a capacidade de aprender gramática atribuída a gene, satirizando os jornalistas e os anúncios de facilidade de melhoria da gramática. Aborda, então, sobre a faculdade da linguagem articulada com o hemisfério esquerdo do cérebro, baseado em Paul Broca, na área de Wernicke e nos giros angular e supramarginal. Para, então, no décimo primeiro capítulo a tratar sobre o Big Bang, tratando sobre a exclusividade da tromba dos elefantes e o questionamento acerca da incompatibilidade do instinto da linguagem na teoria de Darwin. Trata então do sistema de comunicação animal, considerando um repertorio finito de chamados, um sinal analógico contínuo e as variações aleatórias. Assevera que pelo sistema combinatório discreto da linguagem, a gramática se torna infinita, digital e composicional. No décimo segundo capítulo, Os craques da língua, o autor vai categorizar as sapiências e eminências gramaticais em craques, observadores, Jeremias e sábios, destacando entre estes últimos Safire. Nessa parte, trata das regras prescritivas adotadas pela escola e as descritivas adotadas pelos cientistas, observando que as regras não se conformam nem à lógica nem à tradição, e que são usadas apenas para diferenciar a elite da ralé culpando os iletrados funcionais pelo estorvo de não se conhecer a própria língua. Por fim, no décimo terceiro capítulo, O design da mente, o autor vai concluir que a linguagem é a parte mais acessível da mente, destacando as complexas interações do povo universal de Donald Brown, defendendo a ideia de aprende-se mais fora da sala de aula pela generalização por similaridade: o senso de similaridade inato e a ubiquidade da linguagem. Veja mais aqui e aqui.

REFERÊNCIA
PINKER, Steven. O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2004.


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