quarta-feira, fevereiro 10, 2016

DERRIDA, CAMILLE PAGLIA, MUSSET, MARSHALL BERMAN, CARMEN JUAREZ MEDINA, VINICIUS & CARLOS LYRA, SONSA & LITERÓTICA


SONSA – Imagem: Gone, But Not Forgotten (1873), do artista plástico John William Waterhouse (1849 – 1917) - Toda sexta-feira, meio-dia em ponto, ela agarra no tronco e me diz: toda sua. E se esfrega já nua, anjo e demônio. Maior pandemônio, maior ventania. Faço pontaria nela oferecida a me dá por guarida suas cercanias. Vou pra montaria e nela me atrepar e sem blá, blá, blá, no seu alvo alado. Apruma o rebolado com manha de sonsa, a me dá por responsa seus segredos guardados. E todo malcriado e perito artesão, predador e pagão, batizo os pecados. Nesse campo minado me faz candelabro esfregando o escalavro do seu poço imenso. E já me convenço de sua alma mundana que a safada sacana deixa descoberta. E mais inquieta me dá suas minas que queima a retina e cobiça o capacho. Se atreve o meu cacho, minha flecha na maçã, nem até amanhã não apaga o meu facho. O céu vai abaixo e não há nada igual. Nesse manancial o prazer não tem preço. Ela vira do avesso, o dedo na tomada, que atrevida e aprumada sobe todas as alturas. E cai na fundura me faz seu arrimo, me cobrindo de mimo e toda afogueada. Mais afeiçoada no nosso escambo, ela geme ao meu mando, toda ruidosa. E mais que gulosa arreia atiçada, toda engatilhada dos desejos maiores. E com garras piores, e doido varrido vou impor-lhe o castigo das ousadas vontades. E vou com alarde e com toda ganância vasculhar as instâncias ignotas do corpo. E vou com escopo na entrega gostosa a roubar seu cheiro de rosa e toda a sua essência. Vai fazer diferença pegá-la escrava, como enxada que cava seu lombo e costado. Eu puxo e puxado, arranco ferrolho, e descasco o repolho, do seu dorso o penhor. Eu me faço senhor a fincar as bandeiras nas entradas fagueiras do seu território. Sou dono meritório dessa graça opulenta, mais de oito ou oitenta, sou explorador. E ela só: sim, senhor! Rendida fremindo com tudo tinindo, maior saculejo. E me enche de beijo a quedar minguada, lambida e chupada até o último gole. E seu jeito me bole como bem a merece, me faz sua prece, seu altar e pastor. E do seu alcandor no fogo da paixão, me aperta um tempão a suspirar de amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


DITOS & DESDITOS – Uma: O que vai, volta. Só dá erro? Um dia acerta. Desistir? Jamais. Sigo em frente, entre obstinação e firmeza. Eu quero é botar meu bloco na rua! Outra: Se a noite de breu parece eterna, lembre-se: o Sol nasce paratodos!!! (LAM)

ALGUÉM FALOU, SE LIGAAs coisas mais desagradáveis que os nossos piores inimigos nos dizem pela frente não se comparam com as que nossos amigos dizem de nós pelas costas. Pensamento do poeta, novelista e dramaturgo francês Alfred Musset (1810-1857). Veja mais aqui.

MODERNIDADE – [...] Pode acontecer então que voltar atrás seja uma maneira de seguir adiante: lembrar os modernistas do século XIX talvez nos dê a visão e a coragem para criar os modernistas do século XXI. Esse ato de lembrar pode ajudar-nos a levar o modernismo de volta às suas raízes, para que ele possa nutrir-se e renovar-se, tornando-se apto a enfrentar as aventuras e os perigos que estão por vir. Apropriar-se das modernidades de ontem pode ser, ao mesmo tempo, uma crítica às modernidades de hoje e um ato de fé nas modernidades – e nos homens e mulheres modernos – de amanhã e do dia depois de amanhã. [...]. Trecho extraído da obra Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade (Companhia das Letras, 1986), do filósofo e escritor estadunidense Marshall Berman (1940-2013). Veja mais aqui.

A MENTIRA – [...] A mentira comporta uma manifestação de tipo performativa, implicando uma promessa de verdade, mesmo lá onde ela é traída, a partir do momento em que deseja também criar um acontecimento, produzindo um efeito de crença lá onde não há nada a ser aceito, ou, muito menos, lá onde nada se esgota numa constatação. Simultaneamente, porém, essa performatividade implica a referência a certos valores de realidade, de verdade e de falsidade, que são considerados independentes da decisão performativa. [...]. Trecho extraído da obra Breve storia della menzogna (Alberto Castelvecchi, 2006), do filósofo francês Jacques Derrida (1930-2004). Veja mais aqui.

NÓS, QUEM SOMOS? – [...] De dia, somos criaturas sociais, mas à noite mergulhamos no mundo dos sonhos, onde reina a natureza, onde não existe lei mas apenas sexo, crueldade e metamorfose. [...]. Trecho extraído da obra Personas sexuais - arte e decadência de Nefertite a Emily Dickson (Companhia das Letras, 1993), da professora e crítica social Camille Paglia.

A ARTE DE CARMEN JUAREZ MEDINA
A arte da artista plástica espanhola Carmen Juarez Medina.


MARCHA DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Música de Carlos Lyra & Vinicius de Moraes (E no entanto é preciso cantar - Philips, 1971)

Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz
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