DIÁLOGOS SOBRE O CONHECIMENTO, DE PAUL FEYERABEND -
[...] Os diálogos recolhidos neste livro são
imperfeitos sob muitos aspectos, 0 que e verdade especialmente para 0
segundo.Trata-se de minha réplica a uma variedade de escritos recolhidos para
uma Festschrift em minha
(des)honra. A maior parte dos ensaios tem a ver com um livro que escrevi em
1970, publicado em 1975, e que, no que me diz respeito, e agora água passada.
Alem disso, os artigos me atribuem uma doutrina (sobre 0 conhecimento e sobre 0
método), ao passo que minha opinião era, e ainda agora, que nem 0 conhecimento
nem a realidade podem ser aprisionados ou regulados por um resumo geral ou por
uma teoria (as teorias científ1cas não são aquilo que os filósofos de
inclinações realistas creiam que sejam). O segundo diálogo tenta explicar essa
situa um pouco complicada. O primeiro reflete a situação do meu seminário em
Berkeley; 0 doutor Cole tem pouco a ver comigo, mas algumas personagens (não
identificáveis pelo nome) constituem uma homenagem a alguns alunos maravilhosos
que tive. Os diálogos são filosóficos num sentido muito genérico e não técnico.
Poderiam até ser chamados desconstrutivistas, se bem que 0 meu guia tenha sido
Nestroy (que foi lido por Karl Kraus) e não Derrida. Quando fui entrevistado
pelo diário italiano A Repubblica fizeram-me
a seguinte pergunta: "0 que 0 senhor
pensa dos atuais desenvolvimento da Europa Oriental e 0 que a filosofia tem a
dizer sobre esses seus argumentos?" Minha resposta talvez explicaria um
pouco melhor minha atitude. Estas são duas perguntas inteiramente diversas - eu
disse. A primeira é dirigida a um ser humano vivo e mais ou menos adequadamente
pensante, com seus sentimentos, seus preconceitos, suas necessidades, isto é, a
mim. A segunda e dirigida a algo que não existe, a um monstro abstrato, a "filosofia". A
filosofia e ainda a menos unitária das ciências. Existem escolas filosóficas
que se conhecem pouco entre elas ou se combatem ou se desprezam reciprocamente.
Algumas dessas escolas, a do empirismo lógico, por exemplo, não enfrentaram
quase nunca os problemas que surgem agora; alem disso, não ficariam demasiado
felizes de encorajar os sentimentos religiosos que tem acompanhado tais
desenvolvimentos (em alguns países da América do Sul,a religião está na
primeira linha na batalha pela libertação).Outras, por exemplo os hegelianos,
traçam longos romances para descrever os eventos dramáticos e sem dúvida
começaram a cantá-los - ninguém sabe com que resultados. Alem do mais, apenas
raramente existe uma estreita relação entre a filosofia de uma pessoa e 0 seu
comportamento político. Frege foi um pensador agudo sobre as questões de lógica
e sobre os fundamentos da matemática, mas a política que comparece em seus
diários e do tipo mais primitivo. E é exatamente essa a desgraça;
acontecimentos como aqueles que sucedem agora na Europa do Leste e,
notoriamente, em outras partes do globo e, de um modo mais geral, todos os
eventos que envolvem os seres humanos, eludem os esquemas intelectuais - cada
um de nós e chamado, individualmente, a
reagir e quiçá a tomar uma posição. Se a pessoa que reage é humana, afetuosa,
não egoísta, então pode ocorrer que 0 conhecimento da historia, da filosofia,
da política e até da física (Sakharov!) sejam úteis, porque ele ou ela podem
aplicá-los de um modo humano. Digo "pode ocorrer", porque excelentes pessoas que se apaixonaram por
filosofias abomináveis e explicaram suas ações de maneira desencaminhante e
perigosa. Czeslaw Milosz e um exemplo e 0 discuti em Adeus à Razão . Fang Lizhi, 0 astrofísico e dissidente chinês
é outro. Ele procura justificar sua luta pela liberdade, fazendo referencia aos
direitos universais que "não consideram raça, língua, religião e outras
convicções". O universo físico - diz ele - obedece a um "principio
cosmológico" nele, todo lugar e direção equivalem a todo outro lugar e
direção; a mesma coisa - diz ele - deveria aplicar-se ao universo moral. Essa é
ainda a velha tendência universalizante e que vemos claramente aonde leva. De
fato, se "não consideramos" as características raciais de um rosto,
se não fazemos caso do ritmo de sons que fluem de sua boca, se eliminamos os
gestos particulares e culturalmente determinados que acompanham 0 discurso,
então não temos mais um ser humano vivo, temos uum monstro, que este morto, não
livre. Alem disso, 0 que tem a ver 0 universo físico com a moralidade?
Suponhamos, como os gnósticos, que ele seja uma prisão, deveremos, então,
adaptar nossos comportamentos morais a suas características carcerárias? É verdade que hoje 0
gnosticismo não é popular, mas as descobertas mais recentes indicam que cedo
também 0 "princípio cosmológico" poderia ser um assunto pertencente
ao passado. Deveremos mudar nossos comportamentos morais quando isso ocorrer?
Apenas raramente uma filosofia sensível encontra uma pessoa sensível que a usa
então de um modo humano.Vaclav Havel constitui um exemplo e demonstra
claramente que não é a filosofia que deve ser estimulada pelo evoluir das
coisas, mas em cada pessoa individualmente. De fato, repetindo-me, a
"filosofia" entendida como âmbito de atividade bem determinado e
homogêneo existe tão pouco quanto a "ciência". Há as palavras, há
também os conceitos, mas a existência humana não revela traço das fronteiras
implícitas nos conceitos. DIÁLOGOS SOBRE O CONHECIMENTO – A obra Diálogos sobre o
conhecimento, do filósofo e físico austríaco, Paul Feyerabend (1924-1994), ao
abordar nas suas partes compostas pela fantasia platônica e ao termino de um
passeio não filosófico entre os bosques, trata das ideias do autor que geraram
grande interesse e polêmicas nos meios científicos e acadêmicos, dedicando-se à
análise dos fundamentos das teorias físicas e da epistemologia da ciência,
procurando esclarecer e circunscrever a natureza e o alcance dos pontos de
vista quanto aos conceitos científicos e filosóficos aplicáveis à realidade e à
atualidade. Veja mais aqui.
REFERÊNCIA
FEYERABEND, Paul. Diálogos sobre 0
conhecimento. São Paulo: Perspectiva, 2008.
BEM COMUM - A
valorização do ambiente é indissociável das dinâmicas
alocativas de uma “outra economia”;
é mister um
ordenamento social capaz de
problemati-zar sua tessitura e oferecer um
caminho de superaçãoem que a personalidade humana
não seja um ente au -sente.
Nesse contexto, o
etnoconhecimento, com base em enfoques participativos
e na busca pelo resgatedos diversos
saberes, promove o diálogo
e a interaçãoentre os atores
envolvidos quanto às questões ligadasao conhecimento tradicional, promovendo
proteçãoda diversidade biológica e sociocultural
[...] A subjetividade e o bem comum só
podem se reconciliar no
plano de uma sociedade que não
seja meramente calculista e
em que o ser humano não destitua nem
ao outro (política) nem a si
(psique) na produção
de um caminho
ecossocioeconomicamenteengajado
no caráter problemático de
uma vida huma-na associada que não pode destituir, como elementoestruturante,
o seu próprio processo de
socialização. Trechos do artigo Bem viver para a próxima geração: entre subjetividade e bem comum a partir da perspectiva da ecossocioeconomia (Saúde Social, 2017),
de Carlos Alberto Cioce Sampaio,
Craig David Parks, Oklinger
Mantovaneli Junior, Robert
Joseph Quinlan e Liliane
Cristine Schlemer Alcântara. Veja mais aqui.
HERBALISMO: AS PLANTAS CURAM – A obra As
plantas curam (Vida Plena, 1997), de Alfons Balbach, trata sobre o preparo
e a aplicação das plantas na ciência fitoterápica, noções de hidroterapia,
plantas medicinais, enfermidades e aplicações das ervas e relação dos nomes
científicos e populares das plantas. Veja mais aqui.
MEDICINA ALTERNATIVA – A obra Medicina alternativa de A a Z (Natureza, 2004),
de Carlos Nascimento Spethmann, trata sobre agentes da saúde, enfermidades e
tratamento, alimentos saudáveis que promovem a vida, o ar puro e a exposiição
ao Sol, partindo da ideia de que “O homem é parte da natureza, e está sujeito
às suas leis, como qualquer outro ser vivo“. Veja mais aqui.
POEMA PARA AS PERNAS – Entre os poemas da premiada escritora
e médica Lilian Maial, integrante da
Rede de Escritoras do Brasil e autora participante de diversas antologias,
destaco o Poema para as pernas: Sonho um sonho de pernas para o ar, / muitas
pernas, / sem corpo e sem caminhar. / Pernas sem pressa, / sem tropeços de
rimas, / pernas de sonhar. / Nunca havia reparado nas pernas, / não as minhas,
/ que as ruas estão apinhadas de pernas. / Cá do alto das letras, / espio as
pernas de serifas, / a serpentear o poema. / Para que as quero pernas, / se
deixo que tu me pises as carnes brancas, / que me enlaces, com as tuas, / as
minhas trôpegas e sonolentas, / num balé aflito? / Para que as uso, / se de ti
não corro, / se as asas nos conduzem / a bailar na sala? / Se já não vou, / se
já não pulo, / se nem pretendo esfolar / sola no sertão de versos? / As velhas
veias traem o fluxo. / O sangue embola com a rima. / Ah! Trombose! / Um novelo
- teu beijo - coagulado em minhas pernas! / Teu tronco, em trança, o calor, o
sangue... / Onde o chão de pisar? / Para que as quero, / se no teu quarto não
preciso delas para caminhar, / se passeio na escuridão da tua ausência? / Não!
Eu quero os braços / de acariciar cabelos, / as ventas de cheirar aromas, / a
boca de expiar culpas / e remoer temores. / Pintar um poema sem pé, nem cabeça,
/ de penas e plumas. / Pernas de destrancar volúpias, / desenhar traços e
versos / na tua pele nua, / e, na fumaça do cigarro, / brincar de esculpir teu
torso. / Pernas, para que as quero, / se a noite passa num longo embate, / que
maltrata, deixa insone e tira o fôlego? / Pernas para correr / e não alcançar.
/ Não quero pernas, / as velhas pernas, / de sinuosas veias, / que já esmagaram
a saudade, / pisotearam distâncias! / Quero o repouso sereno, / no sopé da
montanha, / para escalar lonjuras. Veja mais dela
aqui, aqui, aqui e aqui.
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imortal na Folia Tataritaritatá, Manuel
Bandeira, Pedro Nava, Carlo Goldoni, Cacá Diégues, Carybé, SpokFrevo Orquestra, Luís Bandeira, Ana Paula Bouzas, Tatiana
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