FOLIA
TATARITARITATÁ: ALVORADA (Imagem:
Arte-vídeo da saudosa Derinha Rocha)
– Sou madrugador. Sempre acordo
antes das quatro horas e quando chega perto das cinco da matina, presencio
sempre o maravilhoso espetáculo do amanhecer. E nessa hora, recito O Sol nasce para todos como se fosse a minha primeira oração do dia. Em
seguida, complemento com o Hino ao Sol, de Akhenaton. Nesse
momento, a cada dia, ocorre o meu renascimento: um novo dia, novas esperanças,
novas perspectivas. E inspirado pelos raios solares desabrochando no horizonte,
projeto o meu dia na paz e no amor. Foi com essa inspiração que certa manhã eu
acordei e pude contemplar o nascer do sol, esse momento mágico que me fez
pensar no ontem, no hoje e no amanhã. Impregnado pela grandiosidade espetacular
da aurora (eu já havia composto uma canção com esse título com a mesma sensação
de felicidade e paz que cada raiar do dia me proporciona), quando compus o frevo
Alvorada:
Venha pegar a alvorada / Na barra do dia
/ No sol a raiar / Essa mais pura magia / Da nossa folia / Feliz de cantar /
Venha pegar a alvorada / Na troça vadia / No passo a pular / Venha pra sã
fantasia / Sem a pacutia / Ou pantim de chiar / Faça a partir desse dia / A sua
sadia vontade de paz / Que a vida tem valia / Se a gente é quem faz.
Composto esse frevo, foi gravado no estúdio do amigo Vavá de Aprígio e arranjo
de Maurício Malafaia, passando a ser um dos temas da Folia Caeté, hoje integrando a Folia Tataritaritatá. Veja o videoclipe da música aqui. (Luiz Alberto
Machado). Veja mais aqui.
E veja mais:
PICADINHO
Imagem: Meu frevo, da artista plástica Cristiane
Campos.
Curtindo Frevo & o álbum Nó
Caipira (Carmo, 1993), do compositor, multinstrumentista e arranjador de Egberto Gismonti. Veja mais aqui.
EPÍGRAFE – Sempre
ouvi dizer que numa mulher não se bate nem com uma flor... loura ou morena, não
importa a cor, não se bate nem com uma flor, trecho da letra do
frevo-canção Cala boca, menino, do compositor e músico Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – 1904-1997). Veja mais aqui.
O
CÉREBRO AUTISTA – No
livro O cérebro autista: pensando através
do espectro (Record, 2015), de Temple Grandin e Richard Panek, destaco o
trecho: [...] Estamos muito distantes do
tempo em que os médicos diziam aos pais de crianças autistas que não havia
saída e a única opção humana era a condenação de passar a vida numa
instituição. Ainda há um longo caminho a percorrer, claro. A ignorância e as
interpretações incorretas sempre são difíceis de superar quando passam a fazer
parte do sistema de crenças de uma sociedade. [...] Mas tenho certeza de que qualquer que seja o pensamento sobre o
autismo, ele vai incorporar a necessidade de considera-lo isoladamente, cérebro
por cérebro, filamento por filamento do DNA, característica por característica,
ponto forte por ponto forte e, talvez, o mais importante, individuo por
individuo. Veja mais aqui e aqui.
O
ENCONTRO – No conto O encontro: crônica da época do vice-rei
Arcebispo (Cultix, 1962), do escritor peruano Ricardo Palma (1833-1919), destaco o trecho: [...] A chegada de Gertrudes à fazenda, despertou
no capelão e no médico todo o apetite que desperta uma guloseima. Sua
reverendíssima fradesca deu de padecer de distrações quando abria seu livro de
horas; e o médico boticário, preocupou-se com a mocinha a tal ponto que certa
ocasião ministrou a um dos seus doentes jalapa em vez de goma-arábica e mais
depressa do que se jogasse um dado, quase o despacha sem postilhão para o país
das caveiras. Alguém disse (e se ninguém pensou em dizer tal balela, eu a
diria) que um rival tem olhos de telescópio para descobrir, não digo um cometa
minúsculo, mas uma pulga no céu dos seus amores. Assim se explica que o capelão
não tardasse em compreender e adquirir provas de que entre Pantaleão e
Gertrudes existia o que em politica chamava um dos nossos homens de
“conveniências criminosas”. O despeitado rival pensou então em vingar-se e foi
á condessa com a nova, alegando hipocritamente que era um escândalo e uma
tração à tão honrada casa, que dois escravos se entretivessem com baixezas, que
a moral e a religião condenam. Bobagem! Os sinos não tocaram a repiques. [...].
Veja mais aqui.
POEMA – No livro Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (José Olympio, 1982),
do poeta chileno e Prêmio Nobel de Literatura de 1971, Pablo Neruda
(1904-1973), destaco o poema XV: Gosto de
ti calada porque estás como ausente, / e me ouves de longe, e esta voz não te
toca. / Parece que os teus olhos foram de ti voando / e parece que um beijo
fechou a tua boca. / Como todas as coisas estão cheias da minha alma / tu
emerge das coisas, cheia da alma minha. / Borboleta de sonho, pareces-te com a
minha alma, / e pareces-te com a palavra melancolia. / Gosto de ti calada e
estás como distante. / E estás como queixando-te, borboleta em arrulho. / E
ouves-me de longe, e esta voz não te alcança: / vais deixar que eu me cale com
o silêncio teu. / Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio / claro
como uma lâmpada, simples como um anel. / Tu és igual à noite, calada e
constelada. / O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples. / Gosto
de ti calada porque estás como ausente. / Distante e dolorosa como se houvesses
morrido. / Uma palavra então, um teu sorriso bastam. / E eu estou alegre,
alegre porque não é verdade. Veja mais aqui e aqui.
A
CASA DOS BUDAS DITOSOS –
Tive oportunidade em 2004, depois de ler o livro, de assistir ao belíssimo
espetáculo A casa dos Budas ditosos, do escritor, jornalista e professor João Ubaldo Ribeiro (1941-2014), uma
montagem apresentada no DirectTV Music Hall, em São Paulo, com direção de
Domingos de Oliveira e representação da premiada atriz e escritora Fernanda Torres em cena, contando a história de uma
mulher teoricamente livre de repressões sexuais e com o sonho universal de
prazer sem culpa na visão tropical-melancolia do autor. Aplausos. Veja mais
aqui, aqui e aqui.
THE
WAYWARD CLOUD – O filme The Wayward Cloud (O
sabor da melancia, 2005), dirigido por Tsai Ming-liang, conta a história de uma
seca fenomenal que atinge Taipei, na mesma intensidade com que melancias passam
a brotar em todas as partes da cidade. Em meio ao caos e à aridez, um casal se
encontra: ela estocando água desesperadamente; ele participa de filmes pornôs. O
destaque do filme vai para a atriz Chen Shiang-Chyi.
Veja mais aqui.
GERMINA – Está no ar a mais nova edição da Germina - Revista de Literatura e Arte,
editada por Silvana Guimarães, Mariza Lourenço & Priscila Merizzio. A
revista dispõe de um corpo de colaboradores de alto nível, trazendo nesta
edição Anderson Borges Costa, Luiz Ruffato, José Aloise Bahia, Raíssa Xhristina
& Rodrigo Colares, Claudia Alves, Rosângela Vieira Rocha, Dara Scully,
Mauricio Lanzara, Chico Lopes, Fernanda Bender, Adair Carvalhais Júnior &
muito mais. Para conferir é só clicar em cima do nome da revista acima e mais
aqui.
IMAGEM DO DIA
Folguedos de Pernambuco (Art naïf, 2012) de Digerson Araújo.
DEDICATÓRIA
Acende
a lareira, faz frio / (detesto frio) /me pegue no colo, com meu pijama lilás /
(pantufa de urso) / dispenso o tinto / [hoje não me cai bem] / mas não me levante
a blusa / (que entra o frio) / antes, me cante cantigas / que hoje criança,
quero ninar. / abaixe a música / (quero-a suave) / que hoje estou triste, / com
vontade de chorar... / Não...não diga nada, / só me embale nos braços / deixe
pra limpar depois os traços / desta lágrima a rolar. / Assim...deixe que eu me
encaixe / na curva do teu queixo, / me conte uma estória / (que não seja de
medo) / e assim que eu adormeça, / sele em minha testa um beijo, / vele meu
sono, até o sol raiar. / Hoje sou criança, / com vontade de chorar... (Hoje sou).
A edição de hoje é dedicada à poeta,
pedagoga, editora e jornalista Asta Vonzodas.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
E veja mais Big Shit Bôbras, Georg Trakl,
Paul Auster, Sarah Kane, Gertrude Stein, Marion Cotillard, Felix Mendelssohn, as
sopranos Maristela Araujo & Meire Norma &
muito mais aqui.